domingo, 29 de março de 2020

Bem antes do coronavírus repórter aéreo sobrevoou rodovia fantasma


O cenário atual de ruas, avenidas e até mesmo rodovias completamente vazias, por conta do coronavírus.

A prestação de serviços de um repórter aéreo, neste momento que estamos vivendo, se fará necessária somente se houver um fato inusitado acontecendo nas ruas.

Mesmo assim será diferente de quando precisei sobrevoar uma auto pista completamente vazia para constatar se, ainda assim, seria possível trafegar por ela.

A rodovia em questão era nada mais, nada menos que a Presidente Dutra, simplesmente a estrada mais movimentada do País.

Foto serve de exemplo para mostrar como se encontrava a Via Dutra naquela manhã de julho, em 1999
Foi a primeira greve de caminhoneiros que aconteceu no Brasil, época em que o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, iniciava o seu segundo mandato.

Os motoristas de caminhão reivindicavam redução da tarifa dos pedágios, isenção de impostos e a regulamentação da aposentadoria.

Foi o movimento paredista mais grave já enfrentado pela União até aqueles dias até porque, não havia uma liderança propriamente dita com a qual se pudesse negociar.

Mesmo assim, cerca de 700 mil caminhoneiros cruzaram os braços no Brasil todo e o Movimento União Brasil Caminhoneiro – MUBC, comandado por Nélio Botelho acabou assumindo a liderança nas tratativas.

Na Rádio Eldorado, me pediram que decolasse e fosse direto para a Via Dutra para relatar o que se observava.

Em nosso sobrevoo avistamos a Rodovia Presidente Dutra quase desse jeito, com pistas livres e caminhões nas laterais
Ao lado do comandante Décio Sammartino, pilotando o helicóptero, dissemos: “A Dutra mais parece uma estrada fantasma”.

Nos dois sentidos não havia caminhões, nem carros ou ônibus circulando, nada.

Ao mesmo tempo os estacionamentos dos postos de combustíveis estavam abarrotados de carretas com seus condutores de braços cruzados.

Do alto recomendamos aos ouvintes: "Melhor não viajar, evite riscos pois o clima é tenso e pode haver depredações".

Naquele dia o nosso sobrevoo se estendeu do início da Dutra, na Vila Maria, até proximidades de São José dos Campos, quando iniciamos o nosso retorno à base localizada no Campo de Marte.

Tanto na ida quanto na volta o cenário permaneceu o mesmo, sem nenhum veículo circulando e um panorama de apreensão.

Na ocasião, a greve de caminhoneiros durou quase uma semana e ao término, o governo ordenou o congelamento das tarifas do pedágio e o atendimento das demais reivindicações.

Daquela cobertura ficou a lembrança de uma estrada que recebe cerca 900 mil viagens todos os dias, completamente deserta, algo até então sem precedentes.

Depois, uma outra greve de caminhoneiros em proporções ainda maiores aconteceria em 2018, dessa vez com bloqueio nas pistas e congestionamentos nos dois sentidos.

Essa foto de 2018 mostra a Via Dutra com as pistas congestionadas por  outra greve de caminhoneiros, mas com bloqueios
Claro que agora, com o coronavírus, a situação é bem pior, porque vidas estão colocadas em risco diante de uma ameaça sorrateira.

A pandemia fez parar não apenas estradas, mas cidades e populações inteiras reclusas em suas casas no mundo todo.

Em São Paulo, por causa do Covid-19, algumas fotos ficarão para a posteridade.

Avenida 23 de Maio em março - 2020, mais parecendo um feriado
Avenida Paulista em um domingo com o trânsito liberado e pouquíssima movimentação
Viaduto Santa Ifigênia, por onde só circulam pedestres, tem ficado desse jeito. Obs: Fotos extraídas do Google
Diante de tantas surpresas a cada momento na história da humanidade, o destino à frente dos nossos olhos será sempre uma incógnita.


quarta-feira, 25 de março de 2020

O coronavírus de 2020 e suas comparações com a febre amarela no Brasil-Colônia

Todas as vezes que falamos sobre epidemias, devemos levar em consideração o estágio da ciência e da medicina na época em que tudo aconteceu.

