terça-feira, 28 de dezembro de 2021

O poeta Carlos Drummond de Andrade e seu sentimento pela chegada de mais um Ano Novo

Há sentimentos no Brasil que só o Rio de Janeiro consegue expressar, como é o caso da estátua em bronze do poeta Carlos Drummond de Andrade, na orla de Copacabana. Ela emociona!

A estátua foi instalada no calçadão da praia, em outubro de 2002, quando se comemorou o centenário do escritor nascido em Itabira, Minas Gerais, em 31 de outubro de 1902.

A escultura foi lapidada pelo artista plástico Léo Santana e custou na época aos cofres públicos R$ 65 mil.

Desde então se tornou possível ver a imagem do "poeta-maior", sentado à beira da praia, como costumava fazer em seus tempos de morador na cidade maravilhosa.


Os turistas, por sua vez, ao descobrirem a nova atração se viram tentados em sentar ao lado da escultura e se deixarem fotografar.


Isto não impediu episódios de vandalismo, pois além dos óculos costumeiramente furtados, se tornaram comuns relatos de pichações, pinturas e outras depredações, mesmo debaixo das câmeras de segurança.

São Paulo é uma cidade diferente do Rio, porque menos afeita aos turistas, só recebe estrangeiros que aqui chegam a negócios.

Deste modo, suas atrações são também mais ásperas, rígidas e abreviadas, podendo mesmo ser vistas por quem passa de carro.


Este pode ser o caso do Monumento do Ipiranga, mas quem se aproxima dele, percebe que também há vandalismos de engraçadinhos que costumeiramente roubam a espada de Dom Pedro I, posicionada na parte inferior do monumento.


Nesta foto a espada aparece, mas via de regra ela é roubada e depois substituída por uma outra através da subprefeitura do bairro que já se acostumou com esse tipo de depredação.

São pequenos furtos que de nada servem a quem os pratica, a não ser os gracejos obtidos para diversão e deleite dos que o cercam.

Neste ano de 2022 iremos comemorar o centenário de inauguração do Monumento do Ipiranga, obra gigantesca esculpida pelo artista plástico italiano, Ettore Ximenes.

Este trabalho muito mais ornamentado nem pode ser comparado à estátua de Drummond, no Rio de Janeiro, tamanha a simplicidade que no entanto, causa deslumbramento pela sua originalidade.

Seria bom a esses que se apropriam das espadinhas, ou dos óculos das obras de arte, que levassem consigo na hora do furto, um pouco do sentimento das crônicas ou poesias de Carlos Drummond de Andrade.

Claro que é difícil, porque nestes corações rudes as emoções demoram a acontecer e quando surgem, aparecem com menos intensidade.

Seguem então, para sensibilizar, as palavras do poeta sobre o que significa a entrada de mais um Ano Novo.


Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente...

Para você, desejo o sonho realizado, o amor esperado, a esperança renovada. Para você, desejo todas as cores desta vida, todas as alegrias que puder sorrir, todas as músicas que puder emocionar.

Para você neste novo ano, desejo que os amigos sejam mais cúmplices, que sua família esteja mais unida, que sua vida seja mais bem vivida e gostaria de lhe desejar tantas coisas... Mas nada seria suficiente...

Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos e que sejam desejos grandes... e que eles possam te mover a cada minuto, ao rumo da sua FELICIDADE!”

Carlos Drummond de Andrade 


Em 2022, o movimento modernista será lembrado pelo centenário da Semana de Arte Moderna, acontecida em São Paulo, e que modificou os modos de compreensão das artes e dos sentimentos contidos nas entrelinhas.

Que assim seja novamente e que todos os leitores e leitoras deste blog tenham um Feliz Ano Novo, repleto de belas imagens e boas notícias.



 

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Conheça todas as lendas e verdades sobre Jesus e o Natal

Existe fato mais inusitado que um menino nascer em uma estrebaria, entre animais e ser no dia seguinte visitado por pastores e depois presenteado por reis magos vindos de um lugar distante do oriente?

As histórias que envolvem o nascimento de Jesus Cristo e o Dia de Natal são cheias de curiosidades e de muita fé.

Em Lucas capítulo 2 versículos 13 a 18 está escrito que na primeira noite de natal; “... anjos cantavam louvores... Glória a Deus no mais alto dos céus...”

