quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Conheça a história da mulher que nasceu no Teatro Municipal: Quem souber seu paradeiro, favor avisar


Gostaríamos de saber onde está dona Rosa Corvino que nasceu nas dependência do Teatro Municipal de São Paulo, no dia 9 de julho 1926, no 5° andar, onde havia uma ala residencial.

Seu avô, Anielo Corvino trabalhou nas obras de construção do prédio projetado por Ramos de Azevedo, tendo sido o responsável pelo assentamento dos pisos de mármore existentes no teatro.

Depois do prédio pronto, Anielo continuou funcionário se tornando uma espécie de zelador, atividade que deixou depois para o filho Salvador Corvino, pai de dona Rosa que acreditamos esteja viva, apesar dos seus 93 anos completados agora em 2019.

Rosa Corvino tentou lançar seu livro dentro do Teatro Municipal, mas sem autorização fez o lançamento nas escadarias

A inauguração do Teatro Municipal aconteceu em 12 de setembro de 1911, uma data histórica também pelo fato de nesse dia, ter sido verificado o primeiro congestionamento de trânsito que se tem notícia na cidade.

Da frota de 300 carros licenciada naquele ano, cerca de 100 seguiram na direção do teatro naquela noite que teve como espetáculo inaugural a ópera Hamlet, cujo texto é de Willian Shakespeare.

A filha de Salvador Corvino, nasceu nas dependências do prédio do teatro, 15 anos depois da inauguração.

O Teatro Municipal de São Paulo segue belo e conservado tendo grandes edifícios ao seu redor

"Naquele tempo havia o costume das crianças nascerem em casa, sob a assistência de uma parteira e foi assim também comigo", explicou para nós dona Rosa Corvino.

Ela nos disse também em 2008, durante entrevista para a Rádio Eldorado que postamos no Spotify (veja o link abaixo) que antes dela, duas tias também nasceram na mesma ala residencial.

Houve ainda dois falecimentos na família e as pessoas foram veladas ali no mesmo setor. Hoje, no 5° andar funciona a parte administrativa dessa casa de nobres espetáculos.

Dessas reminiscências só ficou Rosa Corvino para contar as histórias. Ela morou por lá até os 24 anos de idade, quando então sua família se mudou para uma casa térrea no bairro da Vila Mariana.

A ala residencial foi desfeita durante uma grande reforma pela qual passou o Municipal, em 1952.

Rosa Corvino cresceu nos bastidores ouvindo óperas e sinfonias. Pela constante presença nesse ambiente, decidiu seguir carreira musical, se tornando pianista e mais tarde professora de música.

Em 2003 se ofereceu à prefeitura para ser monitora voluntária do teatro, uma espécie de guia turística para os visitantes do local, função que exerceu por algum tempo, mas acabou afastada da função por razões burocráticas.

No ano de 2008 lançou o livro Vida, Amor e Lembrança, onde ela conta suas lembranças. “Nos dias em que não havia espetáculos, brincávamos de bailarina no palco, eu e minhas amiguinhas de infância, usando as sapatilhas gastas que as bailarinas de verdade deixavam no camarim.”

Este é o palco do Teatro Municipal visto do alto em uma das frisas. Nele, Rosa Corvinho brincava de bailarina
O convívio junto ao meio cultural a levou conhecer  artistas como o maestro Heitor Villa-Lobos que certa vez ao vê-la estudando piano, fez elogios à sua performance e a corrigiu em alguns defeitos.

Sobre o escritor Mário de Andrade contou que ele era muito sério. “O conheci na fase em que foi secretário da Cultura e nunca vi sequer um sorriso nele, já Ciccillo Matarazzo era a figura mais simpática entre os notáveis frequentadores daquele teatro”.

Aluna do Externato São José, ninguém acreditava nela quando passava seu endereço residencial. Praça Ramos de Azevedo s/n°.

Para dirimir dúvidas muitas vezes levou professoras e colegas de classe para assistir espetáculos que só a alta sociedade conseguia pagar para ver.

Entrevistamos Rosa Corvino em 2008 quando ela estava prestes a lançar seu livro. De lá para cá não tivemos mais notícias dela.

Quem quiser ouvir o programa deve copiar e colar o link da entrevista gravada com Rosa Corvino: 


Acreditamos que dona Rosa esteja viva. Quando as pessoas morrem, correm para avisar.

