sábado, 23 de setembro de 2023

Diminui a confiança do público em relação ao rádio, revela pesquisa

O nono mês do ano marca não apenas o início da primavera, mas também as comemorações do Dia do Rádio.

Neste 25 de setembro duas novidades servem de reflexão aos adeptos deste tradicional veículo de comunicação no Brasil.

A primeira delas diz respeito às transmissões em AM que terminam definitivamente à meia-noite do 31 de dezembro de 2023, salvo alterações de caráter legislativo.

Desagradável mesmo foi saber que o Rádio deixou de ser o veículo de maior confiança da população, posição ocupada há anos e agora perdida justamente para  a televisão e seus canais noticiosos e esportivos. 

Sobre a migração das AMs para FM, se faz importante esclarecer que a mudança vem acontecendo paulatinamente desde 2014.

Uma das características de São Paulo são as antenas no espigão da Paulista onde existem atualmente 12 torres de transmissão de rádio e TV. 

O interesse das empresas de comunicação pela avenida deve-se ao fato de ser um dos pontos mais altos da cidade. Essa concentração, entretanto, há anos prejudicava as transmissões em ondas médias.

Como forma de atenuar o problema, as emissoras AM passaram a ter canais de internet e o avanço tecnológico permitiu que pudessem ser ouvidas por aplicativos.

Ainda assim, a preferência pelo rádio em FM vinha acontecendo bem antes da migração por serem sintonizadas mais facilmente nos automóveis.

Os tradicionalistas que gostam de ouvir pelo radinho de pilha, terão que adquirir um receptor de FM com faixa estendida, se quiserem ouvir as antigas AMs.

Diante da situação sugiro uma dica de presente para o Natal: Que tal brindar o papai, a mamãe ou mesmo vovó e vovô, com um radinho de faixa estendida? 


Emissoras bem conhecidas como a Record, Capital e Cultura Brasil já migraram para essas frequências.

A Jovem Pan AM 620 também está com um novo canal em FM e pôs no ar uma programação musical com os hits dos anos 1970, 80, 90 e 2000.

Esta decisão tem por objetivo reduzir a programação de jornalismo nas rádios do grupo,  para que o ouvinte se habitue a sintonizar a TV Jovem Pan News, na qual a empresa investiu muito dinheiro.


Provavelmente a Jovem Pan levou em consideração o levantamento do Instituto Ranking Pesquisa que apontou a televisão como veículo de comunicação mais confiável entre os brasileiros na atualidade.

Afinal, são vários os canais de notícias concorrentes da Pan,  entre eles Globo News, CNN Brasil, Band News TV, Record News entre outros.

A pesquisa apontou que 42,5% preferem a informação transmitida pelos canais de TV, o rádio aparece em segundo lugar com 38% das preferências. Não é muita diferença, mas antes o rádio aparecia sempre na frente da televisão quando o assunto era credibilidade.

Quanto aos sites de notícias 15,5% dos brasileiros buscam acessá-los em primeiro lugar para se informar e 7% preferem confiar nas redes sociais.

Apenas 5% ainda buscam as notícias dos jornais impressos, 4% se informam através de revistas e 6,5% por outros veículos, enquanto 2,2% não sabem ou não quiseram responder à pesquisa.

A soma ultrapassa 100% devido, segundo o instituto, às múltiplas respostas apresentadas por 3 mil entrevistados de 26 estados brasileiros mais o distrito federal.


A queda de confiança no rádio entristece quem é do meio, mas esse resultado tem a ver com a queda de qualidade da programação e a polarização política.

Diversas emissoras renunciaram ao noticiário para dar voz a comentaristas nem sempre capacitados, ou interessados em checar a veracidade de suas informações.

Sobre esse tema nem é preciso dar nomes aos bois e nem citar quais seriam essas emissoras, até porque, quem gosta verdadeiramente de rádio sabe do que e de quem estamos falando.

Importante é que os amantes da radiofonia tomem conhecimento que em 2024 não mais haverá em nosso país transmissões em Ondas Médias, a questão é técnica e não política.

Um dos motivos é que os quilohertz se tornaram sensíveis demais a interferências. 

Outra razão diz respeito a questões técnicas e econômicas que tornaram inviáveis no Brasil a implantação do rádio digital transmitido no sistema DAB, muito comum na Europa. 

Daí a exigência da Anatel de se fazer a migração das AMs para novos canais de Frequência Modulada na Grande São Paulo e outras capitais.


