quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Existem na natureza 8,7 milhões de seres vivos e nem todas as espécies estão catalogadas: Deus nunca parou de criar!

No mundo há 10.426 espécies de aves e cerca de 2 milhões e 200 mil seres aquáticos entre mares, rios e lagos.

Cientistas avaliam que estes números podem ser maiores, porque ainda falta muito a ser pesquisado e descoberto.

Estimativas apontam que várias espécies de seres vivos, especialmente nas águas, ainda precisam ser catalogadas. Impressionante, não é?

Essas informações foram trazidas pelo podcast “Presente Diário”, produzido pela RTM – Rádio Trans Mundial, que transmite da cidade de São Paulo desde 1970, antes por ondas curtas e agora via satélite.

Apesar do programa ser de cunho religioso, os redatores não deixam de abordar questões científicas, isto é muito bom.

Nós, seres humanos, sequer imaginamos a existência de tamanha diversidade pelo planeta afora. 

O que mais me impressionou foi o fato do podcast ter citado apenas duas espécies, aves e animais aquáticos.

"Já pensou em olhar para o restante? Nesse caso, chegaremos a 8,7 milhões de seres vivos", disse a apresentadora ao acrescentar: "E isso, é só o que já foi possível descobrir!"



Nilcéia Parize é quem faz a locução feminina do “Presente Diário” e a edição que foi ao ar, no dia 27 de dezembro de 2023, contou com a redação de Marcos Passig, de Blumenau - SC.

Em seu texto, ele buscou ressaltar que diante das informações obtidas, "não há como discordar da existência e grandiosidade de Deus".

O redator também define que "o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, portanto, é muito criativo e capaz de realizações fantásticas, mas nunca chegará ao mesmo nível do 'Criador'!"

A proposta do “Presente Diário”, é levar aos ouvintes reflexões que abordam a importância de Deus em nossas vidas.

"Quantas coisas belas criadas pelo Senhor estão ao nosso redor e nem percebemos? Nos lembramos de agradecer a ele por tudo isso?"

Essas são algumas das questões levantadas. 

O programa salienta que atitudes de preservação e respeito à natureza, bem como ações práticas de proteção, agradam a Deus muito mais do que belas palavras que às vezes se perdem ao vento.

Como reflexão final, a edição do “Presente Diário” de 27 de dezembro define: "A mesma perfeição que Deus mostra na criação, vale para os planos e ações em nossas vidas".


Questionamentos assim podem nos ajudar a preparar melhor nossos planos e ideias para um bem-viver mais saudável tanto para o espírito, quanto para a mente, neste novo ano que se inicia.

Deste modo, faço votos para que 2024 seja profícuo em realizações que garantam avanços na vida pessoal de cada um de nós, para a conquista, quem sabe, de um mundo melhor para todos, sob as bênçãos do mestre Jesus. 

Para acessar a Rádio Trans Mundial:

RTM Brasil

Para ouvir o Presente Diário acesse:

Presente Diário - RTM Brasil
Coloque no calendário a data 27 de dezembro 

 

Agradecimentos a Paula Ferreira e Walter Fernandes, jornalistas da RTM Brasil

sábado, 23 de dezembro de 2023

Os evangelhos apócrifos trazem valiosas informações sobre o Dia de Natal, a vida de Maria e a morte de Jesus

 Para todos os cristãos o nascimento de Jesus é emoldurado pelas imagens do presépio que mostram os animaizinhos em torno da manjedoura e a presença, além de Maria e José, dos três Reis Magos diante do recém-nascido.

Por mais que se procure nos evangelhos que estão na Bíblia, somente o de Matheus faz alusão aos magos vindos do oriente, mas sem citar seus nomes.


Existem inúmeros evangelhos apócrifos, aqueles não aceitos pela Igreja. Um deles diz que os Reis Magos eram irmãos e que Melchior governava os persas, Baltazar os indianos e Gaspar, os árabes. 

Este imenso poder político não foi confirmado por São Jerônimo, um dos compiladores do Novo Testamento.

Por este e outros motivos nem todas as informações dos apócrifos foram aceitas, mas algumas são utilizadas pelos evangelizadores. 

Muitos desses escritos vieram sob o sabor das histórias contadas pelo povo, onde em cada conto se aumenta um ponto.

Vale ressaltar: em grego a palavra apócrifo significa “escondido”.

José de Arimateia, responsável pelo sepultamento de Jesus, escreveu um evangelho não aceito, no qual apresenta a figura de Verônica, mulher que enxugou o rosto de Cristo na caminhada ao Calvário.

