sábado, 30 de abril de 2022

A história do “novo” Rio Pinheiros e as promessas eleitorais

Ano eleitoral é fogo, promessas e mais promessas borbulham à frente de nossos olhos, cabe ao eleitor acreditar naquilo que achar melhor.

Dentre as propostas jamais cumpridas pelos candidatos está aquela bem conhecida de despoluir o Rio Tietê, mas em 2019 surgiu uma nova promessa e a bola da vez passou a ser o Rio Pinheiros.


Além de se deixar as águas totalmente limpas até dezembro próximo, o projeto abrange a desativação da Usina Elevatória da Traição, para transformar o prédio em uma espécie de “Puerto Madero à paulistana”, além de um anexo com arquitetura futurista repleto de atrações.

Em Buenos Aires, à beira do Rio da Prata, uma antiga área portuária foi revitalizada e passou a ter restaurantes, bares e até um cassino flutuante dentro de um barco.

Quanto ao nosso Pinheiros, amigos que pedalam na ciclovia me disseram que o mau cheiro das águas diminuiu e o lixo acumulado também.

Sobre o futuro Parque Bruno Covas, em construção na margem sentido Interlagos, a expectativa de vê-lo pronto, é grande.

A ideia deste parque devo lembrar, nasceu de uma iniciativa levada adiante em 2002, pelo extinto Jornal da Tarde, do Grupo Estado, que fez uma campanha pela recuperação das margens do Rio Pinheiros plantando nelas árvores frutíferas.

Em 2008, ao lado do Projeto Pomar, surgiu o Bosque Eldorado cuja proposta foi compensar o meio ambiente da poluição causada pelas viaturas de reportagem e o helicóptero da emissora. 

Na cerimônia de inauguração deste bosque, tive a honra de plantar uma árvore de pau-brasil que acredito continuar por lá, já em fase adulta.

O Parque Bruno Covas terá mais de 650 mil metros quadrados com muita área de lazer para as crianças, além de um espaço de mais de 4 mil metros quadrados para diversão com os pets que algumas pessoas chamam de cachorródromo.

No projeto estão previstos espaços de convivência com total acessibilidade, banheiros adaptados, pista de skate, mirante flutuante no rio, além de cafés, restaurantes e lojas, somando cerca de 50 pontos comerciais. 

A inauguração do parque está marcada para junho. Acredite, se quiser!

sábado, 23 de abril de 2022

A Praça da Liberdade e a saga do Cabo Chaguinhas

No bairro da Liberdade existe na praça principal, a Igreja da Santa Cruz das Almas dos Enforcados.

Tive a satisfação de entrevistar, em 1994, a jornalista Elsie Dubugrás, então editora-chefe da Revista Planetaque completava 90 anos.

Nosso assunto foi o livro São Paulo do Tempo da Garoa que ela havia lançado naquele ano com o apoio institucional do SBT de Sílvio Santos.

Na ocasião ele me falou a respeito da saga do Cabo Chaguinhas, assunto contido em seu livro.

“No século 19, o cabo Francisco José das Chagas, o Chaguinhas, foi condenado sob a acusação de ser um dos organizadores de uma rebelião na sede do Batalhão de Caçadores onde servia.

Nas discussões, feriu a faca o filho do Intendente, uma espécie assim de prefeito da cidade.

O militar foi julgado e condenado à prisão, mas o mandatário para demonstrar poder, exigiu a morte do réu por enforcamento.

No dia da execução, acontecida no ano de 1821, por motivos inexplicáveis, a corda que deveria enforcar o cabo Chaguinhas rompeu-se três vezes.

Após a terceira tentativa, a pequena multidão que assistia à cena considerou que Deus não queria a morte do acusado e passou a pedir sua liberdade.

O carrasco, entretanto, não concordou com a ideia e concluiu seu intento ao matar o condenado com as tiras de couro obtidas de um carroceiro que passava pelo local.


Após o acontecimento, a notícia se esparramou pelo burgo paulistano e o povo passou a venerar o cabo Chaguinhas e a rezar por sua alma.

Para se preservar o culto de reverência a essa e outras almas, foi construída a igreja dos enforcados, pequena e humilde, mas muito frequentada.”

Dona Elsie me explicou que o pelourinho onde se castigava e se vendia escravos funcionava na atual Praça da Liberdade e que o nome do bairro veio somente depois da abolição, em 1889.

Para a Liberdade se mudaram os primeiros imigrantes italianos vindos para São Paulo e somente a partir da década de 1920 é que se instalaram os japoneses e demais orientais que deram o rosto que o bairro tem hoje.

Elsie Dubugrás, faleceu aos 102 anos, no dia de seu aniversário, em 2 de março de 2006. Escreverei mais sobre ela em próximas postagens, porque se trata de uma pessoa extraordinária que merece ser lembrada.

