segunda-feira, 30 de setembro de 2019

O poeta Paulo Bomfim merece a homenagem de ter seu nome em alguma escola pública, biblioteca ou praça com árvores e flores


Quem sabe algum vereador acabe acessando este blog e abrace a ideia de transformar a data 30 de setembro, aniversário do poeta Paulo Bomfim, em um feriado municipal. Teríamos assim, o Dia do Poeta da Cidade. Ele nos deixou em 2019, aos 92 anos. 

Se não vier o feriado, que seu nome batize alguma praça com árvores, flores e pássaros, ou ainda uma escola, uma biblioteca.

Paulo Bomfim ao lado de sua inseparável máquina de escrever


Jamais conheci alguém que falasse com tanto amor sobre a cidade de São Paulo, fosse nos versos ou nas prosas sobre o cotidiano ou mesmo o passado da metrópole que considerava insólita. Ele merece ser homenageado.

Tudo para ele girava em torno dos paulistanos de hoje e seus antepassados. Dizia ser descendente de João Ramalho, Bartira e alguns dos bandeirantes.


O nosso poeta preferido partiu em 7 de julho de 2019. Sua ausência segue sendo sentida não só por mim, mas por todos que o rodeavam.

30 de setembro é a data de seu aniversário deve estar sentindo saudades de todos nós, e nós 
de sua poesia e de seu modo romântico de encarar situações, mesmo quando adversas.


O rosto do poeta na pintura de Anita Malfatti

Nasceu em 1926, no bairro de Vila Buarque, filho do médico Simeão dos Santos Bomfim e da artista plástica, Maria de Lourdes Lébeis Bomfim. Assistiu ainda inocente os acontecimentos em torno da Revolução Constitucionalista de 1932 da qual guardou muitas lembranças. 

Seu pai seguiu com as frentes de luta para a formação dos hospitais de campanha para atender os feridos de guerra, enquanto tios e primos seguiram adiante no front. 

Depois de encerrado o conflito, sua tia Nicota Pinto Alves, cuidou da família dos exilados tendo sido ela, a primeira mulher sepultada entre os heróis da revolução, no Mausoléu do Soldado Constitucionalista no Ibirapuera.

Esses relatos nos foram contados pelo próprio poeta e dele guardamos um depoimento disponível aos que acessarem o podcast do programa São Paulo de Todos os Tempos, no Spotify. Copie e depois cole o link:

https://open.spotify.com/episode/002eOL6YTnlkJx83Rn8bhm?si=fnijXxzqRtKjpy3gjkmKCQ


Paulo Bomfim, funcionário do Tribunal de Justiça em seu gabinete

Sucessor de Guilherme de Almeida foi o quinto na hierarquia poética a ostentar o título “Príncipe dos Poetas Brasileiros”. 

Quem o conheceu, sabe que ele nunca esnobou sabedoria, ao contrário; atribuía a terceiros um saber maior sobre fatos históricos, pitorescos ou marcantes dos acontecimentos ligados à história da capital paulista.

Foram muitas as recordações de infância relatadas por Paulo Bomfim, quase todas acontecidas na casa onde passou a infância, na Rua Rego Freitas 59.

A residência era uma espécie de centro cultural que reunia intelectuais convidados por suas tias Cecília e Magdalena Lébeis. 

Elas também moravam no casarão e lá recebiam visitas de amigos como os poetas parnasianos Coelho Neto e Martins Fontes dos quais Paulo Bomfim dizia se lembrar apenas da fisionomia.

Também conheceu o maestro Heitor Villa – Lobos, cuja tia Magdalena que era pianista, se tornou uma de suas principais intérpretes.

“Do bairro onde morei quando menino nada mais restou, a não ser a Igreja da Consolação, a única referência ainda viva daqueles tempos”.

Uma graça alcançada por intercessão da Marquesa de Santos


Em uma entrevista para a Rádio Eldorado, Paulo Bomfim nos revelou que costumeiramente ia ao cemitério da Consolação e deixava uma rosa sobre o túmulo da marquesa de Santos.

“Certa vez ao chegar, vi uma preta velha ajoelhada rezando em frente ao túmulo de Domitila. Ela virou-se para mim e perguntou se eu era devoto da marquesa. Eu disse que sim. A mulher então me contou que havia recebido uma graça por intermédio dela.

Ela explicou que pediu em oração à marquesa, que intercedesse junto a Deus, para que o professor Pietro Maria Bardi, então diretor do Museu de Arte de São Paulo, autorizasse uma exposição de suas pinturas no Masp. Foi atendida e a mulher voltou ao cemitério para pagar sua promessa”.

