quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Projeto de restauração do Museu do Ipiranga leva em conta critérios técnicos, legislação e acessibilidade


O projeto de restauração do Museu do Ipiranga, previsto para ficar pronto em 7 de setembro de 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil, segue em andamento, embora não se permita a entrada de visitantes para acompanhar o andamento das obras.

Se trata de um edifício tombado pelo patrimônio histórico, mas as imagens apresentadas na internet pelo site oficial deixam uma boa impressão a quem acessa.

Projeção por computador mostra que será construída uma entrada subterrânea ao museu dispondo de acessibilidade
Diferente do projeto previsto para o Estádio do Pacaembu, a proposta para o Museu do Ipiranga 2022 deixa claro que serão seguidos todos os critérios atuais de arquitetura e acessibilidade.

Além da recuperação e restauro do acervo, o projeto dedica especial atenção à visitação pública. Estimativas apontam para um público de 500 mil pessoas/ano de todas as idades.

Soluções para dificuldades de locomoção nos setores internos estão previstas no projeto como mostram as molduras abaixo.

Rampas e piso anti-derrapante serão implantados

Pessoas idosas poderão se utilizar de um elevador já existente, mas haverá escadas rolantes

Respeito ao desenho de acessibilidade universal

A obra de restauro e modernização do edifício apresentará a adequação integral das instalações às novas normativas de uso, contando com acessibilidade universal para pessoas com mobilidade reduzida, deficiência visual e outras necessidades especiais a todos os pavimentos do edifício histórico.

O Projeto Básico de Arquitetura e Restauro atende aos critérios e parâmetros técnicos relativos às adaptações necessárias às edificações previstas na legislação e normas vigentes destinadas à acessibilidade às edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos e das diretrizes e recomendações estabelecidas pelos Conselhos competentes para a aprovação do projeto de restauro e ampliação.

Além de facilitadores para a locomoção no espaço físico, após a reabertura, o Museu contará também com recursos para acessibilidade de conteúdo.
Por que o projeto do Pacaembu não realçou essas mesmas prioridades? Hoje a proposta de privatização do Estádio Paulo Machado tem trazido preocupação em vez de uma expectativa positiva.

Pena que os novos gestores sigam se mostrando intransigentes em relação a mudanças em um projeto original que fizeram, sem aceitar propostas que atendam interesses do bem-comum.

Com as medidas tomadas em relação ao Museu do Ipiranga, o projeto pretende atender as especificações estabelecidas pelo Decreto 5761/06, Artigo 27, Inciso II, de - proporcionar condições de acessibilidade a pessoas idosas e portadoras de deficiência, IV - desenvolver estratégias de difusão que ampliem o acesso; e também estar em conformidade a Instrução Normativa 5/2017, Artigo 18.

Respeito à história e aos cidadãos

Com mais de 120 anos, o Edifício-Monumento possui características físicas que lhe conferem grande particularidade.

Além de seu significado simbólico para a identidade nacional e regional e seu peso cultural é, na condição de museu, um importante exemplar das técnicas construtivas do século 19 que permitem a entrada da luz natural em várias das dependências.

Projetado por Gaudêncio Bezzi e inaugurado em 1895, o centro do edifício está em simetria ao Monumento da Independência, de Ettore Ximenes, às margens do Ipiranga.

O Monumento do Ipiranga visto por quem está no Museu

Fechado desde agosto de 2013 estão sendo aplicados R$ 140 milhões, anunciados pelo governador João Doria, no último 7 de setembro, necessários para o restauro do museu e do parque.

Segundo o governador, os valores foram obtidos integralmente junto à iniciativa privada, em parte por leis de incentivo à cultura.

Também ressaltou que serão investidos recursos privados para melhorias no Parque da Independência e a despoluição do Córrego do Ipiranga. “Tudo pronto até 2022”, ressaltou Doria na ocasião e, promessas devem ser cumpridas.

Escadas rolantes darão acesso ao saguão principal e cadeirantes subirão de elevador

Projeto também prevê conexão entre as alas de exposição
Fontes: Portal Museu  do Ipiranga 2022 e Estadão Conteúdo

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Conheça os nomes das 500 empresas que mais devem à Previdência Social



As 500 maiores empresas devedoras à Previdência Social acumulam uma dívida que chega a R$ 118.178.522.518,00, ou simplificando: R$ 118,2 bilhões. 