O rosto de Nosso Senhor coberto de sangue fica estampado em seu véu. Essa representação é exibida nas procissões dos católicos na Sexta-Feira Santa.

Este acontecimento, entretanto, não aparece em nenhum dos quatro evangelhos canônicos: Matheus, Marcos, Lucas e João.

Os pais de Maria, Ana e Joaquim, tiveram seus nomes extraídos de evangelhos apócrifos.

Uma crônica do escritor e jornalista francês Gilles Lapouge, publicada em 25 de dezembro de 1996 no Estadão, revela uma história sobre Maria, extraída dos apócrifos.

“... Era uma menina exemplar que aos 12 anos anunciou que pretendia ficar virgem para sempre.

O sumo sacerdote do templo, chamado Abiatar, insistia para que Maria se casasse com um de seus filhos.

Foi necessário que um anjo aparecesse e ordenasse ao sumo sacerdote que encontrasse para Maria, um marido viúvo.

Todos os viúvos da redondeza foram chamados, entre eles José, também viúvo e pai de sete filhos. 

Abiatar manda todos os viúvos empunharem um cajado diante dele e no de José, brota uma flor da qual sai voando uma pomba que pousa em seu ombro.

José entende que é ele quem vai se casar com Maria, mas apenas para proteger a sua virgindade, o que lhe é revelado depois, em sonho...”

Fica ainda o mistério:  Como pode uma virgem conceber?  Uma vez mais os evangelhos apócrifos trazem a explicação: “O Espírito Santo entrou em Maria por uma de suas orelhas.”

A noite de Natal também descrita de maneira primorosa por Lucas, em seu evangelho, também consta nos evangelhos apócrifos.

Na hora do parto José sai da gruta em busca de uma parteira, anda apressado, mas de repente percebe que o mundo todo em sua volta está parado...” ...Consegue avistar ao longe pastores e lavradores que se alimentavam, mas esses pareciam imóveis... Quem sabe, diante de um maravilhoso céu estrelado.

No texto do Estadão, Gilles Lapouge, correspondente do jornal em Paris que nos deixou em 2020, conclui: “No silêncio das coisas, no sono, o tecido multicor da eternidade e sua confusa essência...”

Só mais uma coisa: A todos e todas que seguem nossas postagens, desejo um Feliz Natal seguido de um Ano Novo repleto de bons momentos.

Abraços mil!



Fonte: O ESTADO DE S. PAULO - 25 DE DEZEMBRO DE 1996 - PAG. 11

Livros que trazem relatos encontrados nos evangelhos apócrifos:

Evangelhos apócrifos: Gregos e latinos - Frederico Lourenço - Quetzal Editores

Evangelhos Apócrifos - Luigi Moraldi - Paulus Livraria/1999

Coleção Apócrifos e Pseudo-Epígrafos da Bíblia - Organizado pela Editora Ebenézer

 

domingo, 17 de dezembro de 2023

Dona Dulce, “Rainha do Volante”, ajudou emancipar o Itaim Bibi e fazer dele um orgulho dos paulistanos

Hoje o Itaim Bibi é citado em todo o Brasil por abrigar em seus edifícios os escritórios da “Turma da Faria Lima”, o pessoal que rege o mercado financeiro, mas nem sempre foi assim.

Dulce Borges Barreiros, também conhecida como Dona Dulcinha, morou no Itaim Bibi por mais de 50 anos e se transformou numa daquelas personagens eternas de São Paulo, citadas pelos memorialistas que apreciam as boas lembranças.


Dona Dulce viveu 93 anos, nasceu em 1906 e faleceu em 1999, foi casada com o Sr. Antônio dos Santos Barreiros, teve três filhos e sete netos, entre os quais Cassiano Bernard Borges Barreiros, que gentilmente nos atendeu e pelo WhatsApp nos passou informações.



Cassiano é DJ e criador de uma empresa de produções para o segmento de áudio visuais e na foto acima, aparece bebê no colo da vovó.

Para a posteridade, Dona Dulcinha deixou um depoimento riquíssimo publicado em um jornal da região, cujo recorte nos foi entregue por Helcias Bernardo de Pádua, coordenador da Associação Grupo de Memórias do Itaim-Bibi.

Em 26 de outubro de 2023, Dulce Borges Barreiros, foi lembrada em uma solenidade promovida pela Câmara Municipal de São Paulo para comemorar os 89 anos do Itaim Bibi.