Quando chega o Natal todos costumam ficar mais solidários, até mesmo os ateus recebem e oferecem presentes.

A festa do Natal ainda é abrangente e calorosa, apesar de todo o stress que a data envolve, como as correrias atrás das compras e a ostentação exagerada e até anticristã de alguns.

A origem das comemorações remonta os tempos do rei romano Constantino, aquele que abraçou o cristianismo.

Foi ele quem escolheu o 25 de dezembro para se comemorar o nascimento de Jesus para assim substituir uma festa pagã que se fazia ao deus Mitra, que anunciava o surgimento do sol em pleno inverno.

O Natal dos cristãos, entretanto, só foi introduzido no calendário da Igreja Católica no quarto século pelo papa Julio I, cujo pontificado durou 15 anos, entre 337 e 352 d.C.

Ao redigir seu evangelho, São Lucas, além de escritor e médico, era também bom repórter. Apenas ele entrevistou a Virgem Maria, mãe de Jesus, tamanha a quantidade de informações relativas ao nascimento de Cristo que somente ela poderia ter contado.

Nas vésperas do nascimento, Maria e José viajaram de Nazaré, onde moravam, até Belém para responder a um recenseamento.

Como a cidade estava repleta de visitantes, não encontraram lugar em nenhuma estalagem para passar a noite.

Tiveram então que se recolher em um estábulo, entre bois e cabras, sendo que ali mesmo a criança nasceu.

Depois, explica o evangelista que“o menino foi enrolado em panos e deitado sobre as palhas de uma manjedoura”.

Interessante também, é que mesmo antes dele nascer já se falava de sua chegada, a ponto dos reis magos, Baltazar, Melchior e Gaspar se dirigirem a Belém para entregar seus presentes, guiados por uma estrela.

Quem disse a eles que ali nasceria o messias, tão citado no velho testamento? Ninguém sabe, embora naquele tempo magos fossem pessoas consideradas capazes de adivinhar acontecimentos futuros ou ainda fazer previsões.

Mas existem outros mistérios que envolvem o nascimento de Cristo, daí o surgimento de tantas lendas e tradições, alguma delas contidas nos evangelhos considerados apócrifos sobre os quais um dia, ainda escreverei a respeito.

Com a difusão do cristianismo e a implantação do catolicismo por Constantino, a tradição do Natal espalhou-se pela Europa.

Diziam os antigos que um pinheiro colocado dentro de casa, por ocasião das festas, propiciaria fartura para o ano todo.

Outra lenda é que a primeira árvore de Natal foi montada na Alemanha e que o costume surgiu na Baviera.

O hábito da troca de presentes veio mesmo por influência dos reis magos que deram a Jesus poções de ouro, incenso e mirra.

“O ouro evidencia a presença de um rei entre nós; o incenso é usado no sacrifício a Deus; e a mirra, por fim, servirá para embalsamar o corpo do Senhor morto”, explicou certa vez o papa Bento XVI em uma de suas homilias, durante o ano 2010.

A figura do Papai Noel nada mais tem a ver com a religiosidade, ele serve agora de símbolo para o comércio promover suas vendas  sem confrontar aspectos político-religiosos.

Verdade também é que ele surgiu inspirado na figura de um santo católico, chamado Nicolau, muito caridoso, que após a morte passou a ser lembrado pelos presentes que distribuía aos pobres.

Entretanto, Nicolau nunca vestiu roupas vermelhas e nem morou na Lapônia; isto foi inventado pela publicidade norte-americana ao longo da história.

Nos Estados Unidos, ele é chamado de Santa Claus; na Inglaterra, Father Christmas e em Portugal, Papai Natal.

As crianças chinesas não recebem presentes no Natal, mas durante as celebrações do ano novo chinês, que acontece em janeiro, mas elas conhecem o Papai Noel pelo nome Dunche Lao Ren.


As renas do Papai Noel possuem nomes: Dasher, Dancer, Prancer, Vixen, Comet, Cupid, Donder e Blitzen. Decorou? A Lapônia existe e fica no norte da Finlândia, onde faz um frio danado.

