quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

O adeus do rei menino do Brasil campeão do mundo

“... Passa a vida, lembranças, imagens se vão, mas tem coisas que ficam na gente. Um menino chorando, uma copa nas mãos, essa imagem ficou para sempre. Foi um grito de glória, o Brasil, a vitória,  esse povo cantou de alegria. Essa mesma alegria que um dia vai fazer essa gente chorar...”

A letra desta antiga canção, sucesso na voz de Ângela Maria, me evocou lembranças do Rei Pelé ao receber a notícia de sua morte. 

Durante a infância assistia pela televisão seus gols e como todos meninos de minha época me tornei seu fã.

 “O tempo passa e atravessa as avenidas”, diz uma outra música interpretada por Taiguara, ao relembrar que Pelé também foi menino na cidade de Três Corações – MG onde nasceu na célebre data, 23 de outubro de 1940.

O menino negro batizado com o nome Edson Arantes do Nascimento, mudou-se depois com os seus pais para Bauru, no interior paulista. 

Filho de Dona Celeste e Seu Dondinho, apelido de João Ramos do Nascimento, o garoto ainda inocente aprendeu os primeiros fundamentos do futebol com o pai também jogador que abandonou cedo a carreira.

Jogando pelo infanto-juvenil do BAC - Bauru Atlético Clube, time amador, foi bicampeão da Liga Citadina, em 1954 e 1955. Todos que o viam jogar percebiam nele um futuro grande craque.  

Foi então que Waldemar Brito, antigo atleta da seleção brasileira, ao vê-lo ficou deslumbrado. Seu apelido em Bauru era Gasolina, por incendiar as partidas e as defesas adversárias.


Levado para o Santos Futebol Clube passou a ser chamado de Pelé e quis o destino que ele fizesse da equipe de Vila Belmiro, uma das mais conhecidas do mundo nos tempos em que vestiu a camisa 10 do alvinegro praiano.

Cada narrador esportivo ao transmitir suas jogadas criava um bordão especial. Geraldo José de Almeida, passou a chamá-lo de "craque café", para Waldyr Amaral era "o deus dos estádios" e Walter Abrahão, da TV Tupi, fazia questão de chamá-lo simplesmente de "Ele".

Pelé, logo de início, passou a fazer gols em profusão, sendo por isso convocado para a seleção brasileira com apenas 17 anos de idade.

Tal oportunidade fez dele o mais jovem jogador a sagrar-se campeão em uma Copa do Mundo, no caso a de 1958 disputada na Suécia, quando eternizou para si, o mito da camisa 10 para o melhor jogador de uma equipe.

Voltou da Suécia sendo chamado de "Rei do Futebol" e, para se ter uma ideia de sua grandiosidade, Pelé foi artilheiro do Campeonato Paulista em 11 oportunidades, sendo dessas, 9 consecutivas.

Com o Santos, foi o primeiro do Brasil a levantar o título de Bi – Campeão Mundial Interclubes e da Copa Libertadores da América, nos anos de 1962 e 1963. 

Maior goleador da Libertadores de 1965 e artilheiro da Taça Brasil por três vezes (1961, 1963 e 1964) e do Torneio Rio - São Paulo, em 1963, ao todo na carreira, Pelé marcou 1.263 gols, tendo sido o milésimo assinalado de pênalti, no Maracanã, em 19 de novembro de 1969, diante do Vasco do goleiro Andrada.

As grandes imagens de suas jogadas que ficaram eternizadas com a camisa da seleção brasileira, são as da Copa do Mundo de 1970.

Quando não é o gol de cabeça em cima da Itália, na partida final, é o “drible da vaca” sobre o goleiro do Uruguai. Por isso, apesar de ter se despedido dessa vida, Pelé estará para sempre jogando a todos que quiserem assisti-lo.

Pelé é eterno! Existe inclusive, um filme sobre ele com este nome.

Em 1971, ao se despedir da seleção, em um jogo amistoso no Maracanã diante da Iugoslávia que terminou empatado em 2 x 2, Pelé pouco depois, foi pressionado a vestir novamente a camisa canarinho para a disputa da Copa de 1974, mas não aceitou e depois confessou ter se arrependido.

Pelo Santos sua despedida aconteceu de maneira simples, a diretoria santista não soube avaliar a importância do acontecimento.

De modo singelo, na noite de 2 de outubro de 1974, em um jogo com vitória de 2 x 0 sobre a Ponte Preta pelo Campeonato Paulista, o Rei encerrou a carreira. 

Naquele dia, aos 22 minutos do segundo tempo, Pelé se ajoelhou no centro do gramado, abriu os braços e virou para os quatro lados do campo em agradecimento. Em seguida, jogadores e torcedores correram para o abraçar.