Helcias nos falou de suas lembranças sobre ela, nos tempos em que era menino, quando a nobre senhora comparecia à sua casa porque sua mãe, Benedita Ferreira de Pádua, era costureira e fazia os vestidos de Dona Dulce.


Neste depoimento ao jornal, a antiga moradora fala de sua juventude no bairro e da facilidade que tinha para conversar com as pessoas, tanto que se tornou assessora do então governador Adhemar de Barros. Dona Dulce conta:

“O Itaim de início era uma chácara onde moravam pessoas simples e graças à minha amizade com os políticos consegui para o bairro muitas melhorias como água encanada, luz, asfalto, esgotos, ônibus, escolas e até divertimento...”



“...Isso mesmo, construí o primeiro cinema do bairro, o Cine Itaim, na esquina das ruas Joaquim Floriano e Tapera, hoje Rua Bandeira Paulista...”

“...Os rapazes sempre queriam assistir filmes de bangue-bangue ou do Flash Gordon e as moças preferiam os filmes sentimentais, era uma briga danada. Este cinema funcionou até 1951...”




“...Quando inaugurei meu novo cinema, o Cine Star, depois Lumiére, o fizemos ao lado do Edifício Dulce, o primeiro prédio com elevador do Itaim. Todo mundo ia lá para andar de elevador...”




“...Ajudei fundar a Sociedade Amigos do Itaim e dei a ideia de lançar um concurso para o bairro ter uma bandeira que hasteamos até hoje das festas da comunidade.

Lembro-me de quando foi fundada a fábrica da Kopenhagen aqui no bairro, em 1925. Eram os donos, um casal da Letônia, que vieram para o Brasil fugindo da guerra. Eles começaram vendendo marzipan de porta em porta, doce de origem árabe.

A fábrica trouxe desenvolvimento para o Itaim, principalmente empregos...” 



“...Acho que fui a primeira feminista do Brasil, pois em 1924 ainda mocinha, com 18 anos, comecei a participar das corridas de automóveis realizadas no Pacaembu, cujas ruas eram todas de terra.

Meu carro era um Lincoln onde estou de pé sobre o estribo, todos os domingos ia com ele fazer o corso na Avenida Paulista.  Era um hábito muito chique, cultivado por gente importante que desfilava com seus carrões, um mais lindo que o outro...”



... Num dia de 1926, um moço muito elegante bateu à minha porta, era o conde Eduardo Matarazzo, ele disse assim: ‘Desculpe a minha ousadia Dona Dulce, mas eu sou representante da fábrica dos automóveis Bugatti no Brasil e gostaria que a senhora o exibisse pela Avenida Paulista’.

E lá fui eu dirigindo aquela máquina admirada por todos, foi um sucesso. Onde eu parava enchia de gente em volta.

Depois corri com a Bugatti no Pacaembu e capotei duas vezes. Tenho uma coleção de taças e medalhas, até hoje sou chamada de ‘Rainha do Volante!’”



Na edição de 15 de maio de 1926, a Revista da Semana publicou a reportagem fotográfica de uma corrida de automóveis realizada na avenida Brigadeiro Luiz Antônio.

Essa corrida foi promovida pelo São Paulo Jornal, extinto há muitos anos e na matéria, Dulce Barreiros, é citada como vencedora de uma das competições.

Outra foto apresenta o Conde Eduardo Matarazzo, vencedor com sua Bugatti da prova “Cidade de São Paulo”.

As outras duas fotografias mostram aspectos das provas.

O professor Helcias Pádua também me contou aspectos interessantes de sua família no bairro.



Na foto acima, Helcias é o menor de todos os meninos sobre o muro, só aparece sua cabeça. Seu pai, Orestes Bernardo de Pádua, é o que está no centro de terno branco.

Ao fundo ficava a residência da família Pádua, na Rua Luiz Dias, 48 antiga Rua do Porto nº 4. Reparem que não havia calçamento na rua e nem mesmo calçada.

Helcias Bernardo de Pádua também nos envia o logotipo das comemorações dos 90 anos do Itaim Bibi que acontecerão em 2024.




Acima está foto de Dona Dulce mostrada na solenidade promovida pela Câmara Municipal em outubro passado.

 

Fontes: Grupo de Memórias do Itaim Bibi e Blog do Ralph Giesbrecht

domingo, 3 de dezembro de 2023

Brasil: campeão em acidentes e na luta pela superação das deficiências, brilha no Parapan de Santiago

No domingo, dia 3 de dezembro, lembramos o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência.

