domingo, 21 de abril de 2024

Tiradentes só foi descoberto pela história depois da independência

Este 21 de abril de 2024 marca os 232 anos da morte de Tiradentes, figura emblemática e polêmica da história do Brasil.

Sua morte, ao contrário do que dizem os antigos livros, não serviu de inspiração para o Grito do Ipiranga, porque os historiadores só o descobriram muitos anos depois.

Mesmo assim, ao nosso ver, Tiradentes merece o reconhecimento de herói nacional, embora haja opiniões em contrário.

No final do século 18 ainda não se tinha a dimensão exata do tamanho do território nacional, por isso pensou-se de início, apenas na independência de Minas Gerais.

O mundo vivia a fase do iluminismo contrário à continuidade das monarquias absolutistas e tal pensamento também era defendido pelos intelectuais que participaram da Inconfidência Mineira.

Tiradentes nasceu em 1746, nas proximidades de São João Del Rey, era militar e no quartel exercia a função de alferes, um prático em odontologia treinado para arrancar dentes. Daí, o apelido.

Seu posto era tenente de cavalaria, seu trabalho era escoltar o ouro levado de Vila Rica para o Rio de Janeiro com destino a Portugal, seu pelotão se chamava “Dragões de Minas”.

O tenente Silva Xavier sabia das falcatruas que aconteciam antes das pedras preciosas chegarem ao seu destacamento e da parcialidade dos representantes da coroa portuguesa estabelecidos no Brasil, para permitir o escambo, sem o devido pagamento de impostos.


O alferes tinha o defeito de falar demais e de comentar em público esses acontecimentos nas tabernas e nos bordéis de sua época.

Isto incomodava as autoridades constituídas, mas como partiam de um oficial de baixa patente, deixavam por isso mesmo, mas viviam de olho nele.

Não havia meios para punir o contrabando de ouro e a Real Fazenda - nome que se dava ao fisco português - decidiu sobretaxar os impostos para cobrir as diferenças.

Ao novo tributo se deu o nome “derrama” que consistia na entrega pessoal de 100 arrobas de ouro e diamantes aos fiscais, ou seja, 1.500 quilos de pedras preciosas.

 Se a quantidade não fosse alcançada, se calcularia igual valor a ser pago em dinheiro.


O governo português estipulou um ano antes, a data de entrega da “derrama”: fevereiro, de 1789.

Este anúncio ocasionou grande revolta e uma série de reuniões entre os mais destacados senhores de Vila Rica, passou a acontecer.

Era preciso modificar a situação, pagar um quinto do que era arrecadado, significava a ruína dos que trabalhavam nas minas de extração do ouro e seus patrões.

Alvarenga Peixoto era um desses proprietários, assim como seu advogado e amigo pessoal, Cláudio Manuel da Costa, também dono de propriedades.

Além desses dois, Tomás Antônio Gonzaga, elogiado poeta, desembargador e ouvidor de Vila Rica passou a integrar o grupo que decidiu após sucessivos encontros, proclamar a República em Minas Gerais.


Joaquim Silvério dos Reis, dono de terras, participava dessas reuniões e como devia grande soma em dinheiro ao governo português e não queria perder suas propriedades, decidiu delatar os planos e conseguiu ter sua dívida perdoada.

Ele fez chegar a Luiz Antônio Furtado de Mendonça, o Visconde de Barbacena, governador da província, sua denúncia. Silvério não estava sozinho, junto com ele havia outros proprietários cujos nomes não aparecem na história.

Ainda assim perdeu parte dos bens por causa do levante, mas obteve de volta uma fazenda que herdara do pai.

Tiradentes participava das assembleias, mas em nenhum momento - apontam as atas - seu nome aparece entre os líderes.

Ainda assim, esses mesmos documentos comprovam que o desenho da bandeira de Minas Gerais teve o vermelho escolhido por sugestão do alferes, em homenagem à Santíssima Trindade.

A inscrição dos versos em latim “Libertas Quae Sera Tamen” – Liberdade Ainda que Tardia, do poeta romano Virgílio, foi ideia de Alvarenga Peixoto.

Ficou determinado pelos representantes do fisco que a cobrança passaria no dia marcado de porta em porta para arrecadar os impostos.

Em contrapartida, os inconfidentes combinaram de o tenente Silva Xavier sair às ruas de Vila Rica e conclamar o povo para um protesto.

Assim que os Dragões de Minas fossem chamados para abafar a agitação, o comandante da tropa, Freire de Andrade, se atrasaria.

Isso daria tempo para que o alferes se dirigisse à residência do governador e o prendesse. Em seguida, seria proclamada a República com a leitura de uma declaração de independência de Minas Gerais, em relação a Portugal.