Na ocasião da entrevista de 2008, fora dos microfones, ela nos disse que residia na Rua Avanhandava, São Paulo.

Acreditamos que esteja bem, rodeada de pessoas. 

Quem tiver notícias favor informar.



quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Uma joia rara em pleno bairro da Mooca


Quem descobriu este mural de rara beleza sobre nossa São Paulo, foi Douglas Nascimento, em 2013. 

Ele é jornalista, fotógrafo, memorialista e pesquisador independente, edita o site São Paulo Antiga e é nosso confrade no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo - IHGSP.

Também edita o blog Human Street View, focado em comparações fotográficas entre a atualidade e o passado.

Douglas conta que dirigia seu carro pela Avenida Paes de Barros, no bairro paulistano da Mooca, quando ao parar no semáforo deparou com um magnífico mural sobre São Paulo, na parte interna de um edifício.

Como estava parado no trânsito, observou bem a entrada do edifício cujo nome é São Raphael, um prédio entre tantos outros desta movimentada avenida. O que viu foi uma bela pintura no corredor que leva à garagem. 

Mural do Ateliê Artístico Moral inspirado na obra do artista plástico José Washt Rodrigues
O semáforo abriu, os carros que estavam atrás começaram a buzinar e Douglas teve que seguir seu caminho.

Encantado com o que viu, na mesma semana voltou ao local e caminhando a pé e observou que ali não havia apenas uma pintura. Existia, isso sim, uma verdadeira obra de arte dedicada a São Paulo. 

Tocou o interfone e pediu ao porteiro para conversar com o responsável e conhecer o espetacular mural.

Foi gentilmente recebido pela síndica, Sonia Elias Vidal que prontamente contou a ele um pouco da história deste enorme painel de azulejos, colocado dentro de um edifício residencial.

Inaugurado em 1959, o edifício São Raphael é um dos mais antigos da Mooca, tendo sido construído pelo espanhol Raphael Jurado que fez o prédio pensando na moradia de suas cinco filhas e mais um único filho. 

Disse a síndica ter sido este o primeiro prédio daquela avenida a ter elevador, motivo que inspirou o construtor a marcar presença com algo inusitado que chamasse a atenção dos visitantes. 

Raphael Jurado então contratou os serviços em azulejos produzidos pela Ateliê Artístico Moral, cujas obras estão espalhadas em outros locais cidade de São Paulo e pelo interior paulista.

O mural mostra uma mulher apresentando a capital paulista em duas épocas, tendo do lado esquerdo a São Paulo antiga, cuja inspiração é uma das famosas aquarelas de José Wasth Rodrigues, mostrando a antiga igreja do então Largo da Sé em 1859.

Pelo lado direito do mural, se avista a São Paulo moderna na época em que o prédio foi inaugurado cem anos depois da primeira imagem, mostrando o Viaduto Santa Ifigênia, o Vale do Anhangabaú e seus arredores, tudo isso entrelaçado pela bandeira paulista.

A magnífica obra está muito bem cuidada pelo condomínio do edifício São Raphael, cuja síndica dá uma atenção especial para que ela se mantenha sempre limpa e preservada.

“São Paulo sempre nos surpreende”, nos disse Douglas Nascimento que como paulistano, agradece ao construtor Raphael Jurado pela inspiração de ornamentar seu edifício com uma obra artística de tamanha beleza que releva a importância desta grande cidade para todos os brasileiros. 

“Pessoas como ele é que nos fazem amar ainda mais a nossa de São Paulo”, enfatiza Douglas Nascimento.


Fonte: Portal São Paulo Antiga

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Novo levantamento o Ibama aponta que petróleo vazado atingiu pelo menos 675 áreas de 116 cidades


Ao menos 675 pontos do litoral brasileiro foram atingidos até ahora pelas manchas de óleo que não param de emergir desde o vazamento ocorrido no fim de agosto e que se espalhou por toda a costa da Região Nordeste e pelo litoral norte do Espírito Santo.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama, em seu levantamento indica que as 675 áreas afetadas pela substância poluente estão espalhadas por 116 municípios de dez estados: nove da Região Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe) e um da região Sudeste (Espírito Santo).