Claro que ainda há muito o que fazer em termos de melhorias para as pessoas que por algum motivo adquirem uma paraplegia, mas já temos o que comemorar.

A delegação brasileira encerrou sua participação nos Jogos Parapanamericanos de Santiago do Chile, com a melhor campanha da história.

Foram 343 medalhas (156 ouros, 98 pratas e 89 bronzes), 35 a mais que na edição passada, há quatro anos, em Lima (Peru).

Líder no quadro de medalhas, o Brasil deixou para trás Estados Unidos, segundo colocado com 166 pódios. A Colômbia ficou em terceiro com 161.

O Brasil segue hegemônico na competição desde a classificação geral obtida em 2007, quando aconteceu a edição do Rio de Janeiro.

Os jogos paralímpicos de Santiago terminaram em 26 de novembro de 2023.

Por ser jornalista e pessoa com deficiência, considero expressivas essas conquistas porque elas envolvem não apenas o esporte, mas também a medicina, a psicologia, a fisioterapia e outras ciências.

São vitórias obtidas pelo esforço pessoal e individual desses paratletas que, em sua maior parte, foram um dia pessoas normais que por alguma fatalidade, adquiriram sequelas físicas, visuais ou auditivas.

Homens e mulheres de todos os gêneros e idades, orientados por profissionais de diversas áreas, encontraram soluções para superar os novos desafios de quem se torna, por exemplo, um cadeirante.

 A primeira grande dificuldade é se adaptar a essa nova forma de viver e de encarar a vida, tarefa que não é fácil.

Ninguém adquire uma deficiência, seja ela qual for, e sai depois praticando esportes. A trajetória é longa, difícil e nem todos conseguem. A competição inicialmente é particular, ou seja, da própria pessoa com ela mesma.

Para quem se torna uma Pessoa com Deficiência - PCD a primeira competição acontece a sós, entre quatro paredes, com ela mesma.

É preciso condicionar o corpo e a mente à uma nova situação e de início, coisas corriqueiras como virar o trinco de uma porta, acionar o interruptor de uma lâmpada, ou abrir o chuveiro, e tomar banho, se tornam um desafio.

Tarefas antes comuns, que passavam despercebidas, viram empecilhos a serem vencidos com exercícios físicos e orientações vindas de profissionais da medicina e fisioterapeutas.

Voltar a fazer tudo sem precisar pedir ajuda, traz de volta um tipo de felicidade só entendida por quem já passou por essa situação.

Não se trata de individualismo, mas de conquistas obtidas pela resiliência e esforço de superação.

Tornar-se paratleta é o passo que vem depois da adaptação às novas condições de vida.

O Brasil nesse aspecto evoluiu mais que outros países por estar entre os campeões mundiais de acidentes no trânsito ou no trabalho e que somados aos números da violência urbana, se coloca perto de países que consideramos atrasados como Nigéria e Índia.

Fatores negativos promoveram indiretamente o Brasil no desenvolvimento da medicina e de outras ciências em qualidade comparável à dos países ricos.

Nossas universidades formam todos os anos profissionais que depois irão trabalhar na recuperação das vítimas do trânsito e da violência.

Isto faz do nosso país uma nação maravilhosa, se observada pelo aspecto da capacitação de profissionais que irão ajudar cidadãos e cidadãs a valorizarem suas vidas que em determinado momento consideraram quase perdidas, sem esperança de recuperação.

Nesse aspecto entra a participação do esporte como aliado dos médicos, psicólogos e de todos os que trabalham para a reabilitação de pessoas rumo a uma nova condição de vida.

A medicina e o esporte atuando juntos, devolvem à sociedade pessoas sadias.

Um total de 324 paratletas seguiu para o Chile, após convocação do Comitê Paralímpico Brasileiro – CPB.

Desses, a maioria foi formada por paulistas: 86 e 33 fluminenses. Seguiram também 26 mineiros, 25 paranaenses, 16 pernambucanos, 15 brasilienses, 13 catarinenses, 13 potiguares e 12 paraenses.


O próximo Parapan será realizado em Barranquilla, na Colômbia, em 2027.