Desse valor apenas 25,5%, ou seja, R$ 30.164.076.652,00 ou ainda R$ 30,2 bilhões estão em situação regular.

Dívida em situação regular significa que ela está sendo paga, renegociada ou está suspensa por decisão judicial. Entretanto, a maior parte – 74,5%, o equivalente a R$ 88.014.445.867,00 ou R$ 88 bilhões para uma linguagem mais fácil, são de empresas que faliram ou se encontram em recuperação judicial e não acertaram a sua situação junto ao governo.

Os dados são da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), que, entre outras coisas, atua na cobrança da dívida ativa da União. Todos os números estão inscritos na dívida ativa e são referentes a agosto de 2019, último mês com dados detalhados disponibilizados pela procuradoria e publicados pelo jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, em sua home-page.

As principais devedoras da Previdência são empresas privadas, em sua maioria, mas também estatais e uma pequena parcela de órgãos públicos. A falida Varig - Viação Aérea Rio-Grandense, é a maior devedora da Previdência, devendo sozinha o montante de R$ 4.127.203.471,00. Resumindo são R$ 4,13 bilhões, valor que possivelmente nunca mais será regularizado, porque a empresa faliu.

Boeing 747 - Jumbo

Há outras cinco empresas com dívida igual ou superior a R$ 1 bilhão. Algumas delas estão com a dívida em situação regular (R), outras estão em situação irregular (IR) – ou seja, não renegociaram a dívida em programas de parcelamento como o Refis, não têm garantias que cubram os débitos e nem conseguiram suspendê-los na Justiça.

Grupo JBS é quem mais deve entre as empresas ativas

A campeã entre as empresas em atividade que mais devem à Previdência é a JBS com sua dívida em situação regular (R) avaliada em R$ 2.595.122.796,00, ou seja, R$ 2,59 bilhões.

Em 5° lugar aparece a Petrobras, companhia estatal, cuja dívida total renegociada (R) é de R$ 1.653.541.544,00 ou R$ 1,65 bilhões.

Os logos da Petrobras desde sua fundação 

Entre outras devedoras estão também duas falidas companhias aéreas a Vasp - Viação Aérea São Paulo (IR) e a Transbrasil (IR), além de Ympactus Comercial (IR), Aelbra Educação Superior (IR), Mafrig (R e IR) e Águas e Esgoto do Piauí (IR).

Boeing 727-300
Para evitar que as empresas fiquem devendo à Previdência, o governo encaminhou em março um projeto de lei para combater o devedor contumaz, que é aquele que se acostuma a não pagar a dívida, para depois tentar uma renegociação via Refis.

O projeto ainda aguarda parecer do relator na comissão especial da Câmara dos Deputados.

Aviões novos ou antigos sempre despertam atenção


Fontes: PGFN e jornal Gazeta do Povo - Curitiba - PR

sábado, 26 de outubro de 2019

Óleo já atingiu mais de 230 pontos do litoral nordestino e o governo brasileiro ainda investiga vazamento


O Comitê de Suporte ao monitoramento das manchas de óleo - formado pela Marinha, Ibama e pela Agência Nacional do Petróleo - ANP, que integram o Grupo de Acompanhamento e Avaliação - GAA, foi transferido neste sábado, 26 de outubro, do Rio de Janeiro para as instalações do Centro de Operações Conjuntas, na sede do Ministério da Defesa, em Brasília.

Segundo nota divulgada pela Marinha, a medida foi motivada pelo “aumento do efetivo empregado no combate às manchas de óleo no litoral nordestino e para a ampliação da capacidade de comando e controle de todas as ações que estão sendo desempenhadas pelos diversos órgãos componentes do Comitê de Suporte”.

O GAA atua em coordenação com Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, Polícia Federal, Petrobras, Defesa Civil, Exército e Força Aérea Brasileira, assim como diversas instituições e agências federais, estaduais e municipais, além de empresas e universidades.

Segundo a Organização Não Governamental Salve Maracaípe, que integra o comitê de crise montado pelo governo de Pernambuco, o estado é o que concentra as praias mais afetadas pelo óleo.

