segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

“Minha Casa, Minha Rua”: Na capital paulista há 32 mil pessoas sem-teto, população acima de muitas cidades

A prefeitura de São Paulo apresentou durante o mês de janeiro, um censo para determinar a quantidade pessoas que vivem nas ruas da capital paulista. Os números apontaram a triste marca de quase 32 mil pessoas. 

Essa quantidade é superior à população de 34% dos 5.570 municípios brasileiros, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Outro dado alarmante é o que indica um aumento de 31% no total de moradores de rua, em comparação a 2019.

Para o Ministério Público – MP de São Paulo, essa quantidade pode ser ainda maior, por isso notificou a prefeitura para que apresente em 15 dias detalhes de como foi feito o levantamento.

Uma reportagem publicada pelo Estadão mostrou que há tempos, famílias em situação de rua não ocupam somente as calçadas do centro com suas barracas, estão também em vários bairros paulistanos tanto da zona leste, quanto nas regiões norte e sul.

O prefeito Ricardo Nunes explicou que sua intenção não é discutir e sim colaborar com o MP para que se definam logo as políticas públicas a serem levadas adiante para minimizar o problema.

A Prefeitura anunciou para breve o lançamento de um projeto chamado Vila Reencontro que irá oferecer moradias provisórias às famílias que passaram a viver na condição de rua, a partir da crise econômica trazida pela pandemia.

As famílias beneficiadas ficarão 12 meses em uma moradia de 18 m² com direito a cozinha, quarto, sala e banheiro.

Neste período será oferecido um aporte de recursos e assistência social para que os chefes dessas famílias recuperem sua autonomia.

Após a reinserção dessas pessoas no convívio social, serão apresentadas oportunidades para a aquisição de uma moradia permanente.

Falta ainda definir a data de lançamento do programa, o primeiro núcleo de moradias será montado no Parque Dom Pedro II.

Este é um assunto preocupante que não se resolverá facilmente, porque em São Paulo quanto mais se faz, muito mais se precisa  fazer.

Só para concluir: Quem mora em São Paulo sabe que aqui é uma luta sem fim.

Fontes: Portal G1

 https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2022/01/26/mp-da-15-dias-para-prefeitura-de-sp-esclarecer-como-foi-feito-censo-da-populacao-de-rua.ghtml

Portal Estadão:

https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,crise-joga-familias-nas-ruas-e-barracas-se-espalham-por-sao-paulo,70003965142

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Faixa Azul foi o melhor presente de aniversário para São Paulo nos seus 468 anos

Desde os meus tempos de repórter aéreo se buscava uma forma de diminuir a quantidade de acidentes de trânsito envolvendo os motoboys, cujo apelido pejorativo na época era “cachorro louco”.

Certa vez discuti com alguns colegas de redação, contrários a uma ideia do então presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego - CET, Roberto Salvador Scaringella, que iria testar uma faixa exclusiva para motos na Avenida 23 de Maio.

Argumentei na ocasião que a tentativa era válida pelo objetivo de preservar vidas no trânsito.

Naquele tempo, 2006, morriam em média dois motociclistas por dia no trânsito paulistano, tais ocorrências movimentam viaturas de resgate, equipes do Samu e até o helicóptero da PM que transporta para os hospitais os casos mais graves.

Os colegas de redação, por sua vez, insistiam na questão do “cachorro louco” e argumentavam que os motoboys acidentados são os mesmos que cometem diariamente infrações diversas, chutam portas, quebram espelhos retrovisores dos carros e depois fogem.

De fato, esses “profissionais” em duas rodas ainda fazem coisas desse tipo, mas minha tese era que deixá-los morrer pelo fato de serem inconsequentes não passava de um exagero cruel.


A morte de um cidadão no trânsito, por pior condutor que ele seja, modifica o destino de famílias inteiras.

Muito do estresse deles ao dirigir é resultado dos baixos salários e da preocupação permanente em sustentar os filhos, as esposas e demais familiares muitas vezes doentes em uma cama.

Todos nós sabemos onde dói o calo, a pandemia está aí para mostrar o quanto sofre uma família que perde seus entes queridos.

A iniciativa do engenheiro fundador da CET, entretanto, foi inglória; os testes realizados em 2006 não deram certo e os motoqueiros seguiram na sua trajetória de imprudências, pagas na maioria das vezes com a própria vida.