 

Fontes:

 Agência Brasil: https://agenciabrasil.ebc.com.br/esportes/noticia/2023-11/brasil-faz-melhor-campanha-da-historia-no-parapan-ao-somar-343-podios

 Comitê Paralímpico Brasileiro: https://cpb.org.br/noticias/vem-ai-os-jogos-parapan-americanos-saiba-tudo-sobre-a-participacao-brasileira-em-santiago-2023/

sábado, 25 de novembro de 2023

Vila Alpina de terras históricas corre o risco de crescer demais

A Vila Alpina é progressista e bela, foi fundada por um italiano empreendedor chamado Vicente Giacagline, era ele um terrenista, termo usado na época para designar os que compravam grandes glebas e depois loteavam.

Essa atividade revela que o empreendedorismo não é coisa nova, pois já existia na São Paulo da década de 1920.

Com a criação da CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, em 1943, vários sindicatos foram fundados, entre eles o Secovi-SP, para representar os terrenistas, substituídos mais adiante pelas construtoras de edifícios.

Não existem mais terrenistas na cidade de São Paulo, mas a história da Vila Alpina ajuda explicar a evolução do mercado imobiliário e como ele trabalha.

O italiano Giacagline gostou das terras que adquiriu, dizia que lhe trazia lembranças dos Alpes da Itália, por isso não teve dúvida de batizar o empreendimento com o nome Vila Alpina.

Isto aconteceu em 1921, os primeiros registros de escrituras do loteamento Vila Alpina são do dia 3 de setembro daquele ano e desde então nessa data se comemora o aniversário do bairro.

Antes, as mesmas terras tiveram relação histórica com a fundação de São Paulo porque no século 16, fizeram parte da sesmaria de João Ramalho que incluia a primitiva Santo André da Borda do Campo que não vingou como cidade e nada tem a ver com a Santo André atual.

Era preciso construir habitações mais adiante para servirem de ponto de partida para o interior e isso levou à escolha das Terras de Piratininga por Martim Afonso de Souza.

Em comum acordo com os jesuítas, o donatário da capitania de São Vicente, decidiu implantar no mesmo lugar que serviria de ponto de partida para os bandeirantes, um colégio de padres.

Da decisão surgiu a São Paulo de Piratininga de Manuel da Nóbrega,  José de Anchieta e mais adiante de Antônio Raposo Tavares e Fernão Dias Paes.


Em 1829, as terras pertencentes à atual Vila Alpina aparecem em documentos de propriedade de um português chamado João Pedroso que dividiu toda área em fazendolas para criação do gado e o cultivo de hortas e frutas, mas antes ainda do final do século 19, a região começou a ganhar outras feições.

Parte dos sítios foi retalhada para dar lugar a pequenas olarias, um nascente negócio que se tornaria lucrativo ao longo dos anos, embora a Vila Alpina mantivesse ainda aspectos rurais.

A partir da chegada do italiano Vicente Giacagline, a venda de lotes se expandiu pela forma facilitada de prestações a perder de vista para possibilitar aos novos proprietários, a construção de suas casas.

Como a Vila Alpina faz divisa com São Caetano, que por sua vez pertencia à Santo André, a distância entre o novo bairro e a estação de trens era curta e isso facilitava a vida dos moradores.

Depois com a chegada da indústria automobilística ao ABC, quase no final da década de 1950, a Vila Alpina passou a abrigar as famílias de vários funcionários das fábricas e se tornou um bairro residencial. 

Dali em diante todas as chácaras e olarias ainda existentes foram desfeitas e seus terrenos ocupados por mais residências.

Em 1974 uma novidade veio sacudir a calma da Vila Alpina, a prefeitura decidiu erguer na Avenida Francisco Falconi, um crematório ao lado do cemitério já construído.

Ninguém sabia direito o que era aquilo, foi o primeiro da América Latina, dentro de uma área verde de 134 mil metros quadrados.

O Crematório da Vila Alpina hoje é uma realidade, atualmente acontecem dezenas cremações diárias em quatro fornos.

Isso já não atrapalha a rotina do bairro, ao contrário, a Vila Alpina se expandiu e agora com acesso fácil ao Metrô e ao Monotrilho tende a se crescer ainda mais. Daí as dúvidas.

Com as mudanças aprovadas pelo novo Plano Diretor e as consequentes alterações na Lei de Zoneamento Urbano, não se sabe direito quais serão os rumos do crescimento de Vila Alpina daqui em diante.

A ideia de verticalizar mais ainda regiões próximas às estações do Metrô, Trens e Monotrilho pode, além da saturação no trânsito, trazer transtornos à qualidade de vida da população e o momento é de expectativa.


Algumas entidades representativas dos bairros se mobilizam para um protesto dia 30 de novembro, em frente à Câmara Municipal, contra as alterações previstas na Lei de Zoneamento Urbano.