Só nas últimas 24 horas, militares da Marinha, técnicos do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, além de servidores públicos de prefeituras e governos estaduais, além de voluntários vistoriaram 143 áreas. 

Destas, o Ibama classificou 64 como limpas e livres da presença de fragmentos de óleo. Nas outras 79 áreas vistoriadas, os agentes ainda encontraram manchas e vestígios esparsos de contaminação até o meio-dia da última quarta-feira, 19 de novembro.

Foto aérea na cidade de Camaçari - BA aponta a existência ainda de manchas de petróleo no mar

O Ibama informou também que, desde 30 de agosto, cerca de 4.500 toneladas de resíduos contaminados foram recolhidos de praias, manguezais, costões e outros habitats. 

A contagem desse material não inclui somente óleo, mas também areia, lonas e outros materiais utilizados para a coleta. A forma de descarte destes resíduos é determinada pelas secretarias estaduais de Meio Ambiente.

Voluntários em uma praia do Morro de São Paulo - BA  ajudam no recolhimento de detritos originados pelo vazamento

Fontes: Ibama e Agência Brasil que cedeu as fotos.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

A escritora Lygia Fagundes Telles e a lenda das estátuas trocadas


A Faculdade de Direito do Largo São Francisco traz em suas tradições, fatos pitorescos como o caso da estátua de rostos trocados, sendo que a escritora Lygia Fagundes Telles foi quem levantou a polêmica sobre uma confusão, ao que tudo indica de alunos, levando à troca do nome da estátua do poeta Álvares de Azevedo, agora colocada em frente ao prédio da faculdade cujo rosto na verdade é do poeta Fagundes Varella.

Tudo começou no início do século 20, quando um grupo de estudantes da velha e sempre nova academia, decidiu homenagear os três grandes poetas que passaram pela faculdade durante o século 19: Álvares de Azevedo, Castro Alves e Fagundes Varella. Ficou decidido que para os três seriam esculpidas estátuas em louvor pela passagem destes pela escola de Direito.

Campanhas para angariar fundos foram levadas adiante na tentativa de bancar a iniciativa havendo até uma palestra sobre Castro Alves, proferida pelo escritor e ilustre jornalista Euclides da Cunha. 

O dinheiro arrecadado, entretanto, só foi suficiente para custear um busto e ficou decidido que a homenagem seria feita por ordem alfabética cabendo a primeira honraria ao poeta Álvares de Azevedo. 

Seu busto foi esculpido em 1906. Já pronto, a faculdade decidiu doá-lo ao município, cabendo à prefeitura escolher o lugar onde seria colocado e o ponto determinado foi a Praça da República.

O tempo passou e no final da década de 1930, a escritora Lygia Fagundes, então jovem estudante do Colégio Caetano de Campos, costumava se entreter lendo poesias nos bancos da praça em frente à escola. 

“Então percebi na estátua que o rosto do Álvares de Azevedo era, na verdade, o do Fagundes Varela. Coisas do Brasil, trocaram as cabeças...”, explicou Lygia em uma entrevista ao nosso colega, repórter Edison Veiga, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, em abril de 2009.

“Depois, estudando no Largo São Francisco, espalhei minha suspeita que acabou se tornando mais uma lenda incorporada à instituição", contou a escritora, Até hoje, entretanto, a consagrada imortal pela na Academia Brasileira de Letras, cobra a colocação da “cabeça certa”, porque para ela, não havia semelhanças físicas Álvares de Azevedo e Fagundes Varella.

A escritora Lygia Fagundes Telles
De fato, quem olhar a estátua do poeta Álvares de Azevedo e depois ver sua foto poderá achar que se trata mesmo de outra pessoa.

Esta é a estátua do poeta Álvares de Azevedo colocada em frente ao prédio da Faculdade de Direito

Este é o rosto fotografado do poeta Álvares de Azevedo

Discussões à parte, ocorreu que em 2006, durante uma das edições da Virada Cultural, integrantes do Centro Acadêmico XI de Agosto tiraram a estátua que então se encontrava na Praça da República e a levaram para o Largo São Francisco como queriam os estudantes do início do século 20.

Em 1909, os alunos da faculdade contrataram um renomado artista plástico, Amadeo Zani, professor da Escola de Belas Artes, para esculpir a estátua. Por sua relevante competência não se acredita que ele esculpido um rosto diferente do que lhe foi apresentado.