Entre os modernistas

Paulo Bomfim conviveu com Anita Malfatti que pintou um quadro (óleo sobre tela) com o rosto do poeta que posteriormente o colocou na capa do seu livro que leva o título; ‘Aquele Menino’.

Outro grande nome da literatura que ele conheceu quando criança, foi o poeta modernista Mário de Andrade.

Anos depois de tê-lo visto pela primeira vez, compareceu ao seu velório, na Rua Lopes Chaves, onde morava.

"Naquela noite, uma mulher inteligentíssima que declamava russo, chamada Leonor Aguiar, entrou vestindo uma roupa e quando se aproximou do caixão resolveu trocá-la. Não teve dúvida, tirou o vestido e ficou só de combinação na frente ao defunto e todos os presentes. Em seguida, substituiu o vestido que usava por um outro que levava na bolsa sem a menor cerimônia".

Extremamente educado

Todos os amigos do poeta Paulo Bomfim, são unânimes em afirmar que jamais ouviram da boca dele qualquer malcriação ou palavra maledicente contra alguma pessoa.

Generoso e solícito com todos que o procuravam, tinha sempre uma palavra de elogio. “Se for para criticar ele prefere ficar quieto”, nos explicou sua esposa Emy (Emma Gelfi Bomfim), com quem ficou casado durante 50 anos. Ela adorava ouvir meus programas pela Rádio Eldorado.

Sobre o casal há uma história interessante contada pelo próprio poeta quando viviam com filhos ainda pequenos em uma casa modesta.

Certa vez a cantora Aracy de Almeida, segundo ele a melhor intérprete das músicas de Noel Rosa, o procurou dizendo que fazia uma temporada em São Paulo e se sentia triste no hotel e gostaria de passar uns dias na casa deles.

"Não tivemos dúvidas, tiramos as crianças do quarto e Aracy se instalou nele e foi ficando... Ela voltava de madrugada das boates onde se apresentava e antes de dormir, fazia ligações interurbanas intermináveis pelo telefone, conversando com amigos do Rio de Janeiro e assim prosseguia até o amanhecer. Quase três meses depois, trouxe uma arara que ganhou de presente na boate Jangada e levou o bicho para o quarto. Com o bico, a arara começou a morder os móveis, então não aguentei mais..."

Foi a única que vez, ao que se sabe, que o poeta disse ter ficado nervoso na frente de alguém e, mesmo assim, fez questão de não ofender a amiga.

“Eu expliquei a ela que estava expulsando apenas a arara, mas como resultado ouvi de Aracy, o seguinte: “Se é assim, eu também me retiro”.

Nossa presença no lançamento do livro Porta Retratos 

Em 2016, ao completar 90 anos, Paulo Bomfim foi homenageado com o livro "Porta Retratos", organizado pela jornalista Di Bonetti, com as fotografias do acervo pertencente ao poeta.

Pena que ele precisou partir. Se existissem mais pessoas com a sensibilidade de Paulo Bomfim, o mundo seria melhor. Sua poesia ficará para sempre.



sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Caso Rodrigo Janot x Gilmar Mendes faz lembrar episódio da morte de João Pessoa


O ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante entrevista a diversos veículos de comunicação, disse que pensou em matar o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes e chegou a armar seu revólver, mas, “a mão invisível do bom senso tocou no meu ombro e disse: Não!".

Rodrigo Janot lança nesta semana que se inicia, seu novo livro Nada menos que tudo

Em seu livro o ex- procurador escreve: “Num dos momentos de dor aguda, de ira cega, botei uma pistola carregada na cintura e por muito pouco não descarreguei na cabeça de uma autoridade de língua ferina que, em meio àquela algaravia orquestrada pelos investigados, resolvera fazer graça com minha filha...”

Foi em 2017, depois que Janot pediu ao Supremo que considerasse Gilmar Mendes suspeito para julgar um habeas corpus ao empresário Eike Batista.

O argumento era que a esposa do ministro, Guiomar Mendes, trabalhava em um escritório de advocacia que prestava serviços ao empresário acusado.

Em seguida, circulou na imprensa a informação que a filha de Janot, a advogada Letícia Monteiro de Barros, defendia uma empreiteira envolvida na Lava Jato.

Rodrigo Janot atribuiu a publicação a Gilmar Mendes e movido pelo ódio pensou em matá-lo.

O ex-PGR chegou a premeditar formas para executar o crime, mas acabou não puxando o gatilho.


Na história do Brasil, entretanto, houve um acontecimento parecido cujo resultado culminou com a morte de João Pessoa.

O então presidente do Estado da Paraíba havia participado pleito eleitoral de 1930, como vice na chapa de Getúlio Vargas à presidência.

