sexta-feira, 26 de maio de 2023

Avenida Celso Garcia leva nome do vereador que lançou ideia de se construir casas populares em São Paulo

A Avenida Celso Garcia foi durante boa parte do século 20, uma das mais conhecidas e movimentadas de São Paulo, por abrigar em seu entorno grande quantidade de lojas e indústrias da região do Brás e adjacências.

Até o início da década de 1970, foi a principal via de ligação entre o centro e a zona leste da capital paulista.

Depois veio a decadência e hoje, ao ver famílias inteiras morando em barracas na região central, nos surge a lembrança do antigo Brás e de um livro que traz a biografia do vereador que dá nome a essa, ainda, importante avenida.

Celso Garcia foi o primeiro a se preocupar com a questão da moradia popular na cidade de São Paulo.

O quadro acima feito da Rua Boa Vista por Benedito Calixto, revela como era largo o Tamanduateí. 

Na outra margem está o Brás, onde se inicia a zona leste. 

A vida pública de Celso Garcia, acontece na época dessa pintura, início do século 20, quando os limites do centro com a zona rural, começavam após a Ladeira do Carmo. Reparem as estreitas pontes sobre este rio.

No Brás daquele tempo havia chácaras e assim também era o Belenzinho, a Penha, Mooca e Tatuapé.

Ao se eleger vereador, Celso Garcia apresentou um projeto propondo isenções fiscais aos loteadores dos terrenos das antigas chácaras para incentivar a construção de moradias populares destinadas aos imigrantes.

Junto a isso, propôs a ampliação da rede de bondes para o atendimento desses novos bairros, bem como pavimentação de suas ruas e saneamento básico.


Nascido em 15 de outubro de 1869, na cidade de Batatais, mudou-se para São Paulo assim que completou 14 anos, para dar continuidade aos estudos e se tornar aluno da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

Após se tornar advogado, ingressou no jornalismo e passou a escrever em jornais como O Estado de S. Paulo e O Democrata Liberal, entre outros periódicos de sua época.

Em um dos artigos, denunciou o uso de funcionários públicos nos trabalhos de uma fazenda pertencente a um político.


No dia seguinte a essa publicação, foi agredido em plena luz do dia pelos capangas deste político e o caso, que acabou indo parar na polícia, repercutiu ainda mais.

Em outro artigo criticou a proibição aos negros de prestar concurso para ingressar na Força Pública, atual Polícia Militar. Sobre o assunto escreveu:

“Enquanto os negros idosos libertados da escravidão, vivem agora esmolando pelas ruas, os mais moços que não tiveram a chance de estudar, não podem ao menos exercer seus ofícios nos quarteis...”

Em 7 de janeiro de 1905 iniciou seu primeiro mandato de vereador e foi reeleito na eleição seguinte.

Permaneceu no cargo até a sua morte ocorrida há exatos 115 anos, quando foi visitar parentes na cidade de São João da Boa Vista.

Lá contraiu uma pneumonia dupla e no dia 30 de maio de 1908, aos 38 anos de idade, aconteceu sua despedida.


Não chegou a ver sancionado seu projeto que permitiu o início da expansão dos bairros da zona leste a partir da lei 1098, assinada pelo prefeito interino Raymundo Duprat, em 8 de julho de 1908.

Em sua homenagem a Avenida da Intendência foi rebatizada para Avenida Celso Garcia, através do decreto nº 1.086, de 15 de julho de 1908.

Na Praça Major Guilherme Rudge, no Belenzinho, encontra-se um busto de Celso Garcia com a inscrição “Homenagem de amigos e sociedades operárias”.

Estudiosos de sua obra não encontraram nos anais da Câmara Municipal algum discurso eloquente, mas sabe-se que foi um grande articulador político.

Celso Garcia conseguiu unir os interesses dos imigrantes operários e da classe média paulista, com os da alta sociedade extremamente conservadora em sua época.