O presépio que representa o nascimento de Jesus, em pequenas estátuas, foi imaginado por São Francisco de Assis, em 1223, classificado por historiadores como uma das figuras mais influentes do primeiro milênio.

As velas significam a boa vontade das pessoas em iluminar a noite de Natal, pois no passado, quando ainda não haviam descoberto a eletricidade, as velas eram colocadas sobre candeeiros nas janelas das casas.

Os cartões de Natal são mais recentes, surgiram em 1843 na Inglaterra, sob inspiração John Horsley que o ofereceu a um amigo, Henry Cole.

Este gostou tanto, que sugeriu fazer cartas rápidas para que todos se felicitassem mutuamente em todo final de ano.

Desde a sua origem até os dias atuais, o Natal segue carregado de magia. Os ritos e canções vieram por sugestão da Igreja, como forma de teatralizar o nascimento de Cristo e assim evangelizar.

As cenas foram ganhando modificações ao longo dos séculos sem perder o sentido da confraternização.

E assim, deste modo, chegamos ao que temos hoje.

Como disse certa vez um poeta,“é melhor ser alegre que ser triste.

Sendo assim, faço votos de um Feliz Natal a todos e todas!

Ah! Não se esqueçam de cumprimentar o aniversariante!


Pesquisa: Valéria Rambaldi

sábado, 18 de dezembro de 2021

Justiça de SP manda lacrar Maksoud Plaza: "Retirem os móveis e depois tranquem o prédio"

A decisão do desembargador Araldo Telles, da 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial, do Tribunal de Justiça de São Paulo, atendeu a um pedido da família.

Os filhos do fundador, Henry Maksoud, não concordaram com a forma do acordo acertado entre a atual administração do hotel com os credores e questionaram os prazos estabelecidos.


No ano passado o cinco estrelas mais famoso de São Paulo, pediu à Justiça um prazo para recuperação judicial a esgotar-se em 30 de janeiro de 2022.

Por esta razão a justiça entendeu que a decisão dos credores e demais envolvidos foi precipitada.

A mobília está sendo retirada, mas o prédio ficará fechado até a data prevista.

Na foto acima vemos o edifício de 22 andares do Maksoud Plaza sendo construído.

Observem no canto debaixo da foto, no lado esquerdo, aparece uma parte ainda de pé do colégio de freiras demolido para dar lugar ao hotel.

O Maksoud Plaza hospedou os príncipes Rainier e Albert, de Mônaco e a atriz francesa Catherine Deneuve.

Certa vez entrevistei Claudio Maksoud, filho mais novo do magnata, que é músico e artista plástico.


Ele contou que quando os Rolling Stones se apresentaram no Brasil pela primeira vez, em 1995, se hospedaram no hotel.

Claudio se admirou do profissionalismo deles e deu a seguinte explicação:

“Após as apresentações eles reuniam todo o staff em uma sala reservada e discutiam o que tinha dado certo ou errado durante os shows”.

Claudio Maksoud também ficou impressionado com o desempenho de Alberta Hunter, cantora de blues norte-americana.

No início da década de 1980, ela estava próxima dos 90 anos quando veio a São Paulo e fez uma apresentação magnífica no Teatro Maksoud Plaza”.

Assista um trecho da histórica apresentação de Alberta Hunter em São Paulo.

As histórias do Maksoud Plaza #109 - São Paulo de Todos os Tempos | Podcast no Spotify

Ou

https://open.spotify.com/episode/2mOvoEWHX3syaWrj1vMyjM

Para quem quiser acessar a entrevista que fizemos com Claudio Maksoud, copie acima o link de acesso à página São Paulo de Todos os Tempos em podcast, no Spotify gratuito.

Em 2015, o Frank Bar foi inaugurado e logo entrou na lista dos melhores bares do mundo, segundo a World's 50 Best Bars.

sábado, 11 de dezembro de 2021

Maksoud Plaza confirma encerramento das atividades e vende imóvel avaliado em R$ 132 milhões

Está definido: O cinco estrelas mais famoso de São Paulo fechou mesmo suas portas e terá que esvaziar o edifício localizado na Alameda São Carlos do Pinhal, 424 até o final deste mês de dezembro.

A notícia veio através do jornal Folha de S. Paulo ao confirmar também o valor pago pelo imóvel que já se presumia ser de R$ 132 milhões.