Em nossos dias o grande malfeitor é o coronavírus, mas os cientistas ainda irão vencê-lo para fazer dele uma "gripezinha", daqui alguns anos.

Na história do Brasil, a primeira grande epidemia foi de febre amarela e aconteceu no século 17, por volta de 1685.

Um navio negreiro proveniente das Ilhas de São Tomé e Príncipe, trouxe a bordo pessoas febris.

Mosquito Aedes Aegiypti viajou para o Brasil em 1685 dentro de um navio trazendo escravos

Acreditava-se que o mal teria sido causado pela carne deteriorada servida a bordo como alimento aos escravos.

Ainda não se sabia, mas se tratava da febre amarela causada pela picada do mosquito Aedes Aegypti, cuja nomenclatura em latim, traduzida para o português significa: “Odioso do Egito”.

Outros vetores de transmissão desta mesma febre são os mosquitos Haemagogus e Sabethes, presentes nas regiões silvestres, onde contaminam os macacos. Estes, por sua vez, contagiam os seres humanos.

Hoje existem vacinas, mas naquele tempo não havia praticamente nenhum tipo de tratamento.

Com a febre as vítimas passavam a ter hemorragias internas e lançavam para fora um vômito de cor escura e amedrontadora.

A bordo dos navios negreiros as pessoas viajavam aglomeradas, sem a mínima condição de higiene, facilitando o contágio
O livro História do Brasil – Espírito Colonial, de Pedro Calmon, publicado em 1935, conta que após o desembarque em Olinda, "o mal trazido pelos escravos doentes se espalhou pelos arredores".

“Morriam de 20 a 30 todos os dias”, diz o autor, salientando que autoridades pediram ao reino português, em julho de 1686, mais de um ano depois dos primeiros casos, a vinda de um novo médico porque o único profissional existente em Pernambucano morrera de febre amarela logo no início da epidemia que se alastraria para outras províncias fazendo ainda mais vítimas na Bahia.

Outra publicação: História da Febre Amarela no Brasil, de Odair Franco, lançada em 1969, informa que o médico enviado ao Brasil deu início a uma campanha de “purificação das casas”.

A ordem para a população foi, abrir as janelas todas as manhãs para a entrada do sol e ar, "esfoliando-se todas as impuridades e teias de aranha...”

Outra determinação explicada no livro: “A moradia em que alguém tivesse morrido seria caiada de novo, lançando-se nela grande quantidade de cal virgem...”

Para a noite, de portas fechadas, a determinação passou a ser o uso de defumadores.

Quem não o fizesse ficaria sob pena de multa de dez tostões, dobrada nas reincidências.

Casas caiadas e cal virgem para evitar o contágio de doenças passou a ser uma obrigação no século 17

Tornou-se obrigatória a limpeza das ruas pelos moradores, cabendo também a eles a coleta do lixo.

O destino de toda a sujeira recolhida seria o rio mais próximo, pois ainda não se sabia que com esse procedimento apenas se transferia a doença de um lugar para o outro.

Houve também isolamento, não das pessoas sadias, mas dos infectados.

Segregados, os doentes eram levados a lugares distantes da povoação, sem nenhuma assistência, onde o destino seria o de aguardar a hora da morte.

Entre as leis voltadas a se diminuir a quantidade de vítimas da febre amarela, no século 17, uma delas foi em relação aos sepultamentos.

Estes, passaram a ser feitos em covas que não poderiam ter menos de cinco palmos de profundidade.

Sobre os túmulos se acendiam fogueiras por três dias seguidos após o enterro.

Às custas do Senado foi pago o serviço para ladrilhar as lápides de modo que não pudessem delas “sair vapores”.

Corpos mesmo sepultados ainda serviam como focos de contágio, daí a necessidade de fogueiras sobre as covas
Depois de atingir o ápice em 1687, a primeira epidemia brasileira, entrou em declínio a partir de 1691.