A eleição, ocorrida em março daquele ano foi repleta de acusações de fraude por ambos os lados.

O vencedor acabou sendo Júlio Prestes cuja posse aconteceria em novembro.

Por divergências políticas com um antigo aliado, João Pessoa, supostamente mandou vasculhar a casa de seu adversário, o deputado federal João Dantas.

Da residência foram retiradas cartas íntimas e fotos de um relacionamento do deputado com a professora e conhecida poetisa chamada Anaíde Beiriz.

Ao saber da presença do governante paraibano em Recife, em 26 de julho de 1930, João Dantas armado de um revólver, se dirigiu ao local onde governante confraternizava com amigos e o matou com dois tiros.

João Dantas após praticar o crime foi levado a um presídio onde morreu dias depois

A morte de João Pessoa comoveu a população e serviu de estopim para a Revolução de 1930 que conduziu Getúlio Vargas ao poder.

O corpo embalsamado de João Pessoa foi conduzido de Recife até o Rio de Janeiro de navio, para coincidir sua chegada com a do então presidente eleito Júlio Prestes.

Este voltava também de navio de uma viagem aos Estados Unidos e Europa que dou meses.

Disso se aproveitaram os oposicionistas para desacreditar o presidente Washington Luiz e seu sucessor junto aos militares.

O chefe do executivo foi assim afastado de suas funções e impedida a posse de seu substituto.

Getúlio Vargas assumiria em seu lugar em um governo que iria durar 15 longos anos.

Em 1997 as cinzas do governante paraibano, foram transportadas para a capital de seu Estado.

Um mausoléu foi construído entre o Palácio do Governo e a Faculdade de Direito da Universidade Federal da Paraíba.

João Pessoa dá nome hoje à capital do Estado, antes cidade da Paraíba





Fontes: Chatô, o Rei do Brasil - Fernando Morais - Companhia das Letras, pg. 218 e Agência Brasil


quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Cerca de 2 milhões de trajetos motorizados acontecem por dia na cidade de São Paulo, aponta pesquisa do Metrô apresentada na Associação Comercial


Dentro da cidade de São Paulo, diariamente acontecem mais de 1,9 milhão de trajetos motorizados por dia, exclusivamente para compras
A informação foi levantada através da Pesquisa Origem Destino - OD 2017, realizada pelo Metrô de São Paulo.

Esses números representam um aumento de aproximadamente 35% no volume de tráfego em relação a 2007, ano da pesquisa anterior.

Avenida 23 de Maio congestionada ao meio-dia


As viagens motorizadas são aquelas feitas por metrô, trem, ônibus, automóveis e motocicletas, sendo as não motorizadas realizadas por bicicleta ou a pé.

Os números foram apresentados por Luiz Antônio Cortez Ferreira, gerente de Planejamento e Meio Ambiente da Companhia do Metropolitano durante uma reunião na Associação Comercial de São Paulo – ACSP.

Outro dado da pesquisa mostra que pequenos negócios também são a razão de muitas viagens não-motorizadas.

O uso de bicicletas com a finalidade de fazer compras cresceu de 4% para 11%, de 2007 para 2017.

São distâncias menores, que segundo Cortez, “também acabam originando as chamadas compras por impulso”.

Bicicletas ganham cada vez mais espaço na vida urbana

Para o gerente do Metrô, embora nenhuma pesquisa confirme essa intuição, “outras cidades do Brasil e do mundo já realizaram estudos que apontam uma relação maior entre o uso da bicicleta e o aumento do movimento do comércio, especialmente nos negócios de bairro”.

Cortez avalia que os ciclistas têm a mesma facilidade de um pedestre. 
“Conseguem parar em qualquer lugar e os próprios comerciantes apontam o ciclismo como muito favorável ao comércio, especialmente, de alimentos e para pequenas compras”, diz.

Ele esclarece que as entregas não são contabilizadas nessa conta, pois são consideradas como, fretes e carga.

Números da Companhia de Engenharia de Tráfego - CET apontam que a cidade de São Paulo soma 30 mil contratados para serviços de entrega feitos por bicicletas.

Pico do meio dia

Outro destaque da pesquisa revela que o horário do meio-dia se tornou o mais movimentado na Região Metropolitana de São Paulo, com 5,2 milhões de viagens diárias, ficando à frente dos picos da manhã e da tarde.

Os picos da manhã e da tarde registraram 4,5 milhões e 4 milhões de viagens, respectivamente.

Na opinião do gerente de Planejamento e Meio Ambiente da Companhia do Metro, esses deslocamentos no meio do dia refletem as dificuldades econômicas do País e o estabelecimento de um novo padrão do mercado de trabalho no cotidiano.