Crédito: Infográfico elaborado pela Câmara Municipal de São Paulo/ Revista Apartes

 


Fontes de Pesquisa:  AMARAL, Pedro Ferraz/Celso Garcia/Martins Fontes Editora/São Paulo/1972

REIS, Philippe Arthur dos/Ruas Paulistanas/Ed. Alameda/São Paulo/2022

Revista Apartes/CMSP/https://www.saopaulo.sp.leg.br/apartes/defesor-das-quebradas/

Portal São Paulo Antiga

sábado, 20 de maio de 2023

Velozes e furiosos: Cada vez mais brasileiros morrem no trânsito

Mais de 100 automóveis foram apreendidos em uma megaoperação do Comando de Policiamento de Trânsito - CPTran, realizada neste mês de maio/2023, contra os rachas que vinham acontecendo nas madrugadas pela região dos Jardins, em São Paulo - Capital.

Por coincidência, no mesmo dia da blitz, o ator Vin Diesel compartilhou o novo pôster de 'Velozes e Furiosos 10', entre as imagens aparece o Cristo Redentor como pano de fundo.

Não é a primeira vez que o Brasil é retratado na série, uma das razões é o sucesso do filme entre os brasileiros, cujo país é o terceiro do mundo em mortes no trânsito; 33 mil vidas foram perdidas em 2021.

Na nossa frente estão Índia e China, respectivamente.

Escrever sobre números trágicos não é fácil, por isso iremos ilustrar o assunto com imagens menos chocantes.

Há exatos 12 anos, em maio de 2011, a Organização das Nações Unidas - ONU estipulou o início de uma década de ações para aumentar a segurança no trânsito.

O mês de maio foi o escolhido para a apresentação de balanços por parte das nações signatárias, sobre suas iniciativas em prol da segurança nas ruas, avenidas e rodovias.

Na ocasião, a Organização Mundial da Saúde – OMS, preparou recomendações com base em um documento contabilizado em 2009, com números alarmantes.

2009 foi trágico: 1,30 milhão de seres humanos morreram no mundo em acidentes de trânsito contabilizados por 178 países.

Tais desastres ocasionaram 50 milhões de pessoas feridas, muitas das quais passaram a ter sequelas de todo tipo.

Entre as vítimas do trânsito está o ator Paul Walker, de Velozes e Furiosos, que viajava em um carro dirigido por seu amigo.

Em alta velocidade o condutor perdeu o controle e ambos morreram após colisão em um poste, no ano de 2013.

Passados 14 anos da programação estipulada pela Organização das Nações Unidas e 10 anos da morte do artista, os resultados ficaram abaixo do esperado.  

Números atuais apontados em um relatório do Observatório Nacional de Segurança Viária - OSNV indicam o registro de 1,35 milhão de vítimas fatais no trânsito pelo mundo todo.

Com sede em São José dos Campos – SP, o OSNV lançou em 2014, o movimento Maio Amarelo, com programas de conscientização para motoristas, passageiros, motociclistas, ciclistas e pedestres.

A média daquele ano foi de 120 mortes diárias no Brasil e atualmente, são 88 óbitos todos os dias, números ainda considerados altos.

Os acidentes de trânsito custam ao nosso país, 20 bilhões de reais a cada ano para o Sistema Único de Saúde - SUS.

Em todo o mundo, o trânsito é a principal causa de mortes entre os jovens de 15 a 29 anos.

Em 2022, na capital paulista morreram 374 pessoas em acidentes com motocicletas, entre condutores e passageiros da garupa.

Por tais motivos recomenda-se evitar serviços de Moto-Táxi e Uber Motos. 

Este número corresponde a 35% das mortes no trânsito paulistano, cuja média de motociclistas mortos, é de três por dia.

Entre as bikes também há números que entristecem: 1.906 ciclistas perderam a vida em todo o país, durante o ano de 2021.

Desse total, 321 ciclistas se acidentaram no Estado de São Paulo e 41 na capital paulista, ou seja, 19,5% do total das mortes entre brasileiros.

Ao todo 286 pedestres perderam a vida atropelados no trânsito da capital paulista, em 2021, boa parte por atravessarem fora da faixa.

Atualmente, 89% dos veículos já saem das montadoras com controle eletrônico de estabilidade, índice que reduz em 46% o risco de acidentes. Ocorre que surgiu um outro tipo de imprudência: 53,7% dos acidentes aconteceram pelo uso do celular ao volante.

Se todos trafegassem a 30 km por hora dentro do perímetro urbano, haveria 90% de chances de sobrevivência, apontam estimativas da Organização Mundial de Saúde.

O uso do cinto de segurança no banco da frente reduz o risco de morte em 45% e no banco traseiro em até 75%. 