Guerreiros são pessoas, são fortes, são frágeis. Guerreiros são meninos no fundo do peito,  precisam de um descanso, precisam de remanso, precisam de um sonho que os tornem perfeitos....” diz a gravação de Raimundo Fagner.

Houve depois um convite “irrecusável” para jogar no New York Cosmos em partidas de exibição ao lado de craques de outros países. 

Estes jogos ajudaram popularizar o futebol nos Estados Unidos e fizeram de Pelé, o cidadão brasileiro mais conhecido em todo o mundo até hoje. 

No dia 15 de maio de 1981, o jornal francês L’ équipe concedeu à Sua Majestade,  o título de Atleta do Século, após pesquisa junto a cronistas dos 20 mais importantes jornais do planeta. 

Foram 178 votos a favor de Pelé e 169 para o segundo colocado, o corredor norte-americano Jesse Owens, Medalha de Ouro nas Olímpíadas de Berlim, em 1936.

Aos que reconhecem apenas o Pelé jogador, mas carregam por ele certo desprezo pelas atitudes que teve na vida, lembro mais um trecho da canção, composta por Gonzaguinha: 

“...É triste ver este homem, guerreiro menino, com a barra de seu tempo por sobre seus ombros. Eu vejo que ele berra, eu vejo que ele sangra, a dor que traz no peito, pois ama e ama...”

Vá em paz, Pelé! Suas qualidades superam seus defeitos!

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Leia nossa retrospectiva 2022 e as “previsões” para 2023

Não me lembro de um ano com tantas efemérides importantes quanto este 2022! O Brasil parece ter sorte com este número.

Comemoramos o bicentenário da Independência, o centenário da Semana de Arte Moderna e da chegada do Rádio ao nosso país.

Houve outros acontecimentos importantes durante o ano, a começar pelas eleições presidenciais mais polarizadas da história.

Para descontrair tivemos a Copa do Mundo entre os meses de novembro e dezembro, algo inédito, mas a seleção brasileira não foi adiante, caiu nas quartas de final mais uma vez e os Hermanos ficaram com o título.

Na numerologia, entretanto, o 22 representa a concretização das finalidades, por estar relacionado com tudo que envolve objetivos para a construção de um mundo melhor no sentido coletivo, ou seja, para todos.

Quanto ao 23 o que este número nos reserva?

Para os numerólogos, sonhar com o número 23, significa um momento de mudança na vida pessoal no qual será preciso tomar uma decisão que pode ser definitiva.

Não é preciso ser astrólogo para prever que o presidente eleito sofrerá com a oposição no congresso e terá que cumprir com o que prometeu na campanha e apresentar resultados de curto prazo se quiser continuar governando.

Em 2023 teremos também efemérides importantes. Lembraremos o centenário do falecimento de Ruy Barbosa, político, escritor e diplomata de grande destaque nos primeiros anos da República no Brasil.

Ele atuou na defesa do abolicionismo e na promoção dos direitos e garantias individuais, mas foi contrário à vacinação contra a varíola, no Rio de Janeiro, em 1904, pelo fato desta injetar o vírus da doença no corpo das pessoas.

Disse ele: “A lei da vacina obrigatória, é uma lei morta!”

Anos depois, o “Águia de Haia” elogiaria o médico Oswaldo Cruz, introdutor da vacina no Brasil, ao lembrar que o sanitarista, “não cedeu aos destemperos do obscurantismo popular e da oposição”.

Ao longo de 2023, também serão lembrados os 150 anos da Convenção Republicana de Itu, realizada em 18 de abril de 1873, tendo esta lançado as bases para a derrocada do Império e o início da República em nosso país.

Bem ou mal, com altos e baixos, o regime republicano permanece em vigor no Brasil, alicerçado desde 1988, por uma constituição cidadã, que assegura direitos aos cidadãos e garante o livre exercício da democracia através do voto direto e secreto.

Apesar das contestações que eventualmente possam vir a esse texto, desejo a todos e todas: Um Feliz 2023! Com muitos acontecimentos, "causos" e histórias para contar.

Viva o Brasil! Viva a democracia! Salve 2023!


Fontes:

Cinco efemérides que podem aparecer no Enem: https://ead.pucpr.br/blog/efemerides-2023

Lei da Vacina Obrigatória: https://www.migalhas.com.br/quentes/330685/lei-da-vacina-obrigatoria-e-uma-lei-morta---disse-rui-barbosa-contra-vacina-de-doenca-mortal-do-seculo-xx

Descubra qual o significado do 22 na numerologia: https://www.astrocentro.com.br/blog/numerologia/significado-numero-22-numerologia/

Número 23: quais são os seus significados? - https://osnumeros.com/numero-23/

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

A nova moda de Natal é o “Inimigo Secreto”: Você aceita brincadeiras?