A proposta era, buscar depois, a adesão do Rio de Janeiro e de São Paulo para a formação de um Estado único e independente.

Como o governo português fora avisado da trama, estrategicamente, a data da derrama foi adiada e nada do que ficou combinado aconteceu.

Isto arrefeceu os ânimos de alguns inconfidentes que começaram a aplacar seus ardores de liberdade.

Tiradentes seguiu irredutível, viajou para o Rio de Janeiro para levar adiante as propostas da Inconfidência Mineira, mas ao chegar acabou preso.

Sucessivamente outros 11 envolvidos foram encarcerados e conduzidos de Vila Rica para o Rio de Janeiro. Todos negaram participação e assim também fez de início o alferes.

O processo ao qual se deu o nome “Devassa”, durou três anos e após inúmeros interrogatórios, torturas e acareações, Tiradentes abarcou para si todas as culpas.

Não se sabe ao certo porque fez isso, mas sua atitude fez dele o herói nacional venerado pelos historiadores que primeiro levantaram os autos.

Seu enforcamento aconteceu em 21 de abril de 1792, no Largo da Lampadosa - Rio de Janeiro, hoje Praça Tiradentes.



Fonte: Dolci, Mariana de Carvalho/Tiradentes nem Patriota, nem Frade/Hucitec Editora/São Paulo/2020

Retratos ilustrativos extraídos no Google, exceto capa do livro fonte





 




 


sábado, 13 de abril de 2024

Musk x TSE: Vem bronca por aí! Democracia é coisa do passado?

Escreveu um leitor no espaço de comentários deste blog, na postagem anterior: “O papel da imprensa é crucial para o aprimoramento da democracia”.

Jornalistas honestos, livres, éticos e responsáveis, desempenham o papel fundamental de garantir à população, informações precisas, capazes de promover entre os diversos segmentos da sociedade, debates públicos sobre diversos assuntos.

Tenho percebido, entretanto, que a palavra democracia soa mal a certas pessoas que a entendem como sinônimo de libertinagem e corrupção.

Ser democrata para essa gente, é querer cultivar algo em desuso, conversa de quem é chato e quer arrumar confusão. Sinal de alerta, isto é perigoso! 

Acho engraçado: No Brasil, quem posa de liberal é conservador, enquanto no restante do mundo ocorre justamente o inverso.



Ainda sobre nossa postagem anterior, houve comentários também no Facebook, lá palavras agressivas contra o jornalismo e aos jornalistas proliferam.

Essa postura que considero ser de apenas, uma parte da população, ajuda a explicar por que a Câmara dos Deputados se recusa a discutir o projeto aprovado pelo Senado que estabelece regras para disciplinar a publicação de conteúdos na internet.



A questão é antiga, em abril de 2022, a Câmara dos Deputados, rejeitou um pedido para a discussão dessa mesma proposta.

Na ocasião o presidente da Câmara, Arthur Lira, reclamou do excesso de “politização” em torno do assunto por parte dos parlamentares.

No entender das big techs, não existe da parte delas nenhum compromisso com o que é postado pelos usuários e, se for o caso, cada um que responda individualmente pelos assuntos que apresentar.

Foi essa a resposta delas ao Tribunal Superior Eleitoral – TSE quando vetou a participação de alguns “influenciadores digitais” nas comunidades virtuais, entre elas o X, sob a acusação de veicular notícias falsas. Tal decisão levantou polêmicas e despertou Elon Musk para protestar em sentido contrário à corte. 

Para a imprensa o tratamento é outro: O jornalista profissional que veicula uma notícia falsa sofre interpelação judicial e a empresa que o contratou terá também que se explicar.

Aos “influenciadores digitais”, quase nada acontece, porque não há vínculo empregatício deles com as big techs.

Nascidas em pequenos escritórios no formato de “startups”, em pouco tempo elas se tornaram firmas gigantes da área digital, com faturamento que chega à casa do trilhão em valores superiores ao PIB de vários países.



Através dos algoritmos, as big techs, que gerenciam o Facebook, Instagram, Tik Tok, Telegram e o X, entre outras, impulsionam os acessos dos nossos aparelhos celulares para assuntos com os quais nos identificamos.

Por isso hoje quase não importa qual seja a manchete de um grande jornal ou as notícias dos canais da mídia eletrônica tradicional. Irá prevalecer para nós a informação que chega através dos algoritmos.

Tem gente que gosta de fake news porque elas dizem aquilo que essas pessoas pensam, independente da notícia ser verdadeira ou não. 

Por esta razão, as big techs crescem e a desinformação em muitos casos, aumenta. Como regulamentar, então? 

O assunto não se limita ao Brasil, as discussões também ocorrem em outros países.