O trânsito é a maior causa de mortes em termos globais com 3.000 vidas perdidas em ruas ou estradas por dia.

Para criar caminhos mais seguros, o Maio Amarelo tem como conceito, a metodologia do programa Visão Zero, surgido na Suécia, durante a década de 1990.

Este programa defende que nenhuma morte ou lesão no trânsito é aceitável, assim todos os que fazem parte do sistema; governos e a sociedade devem compartilhar responsabilidades e contribuir para a segurança nas ruas, avenidas e estradas.


Dez atitudes para um trânsito mais humanizado

A falta de segurança nas vias públicas afeta a todos, interrompe vidas e deixa sequelas físicas e emocionais em milhares de famílias.

Juntos, governos e população, ficará mais fácil enfrentar esse enorme desafio.

Vamos tomar atitudes corretas no dia a dia: Quais são elas?

1 - Respeite sempre a sinalização e as leis de trânsito

2 - Nas rodovias respeite o limite de velocidade e apenas ultrapasse em áreas permitidas

3 - Se estiver conduzindo veículo motorizado, atenção especial em relação aos ciclistas e pedestres

4 - Ao dirigir use sempre o cinto de segurança e exija que outros ocupantes do seu veículo façam o mesmo

5 - Não use o celular enquanto dirige e, se for pedestre, preste atenção ao atravessar a via, se estiver utilizando smartphone

6 - Se estiver conduzindo veículo motorizado, respeite as faixas de pedestres e, se for pedestre, apenas atravesse a via usando a faixa de segurança.

7 - No ambiente urbano conduza a 30 km por hora no máximo

8 - Lembre-se sempre de fazer uma rápida revisão no veículo antes de viajar, incluindo pneus, luzes e equipamentos como o limpador de para-brisas e outros

9 - Antes de pegar a estrada mantenha distância segura do veículo que vai à frente

10 - Nunca dirija após ingerir bebida alcoólica 


Caso queira, assista Velozes e Furiosos 10, só não tente imitar os atores, pois tudo aquilo é mera ficção e montagens.

Espero que tenham entendido nossa tentativa de apresentar a realidade do trânsito sem fotos que deixem os leitores mais chocados ainda.

Nossa intenção é informar e não fazer sensacionalismo.

 

Fontes: OSVN, Infosiga e Estadão Conteúdo


sábado, 13 de maio de 2023

Rita Lee e os jardins suspensos da Babilônia: Conheça mais essa história sobre ela

Os paulistanos de raiz ainda estão se sentindo órfãos, Santa Rita de Sampa se foi, mas as recordações dela permanecem.

Em 1978, ano em que ingressei na faculdade de jornalismo, Rita Lee lançou Babilônia, seu sexto álbum de estúdio, quarto e último com a banda Tutti Frutti.

Até então este ainda jovem estudante nada sabia a respeito dos maravilhosos jardins suspensos citados na música da cantora.


Os jardins plantados sobre edifícios, vieram a mando do rei Nabucodonosor, no século VI a.C., rei este c
itado na Bíblia Sagrada.

Babilônia era o nome da capital da Suméria, na antiga Mesopotâmia, que atualmente é o Iraque. Sua posição geográfica entre os rios, Tigre e Eufrates, favorecia o desenvolvimento de comércios e riquezas.

Por conta disso, a cidade recebeu grandes construções, entre elas uma composta por 6 terraços em forma de andares, cheios de plantas ornamentais.

Alguns relatos descrevem estátuas de deuses, touros e dragões, além disso, escravos alimentavam um sistema de piscinas e cachoeiras através de roldanas e baldes, usando as águas do Eufrates.

Sua destruição é citada em Isaías 13-20: “Nunca mais haverá habitação nela, nem o árabe armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores ali farão deitar os seus rebanhos...”

Cientificamente, entretanto, nunca se obteve alguma evidência arqueológica que prove se os Jardins da Babilônia realmente existiram.

Em 2013, a cientista da Universidade de Oxford, Dra. Stephanie Dalley, encontrou o que ela acredita ser a construção enterrada dos Jardins Suspensos da Babilônia.

Entretanto, a localização não se encaixa com a dos relatos. Em vez de estar na Babilônia, Dalley encontrou os restos na capital do antigo Império Assírio, Nínive, entre o Rio Tigre e a Cordilheira de Zagros.