Roberto Scaringella morreu em 2013, mesmo ano em que foram implantadas as faixas exclusivas para ônibus nos dois sentidos da Avenida 23 de Maio.

Neste caso o resultado foi positivo, o transporte coletivo passou a fluir com mais velocidade, beneficiando milhares de passageiros.

As tentativas de diminuírem acidentes com motos ficaram no esquecimento, mas o número de ocorrências continuou em ordem crescente.

No ano passado, cerca de 400 motociclistas perderam a vida por envolvimento nas ocorrências de trânsito na capital paulista, a média manteve-se acima de uma morte por dia.

Dos que sobreviveram quase 7 mil saíram com ferimentos graves carregando consigo sequelas para tratamento médico nos centros de reabilitação pagos pelo SUS.


Diante da quantidade de ocorrências, a decisão da CET de realizar mais uma tentativa para diminuir acidentes envolvendo motoboys, foi ao nosso ver a melhor notícia deste início de ano.

Desde o dia 25 de janeiro, aniversário de 468 anos da cidade de São Paulo, está em operação o projeto-piloto “Faixa Azul”, no sentido centro-bairro, da Avenida 23 de Maio, cujo objetivo é diminuir em até 30% as ocorrências que envolvem motocicletas.

A diferença das propostas anteriores está na criação desta “Faixa Azul”, pontilhada no asfalto, junto à faixa da esquerda dos carros, lugar onde os motoboys se acostumaram a andar em espaço compartilhado com os demais veículos.


Efetivou-se uma prática que já acontecia, mas agora sinalizada, o que facilita a fiscalização. O motociclista que ingressar no corredor exclusivo terá que andar na velocidade dos carros com a vantagem de se arriscar menos.

A proposta é de tentar preservar vidas e não deixar impune os infratores.

O trecho sinalizado fica entre a Praça da Bandeira e o Parque do Ibirapuera, no sentido Aeroporto.

Em entrevista a um canal de televisão, o especialista em mobilidade urbana, Flamínio Fishmann, explicou que até hoje o sistema viário funcionou para atender somente os que andam de automóvel, “mas é preciso evoluir”.

Ele entende que pedestres, ciclistas e motociclistas fazem parte de um mesmo cenário e não podem continuar morrendo em tamanha quantidade.

Usando essas palavras, o especialista complementou aquilo que tentei argumentar aos meus colegas de profissão 16 anos atrás, sem conseguir. Lamento ter discutido com eles, mas sigo acreditando que fiz certo.

Por tudo isso entendo que a Faixa Azul foi o melhor presente de aniversário que a cidade de São Paulo obteve em 2022.

Os serviços de motoboys e moto fretes aumentaram muito em razão da pandemia e a geração de empregos cresceu no setor, então nada melhor que aumentar a segurança de quem trabalha e tem sua vida preservada.

Mortes de motociclistas

2020 = 345

2021 = 394 + de 1 por dia aumento de 16% 6.548 sofreram ferimentos graves

Faço votos que os motociclistas se conscientizem, obedeçam a sinalização, não procurem escapar utilizando outras faixas e que por amor a seus familiares preservem suas próprias vidas.


E agora, para descontrair, mostro uma marca de queijo que adoro.

Se alguém quiser me presentear, informo que aceitamos a pronta entrega através do serviço de um motoboy. Abraços aos leitores e leitoras, até mais ver!

 

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Depois do aniversário a pergunta: Como está a São Paulo de 468 anos em termos de acessibilidade?

O besteirol político que se fala na programação de boa parte das emissoras jornalísticas, fez com que eu perdesse o hábito de ouvir rádio diariamente.

Só que ainda não perdi o costume por completo, de vez em quando vacilo, mas para minha sorte ouvi no feriado de aniversário da cidade um conteúdo de qualidade.

Foi assim: No 25 de janeiro, acordei mais cedo que o habitual e então, liguei o rádio para ouvir o que as emissoras estavam falando sobre os 468 anos desta Pauliceia cada vez mais bruta e menos desvairada.

De estação em estação cheguei aos 107,3 FM onde o nosso estimado colega, Haisem Abaki, transmitia o Jornal Eldorado de tão boas lembranças para este ex-repórter voador.

