terça-feira, 27 de setembro de 2022

O Rádio no Brasil comemora 100 anos, só que a Rádio Clube de Pernambuco, surgiu em 1919: Como explicar?

Augusto Joaquim Pereira, um contabilista apaixonado pelo estudo das ondas eletromagnéticas realizou em Recife, no dia 6 de abril de 1919, uma transmissão radiofônica direto de um estúdio improvisado na Ponte d'Uchoa.


Jornais da época, convocaram os entusiastas no assunto para ouvirem a transmissão “do” Rádio Clube (assim mesmo, no masculino) em um evento realizado na capital pernambucana.

Somente quem compareceu conseguiu ouvir, porque naquele tempo ainda não havia aparelhos receptores de rádio à venda no Brasil, mas os entendidos sabiam ser possível a recepção em rádios de galena, iguais aos da foto acima.

Um estudo histórico deste acontecimento, está sendo relatado em uma série de palestras do jornalista e professor Pedro Serico Vaz Filho, da Faculdade de Comunicação Social  Cásper Líbero.


Pedro Vaz, tem procurado posicionar “
o” Rádio Clube de Pernambuco, como o grande impulsionador da radiodifusão sonora no Brasil.

Para o docente da Cásper, o Rádio Clube manteve transmissões periódicas até 17 de outubro de 1923, quando então, Oscar Moreira Pinto estabeleceu de forma oficial e definitiva, “a” Rádio Clube de Pernambuco como estação de rádio.

Esta inauguração, entretanto, veio seis meses depois do início das operações da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, sob o comando de Edgard Roquette Pinto, em 20 de abril de 1923.



Permanece, entretanto, a polêmica se a Rádio Clube de Pernambuco seria de fato, ou não, a primeira emissora brasileira.

Pedro Vaz admite essa possibilidade, mas não descarta a importância do acontecimento que originou a fundação da Rádio Sociedade de Rio de Janeiro, considerada oficialmente, a primeira a transmitir no Brasil.

Para o mestre em comunicação, a realização da Exposição Internacional do Centenário da Independência, em 1922, trouxe aos visitantes, a voz do presidente da República na época, Epitácio Pessoa, que foi ouvida em aparelhos de rádio colocados não apenas no Rio, mas também em Niterói, Petrópolis e algumas cidades do Estado de São Paulo.



"A experiência feita pelo Rádio Clube de Pernambuco, em 1919, serviu de embrião para que se implantasse, em definitivo, a radiodifusão em nosso país", garante Pedro Vaz.

Pela data do acontecimento, conclui-se também que a tecnologia utilizada em Recife, tinha a mesma qualidade da que era levada em prática nos Estados Unidos.

A conclusão se dá pelo fato da primeira emissora comercial mundo, a Rádio KDKA, de Pittsburgh – Pensilvânia, ter iniciado suas transmissões, em 2 de novembro de 1920, mais de um ano depois do Rádio Clube de Pernambuco.




Na próxima postagem iremos contar como foi que surgiu o Rádio em São Paulo. Sendo assim, até lá!

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

No mundo existem cinco inventores do Rádio: Conheça os nomes

Não é só o Brasil que pleiteia para o padre-brasileiro, Roberto Landell de Moura, o reconhecimento internacional pela invenção do rádio.  

Além dele, há outros quatro inventores de diferentes países: O italiano Guglielmo Marconi, o canadense Reginald Fessenden e os americanos, Nicola Tesla, sérvio-austríaco naturalizado e William Dubilier.

Tudo começa com o físico alemão Heinrich Hertz, que aparece na foto acima. Em 29 de novembro de 1888, ele mostra ao mundo das ciências, a existência das ondas eletromagnéticas.

O próprio Hertz não deu muito valor à sua descoberta, mas a partir dela, sucederam-se as invenções baseadas neste princípio.

As duas últimas décadas do século 19 fizeram parte do período das grandes invenções da qual participaram Landell de Moura e Marconi, entre outros.

Para nós brasileiros, foi o padre-cientista gaúcho quem inventou o rádio. graças à sua pioneira transmissão radiofônica entre a Avenida Paulista e a sede de sua paróquia no bairro de Santana, registrada pelos jornais da época.

Aconteceu, entretanto, que as patentes brasileiras obtidas pelo padre, não foram aceitas no exterior e, além disso, ele teve problemas com a Igreja que considerava suas experiências uma espécie de bruxaria e isso o atrapalhou.

Em 1896, o italiano Guglielmo Marconi, apresentou aos seus compatriotas, o primeiro sistema prático de telegrafia sem fios fazendo uso das ondas sonoras.

Em seguida se mudou para a Inglaterra, após verificar que não havia nenhum interesse do seu país em suas experiências.

Somente em 1899, Marconi comprovou cientificamente ser possível transmitir mensagens telegráficas por código Morse sem fios, ao testar seus equipamentos em duas embarcações dentro do Canal da Mancha.

Isso rendeu os dividendos que lhe permitiram criar uma empresa própria de aparelhos de rádio, vendidos em larga escala, particularmente para navios.