Conheça a posição no dial das antigas rádios AM:

- Rádio Capital – antes 1040 AM agora 77,5 FM

- Rádio Classic Pan – antes 620 AM agora 76,7 FM

Rádio Record – antes 1.000 AM agora 77,1 FM

- Rádio Cultura Brasil – antes 1.200 AM agora 77,9 FM

- Super Rádio – antes 1.150 AM agora 80,7 FM

- Rádio Nova Morada – antes 1.260 AM agora 84,3 FM

A Rádio Nove de Julho ainda não divulgou sua nova frequência.



 Se quiser saber mais sobre o Dia do Rádio, acesse:

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Luzes dos lampiões de volta ao Pátio de Colégio

 Não poderia haver honra maior para este cultivador de memórias do que a oportunidade de discursar aos presentes no Pátio do Colégio, durante a cerimônia noturna que marcou a volta dos lampiões de gás para iluminar as janelas do centro histórico da metrópole.

No ano de 1958 a compositora Zica Bergami procurou Inezita Barroso, já uma cantora famosa, para mostrar sua música de evocações às saudades dos lampiões de uma São Paulo antiga que ela dizia ser “calma e serena, pequena e grande demais”.

Após ouvir, Inezita de imediato anunciou que iria gravar a canção e o sucesso aconteceu. Lampião de Gás faz parte do cancioneiro de recordações da São Paulo de antigamente onde viveram nossos pais, avós e quem sabe bisavós.

“O tempo tudo mudou, mas não apagou a sua poesia”, diz Perfil de São Paulo, outra canção que traz de volta reminiscências, a composição do poeta Bezerra de Menezes, foi interpretada na noite solene pelo grupo musical Trovadores Urbanos que brindou a todos com sua presença.

Ao fazer uso da palavra destacamos o fato de passar pela Praça da Sé e vê-la limpa novamente. Ressaltamos a frase que ouvimos de uma amiga guia de turismo que elabora passeios pelo centro: Além de zeladoria, o centro precisa de músicas, flores e afeto.

Contamos em seguida que a história da iluminação pública em São Paulo começa junto com a implantação dos cursos jurídicos no Largo de São Francisco, em 1827. Tal decisão trouxe jovens de todo o Brasil recém-liberto para estudar na até então cidadezinha pacata.

Não havia iluminação pública, ao escurecer se acendiam lamparinas dentro das casas que permaneciam acesas somente até a hora desses moradores irem dormir.

Imaginem a situação daqueles rapazes na maioria jovens na casa dos 20 anos, repletos de energia e testosterona, dispostos a sair à noite, mas sem ter para onde ir?

Por tais motivos se atribui aos estudantes da então Academia de Direito a implantação da vida noturna em São Paulo e para isso foi necessária a presença da luz.

Um decreto de 1830 determinou que a iluminação das ruas fosse feita pelos próprios moradores com lampiões instalados na frente de suas casas, alimentados com óleo de peixe.

Além do mau-cheiro que a queima desse produto proporcionava, as luzes fracas e tenebrosas, formavam sombras compridas que sopradas ao vento pelos lampiões que balançavam, assustavam crianças e até mesmo adultos.

Naquele tempo, abaixo do Pátio do Colégio, se estendia a Várzea do Carmo e era comum aos moradores que caminhavam pelas ruas à noite pisarem em sapos.

Buscou-se melhorias nos processos de iluminação pública até que em 1873, os ingleses da San Paulo Gaz Company, implantaram um sistema de iluminação pública tendo por base a queima de carvão mineral em retortas, cujo gás alimentava a luz dos lampiões.


Cerca de 700 postes de iluminação foram instalados desde o centro até o Brás, primeiro bairro a receber iluminação pública. Em seu auge, a iluminação a gás da capital paulista chegou a reunir mais de 10 mil lampiões.

A presença da companhia de gás fez surgir nomes e lugares até hoje conhecidos como a Casa das Retortas ainda existente, transformada em patrimônio histórico, cuja localização é a Rua do Gasômetro onde crianças com bronquite eram levadas para passear, dizia-se que o cheiro de gás desobstruía os pulmões.


O último lampião de gás obtido por carvão mineral foi desligado em 8 de dezembro de 1936. Antigamente havia um funcionário que acendia e apagava as luzes, agora os atuais lampiões do Pátio do Colégio se acendem automaticamente assim que o dia escurece, graças a sensores eletrônicos.