“Parte da população se divide entre dois empregos, outras empresas reduziram a carga horária como alternativa ao desemprego e ainda há muita gente buscando emprego circula nesse horário, define o executivo.

Métodos da Pesquisa Origem Destino

A Pesquisa OD foi realizada durante 11 meses, em 2017, para a coleta das informações junto a mais de 156 mil pessoas nas 39 cidades que formam a Região Metropolitana de São Paulo.

As entrevistas foram feitas em residências, rodovias, aeroportos e terminais rodoviários, conforme a Companhia do Metrô

O Metrô segue sendo o mais importante meio de transporte coletivo

Fonte: ACSP

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Quem souber se comunicar vai ter mais chance em qualquer profissão de agora em diante


“Quem não se comunica se trumbica”, já dizia Abelardo Barbosa, o Chacrinha. Outra frase que nos fez lembrar o velho guerreiro: “Quem não trabalha se atrapalha”. 

Essas lembranças vieram à mente após termos lido um estudo mostrando que no máximo daqui a três anos, o mercado de trabalho estará valorizando aqueles que demonstrarem mais habilidades na relação interpessoal do que na parte técnica ou operacional das profissões.

O levantamento foi realizado pelo Institute for Business Value – IBV, mantido pela conhecida indústria de informática International Business Machines Corporation – IBM, junto às suas representações em vários países, inclusive o Brasil.

A divulgação feita neste mês de setembro de 2019, aponta também que nestes próximos três anos, cerca de 120 milhões de trabalhadores das dez maiores economias do mundo precisarão se recapacitar profissionalmente.

O motivo é o aumento de utilização da Inteligência Artificial em quase todas as atividades tornando obrigatória não apenas técnica, mas de comunicação. Entenderam por que fizemos menção ao Chacrinha?

Chacrinha foi apresentador de programas populares na televisão com um poder de comunicação extraordinário
“Aquele que souber interagir e apresentar soluções criativas irá se sobressair”, nos explicou Edgard Cornacchione, professor da FEA/USP, em uma entrevista feita antes ainda da apresentação desse estudo.

“Os profissionais do futuro, que tiverem bom relacionamento interpessoal dentro de seu ambiente de trabalho terão mais facilidade de levar a seus interlocutores, propostas que garantam o sucesso dos negócios realizados muitas vezes em situações incertas”, explicou Cornacchione.

Na entrevista, ele se referiu aos profissionais de Contabilidade, mas a recomendação serve para todas as áreas visto que, conforme estimativas, só no Brasil, 7,2 milhões de profissionais terão que ser treinados em novas habilidades nestes próximos três anos. 

Geralmente se espera que treinamento aconteça por iniciativa do próprio empregador, mas também isto pode mudar, porque os mais comunicativos serão os escolhidos.

Christiane Berlinck, diretora de Recursos Humanos da IBM Brasil, acrescenta. “O mercado de talentos está saturado e haverá necessidade da empresa observar na hora da contratação aqueles que podem se desenvolver mais”.

Interação e Comunicação são as saídas para o futuro

A pesquisa do IBV ouviu quase 6 mil Chief Executive Officer – CEOs de 48 países. O indicativo foi que 59% reclamam de não contar com pessoas hábeis ou recursos necessários para executar suas estratégias de negócios

Esse estudo também lançou um desafio aos empresários: o tempo investido para capacitar um profissional em uma nova habilidade aumentou 10 vezes em apenas 4 anos. 

No Brasil, por exemplo, o tempo de treinamento passou de quatro para 40 dias, ou seja, o profissional fica mais tempo fora do emprego e por tal motivo esse investimento no empregado precisa necessariamente trazer resultados favoráveis. Deste moda a escolha correta do profissional a ser capacitado também se torna mais difícil.

Os avanços na tecnologia permitiram às empresas realizar tarefas que antes cabiam somente aos seres humanos, desde então os atributos pessoais passaram a ser redirecionados.


Aqueles que souberam usar melhor as ferramentas de informática interagindo no emprego através de seus conhecimentos e de seu poder de comunicação passaram a ser valorizados por apontar as saídas.

Nós jornalistas também tivemos que modificar conceitos e já não podemos nos limitar a escrever textos. Se faz necessário ser multimídia, ou seja, é preciso saber falar em público, diante dos microfones e das câmeras de televisão noticiando e se necessário de improviso.

No livro Inteligência Emocional, de Daniel Goleman lançado em 1995, ele cita as “soft skills”, ou seja, as capacidades mentais, emocionais e sociais que as pessoas adquirem aatravés de suas relações culturais ou de educação. “Essas características começam a se desenvolver já na infância e podem depois ser aplicadas em um ambiente corporativo”, diz o escritor.

