A Avenida Celso Garcia foi durante boa parte do século 20, uma das mais conhecidas e movimentadas de São Paulo, por abrigar em seu entorno grande quantidade de lojas e indústrias da região do Brás e adjacências.
Até o início da década de 1970, foi a principal via de
ligação entre o centro e a zona leste da capital paulista.
Depois veio a decadência e hoje, ao ver famílias
inteiras morando em barracas na região central, nos surge a lembrança do antigo Brás e de um livro que traz a biografia do vereador
que dá nome a essa, ainda, importante avenida.
Celso Garcia foi o primeiro a se preocupar com a
questão da moradia popular na cidade de São Paulo.
O quadro acima feito da Rua Boa Vista por Benedito Calixto, revela como era largo o Tamanduateí.
Na outra margem está o Brás, onde se inicia a zona leste.
A vida pública de Celso Garcia, acontece na época dessa pintura, início do século 20, quando os limites do centro com a zona rural, começavam após a Ladeira do Carmo. Reparem as estreitas pontes sobre este rio.
No Brás daquele tempo havia chácaras e assim também
era o Belenzinho, a Penha, Mooca e Tatuapé.
Ao se eleger vereador, Celso Garcia apresentou um
projeto propondo isenções fiscais aos loteadores dos terrenos das antigas chácaras
para incentivar a construção de moradias populares destinadas aos imigrantes.
Junto a isso, propôs a ampliação da rede de bondes para
o atendimento desses novos bairros, bem como pavimentação de suas ruas e
saneamento básico.
Nascido em 15 de outubro de 1869, na cidade de Batatais, mudou-se para São Paulo assim que completou 14 anos, para dar continuidade aos estudos e se tornar aluno da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.
Após se tornar advogado, ingressou no jornalismo e
passou a escrever em jornais como O Estado de S. Paulo e O Democrata Liberal,
entre outros periódicos de sua época.
Em um dos artigos, denunciou o uso de funcionários
públicos nos trabalhos de uma fazenda pertencente a um político.
Em outro artigo criticou a proibição aos negros de
prestar concurso para ingressar na Força Pública, atual Polícia Militar. Sobre o
assunto escreveu:
“Enquanto os negros idosos libertados da
escravidão, vivem agora esmolando pelas ruas, os mais moços que não tiveram a chance
de estudar, não podem ao menos exercer seus ofícios nos quarteis...”
Em 7 de janeiro de 1905 iniciou seu primeiro mandato de vereador e foi reeleito na eleição seguinte.
Permaneceu no cargo até a sua morte ocorrida há exatos 115 anos, quando foi visitar parentes na cidade de São João da Boa Vista.
Lá contraiu uma pneumonia dupla e no dia 30 de maio de 1908, aos 38 anos de idade, aconteceu sua despedida.
Não chegou a ver sancionado seu projeto que permitiu o
início da expansão dos bairros da zona leste a partir da lei 1098, assinada
pelo prefeito interino Raymundo Duprat, em 8 de julho de 1908.
Em sua homenagem a Avenida da Intendência foi rebatizada
para Avenida Celso Garcia, através do decreto nº 1.086, de 15 de julho de 1908.
Na Praça Major Guilherme Rudge, no Belenzinho, encontra-se um busto de Celso Garcia com a inscrição “Homenagem de amigos e sociedades operárias”.
Estudiosos de sua obra não encontraram nos anais da
Câmara Municipal algum discurso eloquente, mas sabe-se que foi um grande articulador
político.
Celso Garcia conseguiu unir os interesses dos imigrantes
operários e da classe média paulista, com os da alta sociedade extremamente conservadora
em sua época.
Crédito: Infográfico elaborado pela Câmara Municipal de São Paulo/ Revista Apartes
Fontes de Pesquisa: AMARAL, Pedro Ferraz/Celso Garcia/Martins Fontes Editora/São Paulo/1972
REIS, Philippe Arthur
dos/Ruas Paulistanas/Ed. Alameda/São Paulo/2022
Revista Apartes/CMSP/https://www.saopaulo.sp.leg.br/apartes/defesor-das-quebradas/
Portal São Paulo Antiga