A febre amarela voltaria a atacar outras vezes, outra violenta epidemia assolou o País no século 19, mais propriamente em 1850.

Nessa ocasião, as autoridades médicas exigiram que Dom Pedro II se recolhesse com a família em Petrópolis, para ficarem livres do contágio. 

Desde 1942, a febre amarela está sob controle no Brasil, graças à existência de uma vacina, entretanto, vez por outra reaparece.

Do início de 2017 até fevereiro de 2019, o Brasil registrou 326 casos confirmados de febre amarela, com 109 óbitos.

Para se evitar a febre amarela, basta se vacinar embora a doença ainda faça muitas vítimas na região amazônica
Quanto ao coronavírus, esperamos que em breve seja vencido, afinal a ciência hoje está bem mais avançada do que nos tempos do Brasil-Colônia.

Os males do coronavírus por enquanto só podem ser evitados com o isolamento das pessoas, aguarda-se por uma vacina

segunda-feira, 16 de março de 2020

A epidemia de meningite em 1974 e os cuidados agora com o coronavírus


Em 1974 estudávamos na escola pública e do mesmo modo como os adolescentes de hoje, nossos sonhos eram outros.

Ainda não imaginávamos a possibilidade de ser jornalista e trabalhar nas reportagens aéreas, sobrevoando a cidade e essas coisas.

Pensamento jovem acalenta coisas maiores como ser, por exemplo, um cantor de rock e se tornar rico, famoso, andar de limousine e só viver de música.

O rock nacional revelava grandes nomes até hoje cultuados, como Raul Seixas e Rita Lee. A cantora havia deixado Os Mutantes e levava adiante sua carreira solo.

Raul dizia: "Eu sou um astrólogo, vocês precisam acreditar em mim". Depois lançou sua previsão avisando que um dia a terra iria parar, rss.

Para nossa surpresa, no entanto, as férias de julho daquele ano foram prolongadas por um fato inusitado, a meningite meningocócica estava matando pessoas de um modo estranho e de difícil compreensão.

O governo demorou para implantar a vacinação contra a meningite facilitando a proliferação da doença

Os jovenzinhos do bairro do Moinho Velho, no Ipiranga, em São Paulo, sem se dar conta do perigo, vibraram com a notícia de suspensão das aulas. Felizmente entre os colegas da nossa turma, ninguém ficou doente.

Em vez dos livros e das lições de casa, continuamos em férias até quase o final de agosto, tendo sobrado mais tempo para mais brincadeiras e para se ouvir música.

Rita Lee aparece na capa de um de seus LPs lançados nos anos 70
O Deep Purple era a banda estrangeira que mais fazia a cabeça da juventude do nosso bairro. 

Era uma delícia ouvir e ver os discos girando em 33 rpm nas eletrolas estereofônicas da Grunding ou da Gradiente, debaixo de agulhas cristalizadas que diziam ser de diamante.

Só quem viveu saberá descrever a emoção de se ver um disco novo girando na vitrola.

A nós não interessava o que diziam as letras das músicas do Deep Purple, importante era o som do rock pauleira

A meningite, no entanto, seguia matando uma pessoa por dia em média, na Grande São Paulo.

Explicar essa doença é um pouco difícil, trata-se de uma infecção das membranas que recobrem o cérebro (as meninges), dificultando assim o transporte de oxigênio às células do corpo.

Ilustração mostra o que acontece em uma pessoa atacada pela meningite
A transmissão do meningococo, bactéria causadora da meningite, se dá por meio de secreções respiratórias e da saliva, durante contato próximo com uma pessoa infectada.

Evitar aglomerações ou se sentar próximos uns dos outros, como acontece nas salas de aula, passou a ser motivo de preocupação para as autoridades de saúde, assim como agora em tempos de coronavírus.