A conclusão da pesquisa do IBV vai de encontro a essas afirmações, ao revelar que as aptidões surgem muitas vezes espontaneamente. Por outro lado, muitos conceitos estão se tornando obsoletos e para encarar o futuro se faz necessário disposição, flexibilidade e adaptabilidade às mudanças.

Charles Chaplin foi um dos mais brilhantes atores da era do cinema mudo e precisou se adaptar aos filmes falados
De nossa parte podemos afirmar que o futuro sempre trouxe incertezas a todas as gerações e encarar os desafios sempre foi a única saída. 

Agora todos terão que se preparar para mudanças cada vez mais rápidas no ambiente de trabalho e as empresas não ficarão fora disso.

Se elas não fizerem nada acreditando que serão salvas pela tecnologia, correm o risco de não progredir em seus negócios. Investir no fator humano segue sendo a melhor alternativa.

Charles Chaplin disse em seu discurso no filme O Grande Ditador. “Não sois máquina, seres humanos é o que sois...”

A capacidade do homo-sapiens segue sendo o fator primordial de sobrevivência da raça.


sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Vergonha para todos os paulistas: Poluição do Rio Tietê aumenta e já atinge 163 Km

Um levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica, apresentado às vésperas do Dia do Tietê, comemorado em 22 de setembro, traz um alerta: o trecho morto do principal rio paulista alcançou a marca de 163 km em 2019.

Isto significa um aumento de 33,6% em relação ao ano anterior (122 km) e muito longe da menor mancha de poluição já registrada na série histórica do levantamento, de 71 km em 2014.

Os dados constam do relatório Observando o Tietê 2019 – O retrato da qualidade da água e a evolução dos indicadores de impacto do Projeto Tietê, apresentado nesta quinta-feira, 19 de setembro.

Parte do trecho poluído do Rio Tietê na Grande São Paulo

O estudo indica que a condição ambiental do rio Tietê está imprópria para o uso, com a qualidade de água ruim ou péssima em 28,3% (os 163 km) da extensão monitorada, que totaliza 576 km – de Salesópolis, na sua nascente, até a jusante da eclusa de Barra Bonita, na hidrovia Tietê-Paraná.

O Tietê, mais extenso rio paulista, corta o Estado de São Paulo por 1.100 km, desde sua nascente até a foz no rio Paraná, município de Itapura - SP.

Nos demais 413 km monitorados (71,7%), o rio apresentou qualidade de água regular e boa, condição que permite o uso da água para abastecimento público, irrigação para produção de alimentos, pesca, atividades de lazer, turismo, navegação e geração de energia.

Este é o mesmo Rio Tietê só que na região noroeste do Estado

Conforme as declarações de Malu Ribeiro, especialista em águas, postadas no site da SOS Mata Atlântica, a ampliação da mancha de poluição sobre o rio reflete os impactos da urbanização intensa, da falta de saneamento ambiental, da perda de cobertura florestal, da insuficiência de áreas protegidas e de fontes difusas de poluição, agravados por uma situação hidrológica crítica.

“Isso porque as chuvas deste período nas bacias do Alto e Médio Tietê registraram volumes 20% inferiores à média dos últimos 23 anos. Em virtude do menor volume de chuvas, houve redução da carga de poluição difusa, proveniente de lixo e resíduos sólidos não coletados nos municípios, agrotóxicos, erosão e fuligem de veículos, entre outros”.

Malu afirmou também que com o menor volume de vazão, os reservatórios e rios tiveram sua capacidade de diluir poluentes reduzida, resultando no agravamento das condições ambientais e na perda de qualidade da água.

“Esse foi um dos fatores que contribuiu para piorar os índices de qualidade da água na região do Alto Tietê, no trecho da cabeceira, entre os municípios e Mogi e Suzano”, salientou ao site.

A especialista ressaltou dois episódios atípicos registrados nos meses de fevereiro e julho deste ano, após temporais que ocorreram na região metropolitana de São Paulo.
Ela contou que o volume de chuvas nesses episódios levou à abertura de barragens e a mudanças operativas no Sistema Alto Tietê, com exportação de enorme carga de poluição, de sedimentos e de toneladas de resíduos sólidos retidos.

Nas últimas chuvas o Rio Tietê apresentou forte correnteza em sua passagem pela cidade de Salto

Por conta desta situação, a prefeitura do município de Salto precisou retirar cerca de 40 toneladas de lixo de seu Parque Municipal e do complexo turístico do Tietê. “Ruas foram atingidas por espumas e lama contaminada”, lamentou a ambientalista.