Os novos proprietários pertencem à Simpar,
holding que controla duas outras empresas do ramo de logística.

Este mesmo grupo arrematou em 2011, o edifício do hotel levado a leilão pagando na época R$ 70 milhões.

Ainda não há definições sobre o destino do prédio, fala-se na implantação de um hospital, mas nada está confirmado até agora.


Sabe-se apenas que toda a mobília precisará ser retirada até o dia 27 de dezembro e de lá ser transportada para um depósito.

Quanto aos 170 funcionários que ainda atuavam nas dependências do hotel, todos receberam o aviso-prévio e cumprirão seu contrato de trabalho até o final do ano.

Os antigos patrões se comprometeram a saldar suas dívidas dentro dos compromissos assumidos no processo de recuperação judicial.


A marca Maksoud Plaza continuará em poder da família e pode ser utilizada em projetos futuros.

Por enquanto ficamos assim, tristes e melancólicos pela perda deste ícone de uma cidade tão rica e ao mesmo tempo decadente chamada São Paulo.

Seguem na lembrança as noitadas envolvendo o hotel que servia café da manhã aos boêmios renitentes das madrugadas no 150 Night Club.

Outras histórias permanecerão vivas em todos aqueles que por algum motivo estiveram nas dependências do agora saudoso Maksoud Plaza.

 

Fontes: Hotelier News e Folha de S. Paulo

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Maksoud Plaza Hotel repleto de histórias, está de portas fechadas

O majestoso Maksoud Plaza Hotel fechou suas portas e não irá atender o público neste final de ano. Clientes que ligaram para fazer reservas ao “réveillon”, receberam a notícia: “Não estaremos operando”.

 Ainda não se sabe se as atividades ficarão suspensas por tempo indeterminado, ou em definitivo. O problema está no pedido de recuperação judicial apresentado em setembro de 2020.

As dívidas seguem acumuladas em um montante acima dos R$ 100 milhões.

A existência dos hotéis administrados por uma única família, fato comum no passado, tem sido ameaçada continuamente pela concorrência das redes internacionais. Ainda assim o Maksoud Plaza buscou se reinventar.

Henry Maksoud Neto, sucessor na administração, buscou parcerias, reformulou os bares e restaurantes internos na tentativa de manter a trajetória de sucessos.

Com a pandemia, obviamente houve queda no número de hóspedes e o resultado apareceu agora com essa triste notícia.


Antes do hotel ser construído, havia no terreno da Alameda São Carlos do Pinhal 424, com Alameda Campinas 150, um mosteiro de monjas beneditinas.

Anos antes de seu falecimento em 2014, conversei com o patriarca da família Henry Maksoud, ele me contou histórias interessantes.

Disse que quando foi apresentar sua proposta para a compra do imóvel, foi atendido por uma das freiras que viviam reclusas, através de uma portilhola na qual só dava para ver o rosto. 

As negociações tiveram que ser feitas em um outro lugar.

O edifício do hotel foi projetado pelo arquiteto Paulo Lucio de Brito e possui o lobby de pé direito mais alto do mundo.

Dele partem quatro elevadores panorâmicos de acesso aos 22 andares.

Quem está lá em cima enxerga tudo o que acontece no lobby, graças ao vão livre e aos corredores abertos. O visual é maravilhoso e nada se compara a este prédio em termos de arquitetura na cidade de São Paulo.

Dentro dele, escadas rolantes oferecem acesso facilitado às inúmeras salas de reuniões ou eventos.

O heliponto é motivo de elogios por parte dos pilotos de helicópteros, por sua capacidade de receber aeronaves civis ou militares com peso até cinco toneladas.

Ao todo são 416 apartamentos com suítes de alto luxo e requinte, cuja inauguração oficial aconteceu em 1° de janeiro de 1980.

Desde então celebridades internacionais passaram a se hospedar no Maksoud Plaza quando vinham a São Paulo.

Frank Sinatra, além de alugar uma suíte presidencial de nove cômodos, fez dois shows para 700 convidados em cada um deles no Teatro Maksoud, entre os presentes estava Roberto Carlos.

Outros artistas requintados como Sammy Davis Jr., Alberta Hunter, Bobby Short, Buddy Guy, se apresentaram no também requintado 150 Night Club.

