terça-feira, 17 de setembro de 2019

Atenção poder público: Projeto da iniciativa privada para o Pacaembu não prevê rampas e nem acessibilidades


O contrato de concessão por 35 anos do estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, para a iniciativa privada, foi assinado pela prefeitura com o Consórcio SP, vencedor da licitação.

Reportagens a respeito trouxeram projeções do projeto arquitetônico que deve ocupar o espaço onde hoje está o Tobogã. Para nossa surpresa o projeto apresentado mostra uma série de lances de escada, havendo uma sem corrimão.

Observem as molduras tanto a da frente a ser observada por quem estiver dentro estádio, quanto a da parte interna, mostram uma série de lances de escada. Não poderiam modificar o projeto, se implantando rampas?

Observem que projeto não prevê sequer corrimão na escada externa
O Consórcio Patrimônio SP que venceu a concorrência pela concessão do estádio do Pacaembu é formado pelas empresas Progen, de Engenharia e Savona Fundos de Investimentos.


A Progen informa em sua página, estar classificada entre as quatro maiores empresas de engenharia do Brasil, segundo o Ranking da Engenharia Brasileira de 2019 da revista O Empreiteiro, uma das publicações mais respeitadas do setor.

Em outro artigo, também em seu site. a Progen informa que entregou mais de 23.000 m² de tendas, cerca de 21.000 m de cercas e 9.018 assentos, representando 70% de todos os assentos temporários para os Jogos Pan-Americanos de Lima-2019.


Foram mais de 330 rampas de acessibilidade, entre outras estruturas, que atenderam cerca de 744 mil pessoas que assistiram e participaram dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos disputados no Peru. Como pode então, uma empresa desse porte aceitar um projeto horrível como este?

Além das escadarias nas laterais, percebe-se ao fundo outras escadarias
Uma decisão para que se busque alterar o que está sendo proposto precisa ser tomada a tempo, já que na proposta apresentada se pretende entregar o estádio renovado em julho de 2022, ou seja, daqui a dois anos e meio.
Dá tempo de modificar, mas temos que cobrar essas modificações dos responsáveis, senão fica tudo como está e só depois surgirão os problemas durante o uso cotidiano.

O complexo esportivo, composto também por piscina olímpica, duas quadras de tênis e ginásio poliesportivo, passará a ser administrado pelo Consórcio Patrimônio SP, vencedor da licitação.

No início do mês deste mês de setembro , a empresa depositou R$ 79,2 milhões dos R$ 115 milhões acertados. O restante será pago dentro do período de concessão.

O prédio a ser construído terá cinco andares, com 44 mil m² de área construída, óbvio que haverá elevadores, mesmo assim rampas bem dimensionadas podem tornam a subida mais amena até para os que caminham normalmente, sendo preferidas também pelos idosos. Vale lembrar: um dia todos nós iremos envelhecer.

Projeções apontam que a população do País com 65 anos ou mais vai passar dos atuais 17,6 milhões para 30 milhões em 2030 e será de 58,5 milhões em 2060. Então por que não se construir desde edifícios públicos que possam atender melhor os interesses de toda a população?

Questionamentos

O que os professores da FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP pensam sobre um projeto que não leva em consideração a acessibilidade das pessoas?

Os órgãos fiscalizadores do setor público se ativeram ao que está sendo mostrado no projeto? E os vereadores fiscalizam alguma coisa, ou só ficam no discurso? Vereadores existem para fiscalizar o prefeito e suas decisões.

O projeto do Consórcio SP prevê que o novo edifício tenha cafés, restaurantes, lojas, escritórios, espaços multifuncionais e um centro de convenções e eventos, construído no subsolo ao lado do novo estacionamento.

O térreo terá vista para o gramado e para o bulevar que será criado no local. Uma praça pública elevada irá conectar as Ruas Desembargador Paulo Passaláqua e Itápolis.

Outras polêmicas

A Associação Viva Pacaembu abriu ação pedindo a análise pelo Ministério Público de São Paulo e por órgãos de conservação do patrimônio público, como o Conpresp e o Condephaat) a respeito da demolição do Tobogã.

A Praça Charles Muller e o Museu do Futebol ficaram fora da concessão, o que é lamentável.


Foto do Pacaembu atual, a partir de um drone


Um comentário:

  1. Nenhuma nova construção ou reforma deveria ser aprovada sem plena acessibilidade, tanto que já existem leis para isso. Precisa ver se nesse projeto original constam elevadores, mas mesmo assim as rampas são absolutamente necessárias, até para uma evacuação rápida, num caso de emergência.

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