População da Vila Alpina, com certeza preocupada, aguarda ansiosa


segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Pompeia e Perdizes, bairros irmãos na história e nos fatos interessantes

Houve um período em que me dediquei a escrever crônicas sobre os bairros paulistanos colocando como recheio nos assuntos, alguns acontecimentos históricos.

Dias atrás quando choveu mais forte e faltou energia elétrica, sem ter como trabalhar, ocupei meu tempo lendo antigos textos guardados em um pen drive.

Entre os artigos encontrei este que aborda Perdizes e Pompeia, bairros vizinhos e muito próximos culturalmente que nos deixam em dúvida sobre em qual desses dois territórios estamos. 

Me lembro sempre de Lourenço Diaféria, adorável cronista, que dizia morar nas Perdizes para assim fazer lembrar as tradições do nome daquele lugar.

A denominação veio por causa de dona Tereza de Jesus Assis, casada com o vendedor de garapa, Joaquim Alves Fidelis.

Por volta de 1850, o casal era conhecido por vender perdizes criadas no quintal da casa onde moravam, localizada no lugar onde hoje se encontra a saída da Via Elevada, conhecida por Minhocão.

Sob o olhar atual poderíamos dizer que tudo o que está à direita da Avenida Sumaré, no sentido da Marginal do Tietê, é Perdizes e tudo à esquerda é Pompeia. Concordam comigo?

Na geografia da prefeitura, entretanto, a divisão é diferente. A Rua Diana é quem separa as Perdizes de Pompeia e uma de suas travessas, a Rua Wanderley, serve de divisa com o Sumaré.

Sumaré, palavra extraída do idioma tupi significa, “orquídeas silvestres” e a foto acima, mostra a construção da avenida que leva o nome do bairro da saudosa TV Tupi sendo construída, em 1969.

Nos registros oficiais o antigo nome Vila Pompeia, é o que vale. Conforme os historiadores que ouvi, a denominação não tem a ver com a cidade romana devastada pelo Vesúvio.

Foi, na verdade, uma homenagem a Aretusa Pompeia, esposa do Dr. Augusto de Miranda, empreendedor que loteou o bairro e batiza uma das movimentadas ruas da região.

Apesar da outra vizinha ser a Vila Romana, nada em nenhum documento comprova qualquer alusão à cidade arrasada e morta pela poeira do Vesúvio que séculos depois engoliria o deputado Silva Jardim.

Antônio da Silva Jardim (1860-1891) foi um político republicano do século 19 que ao visitar a Itália, quis conhecer o Vesúvio de perto. Subiu até a borda e após chegar caiu dentro do vulcão e morreu.

O guia que o levou até lá e outras testemunhas disseram que o Vesúvio estava inativo, mas naquele exato momento, a terra tremeu.

Sobre a paulistana Perdizes, em frente à saída do Elevado, está a paróquia de São Geraldo Magela, cujo endereço oficial ainda é o Largo Padre Péricles, lugar do antigo quintal de criação das aves de dona Tereza de Jesus.

No alto da torre dessa igreja está o sino da primitiva igreja do Largo da Sé, que badalou para anunciar a Proclamação da Independência do Brasil, na tarde do 7 de setembro de 1822.

Na madrugada de 25 de novembro de 2003, há exatos 20 anos, ladrões entraram nessa igreja, subiram até a torre e furtaram o badalo do sino.

A polícia foi chamada e na época, o pároco responsável pediu para que devolvessem o badalo, cujo peso aproximado era de 60 quilos.


Provavelmente os ladrões acharam que daria para se extrair ouro do objeto, mas o padre explicou que se tratava de bronze misturado a outros metais sem muito valor comercial.

De nada adiantou os apelos do sacerdote porque até hoje o badalo não foi devolvido e tiveram mesmo que arranjar um outro.

Com isso, o som original do sino ouvido no dia da Independência, deixou de ser o mesmo. Cada badalo oferece aos sinos sons diferentes, sabiam disso?

Verdade também é que hoje quase não se ouvem mais sinos de igrejas, outros sons tomaram conta do cotidiano da cidade.

Ainda bem que Perdizes e Pompeia não mudaram de nome, permanecem bairros vizinhos de convívio fraterno e franco em meio ao trânsito avassalador de sempre. 

Sorte dos moradores, é que ainda se encontra paz ao se visitar o Parque da Água Branca e seus viveiros.

Com certeza ainda existem por lá as originais perdizes que deram nome ao bonito bairro que temos hoje.