Sintonizei bem na hora que se iniciava um bate papo com Luiz Fernando Ventura, editor do blog Vencer Sem Limites, do Portal Estadão, voltado aos assuntos de acessibilidade.

A conversa girou em torno de como está São Paulo nessa questão que também envolve a inclusão social, as explicações do blogueiro foram muito boas.

Ventura comentou um levantamento apresentado pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, dando conta que dos 12 milhões de habitantes residentes na capital paulista, 892 mil possuem algum tipo de deficiência.

Desse total 42% são deficientes visuais, 26% deficientes físicos, 15% pessoas com deficiência intelectual e 14% com deficiência auditiva.

O dono do blog explicou que diante de números tão expressivos, percebe-se o quanto será difícil tornar a cidade de São Paulo acessível em sua totalidade.

"Mesmo assim São Paulo serve de exemplo aos demais municípios brasileiros", disse ele.

Luiz Fernando Ventura deu exemplos, informou que funciona na capital paulista a Central de Intermediação de Libras – CIL, para atender pessoas que se comunicam pela Língua Brasileira de Sinais.

Há também um Conselho Municipal para Assuntos da Pessoa com Deficiência e uma Comissão Permanente de Acessibilidade.

Outro avanço é o fato da Secretaria Municipal das Pessoas com Deficiências fiscalizar projetos que só depois de aprovados, recebem os selos de Acessibilidade Arquitetônica ou Acessibilidade Digital.

No portal da secretaria municipal, é possível acessar um mapa de serviços aos munícipes com deficiências com programas voltados ao segmento, como o Cultura Acessível, Virada Inclusiva, Festival Sem Barreiras e outros.

Conforme Luiz Fernando Ventura, na conversa pelo rádio com Haisem Abaki, as Pessoas com Deficiências, ainda reclamam de problemas com o transporte coletivo, qualificação profissional, possibilidades de empregos e questões ainda mais abrangentes como a violência e a discriminação.

Ao término da conversa me senti feliz, consegui ouvir através do rádio algo verdadeiramente informativo que fugiu à mesmice da maioria das emissoras.

Faço questão de contar a vocês, meus leitores e leitoras, que tudo o que ouvi, foi devidamente checado, por isso busco sempre citar todos os nomes e fontes colocados em meus textos. Afinal, sou daqueles que ainda fazem jornalismo ético.

Quero acrescentar que neste 25 de janeiro de 2022, cheguei à conclusão que nem tudo está perdido no rádio, ainda há ótimos profissionais, como Haisem Abaki, um craque dos microfones. 

Assista ao trailer do documentário: Ser Pessoa com Deficiência em Sampa.


Fontes:

Vencer sem limites - Blog Luiz Fernando Ventura – Estadão

https://brasil.estadao.com.br/blogs/vencer-limites/

Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência: https://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/noticias/

Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência

Pessoa com Deficiencia | Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência | Prefeitura da Cidade de São Paulo




quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

O Pátio do Colégio faz aniversário junto com a cidade de São Paulo: 468 anos de história, contradições e curiosidades

São Paulo completa 468 anos de fundação. 

Após a inauguração da primitiva igreja do Colégio de Piratininga pelos padres jesuítas, em 25 de janeiro de 1554, o primeiro nela a ser batizado foi o chefe indígena Tibiriçá, em 8 de fevereiro daquele mesmo ano.

O cacique pai de Bartira, a esposa de João Ramalho, foi também o primeiro a ser sepultado naquela igrejinha, em 1562, cujos restos mortais seguiram séculos depois para a cripta da Catedral da Sé.

Em 1588 se decidiu construir uma igreja matriz em um largo onde hoje se encontra a Praça da Sé.

A inauguração aconteceu no século 17, não no lugar onde está a atual catedral, mas na altura em que se dá a saída da Estação Sé do metrô.

Mais abaixo, onde fica o atual prédio da Caixa Econômica Federal, ergueu-se uma igreja vizinha em devoção a São Pedro dos Clérigos.


O Marquês de Pombal, uma espécie de primeiro-ministro português do século 18, decidiu expulsar os jesuítas do Brasil em 1759, com isso todos os bens da igreja foram entregues à coroa.

Por esta razão o prédio do colégio passou a servir de residência aos governadores e, em frente ao mesmo, se abriu um largo.