Apesar dos esforços novas manchas de petróleo surgem nas praias a todo momento - Créditos: Adema/Governo de Sergipe/Ag.Brasil

 A situação mais delicada está na praia de Itapuama, em Cabo de Santo Agostinho, onde foi concentrado recebimento de doações de comida e equipamentos de segurança, que são distribuídos pelo litoral nordestino.

Pontos críticos

Outros pontos considerados críticos por ambientalistas são as praias do Paiva, no município pernambucano de Paulista, as praias de Janga e Pau Amarelo, onde os estuários – braços do mar que desembocam nos rios – preocupam, sobretudo, por causa dos manguezais onde a remoção do óleo é muito difícil.

Ainda em Pernambuco, na praia de Muro Alto, novos respingos de óleo apareceram neste sábado 26 de outubro, sendo até agora 230 pontos do litoral nordestino atingidos e o governo brasileiro ainda não identificou como ele foi parar em águas brasileiras.

Em Brasília, o presidente da República em exercício, general Hamilton Mourão, falou sobre as condições das praias para banho. “O óleo já foi recolhido. À medida que vai aparecendo, nós estamos deslocando os especialistas para lá, eles fazem a limpeza e pronto, a praia está em condições de banho”, disse Mourão. 

O turista que viajar, entretanto, deve se informar previamente e se prevenir. 

Acredite, se quiser!



Fonte: Agência Brasil

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Aumenta a quantidade de manchas de óleo nas praias do Nordeste, Morro de São Paulo e litoral sul da Bahia atingidos


Um dos principais pontos turísticos da Bahia, as praias do Morro de São Paulo, foi afetado pelas manchas de óleo. Os primeiros registros de manchas no litoral nordestino são do dia 30 de agosto.

Ainda não há certeza sobre a origem do vazamento. Atualmente, mais de 200 localidades litorâneas registram presença de petróleo cru. De acordo com o governo da Bahia, novas manchas apareceram nesta terça-feira no litoral sul do estado.

Foto de praia no Morro de São Paulo - BA nesta quarta-feira (23/10)

Ao todo nove estados da região Nordeste foram afetados. Segundo o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Fortunato Bim e, a consultora ambiental da Petrobras, Margareth Bilhalva, as boias cedidas pela empresa não estão sendo suficientes para evitar que o produto continue se espalhando e poluindo a região costeira.
 
Falando aos parlamentares da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, Fortunato Bim explicou que as manchas navegam de maneira errática, indo e voltando, não sendo possível saber se o processo está no fim ou não.

“Identificar a origem dessa fonte de óleo é fundamental para o trabalho de emergência, porque a gente ainda não sabe se está numa ascendente ou numa descendente”, informou.

Eduardo Fortunato Bim destacou que todas as manifestações ou previsões ditas sobre o assunto não estão fundadas em bases técnicas, devido ao desconhecimento sobre a origem de onde vazou o petróleo.

“Não temos a volumetria desse óleo, é uma situação inédita.” Segundo o presidente do Ibama, já foram recolhidas 900 toneladas de petróleo cru vazado. A força-tarefa do governo envolve também a Marinha, a Petrobras e a Força Aérea Brasileira.

Cerca de 5 mil militares do Exército vão reforçar as ações de limpeza nas praias nordestinas.

Militares do Exército já trabalham nas praias em apoio à população e demais entidades

No momento, de acordo com o presidente do Ibama, a resposta é monitorar a costa com aviões e drones e recolher rapidamente o óleo quando ele aparece. Ele ressaltou que as pessoas não devem manipular o óleo sem proteção, porque o produto é nocivo.

Alexandre de Faria, contra-almirante da Marinha do Brasil, esclareceu que, por não ser visível em alto mar, o óleo não pode ser recolhido por navios antes de chegar às praias.

“Importante dizer que esse óleo não se dissemina na superfície e isso dificulta e mesmo impede a detecção por imagem de satélite e por esclarecimento aérea”.

Faria esclareceu que as manchas aparecem muito próximas à costa, onde é difícil e até perigoso para os navios atuarem. “Ainda assim, alguns navios da Marinha e da Petrobras conseguiram fazer recolhimento no mar, próximo à costa, antes que ele tocasse a praia.”

Praias de Alagoas, Sergipe e Pernambuco foram as mais afetadas

Por outro lado, a Agência Lupa, especializada na checagem de informações postadas na internet, informa que ONGs como o Projeto Praia Limpa tem realizado mutirões de limpeza com a ajuda de voluntários para remover o óleo das praias de Coruripe, em Alagoas.