O hotel hospedou príncipes e princesas, além da então primeira-ministra da Inglaterra, Margareth Thatcher.

Em 1992, incomodado com o assédio dos fãs e da imprensa que invadiram o lobby do hotel para vê-lo, o vocalista Axl, da banda de rock Guns N’ Roses, atirou do andar onde estava uma cadeira giratória sobre o público.

Ninguém foi atingido, mas houve correria geral e a polícia compareceu. O músico foi conduzido a um distrito para se explicar e só não foi preso porque pediu desculpas pelo ocorrido.

Durante a década de 2000, esteve em cartaz no Teatro Maksoud uma peça teatral escrita pelo próprio Henry Maksoud. Além da presença no palco de atores e atrizes, foram inseridas imagens com as apresentações marcantes acontecidas no hotel.

Compareci e pude assistir parte dos shows de Frank Sinatra, Michel Legrand e Alberta Hunter, entre outros.

O Frank Bar, inaugurado em 2018, recebeu este nome em homenagem ao grande artista Francis Albert Sinatra que lá esteve em 1981.

Torço pela sobrevivência do Maksoud Plaza, espero que seu fechamento seja de fato temporário e não definitivo.

 

 

Fontes: Portal Maksoud, Revista Hotelier News, Veja SP

sábado, 27 de novembro de 2021

Pinacoteca de São Paulo vai ganhar prédio vizinho integrado ao Parque da Luz

A Pinacoteca de São Paulo será ampliada em 2022 com a construção de um prédio para permitir a duplicação do seu espaço expositivo e torná-la uma das instituições mais visitada do Brasil.

O novo edifício que irá ocupar uma área de 5.878 m², já tem nome e endereço: Pina Contemporânea – Avenida Tiradentes, 273 – Luz.

A obra está orçada em 85 milhões de reais e contará com recursos provenientes do governo de São Paulo e da iniciativa privada.

As pinacotecas funcionam de modo semelhante aos museus, mas abrigam somente pinturas e esculturas.

No caso da Pinacoteca do Estado de São Paulo, o acervo é considerado riquíssimo.

Nela estão guardadas obras de arte ligadas ao movimento modernista brasileiro e esculturas do francês Auguste Rodin.

Costumeiramente aconteciam exposições de artistas internacionais, mas como foi necessário se fechar tudo por causa da pandemia, o anúncio da ampliação da pinacoteca, feito na última semana, surpreendeu de maneira positiva.

A Pina Contemporânea ampliará a capacidade da pinacoteca para receber até 1 milhão de visitantes por ano, mas observem como os arquitetos ainda se esquecem da acessibilidade, em vez de rampas projetam escadas.

Segundo os organizadores, a nova construção funcionará integrada ao conjunto de edifícios da Pinacoteca de São Paulo, hoje composto pela Pinacoteca Luz e Pinacoteca Estação.

Além disso, o novo espaço terá uma área de serviços, com restaurante, loja e locais de livre circulação do público, permitindo acesso inclusive, ao Jardim da Arte, anexo ao Parque da Luz.

A previsão de inauguração é para o mês de novembro de 2022.

O prédio original da Pinacoteca do Estado, é este que quase todos conhecem, foi projetado por Ramos de Azevedo e Domiziano Rossi.

Interessante é que a proposta original era para se fazer ali, a sede do Liceu de Artes e Ofícios.

Depois a ideia mudou e se decidiu instalar no local a pinacoteca, hoje considerada o mais antigo museu de arte em funcionamento na cidade de São Paulo, cuja inauguração aconteceu em 1905 e a regulamentação como museu público estadual no ano de 1911.

O plano da Pina Contemporânea surgiu em 2008, mas só dez anos depois houve a liberação do terreno.

Quem quiser conhecer de perto a estrutura da Pina Contemporânea, deve ir presencialmente a uma das varandas da Pinacoteca Luz.

De lá, basta apontar o celular na direção indicada e ver, por realidade aumentada, como o prédio ficará no horizonte.

Abaixo veja a localização da Pina Contemporânea pelo satélite


A Secretaria da Cultura e Criatividade Econômica informa que o projeto ajudará na recuperação do centro, assim esperamos.