Ao lado do Largo do Palácio se fez o Teatro da Ópera, o primeiro da cidade, cuja iluminação era feita através de um lustre onde se colocavam velas acesas em grande quantidade.

Foi neste teatro que aconteceu a recepção festiva a Dom Pedro, na noite do 7 de setembro de 1822, horas depois dele ter proclamado a Independência do Brasil, nas margens do Ipiranga.

Instituído o Império, se fez necessário a instalação de um corpo militar do Exército Brasileiro, na recém-criada Província de São Paulo.

O povo, entretanto, demonstrava ter horror ao serviço militar e ninguém se apresentou como voluntário.

Houve então uma trama para pegar no laço os renitentes, a população foi convidada para uma festa no Largo do Palácio e a certa altura, fechou-se o cerco e houve um corre-corre com vários rapazes em desabalada fuga.

O capitão-general Martim Lopes mandara barrar as saídas do largo para assim agarrar à força os indivíduos convocados a servir o exército na marra.


Mais adiante no período republicano, em 1891, o edifício do Palácio do Governo serviu de sede para as reuniões da Assembleia Estadual Constituinte, a primeira da República, no Estado de São Paulo.

Em 1896 se decidiu pela demolição completa do que ainda restava do antigo colégio jesuítico.

Nas proximidades, o governo fez construir um prédio para a repartição de polícia, vizinho ao Solar da Marquesa de Santos, na então Rua do Carmo.

Depois, com projeto do arquiteto Ramos de Azevedo, foram feitos dois edifícios no lugar onde antes estava o Teatro da Ópera, um deles para a Secretaria da Justiça e outro para a Secretaria da Agricultura.

Na mesma época, o Solar da Marquesa foi adquirido pela Companhia de Gás de São Paulo que ali manteve seu escritório por muitos anos.

Para as comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo, em 1954, se construiu uma réplica da igreja dos jesuítas, nos moldes da que fora desapropriada em 1759, se preservando dela duas paredes.

Assim, o Pátio do Colégio voltou a ter um rosto quase original.

A partir da década de 1970, as ruas do antigo centro como a São Bento, Quinze de Novembro e Rua Direita, se transformaram em calçadões.

A princípio tudo deu certo e a região ficou mais aprazível, levando senhores aposentados e colecionadores de discos, livros, revistas e fotografias a se reunirem semanalmente no jardim localizado atrás da igreja.

Essa prática se estendeu até meados da década de 2000 e depois das reuniões, os participantes seguiam para a Casa Lomuto, de Roberto Gambardella, a única loja do centro que ainda vendia discos em 78 rotações.

Lá o pessoal encerrava a tarde com chave de ouro, ouvindo música a vontade.

Tudo isso é passado, a crise econômica  e o desemprego tem feito do Pátio do Colégio um espaço para a instalação de barracas de lona ocupadas por moradores sem-teto e por famílias cujos integrantes se encontram desempregados.

Tal situação, que esperamos terminar um dia, não impede o Pátio do Colégio de continuar sendo a mais rica das fontes históricas da São Paulo de ontem, de hoje e de todos os tempos.

 

Livros Pesquisados:

Histórias e Tradições da Cidade de São Paulo - Ernani da Silva Bruno/ São Paulo de Outrora - Paulo Cursino Moura/ História de São Paulo Através de Suas Ruas – Antônio Rodrigues Porto

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Exposição na Catedral conta a história de São Paulo através de suas igrejas

Assim como tantos outros municípios brasileiros, São Paulo que vai completar 468 anos de fundação, nasceu e cresceu a partir de uma igreja.

Daquele primeiro núcleo religioso, erguido na Piratininga de 1554, partiram missões que fizeram surgir novas freguesias, que são hoje os bairros nascidos a partir da construção de uma igreja.

A exposição Memória Paulistana, irá mostrar em detalhes essa história para quem visitar a Catedral da Sé, entre 23 de janeiro e 6 de março, neste ano da graça de 2022.

Os quadros a serem expostos pertencem à artista plástica Cristiane Carbone que, ao pesquisar, verificou que ainda faltava registrar em pinturas diversas igrejas históricas de São Paulo. 

A primeira Catedral da Sé, por exemplo, vizinha à antiga igreja de São Pedro dos Clérigos, foi erguida no século 18 e demolida no século 20.