Além disso, outras três entidades – Instituto Verdeluz, Aquasis e Instituto Biota de Conservação –, especializadas em fauna, estão prestando socorros a animais atingidos pelo produto, além de participar de grupos de trabalho montados nos estados para combater o problema.

Contudo, a Agência Lupa, não informa a data em que essas ONGs começaram a atuar. Este blogueiro, analisando no Google as coberturas dos jornais impressos de 2 de setembro a 10 de outubro deste ano a partir das palavras-chave: óleo e nordeste, não encontrou informações da atuação de ONG's no combate às manchas de óleo.

Tartarugas Marinhas estão encalhando nas praias vítimas do óleo impregnado no corpo

No Ceará, as ONGs Instituto Verdeluz e Aquasis também têm ajudado os animais atingidos pelo óleo e participam de um grupo de trabalho formado pelo governo do estado em resposta à crise. 

De acordo com um balanço feito pelo Verdeluz, sete das 37 tartarugas que encalharam no Ceará entre o início de setembro e meados de outubro tiveram contato com o óleo.

Fontes: Agência Brasil, Agência Câmara, Agência Lupa


terça-feira, 22 de outubro de 2019

Idosos adoram estacionar seus carros nas vagas de PCDs. Por que será?


Os locais para o estacionamento de carros conduzidos por pessoas portadoras de deficiências são diferentes das vagas destinadas aos idosos por um simples motivo.

As Pessoas com Deficiência- PCDs, seja nos supermercados, shopping centers, ou mesmo na rua, precisam de vagas mais espaçosas, porque os cadeirantes ou os que usam muletas precisam abrir a porta toda para só depois sair do carro.

Por isso, nas vagas das PCDs existe um espaço tracejado no chão em branco ou amarelo, justamente para permitir que ali se abra a porta por completo para essa pessoa poder sair do seu automóvel e depois ingressar nele de volta.


Observem  as linhas tracejadas que permitem as portas com mais facilidade

Na vaga destinada aos idosos esse espaço adicional não é oferecido porque, embora idoso, este cidadão ou cidadã que ainda dirigi, possui naturalmente mais mobilidade na hora de deixar o veículo.

Ocorre que muitas vezes as PCDs que dirigem não conseguem uma vaga para estacionar em um shopping, porque no lugar está parado um carro cujo cartão fornecido pela Companhia de Engenharia de Tráfego – CET é de um idoso.

Esses cartões são diferentes uns dos outros. O das PCDs são identificados pelo desenho do símbolo internacional igual a este da foto abaixo.



No cartão destinado àqueles com mais de 60 anos aparece simplesmente a palavra: Idoso.

Como também sou PCD quero contar o que já aconteceu comigo em diversos shopping centers.

Ao estacionar meu carro em uma vaga para deficientes, vejo saindo do espaço ao lado uma pessoa idosa caminhando sem dificuldade e que poderia deixar seu carro na vaga que lhe cabe ou em qualquer outra.

Se eu tentar abrir a porta do veículo para sair, ela irá esbarrar no carro ao lado e impedir a minha saída. Fico então esperando sair alguém para ocupar a vaga vazia e aí sim poder estacionar.

Em duas ocasiões conversei com condutores que alegaram estar no direito deles porque obtiveram o cartão para idosos da CET.

Tentei explicar que a vaga para eles é outra, mas não quiseram nem saber, fecharam seus carros e foram embora.

Compreendo que possa haver quem faça isso por completo desconhecimento, ignorância das leis, mas há também os espertinhos, os folgados, os nem aí.

Por isso encaminhei mensagem à Associação dos Lojistas de Shoppings – Alshop, à Associação Paulista dos Supermercados – Apas e à Companhia de Engenharia de Tráfego - CET, sugerindo que medidas informativas sejam implantadas para se evitar esse tipo de transtorno.

À CET pedi que quando esses cartões forem entregues, que se explique quais os procedimentos em situações como esta para que cada um pare na vaga que lhe cabe.

No verso desses cartões também estão anotadas algumas orientações. Seria importante que todos lessem e conhecessem um pouco da legislação.



Das três entidades que busquei contato, apenas a Associação Paulista dos Supermercados – Apas retornou, explicando que as vagas criadas seguem o que determina a legislação e placas informativas são colocadas nos locais de estacionamento informando a quem pertence o espaço.

