segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Quem souber se comunicar vai ter mais chance em qualquer profissão de agora em diante


“Quem não se comunica se trumbica”, já dizia Abelardo Barbosa, o Chacrinha. Outra frase que nos fez lembrar o velho guerreiro: “Quem não trabalha se atrapalha”. 

Essas lembranças vieram à mente após termos lido um estudo mostrando que no máximo daqui a três anos, o mercado de trabalho estará valorizando aqueles que demonstrarem mais habilidades na relação interpessoal do que na parte técnica ou operacional das profissões.

O levantamento foi realizado pelo Institute for Business Value – IBV, mantido pela conhecida indústria de informática International Business Machines Corporation – IBM, junto às suas representações em vários países, inclusive o Brasil.

A divulgação feita neste mês de setembro de 2019, aponta também que nestes próximos três anos, cerca de 120 milhões de trabalhadores das dez maiores economias do mundo precisarão se recapacitar profissionalmente.

O motivo é o aumento de utilização da Inteligência Artificial em quase todas as atividades tornando obrigatória não apenas técnica, mas de comunicação. Entenderam por que fizemos menção ao Chacrinha?

Chacrinha foi apresentador de programas populares na televisão com um poder de comunicação extraordinário
“Aquele que souber interagir e apresentar soluções criativas irá se sobressair”, nos explicou Edgard Cornacchione, professor da FEA/USP, em uma entrevista feita antes ainda da apresentação desse estudo.

“Os profissionais do futuro, que tiverem bom relacionamento interpessoal dentro de seu ambiente de trabalho terão mais facilidade de levar a seus interlocutores, propostas que garantam o sucesso dos negócios realizados muitas vezes em situações incertas”, explicou Cornacchione.

Na entrevista, ele se referiu aos profissionais de Contabilidade, mas a recomendação serve para todas as áreas visto que, conforme estimativas, só no Brasil, 7,2 milhões de profissionais terão que ser treinados em novas habilidades nestes próximos três anos. 

Geralmente se espera que treinamento aconteça por iniciativa do próprio empregador, mas também isto pode mudar, porque os mais comunicativos serão os escolhidos.

Christiane Berlinck, diretora de Recursos Humanos da IBM Brasil, acrescenta. “O mercado de talentos está saturado e haverá necessidade da empresa observar na hora da contratação aqueles que podem se desenvolver mais”.

Interação e Comunicação são as saídas para o futuro

A pesquisa do IBV ouviu quase 6 mil Chief Executive Officer – CEOs de 48 países. O indicativo foi que 59% reclamam de não contar com pessoas hábeis ou recursos necessários para executar suas estratégias de negócios

Esse estudo também lançou um desafio aos empresários: o tempo investido para capacitar um profissional em uma nova habilidade aumentou 10 vezes em apenas 4 anos. 

No Brasil, por exemplo, o tempo de treinamento passou de quatro para 40 dias, ou seja, o profissional fica mais tempo fora do emprego e por tal motivo esse investimento no empregado precisa necessariamente trazer resultados favoráveis. Deste moda a escolha correta do profissional a ser capacitado também se torna mais difícil.

Os avanços na tecnologia permitiram às empresas realizar tarefas que antes cabiam somente aos seres humanos, desde então os atributos pessoais passaram a ser redirecionados.


Aqueles que souberam usar melhor as ferramentas de informática interagindo no emprego através de seus conhecimentos e de seu poder de comunicação passaram a ser valorizados por apontar as saídas.

Nós jornalistas também tivemos que modificar conceitos e já não podemos nos limitar a escrever textos. Se faz necessário ser multimídia, ou seja, é preciso saber falar em público, diante dos microfones e das câmeras de televisão noticiando e se necessário de improviso.

No livro Inteligência Emocional, de Daniel Goleman lançado em 1995, ele cita as “soft skills”, ou seja, as capacidades mentais, emocionais e sociais que as pessoas adquirem aatravés de suas relações culturais ou de educação. “Essas características começam a se desenvolver já na infância e podem depois ser aplicadas em um ambiente corporativo”, diz o escritor.

A conclusão da pesquisa do IBV vai de encontro a essas afirmações, ao revelar que as aptidões surgem muitas vezes espontaneamente. Por outro lado, muitos conceitos estão se tornando obsoletos e para encarar o futuro se faz necessário disposição, flexibilidade e adaptabilidade às mudanças.

Charles Chaplin foi um dos mais brilhantes atores da era do cinema mudo e precisou se adaptar aos filmes falados
De nossa parte podemos afirmar que o futuro sempre trouxe incertezas a todas as gerações e encarar os desafios sempre foi a única saída. 

Agora todos terão que se preparar para mudanças cada vez mais rápidas no ambiente de trabalho e as empresas não ficarão fora disso.

Se elas não fizerem nada acreditando que serão salvas pela tecnologia, correm o risco de não progredir em seus negócios. Investir no fator humano segue sendo a melhor alternativa.

Charles Chaplin disse em seu discurso no filme O Grande Ditador. “Não sois máquina, seres humanos é o que sois...”

A capacidade do homo-sapiens segue sendo o fator primordial de sobrevivência da raça.


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