Rios e águas contaminadas são reflexo da ausência de instrumentos eficazes de planejamento, gestão e governança, refletem a falta de saneamento ambiental, ineficiência ou falência do modelo adotado, tudo somado ao desrespeito com que muitos tratam o manancial.

Algo em torno de 3 bilhões de dólares para despoluir rio Tietê desde 1992 foram investidos pelo governo do Estado e o resultado aí está. Poluição e espuma dos detergentes chegando cada vez mais longe e prejudicando moradores das cidades do interior paulista.

Motivos de comemoração para o dia do Tietê não existem. Sua poluição é motivo de vergonha para todos os paulistas

Malu Ribeiro, especialista em águas, destacou ao Portal da SOS Mata Atlântica a urgência de se aprimorar as normas que tratam do enquadramento dos afluentes em processos de tratamento para que um rio não vá matando o outro rio.

“Além disso - explicou - é fundamental ampliar os serviços de saneamento básico e ambiental e se investir em serviços baseados na natureza, com a ampliação de áreas protegidas, de parques lineares e de várzeas, integrando essa infraestrutura verde à infraestrutura cinza, de reservatórios e sistemas de recursos hídricos”.

O desafio pela recuperação do principal rio de São Paulo permanece em pleno século 21. O que será de nós se a poluição dele não for combatida de forma mais eficiente e menos demagógica?

Fonte: https://www.sosma.org.br

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Entenda o que é Desenho Universal e me ajudem fiscalizar os novos gestores do Pacaembu para que sigam essa proposta


O estádio do Pacaembu está legalmente entregue à iniciativa privada, nenhuma objeção, mas as perspectivas apresentadas sobre um novo prédio a ser construído no lugar do antigo tobogã, passou para nós a preocupação de que o projeto não segue devidamente o conceito arquitetônico do Desenho Universal. Eles dizem que irão cumprir, espero que sim.

Enquanto isso, para que todos possam compreender a importância, fizemos uma breve pesquisa mostrando o quanto é necessária essa definição na hora de se projetar um edifício.

O conceito Desenho Universal, se desenvolveu entre os profissionais da área de arquitetura na Universidade da Carolina do Norte - EUA, com o objetivo de definir um projeto de produtos e ambientes para ser usado por todos, na sua máxima extensão possível, sem necessidade de adaptação ou projeto especializado para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

A proposta se define em criar produtos acessíveis para todas as pessoas, independentemente de suas características pessoais, idade, ou habilidades.

Os produtos universais acomodam uma escala larga de preferências e de habilidades individuais ou sensoriais dos usuários.

A meta é que qualquer ambiente ou produto poderá ser alcançado, manipulado e usado, independentemente do tamanho do corpo da pessoa, sua postura ou sua mobilidade.

O Desenho Universal não é uma tecnologia direcionada apenas aos que dele necessitam, é desenhado para todas as pessoas.

Pela escada o cadeirante não tem acesso, na rampa os dois se locomovem


A ideia do Desenho Universal é, justamente, evitar a necessidade de se adaptar ambientes e produtos especiais para pessoas com mobilidade reduzida, assegurando que todos possam utilizar com segurança e autonomia os diversos espaços construídos e objetos.

Em 1987, o norte-americano Ron Mace, arquiteto que usava cadeira de rodas e um respirador artificial, criou a terminologia Universal Design.

Mace acreditava que esse era o surgimento não de uma nova ciência ou estilo, mas a percepção da necessidade de aproximarmos as coisas que projetamos e produzimos, tornando-as utilizáveis por todas as pessoas.

O desenho acima é apenas um exemplo de como o acesso de todas as pessoas pode ser facilitado




Desenho Universal democratiza o espaço

O mais importante aqui é observarmos que o Desenho Universal facilita o acesso de qualquer pessoa a tudo, o direito de acesso faz parte da nossa Constituição Cidadã de 1988 e a utilização de equipamentos e serviços, equipara as pessoas nos valores da cidadania.

Na década de 1990, o próprio Ron Mace foi mais adiante e criou um grupo com arquitetos e defensores destes ideais para estabelecer os sete princípios do desenho universal. Isto ainda não ocorre no Brasil, por isso cobro a FAU/USP para que se tome uma atitude.

Estes conceitos são mundialmente adotados para qualquer programa de acessibilidade plena e o Brasil caminha nessa questão.

A senadora Mara Gabrilli costuma dizer em seus pronunciamentos: “Desenho Universal, um conceito para todos, independente de se ter ou não mobilidade reduzida”.