Deste modo estima-se que tenha recebido um retrato diferente para esculpir, que tenha sido entregue por engano de algum estudante, ou seja: Amadeo Zani pode ter caído numa “estudantada”, visto que o rosto de estátua de fato se parece mais com o do poeta Fagundes Varella.

Este é o rosto do poeta Fagundes Varella. Aproveite e olhe novamente para a foto da estátua

Ao que tudo indica, Lygia Fagundes Telles tem razão, trocaram mesmo o rosto da estátua do poeta Álvares de Azevedo, mas o assunto segue sendo polêmica entre todos que analisam o caso e ao que parece sem solução.

Sobre a transferência de endereço da estátua, verificada em 2006 à revelia da prefeitura, a Secretaria Municipal da Cultura, apresentou uma versão explicando o busto permaneceu na Praça da República por mais de 40 anos, até que em 1950, depois da forte polêmica levantada acerca da semelhança do retratado com Fagundes Varella, o monumento foi transportado para um depósito da prefeitura e permaneceu guardado por mais de 30 anos.

Em 1984, a Academia Paulista de Letras - APL, da qual Lygia Fagundes Telles também faz parte, mostrou indignação com o fato de terem homenageado Varella com um busto de Azevedo. 

Uma carta-protesto foi apresentada à prefeitura, reivindicando o retorno da estátua à Praça da República quee ali permaneceu até maio de 2006, quando então estudantes fizeram questão de “devolvê-la” ao Largo São Francisco.

Na carta, documentada no Departamento do Patrimônio Histórico - DPH, os membros da APL diziam concordar que o busto de Álvares de Azevedo leva o jeito de Fagundes Varella, mas argumentam que a intenção do XI de Agosto era homenagear o primeiro e, por tal motivo, deram um nome para a estátua que pode não ser verdadeiramente do primeiro a ser homenageado. Ou seja, ficou o dito pelo não dito e o assunto se tornou mais uma das lendas em torno das tradições da Faculdade de Direito.

Após a instalação da estátua no Largo São Francisco, o Centro Acadêmico XI de Agosto chegou a tentar uma nova campanha, cem anos depois, pela conclusão da ideia de se esculpir as estátuas que faltavam, mas de novo faltou dinheiro. 

Oficialmente só há uma estátua, a do poeta Álvares de Azevedo, cujo rosto se parece com o do também poeta Fagundes Varella.

A estátua segue em frente ao prédio da Faculdade de Direito, no Largo São Francisco tendo passado, em 2009, por um processo de restauração para enriquecer o cabedal de histórias envolvendo a cidade de São Paulo e sua tradicional escola de Direito.

Agradecimentos ao repórter Edison Veiga.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Os 90 anos de Salomão Ésper seguem sendo comemorados entre os jornalistas do meio Rádio

Salomão Ésper segue feliz, bem-humorado, com tiradas engraçadas como se fosse um menino mesmo tendo 90 anos de idade e todos os que o conhecem ficam entusiasmados em vê-lo desse jeito e acabam contagiados por sua felicidade. 

Estivemos como ele em mais um almoço da Academia Paulista de Jornalismo, realizado nesta segunda-feira, 11 de novembro de 2019 e aproveitamos para fazer uma selfie juntos.

Salomão Ésper e Geraldo Nunes em almoço da Academia Paulista de Jornalismo em 11 de novembro de 2019
"Sempre fiz do rádio a concretização de um sonho, sem deixar em nenhum momento que o trabalho se transformasse em rotina”, nos disse certa vez este jornalista e radialista que faz parte da história da Rádio Bandeirantes, em uma entrevista que nos concedeu em nossos tempos de Rádio Eldorado, no já distante ano de 2006.

Nascido em Santa Rita do Passa Quatro, em 26 de outubro de 1929, Salomão Ésper se tornou locutor no serviço de alto-falantes de sua cidade com 14 anos de idade e depois, ao ingressar no curso científico em Pirassununga, aos 16, conseguiu um emprego na emissora local. 

Quando se transferiu para São Paulo, em 1948, para dar prosseguimento aos estudos, ingressou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, mas fez também um teste para locutor na Rádio Cruzeiro do Sul e foi aprovado.