No lugar dela se construiu a atual catedral metropolitana que levou mais de 40 anos para ficar pronta e quando foi inaugurada, em 25 de janeiro1954, estava ainda sem as duas torres principais.

Cristiane Carbone, salienta que a importância da mostra está em seu caráter educativo e elucidativo em relação à história paulistana.

Sua carreira de artista plástica é voltada a ilustrar em cores e magia, edifícios históricos da cidade de São Paulo.

Ela começou a pintar em 1991 e o seu primeiro vernissage aconteceu em 1995.

De lá para cá participou de outras 184 mostras individuais ou em salões de arte coletiva.

Seu estilo de pintura é classificado pelos marchands como acadêmico-figurativo.


Todos estão convidados para a exposição Memória Paulistana, que comemora além do aniversário da cidade de São Paulo, os 100 anos de nascimento de Dom Paulo Evaristo Arns.

Na parte interna da catedral, poderão ser visitadas 30 obras assinadas pela artista, em pinturas óleo sobre tela, das quais se destacam imagens da cidade e suas igrejas do passado e presente.

A solenidade de abertura da exposição está marcada para o domingo, 23 de janeiro, às 12 horas e na terça-feira, 25 de janeiro, missa comemorativa será celebrada às 9 da manhã pelo cardeal-arcebispo Dom Odilo Scherer com transmissão ao vivo pelo YouTube.

Cristiane Carbone, além de artista plástica é pesquisadora da história paulista e brasileira, integra o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e ocupa a cadeira 16 na Academia Cristã de Letras.


                                                         Seguem abaixo outras pinturas da artista.

 




segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

São Paulo 468 anos: Além da selva de concreto um manancial de contradições

A cidade de São Paulo vai fazer aniversário e todos os anos, logo que se inicia janeiro busco trazer textos comemorativos.

Ultimamente anda difícil porque a quantidade de pessoas carentes nas ruas, ao que parece sem nenhuma assistência, aumentou muito e isso me entristece.

Ao mesmo tempo, um mar de edifícios serve de residência à classe média-alta da qual faço parte sem que se possa fazer muita coisa para ajudá-las.

Isto torna a Pauliceia Desvairada, além de selva de concreto um manancial de contradições e um lugar cheio de problemas.

Estamos falando da cidade mais endinheirada do Brasil e quem sabe também a mais miserável por esparramar suas pobrezas para debaixo dos viadutos.

Ao mesmo tempo, um levantamento da Fundação Seade confirma: São Paulo é mesmo a cidade é a mais rica, pois sozinha, arrecada para o país todos os anos, cerca de 196 bilhões de dólares, ou seja, quase 390 bilhões de reais.

A maior população de brasileiros dentro de um só município vive em São Paulo e segundo o IBGE, são mais de 12, 4 milhões de habitantes, população superior à de países como Portugal, Líbano e Uruguai.

No Brasil, somente outros 17 municípios possuem mais de 1 milhão de habitantes, mas é neste ponto que os problemas aumentam.

Apesar da população gigante, entre 2017 e 2018, a capital paulista foi o município brasileiro que mais perdeu renda, conforme a Fundação Seade.

O PIB paulistano diminuiu 0,41% em sua participação junto ao PIB nacional, queda de 10,61% para 10,20% na arrecadação.

Ainda assim segue sendo o lugar que mais oferece empregos formais, tanto no comércio quanto na indústria.

São diversas as atividades de produção, comercialização e consumo entre produtos e serviços de todo tipo, enquanto que famílias inteiras estão vivendo nas ruas por causa do desemprego, são pais, mães e filhos pequenos.

Ver crianças andando sujas e maltrapilhas pela cidade é o que me comove.

Mas como São Paulo é sempre surpreendente, números do Sindicato da Habitação - Secovi-SP, apontam avanços no mercado imobiliário para a surpresa até mesmo desses empreendedores.

Em 2020, por exemplo, dos 59.978 apartamentos novos colocados à venda, 51.417 foram vendidos.

Os empresários do setor, atribuem o resultado à queda da Selic e à mudança de hábito das pessoas que passaram a viver a maior parte do tempo em home office.

No ano passado, os números levantados até outubro, indicam um novo recorde na venda de apartamentos, mesmo com a elevação significativa na taxa de juros e o aumento da inflação.