Desenho Universal é a liberdade colocada em prática. Leia mais detalhes sobre este conceito:

1. Igualitário – uso equiparável

São espaços, objetos e produtos que podem ser utilizados por pessoas com diferentes capacidades, tornando os ambientes iguais para todos.

2. Adaptável – uso flexível

Design de produtos ou espaços que atendem pessoas com diferentes habilidades e diversas preferências, sendo adaptáveis para qualquer uso.

3. Óbvio – uso simples e intuitivo

De fácil entendimento para que uma pessoa possa compreender, independentemente de sua experiência, conhecimento, habilidades de linguagem, ou nível de concentração.

4. Conhecido – informação de fácil percepção

Quando a informação necessária é transmitida de forma a atender as necessidades do receptador, seja ela uma pessoa estrangeira, com dificuldade de visão ou audição.

5. Seguro – tolerante ao erro

Previsto para minimizar os riscos e possíveis consequências de ações acidentais ou não intencionais.

6. Sem esforço – baixo esforço físico

Para ser usado eficientemente, com conforto e com o mínimo de fadiga.

7. Abrangente – dimensão e espaço para aproximação e uso

Que estabelece dimensões e espaços apropriados para o acesso, o alcance, a manipulação e o uso, independentemente do tamanho o corpo (obesos, anões etc.), da postura ou mobilidade do usuário (pessoas em cadeira de rodas, com carrinhos de bebê, bengalas etc.).

Fonte: Portal Educação






quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Projeto arquitetônico para o Pacaembu precisa seguir proposta de Desenho Universal


Antes de mais nada queremos deixar claro que nunca fomos contrários à ideia de se conceder o Estádio do Pacaembu à iniciativa privada.

O que nos preocupa é a moldura apresentada à mídia pelo Consórcio Patrimônio SP, ao nosso ver feia e ultrapassada. Estão criando um monstrengo para a cidade, a fachada é horrível, parecerá até mesmo torta se observada por aqueles que estiverem dentro do estádio.

Moldura do que pode ser o monstrengo aponta que sobra espaço do lado esquerdo de quem olha de dentro do estádio

Pois bem, existe uma proposta arquitetônica chamada Desenho Universal. Ela parte do princípio de que onde passa uma cadeira de rodas, todas as demais pessoas passam também.

Muitos prédios públicos antigos, na cidade de São Paulo, passam ou já passaram por adaptações ao Desenho Universal, estão sendo adaptados e nem todos se tornam ou se tornaram absolutamente ideais, mas isto é compreensível. Na Casa das Rosas as adaptações foram boas.

Ocorre que em se tratando de um edifício novo, ainda mais para um estádio de futebol, se faz necessário apresentar um design mais moderno.

Edifícios acessíveis proporcionam a retirada segura de todas as pessoas com mobilidade reduzida ou não, em uma situações de emergência, um prédio cheio de escadas não.

Monstrengo visto por dentro com suas escadarias lembrando prédios escolares dos anos 1960
O atual projeto para o Pacaembu, como se vê nos moldes, tem escadarias para todos os lados, apresenta o inferno a quem tem mobilidade reduzida. Nada foi mostrado ainda sobre saídas externas e de emergência.

O arquiteto que assina o projeto não teve seu nome divulgado à mídia. Por que será? A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - FAU/USP precisa se pronunciar, os órgãos da prefeitura também.

Repito, se deixarmos assim estaremos estão criando mais um monstrengo para a cidade, iguais ao prédio da Faculdade de Direito no Largo São Francisco ou o Palácio das Indústrias.

Beatriz Oliveira, assessora da concessionária Allegra Pacaembu, não é o Consórcio Patrimônio SP, respondeu ao nosso e-mail e procurou nos tranquilizar. “O Novo Pacaembu seguirá o conceito de acessibilidade universal e todas as referências normativas nacionais e do município de São Paulo”, explicou. 

Ela assegura que os espaços estão sendo desenhados para acomodar cadeirantes, pessoas com dificuldade de locomoção, visualmente e auditivamente deficientes, obesos, pessoas com cão guia e seus respectivos acompanhantes. Mas nenhuma imagem nos foi apresentada.

Diz a assessora que a Praça da Esplanada também será acessível, com acesso direto ao clube a aos níveis diversos do edifício principal, inclusive a Praça Suspensa.

Beatriz Oliveira disse ainda que “o projeto executivo que será apresentado à Prefeitura de São Paulo em até 30 dias terá todas essas definições”. Mas a assessora conclui informando que só será possível oferecer mais detalhes depois desse prazo. Por que não antes? Será que não tem nada pronto?