Segundo ele o teste foi dificílimo. "Havia duas vagas e mil exigências aos candidatos como, pronunciar em inglês e alemão determinados nomes de orquestras sinfônicas e filarmônicas". Além disso pediram que ele fizesse a narração imaginária de um desfile de 7 de setembro no Anhangabaú e a descrição em voz do velório de Monteiro Lobato, ocorrido meses antes no saguão da Biblioteca Mário de Andrade. "Fiz o teste e fui aprovado juntamente com Cícero Motta, outro jovem iniciante".

Foto Oficial de seu aniversário grifada com assinatura
Contratado pela Rádio Cruzeiro do Sul, que depois passaria a se chamar Rádio Piratininga, exigiram que ele entrasse no serviço às 6 horas da manhã para fazer a locução dos anúncios comerciais para um programa sertanejo apresentado pelo animador Chico Carretel que, aos finais de semana, visitava os bairros em caravanas com vários artistas apresentando shows e o jovem locutor seguia junto no apoio de voz. 

Isto deu a ele grande popularidade, sendo convidado logo depois pela Rádio América, então pertencente ao empresário João Saad, para a apresentação de programas de auditório. 

Mas Salomão sonhava em fazer jornalismo no Rádio e disputou um concurso para ser o Repórter Esso de São Paulo, cujas edições de hora em hora eram redigidas e apresentadas pelo mesmo locutor. Foi aprovado e, por alguns meses atuou nessa função pela Rádio Record, mantendo seu emprego na Rádio América. 

Foi então que a Esso Brasileira de Petróleo transferiu seu noticiário para a Rádio Tupi que obrigou o noticiarista a optar por um dos empregos e ele preferiu continuar na Rádio América, levando ao ar um programa de calouros cujo nome era Salomão Faz Justiça. 

O jingle de abertura gravado pelos Titulares do Ritmo tinha a seguinte letra: “A vida está para o Salomão que não é rei, mas tem a lei na mão. Sabedoria não lhe falta não e, se o calouro enguiça, Salomão faz justiça”.

Como o sonho de fazer jornalismo permanecia, no final da década de 1950, ele seguiu para a Rádio Bandeirantes, se transformando em um dos apresentadores do jornal falado Primeira Hora, cuja primeira edição se deu em 1961, precedendo O Trabuco, apresentado por Vicente Leporace. 

Este, ao tirar férias, chamava Salomão para substituí-lo. Surgida a TV Bandeirantes, em 1967, passou a apresentar os noticiários da equipe dos Titulares da Notícias, chefiada por Alexandre Kadunc. Além disso, nos finais de semana, comandava na televisão o programa de entrevistas cujo nome era, Justiça com Salomão.

Com a morte de Leporace, surgiu o Jornal da Bandeirantes Gente, tendo como apresentadores em sua estreia os comentaristas, Salomão Ésper, José Paulo de Andrade e Joelmir Betting. 

O Jornal Gente segue na grade de programação da Rádio Bandeirantes e, nada data em que completou 90 anos, 26 de outubro de 2019, um sábado, Salomão compareceu ao programa para se despedir dos ouvintes e foi entrevistado por Thais Heredia, Claudio Humberto e José Paulo de Andrade, seu companheiro de longos anos. Depois, na hora do almoço recebeu homenagens da família. 

Pai de três filhos, duas moças e um rapaz e avô de três netos, dois meninos e uma menina, Salomão Ésper ainda se recente da perda da esposa Carmen Lygia Matoso Salomão, por isso apesar da data redonda dos 90, não quis festa oficial. “Já comemoramos bastante, agora quero descanso”.

Ocorre que na semana seguinte foi surpreendido de novo com mais homenagens de seus colegas de rádio e assim vem sucedendo continuamente desde então.

Um time de radialistas. De pé: Antonio Celso, César Foffá e Sérgio Boca. Sentados: Salomão Ésper, Julio César Aredes, Wellington de Oliveira e José Silvério
Salomão Ésper chega aos 90 anos com boa cabeça, lucidez, alegria, e críticas ácidas aos acontecimentos políticos e do cotidiano, sempre contando nas horas de uma boa conversa entre amigos, passagens pitorescas do meio rádio de quem sabe histórias como poucos. 