Argumentei que ainda assim o desrespeito é grande e a Apas ficou de encaminhar o assunto a seu departamento jurídico para um estudo do que pode ainda ser feito para orientar melhor os usuários.

Alguém consegue explicar por que os condutores idosos implicam em parar nas vagas destinadas às PCDs?

Nas ruas o problema diz respeito às motos que estacionam nessas vagas e aí acabam sendo vítimas tantos as PCDs quanto os idosos.

Mas este assunto discutiremos mais na próxima postagem.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Vai viajar ao Nordeste? Confira no mapa as praias atingidas pelo vazamento de petróleo


Quase um mês após o aparecimento das primeiras manchas de óleo no litoral nordestino, pouco ainda se sabe sobre os reais responsáveis pela tragédia ambiental noticiada pela primeira vez em 26 de setembro, embora, segundo o Ibama, o primeiro registro de contaminação por petróleo tenha ocorrido no dia 30 de agosto, no litoral da Paraíba. 

O mapa mais recente  que obtivemos na internet, indica situação muito preocupante pela quantidade de praias e Estados e municípios atingidos.



O litoral da Bahia, ainda não aparece neste mapa, mas nesta quinta-feira, 17 de outubro de 2019, o óleo chegou à Baía de Todos os Santos, na Bahia, conforme artigo assinado pela repórter Joana Oliveira para o Portal El País. 

Na manhã desta quinta, restos espessos e viscosos de petróleo chegaram à região do Farol da Barra, um dos principais pontos turísticos da capital baiana, e às praias de Ondina, no limite da entrada da Baía de Todos os Santos.

No total, 11 regiões do litoral soteropolitano foram atingidos, e a Limpurb, empresa municipal de limpeza urbana, informa que, até a manhã desta quinta, havia retirado 26 toneladas de óleo das praias de Salvador.

Representantes do Ministério Público Federal se reuniram em Brasília com a Comissão de Meio Ambiente - CMA, do Senado, para cobrar providências no sentido de minorar os danos ambientais. Cerca de 200 toneladas da substância foram retiradas de praias desde a primeira detecção do material há mais de 45 dias.



O procurador federal Victor Mariz afirma que as medidas preventivas para evitar que o problema atingisse mais praias foram insuficientes, embora a Marinha do Brasil siga monitorando os deslocamentos das manchas de óleo.

Conforme o procurador, a investigação é complexa e nenhuma hipótese pode ser descartada no momento. "Estão sendo monitorados os navios que passaram próximos à costa nordestina no período em que as primeiras manchas foram avistadas. 

Também estão sendo analisadas as correntes marítimas, com apoio de oceanógrafos. Entre as possíveis causas da tragédia ambiental, o MPF considera naufrágios, derramamentos acidentais ou voluntários por embarcações em águas superficiais e vazamento em plataformas.

De acordo Carina de Oliveira, professora da Universidade de Brasília, especialista em Direito Marítimo, enquanto não for identificado um culpado pelos danos, "a responsabilidade passa a ser da União". Ela destacou ainda que o Plano Nacional de Contingência - PNC prevê a centralidade do governo federal nos incidentes de poluição por óleo.

O silêncio das ONGs

Analisando no Google as coberturas dos jornais impressos de 2 de setembro a 10 de outubro deste ano a partir das palavras-chave: óleo e nordeste, duas coisas chamam atenção, notícias repetitivas e a falta de entrevistas com fontes especializadas.

Este silêncio tem um resultado perverso sobre aquelas e aqueles cuja vida está intrinsecamente ligada aos manguezais, estuários, restingas, rios e mares, afinal, as comunidades e povos tradicionais que vivem da pesca e da coleta dos frutos do mar são as maiores prejudicadas.

Além do impacto no meio ambiente, as manchas trouxeram problemas para o turismo e para comunidades de pescadores. 

Bartolomeu Dias, da Associação dos Pescadores e Quilombolas da Bahia, disse aos senadores reunidos que as pessoas que dependem do mar e de manguezais para sobreviver estão sem fonte de renda.

O presidente da Administração do Meio Ambiente de Sergipe, Gilvan dos Santos, considera já se corre o risco de se perder, além da qualidade das praias, grande quantidade de espécies marinhas.