A partir desta evidência, parte do mundo científico, passou a acreditar que os Jardins Suspensos da Babilônia foram construídos entre 705 e 681 a.C. pelo rei Sennacherib. Ou seja, a construção se deu séculos antes do que se acreditava.

Assim, surgiu a teoria que os relatos escritos eram formas de reviver a memória de tempos passados.

De fato, até hoje não podemos saber com total certeza se eles existiram ou não. E, inclusive, onde eles foram construídos.

Mas, ainda assim, os jardins babilônicos estão entre as maiores e mais belas construções do mundo antigo, junto com as pirâmides do Egito.

Sentiram que Rita Lee também nos ajudou a estudar e compreender a história?

Assim como Raul Seixas, Santa Rita de Sampa, nasceu há dez mil anos e seguirá viva, agora ao lado de Elvis, John Lennon e outros grandes nomes da música universal.

Qual a verdadeira cor dos olhos de Rita Lee? Cada foto uma cor diferente!

O portal de celebridades HWceleb.com garante que são da cor avelã.

Confira:  https://hwceleb.com/pt/person/rita-lee/

Este assunto, entretanto, será uma outra história que fica para uma outra vez.

O melhor mesmo é ouvir nossa Rainha do Rock cantar:


Fontes: Infoescola e Super Misterioso:

https://www.infoescola.com/historia/jardins-suspensos-da-babilonia/

https://www.supermisterioso.com.br/jardins-suspensos-da-babilonia-realidade-ou-mito/



terça-feira, 9 de maio de 2023

O dia em que beijei Rita Lee por tabela

Diferente de Caetano Veloso, alguma coisa acontece no meu coração, só quando cruzo a Rui Barbosa com a Conselheiro Carrão.

Na esquina dessas duas ruas do Bixiga, funcionava o Teatro Aquarius onde vi pela primeira vez Rita Lee. 

O show se chamava Fruto Proibido, mesmo nome do álbum lançado pela cantora na gravadora Som Livre, com direito a comerciais na Rede Globo de Televisão, algo importantíssimo, em 1975.

Esse disco se constitui em um capítulo à parte dentro da história do rock nacional. 

No show, acompanhada pela excelente banda Tutti-Frutti, Rita Lee vestida de branco, era como se fosse uma deusa diante de um público embasbacado. 

Sua presença no palco impressionava, ninguém conseguia tirar os olhos dela.

Voltei para casa e naquela noite nem dormi direito, fiquei apaixonado pela cantora, à espera de que em algum momento pudesse vê-la novamente. Na escola procurava no rosto das meninas, alguma que se parecesse com a Rita Lee.

Ainda menor de idade, fiquei sabendo que a minha musa se apresentaria em uma associação de São Bernardo do Campo e para lá segui de busão, acompanhado de um amigo, hoje jornalista, José Antonio Leite, até o ABC.



Era uma quinta-feira e fazia frio, o público foi pequeno, mas quem compareceu pôde ficar bem pertinho de Rita Lee para ouvi-la cantar Ovelha Negra e outros hits daquele álbum inesquecível para os fãs.

Durante a apresentação, deram a ela uma garrafa de água mineral que após o término do show ficou esquecida sobre o palco.

Não tive dúvida, segurei comigo a garrafa de vidro vazia, e aproximei minha boca sobre o gargalho para sentir o gosto e o perfume do batom que Rita Lee usou naquela noite.

Por ser adolescente, contei depois para os amigos que cheguei a beijá-la por tabela, graças à garrafa autografada pela cantora.


A assinatura deixada para mim, por Rita Lee, foi semelhante a essa que aparece no outdoor acima. Quando cheguei em casa, cobri o gargalo com papel alumínio e a garrafa permaneceu anos e anos sobre um armário onde guardava meus discos, depois desapareceu.

Quando recebi a notícia de sua partida, por volta do meio-dia deste 9 de maio de 2023, as lembranças de Rita Lee vieram à tona e me fizeram chorar em um canto, escondido.

Para que a tarde não ficasse tão triste, resolvi escrever essas palavras de amor à minha primeira musa inspiradora.

Assim como Elvis, Rita Lee não morrerá jamais, guardarei para sempre em minhas lembranças o sabor e o perfume dos seus lábios.


“...como um mutante, no fundo sempre sozinho, em busca do meu caminho, ai de mim que sou assim, romântico...”