Já não trabalho mais como repórter aéreo, mas qualquer hora embarco novamente neste helicóptero de recordações para contar outros acontecimentos relativos a essa nossa São Paulo histórica cheia de fatos curiosos.

sexta-feira, 15 de abril de 2022

O charme das rodas-gigantes: São Paulo em breve terá uma

 As rodas-gigantes não são novidade, mas a tecnologia fez delas um instrumento de charme e glamour para as metrópoles do mundo afora.

São Paulo não poderia ficar atrás e também terá a sua com data de inauguração prevista para o mês de junho deste ano.

Será a maior roda-gigante da América Latina, com 91 metros de altura e 42 cabines climatizadas para transportar até 10 pessoas.

A montagem já começou no Parque Cândido Portinari, às margens do Rio Pinheiros e o nome de batismo será Roda São Paulo.

O projeto leva a assinatura do Escritório Levisky Arquitetos Estratégia Urbana e promete oferecer estrutura adaptada com toda a acessibilidade necessária para pessoas com deficiência ou dificuldades de mobilidade.

Seu funcionamento será no sistema “continuous loading” que permite o embarque e o desembarque sem precisar interromper por completo o percurso, otimizando o acesso e, deste modo, evitando filas.

Não vejo a hora desse novo brinquedo entrar em funcionamento, quero ser um dos primeiros a visitar para testar o sistema acessível.

No Rio de Janeiro existe a bela Yup Star que oferece visão panorâmica do Boulevard Olímpico, da região portuária carioca e de outras atrações como o Museu do Amanhã e o AquaRio.

Em Foz do Iguaçu foi inaugurada em janeiro uma roda-gigante com 88 metros de altura para permitir a visão de três países ao mesmo tempo: Argentina, Paraguai e Brasil, a chamada Tríplice Fronteira.  

As rodas-gigantes, entretanto, voltaram à moda já faz algum tempo.

Na virada do milênio, entre 1999 e 2000, os ingleses inauguraram a Millennium Wheel, de 165 metros, conhecida como Olho de Londres, uma das atrações turísticas mais visitadas atualmente no Reino Unido.

Esse interesse do público levou os americanos de Las Vegas, a criarem a High Roller, de 167 metros, que passou a ser considerada a mais alta do mundo, mas esse reinado durou pouco.

O recorde foi batido pela suntuosa Ain Dubai, de 250 metros e 48 cabines com capacidade para levar até 40 pessoas.

Este  nome em árabe significa; “Olho de Dubai”, de fato a maior roda-gigante em movimento na face da Terra, com 48 cabines, capaz de transportar até 1.750 passageiros simultaneamente. Modernidade é isso.

Para os saudosistas que curtem o nosso blog, explico que os atuais modelos, inclusive o de São Paulo, estão muito à frente das primitivas rodas-gigantes dos parques infantis da nossa infância na Pauliceia dos 1950-60.


O mais famoso parque infantil de São Paulo foi o Xangai, no Parque Dom Pedro II, inspirador do atual Catavento, no Palácio das Indústrias.


Surgiu depois o Playcenter que ao inaugurar sua Montanha Russa, na década de 1990, decretou a aposentadoria da roda-gigante então nele existente.



segunda-feira, 11 de abril de 2022

Verdadeiro rosto de Cristo ainda é motivo para discussão nos meios acadêmicos e religiosos. Confira vendo as pinturas

Não existe em nenhum dos livros bíblicos, nem mesmo nos quatro evangelhos uma definição exata de como era o rosto de Jesus Cristo. Este assunto sempre desperta curiosidades e abre polêmicas.


Em 2015, tendo por base o crânio de um homem judeu que morou em Israel no século 1, foi feita uma reconstituição do rosto mais provável ao que teria sido o de Jesus Cristo.

Com o uso de computadores, cientistas mostraram a figura de um homem moreno de cabelo e barbas crespas e escuras.

Os arqueólogos e legistas forenses responsáveis pela pesquisa realizada nos EUA, descartaram a possibilidade de Jesus ter o rosto de feições europeias como retratam os pintores renascentistas.

Numa condição rude, como vivia o povo há mais de 2000 anos, seria impossível ter a pele tão clara morando no deserto, foi esta a definição dos pesquisadores.

Na ocasião entrei em contato com Douglas Michalany, um estudioso das religiões, então meu confrade na Academia Paulista de História, que faleceu recentemente aos 102 anos.

Douglas lançou em 2012 o livro, “A Figura de Jesus Cristo Através dos Séculos”, ilustrado com pinturas e quadros religiosos pesquisados por ele em igrejas da Europa.


Durante nossa conversa, o autor não demostrou discordância em relação ao estudo realizado com a ajuda de computadores e acrescentou, que na Idade Média, as obras de arte retratavam um Cristo de rosto mais austero e rude.


As feições angelicais e suaves que nos acostumamos a ver começaram a surgir durante o período histórico do Renascimento.