Tudo muda neste mundo, inclusive as formas de se comemorar o Natal.

No calendário cristão, o Natal representa a data de nascimento de Jesus Cristo, retratado na figura do Menino Jesus.

Os livros de história contam, entretanto, que antigas civilizações comemoravam com festas o final de cada colheita agrícola.

Em Roma, se promovia a Saturnália, em homenagem ao deus romano da fartura e abundância chamado Saturno.


No ano de 313, o imperador Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos e, a partir de então, o cristianismo passou a agregar novos adeptos em Roma, tornando-se a religião oficial do Império Romano, em 390.

Em seguida, a Igreja Católica, extinguiu a Saturnália e fez dela um festejo religioso para comemorar o nascimento de Cristo e a data escolhida foi 25 de dezembro. Surgia assim o Natal.

Com o passar dos séculos e das gerações, a data foi obtendo simbolizações típicas como a troca de presentes entre as pessoas.

A Bíblia diz que o Menino Jesus, após nascer, foi visitado e presenteado por três Reis Magos, que trilharam o caminho da manjedoura seguindo, uma “Estrela Guia”.


Trocar presentes passou a significar a repetição da atitude positiva daqueles reis, embora o costume de dar presentes já ocorresse na Saturnália da antiga Roma. 

Somente no século 20 surgiu a brincadeira do “Amigo Secreto”, criada na Escandinávia, em 1929, o ano da “Grande Depressão” causada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York.

Naquele momento as pessoas estavam sem dinheiro para comprar presentes e alguém teve a ideia de colocar nomes em papeis picados para cada um retirar aquele ou aquela que seria presenteado e guardar esse nome em segredo até o dia da entrega.

Com o surgimento das redes sociais, o tradicional amigo secreto de fim de ano passou a não trazer mais a mesma emoção das décadas passadas.

Nos ambientes de trabalho surgiu uma nova versão, batizada de “Inimigo Secreto”.

O objetivo foi tornar a festa de fim de ano nas empresas mais divertida, com presentes que fogem do óbvio, de acordo com o perfil do presenteado.


Que tal dar de presente um despertador barulhento para quem sempre chega atrasado aos compromissos, ou lenços de papel para quem trabalha ao seu lado e vive espirrando?

Outro presente engraçado pode ser um rolo de papel higiênico para o colega capitalista que adora investir na bolsa com ousadia e vive perdendo dinheiro! 

Essas são algumas ideias de possíveis presentes para uma perfeita brincadeira de “inimigo secreto”.

Existem outras, basta copiar e colar o endereço abaixo: 

https://guiadospresentes.com/presente-para-inimigo-secreto/

Nos dias que antecedem a data maior da cristandade, o mais importante é manter o bom humor sem, é claro, perder o amigo... E seja feliz: Vem aí o Natal!

 

 Valéria Rambaldi colaborou

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

A internet deu sobrevida ao Rádio, só não se sabe por quanto tempo

Desde o mês de setembro tenho postado uma série de artigos em comemoração aos 100 anos do Rádio no Brasil sempre de maneira positiva e favorável.

Mas ninguém é perfeito e o Rádio brasileiro também não é. 

São inúmeras as qualidades, mas há uma série problemas que deixam em dúvida a sobrevivência deste veículo ainda hoje muito útil.

Ser útil apenas não basta, é preciso também obter lucratividade e desde quando surgiu a televisão, especialistas em mídia apontam o fim do Rádio sempre para daqui alguns anos.

O Rádio resiste, ouvido e admirado por boa parte da população, especialmente das classes mais populares.

Depois que vieram as redes de televisão, o alcance regional das rádios em AM ou FM, despencou em termos de audiência e anunciantes.

Ninguém na mídia sobrevive sem propaganda e a situação começou se agravar já na década de 1970, quando a televisão ganhou cores e via satélite passou a transmitir sua programação em rede nacional.

Os índices de audiência da TV cresceram, passaram a bater recordes sucessivos e os comerciais televisivos trouxeram lucros extraordinários aos que investiram em patrocínios.

Empresas que fabricam cervejas e refrigerantes, além das montadoras de automóveis e os grandes bancos se tornaram fortes anunciantes da TV aberta.


Para o Rádio sobraram os laboratórios de remédios e as lojas de comércio popular, além de outros poucos patrocinadores diversos.

As agências de publicidade entendem que no subconsciente, anúncios bem-produzidos despertam no consumidor um gosto especial para adquirir determinado produto.