Somente através de leis será possível resolver esses problemas de abusos praticados nas redes sociais. 

Mas é subjetivo, por isso os acusados de disseminar notícias falsas, alegam estar sendo atacados em sua "liberdade de expressão", dizem que estão sendo censurados e que o país se transformou em uma ditadura. 

Pura conversa fiada. Fazem isso para atender ao interesse próprio ou de seus financiadores.


Elon Musk, é dono de uma fortuna em torno dos US$ 200 bilhões, graças ao sucesso de seu trabalho em suas empresas, não há dúvida.

Ele atua nos setores automotivo e aeroespacial, entre outros, pagou caro para adquirir o Twitter, cerca de US$ 44 bilhões, e o transformou no X.

No princípio ninguém entendeu os motivos desse investimento tão alto, mas agora dá para ver que seu objetivo é interferir na política mundial e decidiu começar pelo Brasil para enfrentar o ministro Alexandre de Moraes, odiado pela extrema direita. 



Os pontos de vista de Elon Musk se assemelham aos seus parceiros do Vale do Silício que apoiam as ideias de Donald Trump.

Para testar sua força, passou a ameaçar o desbloqueio dos perfis suspensos no X para contrariar as decisões do Tribunal Superior Eleitoral - TSE. 

Musk faz isso para agradar os desafetos do ministro que moram no Brasil e pensam como ele. 

O dono da Tesla e da Spacex não corre riscos, porque não mora no Brasil e quem responderá judicialmente são  os seus representantes do X em nosso país, alicerçados por bons advogados.



Na Câmara dos Deputados foi criado, dias atrás, um grupo de trabalho para elaborar o novo projeto de lei que pretende regulamentar o funcionamento das big techs no país.

Os oposicionistas do atual governo chamam a proposta de "projeto da censura".

Alguma resolução terá que ser apresentada, mas aqui neste país há sempre os que preferem deixar tudo como está para ver como é que fica.

Para saber o que irá acontecer só existe um caminho, acompanhar o noticiário da mídia tradicional e, como escreveu outro leitor nosso:

“Que a imprensa continue a informar e a esclarecer. Não é possível - nem é desejável - agradar os que não querem isso.”

Só mais uma coisa: Ainda tenho esperanças que a democracia no Brasil prevaleça e saia vencedora, mesmo diante de tanta desinformação.


Confira: Blog do Geraldo Nunes: Está cada vez mais difícil a relação do público com o jornalismo: Saiba as razões

 

Fotos: Marcelo Camargo – Ag. Brasil/Luiz Romero – Secom TSE/Dimitrius Kamburis/Getty Imagens/O Brasiliense/Brasil de Fato/Google Imagens

 

Sites e assuntos pesquisados:

Presidente do TSE cobra regulamentação de redes sociais e do uso da IA — Tribunal Superior Eleitoral

Câmara terá grupo de deputados para elaborar novo PL das redes sociais (correiobraziliense.com.br)

Elon Musk x Alexandre Moraes: as causas da 'briga' - O Brasilianista

Câmara rejeita urgência para projeto das fake news (poder360.com.br)


segunda-feira, 8 de abril de 2024

Está cada vez mais difícil a relação do público com o jornalismo: Saiba as razões

Para assinalar a data 7 de abril, de comemoração ao Dia do Jornalista, o Comitê de Civismo e Cidadania da Associação Comercial de São Paulo – COCCID, promoveu na sede da entidade um debate sobre ética profissional no jornalismo.


O coordenador, Samir Nakhle Khoury, convidou para discutir o assunto os jornalistas Fábio Marckezini, Denise Campos de Toledo e Douglas Nascimento. Também fui convidado, mas como não estava em São Paulo, participei via online. 

Os palestrantes foram enfáticos em afirmar que o bombardeio contra a mídia parte das redes sociais e tem a ver com a polarização política.

Denise Campos de Toledo, por exemplo, há anos cobre economia e o mercado financeiro.

Se ela disser que as finanças do país estão indo bem, quem não gosta do atual governo fará ataques a ela. Se escrever que tudo vai mal, a bronca virá dos apoiadores do presidente.

Para não ter que responder, nem acessa as redes. Seu trabalho todos sabem, é profissional, ético e responsável, mas conforme ela explicou, "as comunidades virtuais costumam ser implacáveis"!

Douglas Nascimento comentou que recebe comentários do tipo: “Essa notícia a Folha não dá”! Para em seguida salientar: “Não dá, porque nas redes sociais nem todas as informações são verdadeiras.”

De fato, um jornalista profissional, que atua sob princípios éticos, faz primeiro a apuração da notícia para só depois publicá-la. 

Na fase de perguntas alguém questionou: Por que a imprensa só traz notícias ruins?