Para 2022, a previsão é que se repita o bom desempenho registrado, visto que a quantidade de prédios em construção por toda a cidade é bem grande.

A questão habitacional, por outro lado, se mostra como o grande desafio para os governantes.

Estudo da Fundação Getúlio Vargas – FGV, em 2020 apontou que para resolver o déficit habitacional seriam necessárias mais de 1,025 milhão de moradias na capital paulista.

Aonde, como e em qual bairro ninguém diz.

As contradições não param:  São Paulo é a 10ª cidade com mais negócios mundo e só perde na América Latina para a Cidade do México.

Até 2025, entretanto, perspectivas apontam que os mexicanos serão ultrapassados e São Paulo passará a ocupar a sexta posição mundial em riquezas.

Atualmente são 39, as cidades de países em desenvolvimento, que figuram entre os 100 municípios mais ricos do mundo.

Estudo da Pricewaterhouse Coopers aponta Buenos Aires na 11ª posição e o Rio de Janeiro na 30ª.

Estes são apenas alguns dos retratos contraditórios da metrópole que completa 468 anos com problemas que se multiplicam todos os dias diante dos nossos olhos.

Prometo para a próxima postagem me esforçar em trazer algo mais singelo que ainda possa existir nesta São Paulo de todos os tempos.

Fontes: Fundação Seade, Rede Nossa São Paulo, Portal Secovi-SP , Agência Pricewaterhouse Coopers, FGV e Valor Investe Imóveis.


quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Monumento a Ayrton Senna mudou de lugar há quase cinco anos e houve quem descobrisse só agora

Em qual cidade fica a Praça Ayrton Senna do Brasil? Não pense muito para responder porque ela fica mais perto do que se imagina.

Se a resposta foi São Paulo, acertou!

Você já a visitou? Muitos ainda não foram até lá com certeza, mas agora posso dizer que fui.

É que a cidade muda tão rapidamente sua paisagem que nem dá tempo de conhecer ou mesmo ficar sabendo de tudo.

Acontece o seguinte: Dia desses em conversa informal com o colega articulista e professor de oratória, Reinaldo Polito, ele citou a retirada do monumento sobre a entrada do túnel Ayrton Senna que passa por baixo do Lago do Ibirapuera.

Respondi que não tinha percebido a retirada da estátua e me penitenciei depois, porque sempre fui elogiado por estar de olho na cidade.

Então culpei a pandemia, mas fui atrás e fiquei surpreso em saber que a Praça Ayrton Senna do Brasil, existe desde 2017.

Foi inaugurada dentro do Centro Esportivo Modelódromo, localizado na Rua Curitiba, 129 atrás do Círculo Militar, do outro lado do Parque do Ibirapuera.

Resolvi então visitar o lugar e assim pude ver com mais tempo e tranquilidade, detalhes da obra esculpida em 1995 pela artista plástica Melinda Garcia.

O monumento em bronze leva o nome “Velocidade, Alma e Emoção” e faz lembrar o Fórmula 1 conduzido pelo tricampeão do mundo ostentando a bandeira nacional.


Quando posicionado na entrada norte do túnel que passa por baixo do Lago do Ibirapuera, além de não dar tempo para vê-lo direito, em meio ao trânsito, o monumento começou a ser atacado por vândalos e pichadores.

Recuperado, seguiu para a praça projetada pelo arquiteto Benedito Abbud, que é toda plana com piso asfáltico e gramado, playgrounds para as crianças e equipamentos de ginástica para os adultos.

Foi feito também um cachorródromo com obstáculos para as brincadeiras dos animais, tudo isso bem ao lado da escultura de cinco metros posicionada sobre uma plataforma.

Há também um capacete em bronze doado pelo Instituto Ayrton Senna, onde me deixei fotografar para mostrar a vocês que de fato estive lá.

Só lamentei não terem colocado bancos nas imediações das obras de arte para que as pessoas pudessem sentar e apreciar melhor, inclusive a paisagem de árvores remanescentes da Mata Atlântica.

A praça Ayrton Senna do Brasil foi inaugurada exatamente em 1º de maio de 2017, quando se completaram 23 anos da morte do piloto.

Demorei para descobrir este belo espaço dentro da cidade de São Paulo, procurarei visitá-lo outras vezes.

 

Fotos produzidas por Gustavo Alves