Na página no Ministério do Meio Ambiente (https://www.mma.gov.br/) o assunto sequer é tratado. 

Por sua vez, em seu portal, a Marinha do Brasil informa que vem atuando desde o início do aparecimento das manchas no litoral nordestino, dia 2 de setembro, com ações de monitoramento e redução de danos.


"Esse trabalho tem sido feito por meio de inspeções ao longo do litoral da Região, divulgação de Aviso aos Navegantes (solicitando a informação tempestiva da identificação de poluição hídrica por navios em trânsito nas Águas Jurisdicionais Brasileiras - AJB), realização de Patrulhas Navais, com ênfase nas áreas Marítimas, e monitoramento dos navios que passaram pelas AJB", assegura a Marinha.

Navio Patrulha Grajaú - Marinha do Brasil


Fontes consultadas: Agência Senado, Portal El País, Portal G-1, Revista Carta Capital, Marinha do Brasil.







sábado, 12 de outubro de 2019

Nossa Senhora Aparecida vista pelos olhos da História


Alguns atribuem a Dom Pedro I a decisão de conceder a Nossa Senhora Aparecida, o título de padroeira do Brasil. 


Na verdade, sua decisão foi outra, mas a santa foi proclamada Rainha e Padroeira, em 16 de julho de 1930, pelo papa Pio XI.

A imagem já havia sido coroada anteriormente, em nome do papa Pio X, por decreto da Santa Sé, em 1904.

Ocorre que no dia 20 de abril de 1822, em viagem pelo Vale do Paraíba, o então príncipe regente do Brasil, Dom Pedro de Alcântara e sua comitiva, visitaram a capela e conheceram a imagem de Nossa Senhora Aparecida. 

O lugar era já naquele tempo, um importante ponto de peregrinação católica e um pequeno templo havia sido erguido justamente para abrigar a imagem da santa.

Chamada pelo povo de Nossa Senhora Aparecida, a imagem foi encontrada por pescadores no rio Paraíba do Sul, em 1717 e, desde passou a ser venerada se atribuindo a ela, inúmeros milagres.

A Padroeira do Brasil

Antigos relatos apontam que Dom Pedro teria rezado na igrejinha e feito uma promessa: se tudo corresse bem, ele faria de Nossa Senhora Aparecida a padroeira do Brasil independente.
Na realidade, depois de se tornar imperador, Pedro I escolheu São Pedro de Alcântara como padroeiro. 

O número de fiéis não parava de aumentar e, em 1834, foi iniciada a construção de uma igreja maior, a atual Basílica Velha, inaugurada e benta em 8 de dezembro de 1888.

A princesa Isabel visitou a basílica e ofertou à santa, uma coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis, juntamente com um manto azul, ricamente ornado, que cobrem a imagem original até os nossos dias.


Basílica Velha de Aparecida, inaugurada em 1888
Com o passar dos anos, houve necessidade de um local maior para os romeiros e, em 1955, foi iniciada a construção da Basílica Nova que passou ser utilizada pelo final dos anos 1960 mesmo sem estar concluída. 

O arquiteto Benedito Calixto, homônimo do artista plástico, foi quem idealizou a edificação em forma de cruz, com 173 m de comprimento por 168 m de largura; as naves com 40 m e a cúpula com 70 m de altura. 

Em 4 de julho de 1980 o papa João Paulo II, em sua visita ao Brasil, consagrou a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, o maior santuário mariano do mundo.

Aproximadamente 175 mil romeiros visitaram Aparecida em 12 de outubro de 2019 antes da pandemia



terça-feira, 8 de outubro de 2019

Descubra lugares interessantes que existiam para se visitar e que São Paulo perdeu


São Paulo perdeu lugares interessantes de se visitar e até pontos turísticos por força de vários motivos. Como exemplo podemos citar dois observatórios astronômicos que funcionavam dentro da cidade, um deles junto ao Belvedere do Trianon, na Avenida Paulista e outro no Parque Buenos Aires, em Higienópolis. Surgiram no lugar coisas também interessantes. Nestes casos aquilo que já era bom ficou ainda melhor. Comprove.

A antiga Praça Buenos Aires depois transformada em parque oferece verde a um lugar cercado de prédios

O Observatório Meteorológico de São Paulo, inaugurado em 30 de abril de 1912, funcionou até 1936 e o Belvedere foi demolido no início da década de 1960 para dar lugar ao edifício onde funciona o Museu de Arte de São Paulo - Masp.