Todos sonham em chegar aos 90 anos com a mesma vitalidade e disposição de Salomão Ésper, um mestre para todos nós.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

7 de novembro: Dia do Rádio e do Radialista duas vezes no ano. Pode? Aproveite e confira pesquisa sobre a importância do Rádio na mídia atual e suas perspectivas de futuro


O Dia do Radialista segue sendo comemorado mais de uma vez ao ano.

Acompanhando mais essa data alusiva, 7 de novembro, aproveito para explicar as razões do Dia do Rádio e do Radialista ser tão comemorado.

Em primeiro lugar se deve obviamente à importância deste veículo de comunicação e de seus profissionais.

No meio disto, entretanto, há também muita bajulação para cima dos radialistas, levando os presidentes da República mais recentes, a assinarem decretos modificando datas comemorativas consolidadas, para satisfazer esse ou aquele, enfim coisas que só acontecem no Brasil.

Tudo começou em 1943 quando o então presidente Getúlio Vargas institui as datas, 21 e 25 de setembro, para as comemorações do Dia do Radialista e Dia do Rádio, respectivamente.

Pela proximidade das efemérides, as datas começaram a ser comemoradas em eventos únicos.

Buscando satisfazer a todos, o presidente Castelo Branco decide unificar em 21 de setembro, uma data única comemorativa tanto para os profissionais de Rádio quanto para o veículo de comunicação em si, a partir de um decreto-lei assinado em 1966. Mas o meio continuou festejando sua data em 25 de setembro e não quatro dias antes como estipulava o decreto.

O Rádio e os Radialistas seguem comemorando sua data em 25 de setembro, mas 7 de novembro também é Dia do Rádio

Ninguém reclamou, só que 40 anos depois outro presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, também por um decreto-lei, em 2006, transferiu para 7 de novembro as datas unificadas e comemorativas ao Dia do Rádio e do Rádialista para homenagear o compositor Ary Barroso em seu centenário de nascimento, visto que ele também foi  radialista, e dos bons.

Ocorre que a tradição se manteve e as comemorações entre os profissionais do veículo Rádio seguem acontecendo em 25 de setembro.

Mesmo assim, muitos de nós que fomos ou ainda seguimos a carreira de radialista, recebemos felicitações, mensagens nas redes sociais e tapinhas nas costas duas vezes ao ano, seja na função de locutor, técnico de som ou fazendo reportagens.

Não contestamos tantas datas, o importante é comemorar, mas a confusão tem aumentado após outro presidente, Fernando Henrique Cardoso, ter transferido de 10 de setembro para 1º de junho, o Dia do Jornalista; data esta por sinal, do meu aniversário.

Pelo Whatsapp recebi de uma colega jornalista a seguinte mensagem: “Quem segue a profissão certa, nasce no mesmo dia que ela (1° de junho)”. Lindo, não é mesmo? Obrigado.

Algumas emissoras que transmitem pela internet se modernizaram e agora transmitem com imagens pelo Youtube*

Mas afinal, por que a data 25 de setembro ganhou tradição entre os radialistas? A resposta é: Por marcar o nascimento de Edgard Roquette Pinto, primeiro especialista a entender sobre a importância da mídia no Brasil.

Por seu intermédio a Academia Brasileira de Ciências se convenceu a adquirir os equipamentos de transmissão radiofônica, oferecidos pela companhia norte-americana Westhinghouse, durante a exposição comemorativa do centenário da independência, no Rio de Janeiro, em 1922. 

A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, entrou no ar em 20 de abril 1923, graças aos esforços de Roquette Pinto que não ganhou dinheiro com isso, mas entrou para a história ao trazer o Rádio para o povo brasileiro.

Muitos dizem que o Rádio surgiu no Brasil em 6 de abril 1919, por intermédio do radiotelegrafista Antônio Joaquim Pereira, sim é possível. 



Certamente o estúdio montado na Exposição Internacional do Centenário da Independência, em 1922, era mais modesto 

Oficialmente, entretanto, Rádio Sociedade do Rio de Janeiro é a pioneira, seguida da Rádio Educadora Paulista surgida também em 1923.


Edgard Roquette Pinto pode ser considerado o pai do Rádio

O Rádio atual, apesar dos percalços, voltou a crescer a partir do surgimento de uma aliada importante: a internet.