Mãe e filho em 2020 tentando se proteger do coronavírus

Na televisão, em 1974, o noticiário dava conta da existência de um surto de meningite,a  palavra epidemia, nos tempos da censura, não podia ser empregada, a determinação era que se escrevesse surto, para não alarmar a população.

Uma edição da revista Veja buscou mostrar ao público o que vinha acontecendo em relação à meningite
Surto, é quando acontece um aumento repentino do número de casos de uma doença em número acima do que o esperado pelas autoridades.

Epidemia, é quando o surto se prolifera e passa a ocupar diversas regiões em nível municipal, estadual ou federal.

Em 1974 as aulas nas escolas públicas foram suspensas na Grande São Paulo, Grande Rio e alguns outros municípios.

Pandemia, é o que vem acontecendo em relação ao coronavírus porque está atingindo países de todos os continentes.

Prevenção sempre é o melhor caminho em todas as situações
Em 2009, a gripe A (ou gripe suína) passou de epidemia para pandemia quando a Organização Mundial de Saúde – OMS, começou a registrar casos em todas as regiões da Terra.

A Aids, apesar de estar diminuindo, também foi considerada uma pandemia quando surgiu pelo início dos anos 1980.

As campanhas prevenção contra a Aids continuam apesar da doença ter diminuído

No ano de 1974, quando aconteceu a epidemia de meningite, surgiram dificuldades no combate porque havia restrição nas importações.

Em razão disso o governo demorou para adquirir vacinas no exterior.

Essas dificuldades, por outro lado, serviram de alerta às autoridades sobre a importância do investimento tecnológico em saúde e em pesquisas levadas à frente pelas universidades.

Em 1976 foi criado dentro da Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz, no Rio de Janeiro, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos – Bio-Manguinhos – e implantado um centro de produção de vacinas contra a meningite meningocócica A e C.

A partir de então, a vacina contra meningite meningocócica passou a ser desenvolvida no Brasil, por sinal a primeira a ser criada em terras brasileiras.

Em 1980, no âmbito da cooperação técnica com o Brasil, o Japão nos transferiu a tecnologia para a produção de vacinas contra o sarampo.

O primeiro lote desta vacina inteiramente produzido no país saiu em 1982, estimulando a produção de vacinas no País.

O Instituto Butantã, ligado à Universidade de São Paulo, está em via de anunciar a comprovação de sua vacina contra a dengue, desenvolvida já há alguns anos.

Já se aguarda também com atraso uma ampla campanha de vacinação contra a dengue

Quem sabe, em nível mundial, se demore menos para a descoberta de uma vacina que elimine de vez o coronavírus.

Enquanto prosseguem as campanhas de prevenção contra o também chamado Covid-19, lembremos o visionário Raul Seixas.

Em uma de suas canções ele chegou a falar sobre "O Dia em que a Terra Parou". 


Fontes: Cremesp, Fiocruz, Revista Veja e Portal UOL




quarta-feira, 11 de março de 2020

Coronavírus 2020 x Gripe Espanhola 1918: Diferenças e Semelhanças

O coronavírus tem características diferentes da Gripe Espanhola que assolou o mundo em 1918.

O causador daquela pandemia foi o vírus Influenza H1 - N1, hoje um velho conhecido facilmente combatido por antibióticos e vacinas anti-gripe.

Na Gripe Espanhola de 1918 também foi recomendado o uso de máscaras para a população se proteger

A pandemia verificada há mais de 100 anos, chegou ao Brasil nos navios provenientes de Lisboa que traziam a bordo pessoas infectadas também em outros países do continente europeu.

Nunca houve um registro definitivo sobre o total de vítimas no mundo todo. Estimativas apontam para quase 100 milhões de mortes, ou cerca de 5% da população de todo o planeta na época.

No Brasil morreram em torno de 30 mil pessoas contaminadas, inclusive o presidente eleito Rodrigues Alves, cuja morte causada pela gripe aconteceu dias antes dele tomar posse no que seria o seu segundo mandato.