Com o Belvedere do Trianon demolido, deu-se início à construção do MASP em 1968 

O lugar servia de mirante para quem estava no espigão oferecendo vista privilegiada de toda a região central. Por esse motivo é que a arquiteta Lina Bo Bardi projetou o prédio que já teve o maior vão livre do mundo.

O lado posterior do Belvede. Imagine este lugar hoje com restaurante repleto de mesas e guarda-sóis

Instalado a 825 metros acima do nível do mar, o Observatório da Avenida Paulista, sob o comando de José Nunes Belfort de Mattos, chefe do Serviço Meteorológico e Astronômico do Estado de São Paulo registrou por exemplo, a temperatura de 3,2 graus negativos, na madrugada de 25 de junho de 1918, considerada a mais fria da história paulistana. 

Repleto de crianças ao seu redor temos na foto o velho Observatório da Avenida Paulista

No final da década de 1920, entretanto, o ambiente de trabalho já se mostrava inadequado para o desenvolvimento dos estudos e um novo observatório foi construído no Parque do Estado, ao lado da atual Rodovia dos Imigrantes e lá, no local agora denominado Parque das Nascentes do Ipiranga, segue em funcionamento.

O outro observatório que funcionou na Praça Buenos Aires, em Higienópolis, servia também de mirante porque sem prédios era possível observar toda a extensão do Vale do Pacaembu, recebeu telescópios e iniciou suas atividades no início da década de 1930.

Nesse tempo, ainda não havia o estádio Paulo Machado de Carvalho e o córrego Pacaembu descia límpido e a céu aberto na direção do Tietê.

O local serviu às aulas de mecânica celeste da Escola Politécnica, da Universidade de São Paulo e foi desativado em 1964 sendo posteriormente demolido para dar lugar à estátua que tem o nome Mãe.

A estátua Mãe segue ocupando local de destaque no Parque Buenos Aires


Seu autor é o artista plástico Caetano Fraccarolli cujo trabalho foi escolhido após um concurso promovido pelos Diários e Emissoras Associados. Toda em mármore, seu peso gira em torno de 20 toneladas.

Sua instalação levou seis anos para acontecer devido a uma série de discussões entre o escultor, que desejava ver a estátua na parte baixa da praça, próxima ao espelho d’água, rodeada de grama, “como se brotasse da terra” e não no alto da área circundada pela calçada de concreto.

O escultor não conseguiu convencer os gestores do parque e a estátua, inaugurada 13 de maio de 1970, foi instalada no local onde se encontra nos dias atuais, contrariando seu autor.

São Paulo perdeu algumas de suas belezas, mas ganhou outras. Coisas de uma cidade que não para de crescer.



sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Existem formas para se tornar o trânsito de São Paulo mais humano? Eis a questão

Conversando informalmente com dois amigos, um deles me mostrou um artigo assinado por Lucas di Grassi, publicado pela Revista Veja em agosto último, onde o piloto defende a tecnologia como fator preponderante para a melhoria da qualidade de vida no trânsito e na cidade a partir do uso permanente de carros elétricos. Di Grassi é campeão mundial da Fórmula E, tendo conquistado o título em 2017.

Como se sabe, a 
ideia de se fabricar carros elétricos em larga escala não é de agora, vem dos anos 1970, quando o engenheiro João Conrado do Amaral Gurgel, instalou sua fábrica na cidade de Rio Claro – SP, para produzir o primeiro carro nacional movido unicamente por eletricidade, o Itaipu, em uma cerimônia cujo lançamento contou com nossa cobertura como repórter da então recém-inaugurada Rádio Capital.

O campeonato mundial de Fórmula E da atualidade, serve de referendo à iniciativa desse antigo empresário sobre a importância desta segmentação veicular. Organizado pela FIA, a primeira temporada internacional foi disputada no ano de 2014, sendo o brasileiro campeão mundial três anos depois. 


Lucas di Grassi comemora o título de campeão mundial da Fórmula E em Montreal - Canadá/2017
O feito é de uma grandeza histórica ainda pouco avaliada, mas daqui mais alguns anos o nome Lucas di Grassi, será certamente mais reconhecido do que agora porque os carros elétricos certamente crescerão em popularidade.