Os podcasts, ou seja, informações gravadas de conteúdo jornalístico, estão cada vez mais populares entre os ouvintes. 

Reportagens ou mesmo programas inteiros são armazenados para serem ouvidos em qualquer hora do dia ou da noite, esteja você em que parte do mundo estiver. Basta acessar os sites das emissoras, ou links confiáveis hospedados no Youtube, Spotify e Soudclound, entre outros.

Sua emissora favorita pode ser ouvida agora com toda qualidade de som em qualquer parte do mundo via internet
Boa parte das rádios brasileiras, enfrenta seguidas crises financeiras, ainda assim uma pesquisa revelou que nove em cada dez adultos escutam rádio através das FMs ou mesmo em AM, embora esta frequência esteja com seus dias contados com encerramento previsto para dezembro de 2023.

Estes  dados constam do relatório “Rádio: credibilidade, resultado e união nacional”, apresentado durante um evento de mídia realizado em São Paulo, em 25 de setembro de 2019.

De acordo com outro estudo; “Rádio: mercado em sintonia”, o veículo segue líder em confiança entre os brasileiros:

64% das pessoas acreditam que as notícias veiculadas no rádio são verdadeiras e mais da metade dos ouvintes ligam o rádio porque querem se informar.

Outro dado importante e mais voltado ao meio publicitário aponta que, “usado de forma combinada, o rádio fortalece todas as mídias e traz resultados ainda maiores para agências e anunciantes”.

Anúncios pelo Rádio feitos junto com revistas, por exemplo, atingem quase três vezes mais consumidores.

Para muita gente, o carro sem rádio perde a graça

Os 500 participantes do evento receberam na ocasião, um pen drive em formato de cartão com o relatório da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão - Abert e o estudo da Kantar/Ibope.

“Essas informações respondem a uma demanda por estudos do meio rádio. Nós temos muitos dados sobre o rádio, mas que estavam dispersos, dificultando a análise”, explicou o jornalista Fernando Morgado, que trabalhou no estudo.

Na oportunidade, ele acrescentou que esses dados mostram a força do Rádio com argumentos de textos, gráficos, dados e números.

O relatório ainda mostra que 8 em cada 10 ouvintes possuem rádio convencional e um em cada quatro escuta rádio no carro.

O consumo de rádio online por meio de smartphones tem crescido cada vez mais: Uma em cada cinco pessoas escuta Rádio pelo celular.

Fontes: Livro – Histórias que o Rádio Não Contou – Reynaldo Tavares; Estadão Conteúdo e Abert/Kantar - Ibope
* Thiago Uberreich - Rádio Jovem Pan

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Movimento de defesa para uma “cara nova à terceira idade” recebe apoio do Congresso Nacional


A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados, aprovou um projeto que já tramitou no Senado em 2018, propondo atualizar o modelo de identificação preferencial da pessoa idosa .

O símbolo aprovado quando da elaboração do Estatuto do Idoso em 2003, representado pelo desenho de um cidadão curvado se apoiando em uma bengala, se mostra desatualizado em relação aos cidadãos com mais de 60 anos dos dias atuais.

O símbolo passa a imagem de alguém frágil e até mesmo sem autonomia. “É incontestável que essa visão se mostra equivocada para o atual momento”, disse a deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC), favorável à mudança de imagem.

Diante das argumentações boa parte dos parlamentares já acredita ser possível se aprovar em Plenário, um novo símbolo que está sendo proposto tendo por base um desenho apresentado pelo movimento “Nova cara da terceira idade”.

Integrado ao Portal do Envelhecimento, um rede do comunicação entre os segmentos da terceira idade, o movimento pleiteia a apresentação de uma imagem moderna, refletindo a real condição dos maiores de 60 anos, em sua maioria pessoas com cada vez mais vitalidade, saúde e disposição para o trabalho.

Este é o resultado de um concurso preliminar realizado na internet para a escolha de um novo pictograma

O diretor da agência paulistana Garage.IM, Max Petrucci elaborou um projeto em parceria com outros publicitários buscando modernizar o símbolo do bonequinho curvado e apoiado em uma bengala que ainda aparece em vários lugares.