Por isso, certos comerciais para a televisão custam  mais caro que filmes de longa-metragem, mas o resultado de quem investe em propaganda no horário nobre da TV, é amplamente satisfatório. Por quê?

As novelas e o futebol costumam dar mais de 30 pontos de audiência em uma só rede de TV aberta que cobra caro pelos seus anúncios, mas quem investe no patrocínio lucra depois muito mais.

Enquanto isso, os programas de maior audiência no Rádio costumam dar 1 ou no máximo 2 pontos de audiência, mesmo alicerçados pelo YouTube ou Facebook. Entenderam a diferença?

No Rádio com um bom texto e boas vozes dá para gravar comerciais de custo baixíssimo, mas a lucratividade também acaba sendo pequena por causa do fator audiência.

Embora a maioria das emissoras de Rádio também transmita em rede, nem sempre o anúncio tem abrangência nacional.

Enquanto algumas rádios de uma mesma programação vendem a sua propaganda, em outras praças, as associadas não conseguem vender e precisam ocupar o espaço destinado aos comerciais com chamadas de outros programas da emissora.

Na hora de repartir os vinténs surgem as discussões e o setor, por esses e outros motivos está sempre em crise, contendo gastos. 

Para se ter uma ideia, no início da década de 2000, apenas 3% de tudo o que se arrecadava em mídia no Brasil se destinava ao Rádio.


Até as empresas de outdoors, expulsas da cidade de São Paulo pela “Lei Cidade Limpa”, em 2006, faturavam mais que as rádios.

As consequências estão aí até hoje, várias emissoras venderam seus horários ou mesmo arrendaram seus prefixos para pastores e igrejas evangélicas.

Diante dessa situação, a mídia radiofônica como era na década de 1970, a que paga os menores salários para os seus profissionais.

Quem trabalha em uma rádio costuma ter também um segundo ou até terceiro emprego para cobrir todas as despesas de uma família. Quem é do ramo sabe que não estou mentindo.

Mas eis que surge a internet para ameaçar a televisão e beneficiar o Rádio que passa a falar mais longe com a mesma qualidade de som de uma emissora local, sem as oscilações da época das ondas curtas e o melhor de tudo: com imagens.

As webcams levaram o rosto dos apresentadores no estúdio para os portais e aplicativos, além de colocá-los em destaque nas redes sociais. 


Foi o balão de oxigênio que o combalido Rádio tanto precisava e ainda precisa para sobreviver.

O levantamento mais recente da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão – ABERT, aponta uma pequena melhora.

Agora, 4% das verbas publicitárias, se destinam ao Rádio, mas a luz amarela de alerta nas finanças continua acesa: Para sobreviver, será preciso melhorar o conteúdo daquilo que é levado ao ar.

Aplicativos, streamings e podcasts serão cada vez mais acessados se houver uma programação de qualidade. Se não for o usuário de internet sai fora rapidamente. 

Agora é o ouvinte que escolhe o horário para ouvir porque tudo fica armazenado nos aplicativos.

Nestas novas ferramentas podem ser incluídas propagandas de acordo com o perfil desses web-ouvintes. Isto facilita a vida das emissoras. 

Fernando Vítolo, Nilo Frateschi Jr e Heródoto Barbeiro lançaram em setembro um livro que recomendo a todos que gostam de ouvir rádio.


Os autores enfatizam que agora, para se ter acesso às emissoras de rádio não são mais necessários os botões para ligar e mudar de estação.

"Os smartphones recebem sem ruído uma enormidade de canais radiofônicos trazidos pela web e as tecnologias do Metaverso e do QR Code tendem a deixar o rádio ainda mais acessível". 

Contamos com isso para que o Rádio se torne lucrativo e sobreviva!

Com esse artigo encerro minha série de postagens sobre os 100 Anos do Rádio no Brasil, sempre na torcida para que esse veículo consiga durar pelo menos mais um século cumprindo sua meta de divertir, informar e fazer companhia às pessoas.

O Rádio não vai morrer tão cedo! Assim espero.

Abraços fraternos a todos e todas que me acompanharam nesta série de postagens. 

Também estou no livro dos Campeões do Microfone.



Fontes: 

Portal Abert: As receitas da indústria de radiodifusão

https://www.abert.org.br/web/dados-do-setor/estatisticas/faturamento-do-setor.html

Livro: 100 Anos de Rádio no Brasil - Na voz dos campeões do microfone

Autores: Nilo Frateschi Jr, Heródoto Barbeiro, Fernando Vítolo/Editora Lafonte/São Paulo/2022

www.100anosderadionobrasil.com.br