As luzes à moda antiga chegam através do gás natural distribuído em 38 postes colocados no interior e em torno do Pátio do Colégio.


O local que serviu de habitação aos padres jesuítas entre eles, Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, fundadores da cidade, é hoje um lugar aprazível em sua parte interna que merece ser visitado.

Do lado de fora as agruras da vida se escancaram devido à crise econômica que fez cair o movimento de pessoas e no centro e o aumento na quantidade de moradores de rua.

Ao mesmo tempo, o povo precisa melhorar sua autoestima e para isso buscou-se oferecer luzes para quem sabe iluminar corações e mentes à procura de saídas que melhorem a qualidade de vida de todos os habitantes.

Entre as autoridades compareceram Álvaro Camilo, subprefeito da Sé; Roberto Matheus Ordine, presidente da Associação Comercial de São Paulo, Fábio Prieto, secretário de Justiça e Cidadania; demais convidados.


Agradecimentos a Gustavo de Magalhães Alves, Luiz Eduardo Pesce Arruda, funcionários do Pátio do Colégio e integrantes do Conselho de Civismo e Cidadania – COCCID da Associação Comercial de São Paulo, Subprefeitura da Sé, Academia Cristã de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo pela infraestrutura oferecida e o fornecimento de informações e fotos cedidas via WhatsApp

 

 

 

sábado, 9 de setembro de 2023

Quem são e de onde vêm os ciganos? A origem deste povo continua envolta em mistério

Sou um paulistano do Moinho Velho e quando menino, neste bairro próximo à estrada de Santos, víamos ciganos por lá.

As mulheres tinham feições indianas e pele clara, eram exóticas porque usavam saias longas e coloridas um tanto fora de moda e longe de ser o estilo da época.

Os homens ciganos, geralmente morenos de cabelos lisos, eram vistos com certo temor, associados sempre a roubos, trapaças e desaparecimento de crianças.

Nunca, entretanto, houve acusações contra aquelas pessoas que conviveram conosco à distância no mesmo bairro.

Dia desses conversando com um amigo dos tempos da faculdade de jornalismo, Fernando Torres, ele me disse acreditar que pode ter tido ancestrais ciganos por causa do seu sobrenome.

O primeiro cigano a entrar no Brasil foi João Torres, ao lado de sua esposa Angelina, deportados que foram de Portugal para as terras brasileiras, em 1574.

Os ciganos eram perseguidos pela Inquisição, tribunal da Igreja Católica que julgava "crimes" contra a fé.

Como conviviam entre os mouros do norte da África e os cristãos europeus, os ciganos oscilavam do paganismo ao cristianismo e isso bastava para serem acusados de heresia.

Para o Brasil migraram pelo menos três etnias ciganas: Calon, Rom e Sinti; cada uma delas com culturas e costumes próprios.

Os Calons são oriundos da Espanha e Portugal e as outras duas etnias possuem raízes na Turquia, Grécia e Romênia, mas todas elas derivam originalmente de um único ramo surgido na Índia.

O censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE, apontou acampamentos ciganos em 291 dos 5.565 municípios brasileiros, maior parte em Minas Gerais, Bahia e Goiás, mas o levantamento não teve continuidade em 2022.

Juscelino Kubitschek de Oliveira pode ter sido o único presidente de origem cigana em todo o mundo.

Um imigrante da atual República Tcheca, Jan Nepomuscky Kubitschek, descendente de ciganos, foi o bisavô materno de Juscelino.

O primeiro Kubitschek de Diamantina, cidade onde nasceu JK, chegou por lá em 1830 e seu apelido era João Alemão pelos olhos azuis, cabelos ruivos e sotaque forte.

A família do ex-presidente jamais se pronunciou a respeito e o próprio JK nunca afirmou publicamente ter qualquer ascendência cigana.

Existe no Brasil uma data oficial dedicada a esses povos, o Dia Nacional do Cigano, comemorado em 24 de maio, criado por meio de um decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

A justificativa se deu por reconhecimento à contribuição da etnia na formação da história e da identidade cultural brasileira.

No calendário cigano a data é dedicada à Santa Sara Kali, negra de cabelos lisos, a padroeira dos povos ciganos.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os alemães mataram cerca de 400 mil ciganos, vitimados pela ideologia nazista que defendia a criação de uma raça supostamente pura, a ariana, na Europa.

