Toda essa discussão em
torno da Amazônia e a suposta alegação de risco à nossa soberania na proteção à
floresta, me trouxe à lembrança uma entrevista que fizemos na Rádio
Eldorado, com a escritora e artista plástica Adriana Florence, tataraneta do
pesquisador, Hércules Florence, mais conhecido por ter inventado a fotografia morando
no Brasil, embora não seja reconhecido mundialmente, assim como o nosso 'Pai da Aviação', Santos Dumont, em relação ao avião.
Nascido na França e naturalizado
brasileiro, Hércules Florence, era artista plástico e foi nessa condição que
participou da Expedição Langsdorf. Patrocinada pelo governo russo, em 1826, a missão teve
por objetivo conhecer a fauna, flora e a população indígena do Brasil, pelo Rio
Tietê, na altura de Porto Feliz e como destino, a foz do Rio Amazonas. Hércules
tinha 19 anos e seguiu viagem para ser o segundo pintor-retratista da expedição,
sendo o alemão Johann Moritz Rugendas, já famoso por outras viagens científicas
pelo País, o primeiro retratista.
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Aquarela de Rugendas: Expedição Lagsdorf (1826-1834) |
Em 1999, a tataraneta do ilustre
pesquisador refez o roteiro da viagem e para isso contou com o apoio da BBC, interessada
em preparar um documentário de televisão para o ‘History Channel’. Uma equipe
formada por 11 profissionais entre jornalistas e cinegrafistas, seguiu durante
40 dias este trajeto entre rios pesquisado por Adriana Florence que também
seguiu com a equipe para fotografar e depois retratar tudo em pinturas como fez
o tataravô, 174 anos antes.
O roteiro teve por base
as narrativas contidas nos diários de Hércules Florence e do barão Georg
Heinrich von Langsdorff, um médico naturalista alemão-russo enviado ao Brasil pelo
czar Alexandre, da Rússia, sob autorização do governo brasileiro chefiado por
Dom Pedro I em atendimento a um pedido da imperatriz Dona Leopoldina, estudiosa nos assuntos
da biodiversidade.
A expedição original durou
oito anos e seu término aconteceu de maneira trágica, ficando a parte final sem
ser concluída. Quando já estavam na região amazônica, um dos retratistas morreu
afogado tentando atravessar a nado o Rio Tapajós, após avarias em um dos
barcos. Em seguida, o próprio Langsdorff enlouquece, como dizem os relatos, vítima
de sucessivas malárias. Sem poder contar com seu comandante, a expedição é
encerrada e considerada fracassada. Todo o material da pesquisa é recolhido,
encaixotado e mandado de volta à Rússia. Cerca de 100 anos depois, em 1938, cientistas
decidem reabrir o que havia sido guardado e consideram o acervo riquíssimo,
tendo sido criada no Museu de Leningrado, hoje São Petersburgo, uma exposição
permanente de tudo o que foi catalogado pela Expedição Langsdorff.
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Entrada da exposição permanente no Museu de São Petersburgo |
O documentário - ‘No
Caminho da Expedição Langsdorff’ -produzido pela BBC para o History Channel,
France 3 e Grifa, foi exibido no ano 2000, em mais de 200 países, com traduções
para 19 idiomas, como que para provar que não só os europeus se interessam pela
Amazônia, mas o mundo todo, visto que se trata de efetivamente de um patrimônio
da humanidade.
Da viagem, Adriana
Florence fez um livro a partir das aquarelas e textos de seu diário de bordo. “No
Caminho da Expedição Langsdorff - Memória das Águas”, lançado pela Editora
Melhoramentos, em 2006, foi indicado ao prêmio Jabuti e ganhador do prêmio
Fernando Pini de excelência gráfica. Na Feira Internacional do Livro de Frankfurt, foi eleito entre
os livros mais bonitos já publicados mundo. Durante sua expedição, a artista
produziu mais de 130 desenhos, aquarelas e telas. Ela segue residindo em São
Paulo e tem um blog hospedado no Blogspot.
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Capa do livro de Adriana Florence - Editora Melhoramentos - 2006 |
Você pode ouvir a
entrevista que fizemos com Adriana Florence, acessando a página São Paulo de
Todos os Tempos no Spotify gratuito, cujo acesso pode ser no Facebook, pela
página Geraldo Nunes II ou pelo Twitter: @geraldonuness
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A Amazônia é dos brasileiros para conservala e não destruída.
ResponderExcluirConcordo plenamente.
ExcluirConcordo.
ResponderExcluir👏👏
ResponderExcluirGostei muito, vou pesquisar mais sobre esta viagem.
ResponderExcluirConte com minha ajuda.
ExcluirBingo, Geraldo querido. Bom saber que você também admira os heróis dessa Expedição, bjo
ResponderExcluirIsso aí.
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