 

Fontes: Portal Pípslon e Governo de São Paulo

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Luiz Gama, “Zumbi da Pauliceia”

São Paulo tem histórias importantes ligadas aos negros que pela força do preconceito e outras razões ficaram durante anos no esquecimento.

O Dia da Consciência Negra foi instituído para que se reflita e se relembre acontecimentos que ajudam reforçar a ideia de que todos os seres humanos possuem direitos iguais, independentemente da cor ou da raça.

Parece óbvio, mas a discriminação racial embora velada, ainda predomina em vários segmentos de nossa sociedade

Luiz Gama, viveu e morreu em São Paulo e a meu ver deveria ser chamado de, “Zumbi da Pauliceia”.

Foi o único intelectual negro do século 19 que passou pela difícil experiência de ser escravo.

Nasceu em 1830, em Salvador – Bahia, filho de uma negra liberta de origem africana chamada Luiza Mahin, com um pai branco português.

Aos 10 anos foi vendido ilegalmente como escravo pelo próprio pai e nesta condição chegou a São Paulo.

Interessado em estudar, aprendeu a ler e escrever com 17 anos, ainda na condição de escravo, com a ajuda do jovem estudante de Direito, Antônio Rodrigues do Prado Junior.

Depois por esforço próprio obteve autorização para assistir as aulas do curso de direito na Academia do Largo São Francisco, na condição de “ouvinte” e deste modo, passou a trabalhar como rabula, termo usado para definir aquele que possuía conhecimento jurídico suficiente para advogar, mesmo sem possuir diploma.

Pela via judicial, ele próprio conseguiu conquistar sua liberdade e posteriormente de muitos outros escravos.


Lutando quase que sozinho, conseguiu a soltura de aproximadamente 500 cativos e percebam, foi um feito notável, se considerarmos que agia exclusivamente com o uso da lei.

A sua morte aos 52 anos, causada pelo diabetes, comoveu a cidade de São Paulo e o caixão foi carregado pelo povo que seguiu a pé, desde o bairro do Brás onde morava, até o cemitério da Consolação.

O féretro foi acompanhando por quase quatro mil pessoas, quantidade correspondente a 10% da população da época.

Seu sepultamento aconteceu, em 25 de agosto de 1882 e diante do túmulo, onde só existe uma placa com sua data de nascimento e morte, se fez uma tribuna improvisada e se deu voz a discursos emocionados.

Um de seus amigos, Antônio Bento, promotor público e depois juiz, de cor branca e abolicionista, continuou seu trabalho pela libertação de todos os escravos da Província de São Paulo, cuja abolição completa aconteceu antes ainda da assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel.

São acontecimentos importantes, vividos na capital paulista que não podem ser esquecidos.

Na década de 1930, em comemoração ao centenário do nascimento de Luiz Gama, um busto em sua homenagem foi instalado no Largo do Arouche, pago na ocasião pela comunidade negra da cidade.


Em 2015, a OAB reconheceu Luiz Gama como advogado e o reconhecimento dele, como profissional de imprensa, se deu em 2018 por iniciativa do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo.

Seu nome consta no Livro de Ouro dos Heróis e Heroínas da Pátria do Panteão Tancredo Neves, em Brasília.


Lançado em agosto último, com o título “Doutor Gama”, este filme conta a história do líder abolicionista brasileiro e segue em exibição nos cinemas.


Luiz Gama é nome de rua no bairro do Cambuci, em São Paulo e no bairro Maracanã, no Rio de Janeiro, além de outras cidades do país.


Este é o retrato original com o rosto deste herói brasileiro.



Fontes: Luiz Gama, a saga de um libertador/Pompeia,Magui/Peirópolis/São Paulo/1ª edição/2021/. Jornal Correio Paulistano – Arquivo do Estado de São Paulo e Jornal Unidade – SJPESP.

domingo, 14 de novembro de 2021

Luxuosa torre ao lado do antigo Hospital Matarazzo tem previsão para ser inaugurada em dezembro na região da Paulista

Tenho histórias pra contar sobre o antigo Hospital Matarazzo, depois rebatizado com o nome Hospital Humberto I.

Uma delas é que certa vez conduzi para lá, dentro de um carro de reportagem, um rapaz atropelado na avenida Brigadeiro Luiz Antônio por um motorista que fugiu.