O Canadá, porém, reconhece Reginald Fessenden, nascido no país, como o único e verdadeiro inventor do Rádio.

Ele demonstrou, em dezembro de 1900, ser possível modular as ondas hertzianas em frequências e estações de recepção, de início para as transmissões dos telégrafos sem fio, como mostra a foto.

Esse princípio possibilitou, quase 20 anos depois, o surgimento nos Estados Unidos, das primeiras emissoras de rádio em AM.

Uma parte dos americanos, por sua vez, considera que o inventor do rádio, é Nicola Tesla, um sérvio-austríaco que imigrou para os Estados Unidos e se naturalizou americano em 1884.

Sua primeira transmissão radiofônica, só aconteceu em 1906, mas os americanos alegam que Marconi se utilizou de 19 patentes de Tesla para chegar ao seu projeto final de radiofonia.

O empresário americano Ellon Musk, deu o nome Tesla à sua fábrica de automóveis, por considerá-lo o verdadeiro descobridor da eletricidade.

Alguns historiadores acusam Thomas Edison de ter se apropriado dos inventos do engenheiro sérvio relacionados à geração de energia elétrica.


Outro círculo de estudiosos considera William Dubilier, nascido nos Estados Unidos, como o definitivo e mais bem-sucedido criador do rádio.

Ele demonstrou suas transmissões radiofônicas com perfeição, em uma feira realizada em Seattle, no ano de 1909, bem-antes do surgimento primeira estação comercial daquele país, no ano de 1919.

De nossa parte, fazendo as contas, chegamos à conclusão que o invento do rádio partiu do padre brasileiro, Roberto Landell de Moura, interessado somente na transmissão da voz humana.

Por ironia do destino todos os demais terminaram ricos, menos o padre que desejava com seus inventos financiar obras de caridade. 

Este morreu esquecido, mas foi transformado depois em herói da Pátria. Ficará na história do rádio como o grande injustiçado.


 Agradecimentos a Rogério Gama e Reynaldo Tavares (in memorian)

terça-feira, 13 de setembro de 2022

O Rádio no Brasil comemora 100 anos, mas sua história começa antes, com o padre-inventor Roberto Landell de Moura

A história do Rádio no Brasil, começa em 1893, com o Padre Roberto Landell de Moura, que durante anos ficou esquecido pelos brasileiros.

Antes de contar um pouco mais sobre esses acontecimentos, se faz necessário lembrar que certas invenções tiveram vários protagonistas e nem todos reconhecidos.

Nosso maior exemplo, é Santos Dumont, o Pai da Aviação, que contornou a Torre Eiffel em um balão dirigível e depois realizou a façanha do 14 Bis, ao levantar do solo um modelo mais pesado que o ar, em 23 de outubro de 1906.


Com o rádio aconteceu o mesmo, seu grande inventor foi o padre-cientista brasileiro, Roberto Landell de Moura, que transmitiu com sucesso sua voz a partir de um equipamento instalado na Avenida Paulista e captado por testemunhas na sacristia da igreja da qual era pároco, no bairro de Santana.

Isto se deu em 1893, tendo a notícia sido veiculada na época pelo Jornal do Comércio, e o padre, obtido patentes brasileiras para o seu invento.

O italiano Guglielmo Marconi, entretanto, é quem ficou com os louros da invenção, embora sobre ele haja discussões em outros países a respeito de seus inventos.

Marconi inventou de verdade, a radiotelegrafia sem fios, em 1896, ao transmitir em ondas sonoras sinais em código morse.

Landell de Moura, nasceu em Porto Alegre. em 21 de janeiro de 1861 e aos 18 anos, custeado pela Igreja, seguiu para a Itália a fim cursar o seminário, com o direito de cursar Ciências Exatas na Universidade Gregoriana.

Durante essas aulas, o futuro padre conheceu Guglielmo Marconi, também estudante, de quem se tornou amigo e com ele trocou informações sobre radiofonia e radiotelegrafia.


Após a formatura, Landell de Moura, cumpriu sua palavra e prosseguiu nos estudos para ingressar na carreira eclesiástica, enquanto Marconi seguiu na profissão científica.

Ordenado padre buscou paralelamente exercer a função de cientista, mas após testar com sucesso seus inventos, foi chamado atenção pelos seus superiores, contrários a seus experimentos considerados coisa do demônio ou ligados às bruxarias.

Apesar das dificuldades, viajou para os Estados Unidos e lá obteve em 1903, a patente de alguns dos seus inventos, entre eles, o transmissor de ondas hertzianas e um telefone que operava sem fios.

No livro Histórias que o Rádio Não Contou, o autor Reynaldo Tavares chega a dizer que o padre brasileiro, “foi o precursor do telefone celular”. 

Landell, não sonhava ganhar dinheiro com suas descobertas, ao contrário, resolveu oferecê-las ao governo brasileiro na tentativa de obter em troca, ajuda oficial para as suas obras de caridade.

Munido das patentes registradas, seguiu dos Estados Unidos direto para o Rio de Janeiro, então capital da República e encaminhou por escrito ao presidente Rodrigues Alves um pedido de audiência.