Assumiu em seu lugar, no início de 1919, o vice-presidente eleito Delfim Moreira que, obedecendo à constituição vigente, convocou novas eleições para quatro meses depois. 

No novo pleito, o candidato paraibano Epitácio Pessoa, foi eleito presidente da República e governou o País até 1923.

O presidente Epitácio Pessoa aparecia nas fotos oficiais sem a faixa presidencial

Até 2020, -mês de março- tinham sido registrados casos da doença que levou o nome Covid-19, em 107 países.

Números passaram a ser atualizados todos os dias, até a data dessa postagem havia somente 4 mil mortes no mundo, a maior parte na China. Depois os números explodiriam.

Wuhan, uma cidade chinesa do tamanho de São Paulo, com mais de 10 milhões de habitantes, foi mantida em isolamento desde 23 de janeiro.


O corovírus ao que se sabe prolifera mais em ambientes frios e a China passa pelo período de inverno

O governo chinês não transmitiu detalhes dos procedimentos de isolamento de sua população embora o presidente daquele país, Xi Jinping, tenha visitado a cidade epicentro do coronavírus recentemente.

Na Itália números também assustam com a elevação de 463 casos para 631 em 24 horas.

Homem se protege com máscara por causa do coronavírus diante do Coliseu, em Roma

Os efeitos da Gripe Espanhola foram devastadores, porque em 1918 a penicilina ainda não havia sido descoberta. A doença chegava de forma violenta, sem dar tempo sequer para o tratamento.

Febre alta, seguida de sangramento pelo nariz e ouvidos; em alguns casos, os doentes passavam a ter cor azulada pela falta de oxigênio para morrer logo em seguida, informavam os jornais da época.

Os noticiários também diziam que pessoas ao passar mal de manhã, imediatamente morriam no período da tarde.

Não havia ainda antibióticos e fórmulas mágicas, assim como agora, também eram anunciadas sem ter a certeza de sua eficácia.

Cruz Vermelha mobilizada nos Estados Unidos , em 1918, para o atendimento de vítimas da Gripe Espanhola

Uma característica da Gripe Espanhola permanece intrigante: o ataque do vírus Influenza hoje, costuma ser mais forte em crianças e idosos, que possuem sistema imune mais frágil.

Naquele tempo, entretanto, as principais vítimas foram adultos jovens, tanto civis quanto os soldados no front, visto que acontecia na Europa a I Guerra Mundial.

Uma hipótese é que por ter imunidade mais proativa, a resposta do organismo jovem era mais vigorosa ao desempenho do vírus naquele tempo.

Em São Paulo acontecimentos trágicos decorreram daquela situação. Como não havia mais lugares para sepultar tantas pessoas, a prefeitura construiu às pressas o cemitério São Paulo, localizado na Rua Cardeal Arcoverde, mas faltavam coveiros, porque muitos deles pelo excesso de enterros, também ficavam doentes e morriam.

Em meio ao caos da doença fórmulas homeopáticas tentavam solucionar o problema 

Nascido em 1907, o senhor Waldemar Rossi nos concedeu uma entrevista de reminiscências, em 1994, quando tinha 87 anos.

Dono da antiga loja de discos Brenno Rossi, ele nos disse ter superado a gripe espanhola após ser obrigado pelos pais a tomar doses e mais doses de um medicamento chamado Emulsão Scott, de gosto horrível.

“Feito à base do óleo de fígado de bacalhau, as crianças só conseguiam igerir aquele remédio sob a ameaça de chinelos”, explicou.

A comediante Dercy Gonçalves, disse certa vez, ter escapado da gripe de 1918 pelo fato de ter subido em um limoeiro e chupado durante um dia inteiro todas as frutas que nele havia.

Municiada de vitamina C, Dercy resistiu bravamente à Gripe Espanhola e seguiu forte e saudável pela vida até morrer de velhice aos 101 anos.

Dercy Gonçalves aparecendo como jurada em um programa de televisão

A Covid-19, que pode causar infecções respiratórias graves além da pneumonia, tem dado mostras de ser violento.