Em seu artigo para a Veja o piloto escreveu: “Já se fala na chegada de veículos autônomos sem a utilização de motoristas, tal avanço irá modificar a relação das pessoas com o automóvel”.

Ele também fala de reminiscências: “Quando o carro sem tração animal surgiu pelo final do século 19, as ruas de Manhattan se livraram da sujeira do esterco deixado pelos cavalos...”
Veio o século 20 e a partir especialmente dos anos 1960 começaram a ser sentidos mais intensamente os efeitos negativos do sistema de queima do combustível fóssil pelos motores.

 A poluição atmosférica passou a significar sinônimo de doenças, mesmo assim o automóvel seguiu e segue sendo sinônimo de ‘status’para a sociedade, ocupando o lugar preferencial das ruas e avenidas em detrimento das pessoas.
Prefeitos e demais gestores públicos seguem mais preocupados com a circulação viária do que com os pedestres e as doenças causadas pela poluição. Os congestionamentos continuam sendo diários ocasionando a lentidão no transporte coletivo em ônibus frequentemente lotados.
O Itaipu foi o primeiro carro elétrico fabricado na América do Sul
Livrar-se de tudo isso de uma vez só não é fácil, mas atenuantes podem surgir pela presença dos veículos elétricos que podem ser menores e não poluem o ar. Lucas di Grassi, também aponta os aplicativos de carona, como o Uber como atenuantes para os problemas de trânsito.“Necessariamente, ninguém mais precisará ser proprietário de um automóvel para sair e resolver seus compromissos”. Com isso teremos possivelmente uma diminuição no volume de tráfego daqui mais alguns anos.

Precisamos de soluções para acabar com a guerra do trânsito

Entre condutores, motociclistas e pedestres a relação continua sendo de desentendimento e violência.
Em 2018 na cidade de São Paulo, 366 motociclistas perderam a vida em acidentes viários e 349 pedestres morreram atropelados.

Ao todo foram 849 mortes ao se somar também as 134 vítimas de colisões, representando um aumento de 6,5% em relação ao ano anterior, conforme o Portal G-1 quando divulgou números fornecidos pela prefeitura paulistana, em 23 de maio de 2019.

Outra reportagem, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, em 19 de setembro último, traz o médico fisiatra da Rede de Reabilitação Lucy Montoro, Dr. Fernando Quadros comentando que os acidentes com motos costumam ser os mais graves.

“Quanto mais exposta a pessoa fica, mais sujeita ela está a politraumatismos. Temos um levantamento de 2018 mostrando que, de todos os acidentes envolvendo moto, cerca de 60% evoluem para algum tipo de sequela, desde a amputação até a lesão medular, que pode causar paraplegia ou tetraplegia, em 16% dos casos. Outros 7% são de lesão encefálica. A maior parte da população acidentada é do sexo masculino na faixa entre os 20 e 40 anos de idade”.

 
O Dr. Quadros explica também que os impactos no cotidiano de quem fica com sequelas causadas pelos acidentes de trânsito são inúmeros.“Quando a pessoa não volta a ser independente, acaba desviando para algum familiar a função de prestar os cuidados mínimos. Este cidadão dificilmente consegue voltar para o mesmo posto de trabalho que ocupava antes e muitos são realocados. Em outros casos, o paciente terá que redescobrir o próprio corpo e os rumos que dará à sua vida dali para a frente”.

Como prevenir acidentes? Essa é outra questão que devemos refletir

O que se precisa fazer para definitivamente conscientizar a população da necessidade de se evitar acidentes de trânsito, é ir apontando que só os avanços tecnológicos não irão resolver tudo.Continua sendo preciso cumprir o que determina o Código Brasileiro de Trânsito que pede educação nas escolas desde a infância para os futuros condutores no sentido de que estes comecem a entender desde cedo, porque é preciso evitar imprudências como forma de preservar vidas.

Como se chegar a isso?

Deixo o espaço aberto neste blog para comentários e reflexões. Se necessário fale comigo através das redes sociais: Twitter e Facebook. Nossa ideia básica é formatar um Instituto Paulista para a Humanização do Trânsito. Gostaram do nome? Pensem a respeito e me avisem.

Agradecimentos: Eduardo Britto e Horácio Augusto Figueira