O primeiro passo foi o lançamento de uma pesquisa na fan page do movimento no Facebook para a escolha de um novo símbolo e se espera agora a obtenção de 100 mil assinaturas para a entrega de um proposta oficial de mudança à Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, responsável pela normatização de sinalizações em todo o País.

Petrucci defende que a forma de se retratar pode ser mais positiva. “Sim, há perda de vitalidade, mas o idoso de hoje vive mais, está mais saudável, ativo e produtivo”. O publicitário lembra que o Brasil é um país cuja população está envelhecendo e se promover um upgrade no símbolo é uma forma de conscientizar a todos sobre o tema.”

Compare o símbolo antigo de 2003 e este que está sendo proposto agora em 2019

Quanto à aprovação pelo Congresso Nacional, a proposta segue em tramitação e o próximo passo será a análise em caráter conclusivo pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.


Fontes: Agência Câmara de Notícias e Portal do Envelhecimento

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Prepare-se: Vem aí o Dia Mundial do Banheiro e um evento ligado ao tema vai acontecer em São Paulo


Diariamente uma pessoa vai no mínimo 8 vezes ao banheiro. Sem querer fazer piada, o resultado desse tempo entre banho, lavar o rosto, escovar os dentes e o atendimento das necessidades fisiológicas, ocupa cerca de 3 meses de nossas vidas a cada ano. Certa vez um amigo me disse: “Do banheiro sempre saímos melhor do que quando entramos”.

Um evento promovido há 18 anos pela World Toilet Organization - WTO, desta vez vai acontecer no Brasil. Trata-se do maior encontro para discutir questões de saneamento no mundo, O “WORLD TOILET SUMMIT” - WTS, terá a sua 19ª. edição em terras brasileiras, mais especialmente na cidade de São Paulo.

Este é o logotipo do evento que irá tratar da importância do saneamento básico e sua relação com os banheiros
Será também o primeiro evento do gênero na América Latina e sua realização acontecerá entre os dias 17, 18 e 19 de novembro de 2019. Neste último dia do evento a data coincide com o Dia Mundial do Banheiro, instituído pelas Nações Unidas para alertar sobre a falta de banheiros, água tratada e esgotamento sanitário, em várias regiões do planeta.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS e Unicef, em pleno século 21, mais de 1 bilhão de pessoas não têm acesso a um banheiro sequer ou vivem em condições precárias de saneamento básico.
Em nosso País são aproximadamente 4 milhões de brasileiros e brasileiras sem acesso a banheiros e algo precisa ser feito!

O banheiro pode ser considerado o cômodo mais feliz da casa. Dele sempre saímos melhor do que quando entramos
O Brasil segue sendo um país com indicadores alarmantes de falta de acesso à água tratada, coleta e tratamento de esgotos.

Números oficiais do governo federal apontam que aproximadamente 35 milhões de pessoas não têm acesso à água potável, o equivalente à população do Canadá.

Outro dado alarmante: quase 100 milhões de pessoas ainda vivem em moradias sem acesso a saneamento, ou o dobro da população da Espanha.

No mundo, apenas 46% do esgoto gerado é tratado, sendo o restante despejado diretamente na natureza degradando cada vez mais os recursos naturais e principalmente os corpos hídricos.

No Brasil, apesar do Tietê e do Pinheiros poluídos, o Estado de São Paulo, é o que mais investe em saneamento básico e o que apresenta os melhores indicadores no assunto.

Ainda assim, há desafios e avanços a serem realizados, especialmente na despoluição desses rios. Uma tese que se defende há anos é que o esgoto das casas e dos edifícios saia tratado dali mesmo, com a implantação de pequenas usinas de tratamento na saída do esgoto de cada edifício.

Este é o exemplar de um mini-usina de tratamento de esgotos desenvolvida na China

O custo para isso ainda é elevado, mas especialistas discutem possibilidades de como este objeto pode ser adquirido em benefício da saúde pública.

O evento que acontecerá em São Paulo vai discutir esse tema e deve contar com a presença de representantes de diversos países, formadores de opinião nacionais e internacionais, políticos, instituições de defesa e proteção ao Meio Ambiente, além de membros da Organização das Nações Unidas - ONU.

Fico na expectativa do que irá acontecer.

Fontes: WTS 2019 e Rádio Jovem Pan