No Brasil houve até agora mais de 100 casos confirmados, de acordo com o Ministério da Saúde.

A medicina e a tecnologia em 2020 estão, obviamente, muito à frente do que se tinha em 1918, por isso, apesar dos números não deve haver pânico, mas a luz amarela de alerta está acesa.

Aguarda-se para breve o surgimento de uma vacina, laboratórios em todo o planeta trabalham nesse sentido.

Os testes para detecção do coronavírus passam pelos exames de sangue e de secreções
Com paciência e prontidão seguiremos aguardando uma solução que previna e proteja a todos.
Fontes: Ministério da Saúde - Portal G-1 - Acervo Estadão

sexta-feira, 6 de março de 2020

Você já ouviu falar em Pessoas com Novos Desafios - PcND? Conheça exemplos


O conhecido maestro João Carlos Martins ganhou de presente um par de luvas eletrônicas desenvolvidas pelo designer Ubiratã Costa, a partir de peças produzidas por uma impressora 3D.

Elas devolveram ao maestro, a esperança de um dia voltar a fazer aquilo que mais ama, tocar piano.

Claro que para isso será necessário um período de adaptação, porque nada se consegue da noite para o dia, é preciso esforço e dedicação.

João Carlos Martins aparece em foto com suas luvas eletrônicas em frente ao piano

O desafio assumido pelo maestro nos leva a refletir sobre a necessidade de se encontrar no Brasil uma sigla ou terminologia que defina de maneira mais exata, a pessoa que por algum motivo adquiriu uma deficiência e busca integrar-se novamente no contexto social.

Certa vez conversando com o jornalista Adhemar Altieri, ele nos disse que o Canadá encontrou uma terminologia que classifica de maneira politicamente correta a pessoa que possua algum tipo de deficiência: “new challenge”, ou seja, “novo desafio”.

Por que então não se criar também no Brasil uma sigla mais adequada? “PcND” - “Pessoa com Novos Desafios”.

Desta maneira ficará mais fácil apontar pessoas como João Carlos Martins que a partir de um determinado momento da vida, passaram a enfrentar situações inusitadas, se saindo delas vitoriosa.

As luvas robotizadas entregues de presente a João Carlos Martins vieram com dedicatória

Além do maestro existem outros exemplos de pessoas que superaram desafios, os paratletas, por exemplo.

Vale lembrar que o nosso País está entre os campeões mundiais em acidentes de todo tipo.

Depois de um acidente grave, enfermidade, ou doença grave, a pessoa não sai pronta para vida novamente em um piscar de olhos.

Se inicia depois da recuperação uma longa trajetória de reabilitação para se enfrentar dificuldades problemas que antes pareciam nem existir.

Subir degraus, acionar o interruptor de uma lâmpada ou abrir o chuveiro e depois tomar banho, se tornam para algumas pessoas vítimas de acidentes, empecilhos que depois de vencidos são comemorados como se fosse o título de algum campeonato. 

Quando se aprende a se fazer tudo de novo e à nossa maneira,  sem a ajuda de ninguém, a vitória merece comemoração

O povo brasileiro é campeão mundial quando a palavra é superação.

O Brasil foi o País com o maior número de medalhas no Parapan 2019: Um total de 308 medalhas, contra 185 dos EUA

No mês de março de 2019 o Senado aprovou em plenário, por unanimidade, a PEC 25/2017, padronizando a sigla PcD para definir na Constituição a “Pessoa com Deficiência”.
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Claro que a intensão merece elogios, denota a preocupação dos senadores com este segmento social.

Mas achar que um cidadão que passa por situações tão difíceis e inusitadas é, ainda assim um “deficiente”, nos parece inadequado.

Podemos até aprovar essa definição, para que ela defina corretamente essas pessoas perante a Carta Magna, mas a sociedade precisa encarar a questão da deficiência de um modo mais abrangente e menos discriminatório.

Ainda dá tempo de se escolher uma sigla politicamente correta voltada à população para definir cidadãos e cidadãs, não como pessoas deficientes, mas como seres humanos com novos desafios.