Sua ideia era conseguir emprestadas, duas embarcações, para poder transmitir de uma barca para a outra, as conversas radiofônicas feitas em plena Baía de Guanabara.

Mas o que ele esperava não aconteceu: Rodrigues Alves ignorou completamente a sua proposta, não o recebeu e, para atendê-lo, mandou um assessor que cometeu o disparate de chamá-lo de louco.

Decepcionado, Landell decidiu desistir da carreira científica e destruiu todos os equipamentos criados por ele até então. Continuou como padre e no final da vida chegou à condição de monsenhor.

Morreu em Porto Alegre, a 30 de julho de 1928, quando o Rádio no Brasil já fazia operações regulares.

Das realizações ficaram somente as patentes com as quais o senador gaúcho, Sérgio Zambiasi, obteve do Congresso Nacional, em 2015, o apoio para o reconhecimento do governo brasileiro que o padre-cientista Roberto Landell de Moura, é o verdadeiro inventor do Rádio.

Seu nome agora faz parte do "Livro de Aço", do Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, um memorial cívico existente em Brasília, que se destina a homenagear heróis e heroínas nacionais que, de algum modo, serviram para o engrandecimento da nação brasileira.

Além do Brasil, também Portugal reconhece Roberto Landell de Moura como inventor do Rádio e patrono dos radioamadores desses dois países.


Agradecimentos a Rogério Gama pelas fotos obtidas junto à sua página no Facebook e como fonte (in memorian) nossa lembrança ao inesquecível mestre Reynaldo Tavares, a quem entrevistei em 1999, quando do lançamento da primeira edição de seu best-seller "Histórias que o Rádio não Contou, livro considerado uma das principais fontes de pesquisa para alunos, professores e demais pessoas interessadas no assunto.

Na próxima postagem daremos continuidade ao assunto, 100 Anos de Rádio no Brasil. Sendo assim, até lá!

 

 

 

domingo, 4 de setembro de 2022

O Rádio no Brasil completou oficialmente 100 anos, neste 7 de setembro, mas sua história é repleta de fatos inusitados

Oficialmente a história do Rádio no Brasil, como veículo de comunicação, começa no dia 7 de setembro de 1922, com a abertura da Exposição Internacional do Centenário da Independência, realizada no Rio de Janeiro.

No total, 14 países de 3 continentes, participaram do evento que recebeu da abertura até o encerramento, em 15 de novembro do mesmo ano, cerca de 3 milhões de visitantes.

O que mais surpreendeu em termos de tecnologia e modernidade foi a presença de um aparelho de rádio receptor, capaz de reproduzir a voz humana pronunciada em longa distância, algo até então desconhecido pela maioria dos brasileiros.  

Para que a irradiação acontecesse, foi preciso instalar uma torre no Morro do Corcovado e um transmissor de ondas sonoras com microfone, no gabinete do então presidente da República, Epitácio Pessoa, cujo rosto aparece em um selo comemorativo do evento.

Do Palácio do Catete, o presidente fez um discurso que pôde ser ouvido por todos os presentes na cerimônia inaugural da exposição.

Entre os visitantes estava o médico, professor e escritor, Edgard Roquette Pinto que viu na nova tecnologia, segundo palavras dele, “uma máquina importante para educar nosso povo”.


Terminada a mostra internacional, em 15 de novembro, ninguém se interessou em adquirir o equipamento de transmissão radiofônica trazido ao Brasil, pela empresa norte-americana Westinghause.

Roquette Pinto solicitou uma audiência com Epitácio Pessoa, na tentativa de convencer o governo federal a comprar os equipamentos, sob o argumento da força política daquele meio de comunicação.

Assim mesmo, não veio do presidente da República, a receptividade esperada.

Procurou então, a Academia Brasileira de Ciências e sugeriu aos representantes que eles próprios em sociedade, comprassem os equipamentos para serem usados com a finalidade educativa e sua ideia foi aceita.

Graças a esse esforço, em 20 de abril de 1923, foi inaugurada a primeira emissora oficial de rádio do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, tendo Roquette Pinto como diretor.

Em 1936, ano em que os aparelhos de rádio passaram a ser vendidos em todas as lojas do ramo no país, a Rádio Sociedade, foi doada ao Ministério da Educação e Saúde, para se cumprir a intenção de um veículo primordialmente educativo.

Entretanto, o presidente Getúlio Vargas, transferiu sua administração para o Departamento de Propaganda e Difusão Cultural que mais tarde, em 1939, se transformaria no DIP, órgão responsável pela censura exercida durante boa parte da Era Vargas.

Consta que, ao se despedir do comando da emissora que fundara, Edgard Roquette Pinto sussurrou chorando ao ouvido da filha Beatriz: "Entrego esta rádio com a mesma emoção com que se casa uma filha".


Este é só o início da História do Rádio Brasil, outros artigos virão, peço que acompanhem a cada semana uma nova postagem.


Fontes: Tavares/Reynaldo C./Histórias que o Rádio não Contou/Herbra/São Paulo/1999.

Fotos: Acervo particular professor Pedro Vaz – Faculdade de Comunicação Social Casper Líbero/São Paulo e Wikipedia