Hoje calcula-se que existam entre 2 e 5 milhões de ciganos no mundo, concentrados principalmente na Europa Central.

Fontes:

Ciganos no Brasil: https://ratycalon.blogspot.com/2014/10/1574-joao-torres-e-angelina-o-comeco-de.html?m=1

Revista Super Interessante - Ainda hoje, a origem do povo cigano continua envolta em mistério: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/quem-sao-e-de-onde-vem-os-ciganos

Portal Rádio Câmara dos Deputados: https://www.camara.leg.br/radio/programas/307709-especial-ciganos-1-conheca-o-fascinio-do-povo-cigano-0911/

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Análises comprovam: Dom João VI morreu envenenado. Quem matou o rei de Portugal?

Dom João VI foi coroado rei de Portugal em terras brasileiras, no ano de 1816. Suas decisões ajudaram o Brasil a proclamar sua independência, mas em Portugal foi muito criticado e criou inimigos até dentro de sua própria família.

A abertura dos portos brasileiros às nações amigas e a elevação do país à condição de reino unido, trouxeram autonomia necessária para a nossa emancipação política.

Após uma revolta de liberais em Portugal, o soberano se viu obrigado a retornar para Lisboa, em 1821, a fim de acalmar os ânimos.


Sua ideia em deixar no Brasil o filho mais velho como príncipe regente, foi para que este governasse os dois países após sua morte.

Dom João entendia que a riqueza de Portugal estava na América, por isso só depois e a contragosto, reconheceu a independência do Brasil em 1825, mas exigiu o pagamento aos cofres portugueses de elevada soma em dinheiro.

A morte de Dom João VI, aos 58 anos, em 1826, deixou em aberto o processo de sucessão ao trono que levou a uma guerra civil entre seus filhos Pedro e Miguel.

Sobre o envenenamento do monarca, as suspeitas surgiram logo após sua morte, mas somente no ano 2000 foram confirmadas.

Testes em laboratório mostraram que o crime foi premeditado e seu deu de forma lenta e gradual, com a ingestão diária de arsênio colocado em sua comida a mando não se sabe de quem.

Outras análises apontaram que a quantidade de veneno foi quatro vezes maior que a necessária para matar um ser humano, o arsênio no século 19, era muito utilizado por ser incolor e inodoro.

As conclusões partiram de uma equipe multidisciplinar, coordenada pelo arqueólogo Francisco Rodrigues Ferreira, que analisou as vísceras do rei depositadas em um pote sepultado junto com o corpo no chão da Capela do Mosteiro de S. Vicente de Fora.

A sintomatologia descrita pelo cronista Frei Cláudio da Conceição, que acompanhou na época a doença súbita do monarca, deixou a suspeita de que algo estranho havia acontecido. 

Dom João não era o primeiro na linha de sucessão de sua mãe, Dona Maria I, afastada por uma doença mental, mas o falecimento precoce de seu irmão, o levou para o trono.

Em 1785 casou-se com Dona Carlota Joaquina, filha do futuro rei Carlos IV de Espanha por razões políticas.

A vida conjugal entre os dois foi tumultuada e no Brasil passaram a morar em palácios separados.

Após o retorno deles a Portugal, Dom João VI enfrentou forte oposição da rainha e do filho Dom Miguel para que fosse deposto.

Seis dias antes de sua morte, em 10 de março de 1826, Dom João passou a ter convulsões e diarreia.

Faltou saber quem de fato foi o mandante do crime, mas todas as desconfianças ainda recaem sobre Dona Carlota e Dom Miguel.

Foi um reinado difícil marcado por indecisões do rei que se arrastavam meses a fio sem uma posição definitiva, além do que as disputas políticas, matrimoniais e familiares eram intensas.

Ainda assim, Dom João VI será sempre bem-lembrado, especialmente no Brasil. Em Portugal ainda há historiadores que o criticam, mas entrou para a história cognominado, “o Clemente”.


Fontes:

Portal Ensina: https://ensina.rtp.pt/artigo/assassinato-d-joao-vi/

Toda Matéria: https://www.todamateria.com.br/dom-joao-vi/

Folha de Londrina - 31/05/2000 - Pesquisa comprova que Dom João VI foi envenenado:

https://www.folhadelondrina.com.br/mundo/pesquisa-comprova-que-d-joao-vi-morreu-envenenado-287500.html?d=1

Leia tambémBlog do Geraldo Nunes: D. João IV: O Rei de Portugal condenado à morte depois de morto