Artistas como Rafael Sanzio, Michelângelo e Leonardo Da Vinci tornaram Jesus Cristo mais belo aos nossos olhos.

Apesar de entender do assunto, Douglas Michalany preferiu não definir uma feição apropriada para o verdadeiro rosto de Cristo. 

A conclusão, segundo ele, cabe a cada um: “O tema envolve a fé e nesse aspecto entendo que o mais importante, é acreditar que  Jesus existiu como figura humana e habitou entre nós”, definiu.


Em 2020, uma releitura da Santa Ceia apresentou um Jesus negro, cuja pintura assinada pela artista plástica Lorna May Wadsworth, foi instalada na catedral anglicana de St. Albans, no Reino Unido.

A obra levantou polêmica por ter sido colocada em apoio ao movimento “Vidas Negras Importam”, surgido a partir da morte por asfixia de George Floyd, vítima de um policial nos Estados Unidos.

Fontes:

Livro: Michalany, Douglas/A Figura de Cristo Através dos Séculos/Base Editorial/São Paulo/2012

Revista Exame: Como Jesus se tornou loiro de olhos claros? - 19/07/2020.

https://exame.com/ciencia/como-jesus-se-transformou-em-um-loiro-de-olhos-claros/

History Channel Brasil: Cientistas forenses revelam como teria sido o rosto de Jesus Cristo

https://history.uol.com.br/historia-geral/cientistas-forenses-revelam-como-teria-sido-o-rosto-de-jesus-cristo

 

segunda-feira, 4 de abril de 2022

Os Barões do Café em São Paulo nos bairros de Campos Elíseos e Higienópolis

Quando se fala nos Barões do Café e seus casarões na antiga São Paulo, é preciso citar os Campos Elíseos e Higienópolis, bairros onde fixaram suas suntuosas moradias.

A Avenida Paulista nada tem a ver com os barões; para lá se mudaram os novos ricos daquela época, imigrantes árabes e europeus, que vieram para o Brasil no século 19 e aqui prosperaram.



Esses barões eram aqueles senhores donos das fazendas de café do interior paulista que se tornaram verdadeiros magnatas, graças ao aumento das exportações surgido após a chegada do trem em 1867.

Existiram barões famosos, cada um deles daria uma história à parte. 

O Barão de Tatuí, foi aquele que entrou na justiça para impedir a demolição da casa onde morava na atual Rua Líbero Badaró. 

Foi a primeira ação desse tipo em São Paulo, só que o barão perdeu a causa e no lugar da sua casa foi instalado o primeiro Viaduto do Chá.  Na foto acima ainda aparece parte da casa já na fase de demolição.


Para ser barão, não bastava apenas ser rico, era preciso fazer benemerências em favor de alguma cidade ou igreja e assim merecer o reconhecimento do imperador.

Um título de nobreza dava direito ao homenageado e sua esposa de frequentar a corte fosse em reuniões, eventos ou festas.


Na Província de São Paulo a quantidade de barões era pequena, não passava de 100 nomes, mas a maioria desses senhores buscava depois outros títulos para se tornar depois visconde ou marquês. Dá até para imaginar a quantidade de bajuladores em torno do imperador.

Monteiro Lobato debochava desses pretendentes a títulos nobiliárquicos que depois da Proclamação da República não tiveram mais nenhuma importância.  

Por isso em suas estórias infantis aparecem personagens como o Visconde de Sabugosa e o Marquês de Rabicó. 

No Império também havia duques e condes, mas nessas escolhas, Dom Pedro II foi mais criterioso.

Durante o segundo reinado houve apenas um duque, Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias.


Gastão de Orleans, o Conde D’Eu, era genro de Dom Pedro, casado com a Princesa Isabel.

A denominação veio do fato dele ser francês da Casa de Orleans, descendente dos nascidos no condado de Eu, surgido na idade média.

Havia títulos  oferecidos pelo papa, por isso ao longo da história do Brasil aparecem outros condes, geralmente italianos.

O industrial Francesco Matarazzo, era um deles e outro conde foi Giuseppe Martinelli, construtor do primeiro arranha-céu paulistano. 


O bairro paulistano dos Campos Elíseos surgiu por iniciativa dos empreendedores Victor Nothmann e Frederico Glete para atender os barões interessados em morar próximos das ferrovias por causa de suas viagens de ida e volta ao interior cafeeiro.

Com a popularização do trem, os barões do café e seus familiares se mudaram para Higienópolis, em busca de melhores ares, visto que o bairro foi construído em um lugar mais alto.


Apesar de modificado pela grande quantidade de edifícios, Higienópolis escapou por pouco de se tornar decadente como os Campos Elíseos. 

A maioria das informações aqui postadas, obtive do livro Sobrados e Barões da Velha São Paulo, de autoria do professor Mário Jorge Pires, livre-docente em História da Comunicação pela ECA-USP.