Assista agora um vídeo da TV Folha contando a trajetória de vida do maestro João Carlos Martins e entenda como foi que ele se tornou uma Pessoa com Novos Desafios - PcND.




segunda-feira, 2 de março de 2020

Uma família de helicópteros à nossa disposição durante o Estação Férias


São imensas as recordações da atividade de repórter aéreo que exerci durante exatos 21 anos.

Todos os anos o projeto Estação Férias mobilizava nossas atividades e dos pilotos para sobrevoos nos finais de semana pelas praias e estradas do litoral paulista.

A cobertura final era sempre a do fim de semana que acontecia após a quarta-feira de cinzas com o retorno definitivo dos paulistanos.

Durante os dias que antecediam o carnaval, entretanto, o trabalho de todos os envolvidos era intenso.

Certa vez uma verdadeira família de helicópteros ficou à nossa disposição.

Este grupo de helicópteros no Campo de Marte ajuda explicar o tamanho da cobertura da qual participamos em 1995

Era uma fase onde os telefones celulares passaram a ser usados e com a ajuda dos helicópteros as pessoas chegavam mais facilmente aos seus destinos.

Foi um período que podemos chamar da febre por helicópteros na cobertura de trânsito, com as agências oferecendo pacotes e vários anunciantes interessados no trabalho oferecido pelas rádios. 

Na Rádio Eldorado AM chegamos a colocar três helicópteros e um avião sobrevoando conjuntamente no trabalho de prestação de serviço aos ouvintes, fora as equipes em terra com repórteres e motoristas.

Um helicóptero sobrevoava as vias de acesso da capital às estradas, outro sobrevoava continuamente o Sistema Anchieta-Imigrantes e um terceiro aparelho observava as rodovias de acesso às estâncias climáticas.

Além disso, um daqueles aviões que sobrevoam as praias ostentando faixas com anúncios foi colocado à nossa disposição.

Avião de propaganda sobrevoando as praias do litoral paulista entre Itanhaém e o Guarujá

Esses aviões decolavam do Campo de Aviação da Praia Grande, ganhavam altura e depois faziam uma rasante para enganchar a faixa com a propaganda e depois subir de novo.

Não cheguei a voar nesses aparelhos e quando me disseram como se dava esse procedimento evitei sequer tocar no assunto com as chefias. Vai que me mandassem voar naquilo.

A vida entre os helicópteros já me bastava.

Com todos os helicópteros sobrevoando ao mesmo tempo, vez por outra, um passava perto do outro

Diante disso vale citar alguns nomes que trabalharam conosco nessas coberturas.

Quem chegou a voar nesses aviõenzinhos foi o repórter Rogério Spegn que segue na profissão de jornalista residindo atualmente em Jundiaí.

Outro bem conhecido é Jair Rafael, um especialista na descoberta de alternativas para escapar dos congestionamentos rodoviários, segue na ativa residindo em Sorocaba.

Havia também entre nós um jovem repórter chamado Luciano Signorini, cuja semelhança física à do jogador Bebeto, então na seleção brasileira, deu a ele esse apelido.

A ironia do destino fez com que ao deixar a Rádio Eldorado, Luciano Signorini, um tremendo palmeirense, se tornasse assessor de imprensa do Sport Club Corinthians Paulista, função na qual, vale ressaltar, saiu-se muito bem.

Signorini é o atual diretor-executivo da L.Signo Comunicação e mora em Santo André.

Será este Bebeto ou Luciano Signorini? São tão parecidos que já não sei mais

Desses tempos e coberturas ficaram essas recordações retratadas nessas fotos.

Foto aérea em um de nossos sobrevoos próximos à Marginal do Rio Pinheiros

Caso queira apreciar um voo de helicóptero parecido ao que fazíamos durante o projeto Estação Férias, assista esse vídeo retirado do Canal VHD Helicóptero, produzido pelo Comandante Vitor Hugo, de quem sou admirador.