Naquele tempo não havia serviços de resgate como hoje, nem do Corpo de Bombeiros, muito menos o Samu. 

Visitei naquele hospital uma senhora que ali morou por exatos 50 anos, deitada em uma cama.

Maria de Lourdes Guarda sofreu uma lesão medular, perdeu todos os movimentos do corpo, exceto dos braços e não podia nem ficar sentada ainda que fosse em uma cadeira de rodas.

Passou a vida toda hospitalizada, o centro médico se tornou sua casa. Acreditem: Os passarinhos faziam companhia a ela.

Todas as manhãs a janela de seu quarto era aberta e durante o dia, os pássaros entravam, assentavam na cabeceira da cama ou no fio da antena da televisão e dona Lourdes conversava com eles. Presenciei isso em uma visita.

Parecia estar dentro de um conto de fadas e se alguém viu isto também, peço a gentileza de confirmar. Sempre haverá os que negam existir acontecimentos inusitados e bonitos assim.

Outro grande companheiro da paciente era o telefone fixo com o qual ligava para as autoridades pedindo ajuda para o hospital ou para a entidade que presidia: Fraternidade Cristã de Pessoas Doentes e Deficientes.

Em 1993, devido a uma dívida financeira elevadíssima, o Hospital Humberto I fechou suas portas em definitivo, mas ainda assim, Maria de Lourdes Guarda seguiu morando ali, auxiliada por pessoas amigas. Diagnosticada com um câncer, foi transferida ára o Hospital Santa Catarina, onde permaneceu até o dia de sua morte no ano de 1996.

Recentemente os jornais trouxeram que toda a área em torno dos prédios do antigo complexo hospitalar entrou em sua fase final de restauração.

No lugar funcionará um empreendimento com o nome, Cidade Matarazzo.

Atrás do prédio da antiga maternidade, uma torre abrigará um hotel de 151 quartos para hóspedes e 122 suítes residenciais, com inauguração prevista para o mês de dezembro..

Dentro do mesmo terreno foi montado um boulevard, em torno dos novos e dos antigos edifícios que serão ocupados por escritórios, centro cultural, lojas e áreas de gastronomia e lazer.

Inaugurados em 1904 pela família do conde Francesco Matarazzo, os prédios do Hospital Humberto I, foram tombados em 1986 pelo patrimônio histórico.

Mas o terreno de 27 mil metros quadrados sempre despertou o interesse do mercado imobiliário, por estar na região mais valorizada da capital paulista.

Em 2011, o empresário Alexandre Allard, adquiriu toda a área que ocupa o quarteirão das alamedas Rio Claro, São Carlos do Pinhal e rua Itapeva. Pela compra, pagou mais de R$ 1 bilhão.

Para tocar seu empreendimento assumiu o compromisso de levar em conta a recuperação e a preservação do que foi tombado.

Allard decidiu então contratar para o projeto, o renomado arquiteto francês Jean Nouvel, que tem no currículo obras emblemáticas como o Instituto do Mundo Árabe, de Paris, a filial do Museu do Louvre, em Abu Dhabi e a Galeria Lafayette, de Berlim.

No sábado, 13 de novembro de 2021, o cardeal Dom Odilo Scherer celebrou missa em ação de graças pela conclusão das obras de recuperação da capela de Santa Luzia, construída pela família Matarazzo quando da fundação do complexo hospitalar

Durante entrevista, Allard informou que até agora foram investidos cerca de R$ 2,7 bilhões no megaprojeto, considerado o maior entre todos os que foram levados adiante pela iniciativa privada nos últimos anos em São Paulo.

Além do projeto arquitetônico que permite a convivência do antigo com o novo, a cidade irá ganhar a partir da abertura ao público, um novo ponto de geração de negócios, empregos, lazer e cultura.

Todos sairão lucrando, isso faz parte da inspiração paulistana de buscar o progresso voltado ao bem comum da sociedade.

Seguem abaixo algumas fotos dos projetos do arquiteto Jean Nouvel:

Filial do Museu do Louvre, em Abu Dhabe

Galeria Lafayette, em Berlim 



Fontes: Portal Cidade Matarazzo e Estadão Conteúdo