Respondemos dizendo que jornalista é gato escaldado e acrescentamos: “Queremos entrevistar agora com os arquitetos responsáveis”.

Acrescento: Eles querem tempo para 'convencer' os órgãos gestores. 

Já fizeram assim outras vezes. Maiores exemplos são as estações do Metrô, ainda mão adaptadas em sua totalidade.

A FAU/USP precisa se pronunciar, estão criando um monstrengo.


terça-feira, 17 de setembro de 2019

Atenção poder público: Projeto da iniciativa privada para o Pacaembu não prevê rampas e nem acessibilidades


O contrato de concessão por 35 anos do estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, para a iniciativa privada, foi assinado pela prefeitura com o Consórcio SP, vencedor da licitação.

Reportagens a respeito trouxeram projeções do projeto arquitetônico que deve ocupar o espaço onde hoje está o Tobogã. Para nossa surpresa o projeto apresentado mostra uma série de lances de escada, havendo uma sem corrimão.

Observem as molduras tanto a da frente a ser observada por quem estiver dentro estádio, quanto a da parte interna, mostram uma série de lances de escada. Não poderiam modificar o projeto, se implantando rampas?

Observem que projeto não prevê sequer corrimão na escada externa
O Consórcio Patrimônio SP que venceu a concorrência pela concessão do estádio do Pacaembu é formado pelas empresas Progen, de Engenharia e Savona Fundos de Investimentos.


A Progen informa em sua página, estar classificada entre as quatro maiores empresas de engenharia do Brasil, segundo o Ranking da Engenharia Brasileira de 2019 da revista O Empreiteiro, uma das publicações mais respeitadas do setor.

Em outro artigo, também em seu site. a Progen informa que entregou mais de 23.000 m² de tendas, cerca de 21.000 m de cercas e 9.018 assentos, representando 70% de todos os assentos temporários para os Jogos Pan-Americanos de Lima-2019.


Foram mais de 330 rampas de acessibilidade, entre outras estruturas, que atenderam cerca de 744 mil pessoas que assistiram e participaram dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos disputados no Peru. Como pode então, uma empresa desse porte aceitar um projeto horrível como este?

Além das escadarias nas laterais, percebe-se ao fundo outras escadarias
Uma decisão para que se busque alterar o que está sendo proposto precisa ser tomada a tempo, já que na proposta apresentada se pretende entregar o estádio renovado em julho de 2022, ou seja, daqui a dois anos e meio.
Dá tempo de modificar, mas temos que cobrar essas modificações dos responsáveis, senão fica tudo como está e só depois surgirão os problemas durante o uso cotidiano.

O complexo esportivo, composto também por piscina olímpica, duas quadras de tênis e ginásio poliesportivo, passará a ser administrado pelo Consórcio Patrimônio SP, vencedor da licitação.

No início do mês deste mês de setembro , a empresa depositou R$ 79,2 milhões dos R$ 115 milhões acertados. O restante será pago dentro do período de concessão.

O prédio a ser construído terá cinco andares, com 44 mil m² de área construída, óbvio que haverá elevadores, mesmo assim rampas bem dimensionadas podem tornam a subida mais amena até para os que caminham normalmente, sendo preferidas também pelos idosos. Vale lembrar: um dia todos nós iremos envelhecer.

Projeções apontam que a população do País com 65 anos ou mais vai passar dos atuais 17,6 milhões para 30 milhões em 2030 e será de 58,5 milhões em 2060. Então por que não se construir desde edifícios públicos que possam atender melhor os interesses de toda a população?

Questionamentos

O que os professores da FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP pensam sobre um projeto que não leva em consideração a acessibilidade das pessoas?

Os órgãos fiscalizadores do setor público se ativeram ao que está sendo mostrado no projeto? E os vereadores fiscalizam alguma coisa, ou só ficam no discurso? Vereadores existem para fiscalizar o prefeito e suas decisões.

O projeto do Consórcio SP prevê que o novo edifício tenha cafés, restaurantes, lojas, escritórios, espaços multifuncionais e um centro de convenções e eventos, construído no subsolo ao lado do novo estacionamento.

O térreo terá vista para o gramado e para o bulevar que será criado no local. Uma praça pública elevada irá conectar as Ruas Desembargador Paulo Passaláqua e Itápolis.

Outras polêmicas

A Associação Viva Pacaembu abriu ação pedindo a análise pelo Ministério Público de São Paulo e por órgãos de conservação do patrimônio público, como o Conpresp e o Condephaat) a respeito da demolição do Tobogã.

A Praça Charles Muller e o Museu do Futebol ficaram fora da concessão, o que é lamentável.


Foto do Pacaembu atual, a partir de um drone