Convidado a interagir via online, considerei em viva voz que notícias boas também são trazidas pela mídia, mas no emaranhado de acontecimentos muitas vezes ninguém percebe.

Se a previsão do tempo disser que vai chover, quem mora na capital paulista não irá gostar, mas quem reside no interior, em meio às plantações, ficará feliz. Queda da inflação também é uma boa notícia, diminuição do desemprego, outra.

Notícias, porém, que contrariam interesses políticos nem sempre são benvindas, daí surgem as fake news.

Há os que compartilham mesmo sabendo que se trata de uma notícia falsa pelo fato de concordar com o que está escrito.

Citei na conversa online, uma matéria do Jornal Nacional que esclareceu: “Chá de inhame, não cura a dengue”. Nas redes alguns vídeos gravados por pessoas desinformadas garantem que sim. Especialistas disseram que não. Quem está certo?

No lugar de um jornalista, qual seria sua atitude? O WhatsApp é um aplicativo maravilhoso, muito útil, ele serve para o compartilhamento de informações pessoais ou em grupos, mas não é fonte de notícias.


Encerrado o encontro, no dia seguinte, leio no grupo do Coccid: “...vivemos na imprensa, trevas bem piores que no regime militar...”

Me admirei, foram duas horas de conversas e nem todos entenderam o que foi comentado!

No tempo dos generais, ninguém sequer sonhava com o aparecimento da internet. A única rede social existente era o telefone fixo, ainda assim para tê-lo instalado era preciso se inscrever no plano de expansão, pagar em prestações e aguardar cerca de dois anos ou mais.

Havia um mercado paralelo para o fornecimento de telefones, mesmo assim o governo não permitia a livre concorrência, nem as importações. As estatais detinham tudo. 

Hoje muitos nem sabem que era desse jeito, porque nasceram depois da redemocratização, outros que viveram a época, se esqueceram ou preferem não lembrar.

Havia no país uma censura prévia estabelecida dentro das redações dos jornais, só não sofria censura quem praticasse o jornalismo “chapa branca”, aquele que só publicava notícias que interessavam ao regime.

A prática desse jornalismo ainda existe, mas de outra maneira. Agora com os canais de mídias alternativas, alguns influenciadores digitais fazem uso da liberdade de expressão para comentários que sabem ser imprecisos, mas sempre favoráveis a um segmento político.

“Falsos jornalistas que não estudaram para ingressar na profissão, ocupam espaços nas redes sociais para desacreditar a verdadeira imprensa”, lembrou Fábio Marckezini, durante o evento do Coccid.


Integram o Coccid, pessoas que apoiam a integração entre o povo e a sociedade constituída, isto se dá através das ações de civismo discutidas em cada encontro.

Este trabalho é de grande importância para o Brasil atual, porque existem ainda aqueles que só compreendem o civismo dos tempos das aulas de Educação, Moral e Cívica do curso ginasial que assistíamos na década de 1970.

Sim, eram boas aquelas aulas! Graças a elas aprendemos a cantar o Hino Nacional, Hino da Independência, da República, a entender e respeitar os símbolos nacionais e a nossa bandeira.

O civismo hoje, entretanto, não se limita a esses ensinamentos, possui uma dimensão maior que passa pelo direito de acesso de todos à cidadania.

Ser cidadão é sentir-se tratado com igualdade perante a lei e a todos, para possibilitar ao Estado, a abertura de caminhos para o desenvolvimento pessoal e social de cada um.

Isto já foi alcançado por países democráticos que investem na educação, portanto, trabalhar em favor da cidadania, é cultivar o crescimento da democracia que sabemos, ainda é imperfeita no Brasil.



A imprensa tem papel fundamental neste aprimoramento da democracia, para isso depende de jornalistas honestos, livres, éticos e responsáveis.

Precisamos também aprimorar o jornalismo e para isso se faz necessária a participação de todos verdadeiramente interessados em construir uma nação melhor, sem revanchismos.

O presidente da Associação Comercial de São Paulo, Roberto Mateus Ordine, está de parabéns por apoiar e manter ativo o Comitê de Ética e Cidadania – Coccid.

Promover eventos que aproximam o público da mídia, é algo importantíssimo no sentido de se desenvolver a crítica e a autocrítica.



Para assistir a reunião do COCCID. Acesse:




Leia também Blog do Geraldo Nunes: Blog do Geraldo Nunes: Virou moda desacreditar a mídia, falar mal do jornalismo e dos jornalistas: Entenda os motivos

sexta-feira, 29 de março de 2024

O significado da Páscoa e sua importância para a humanidade

O domingo de Páscoa é o mais importante acontecimento do cristianismo, por marcar a ressurreição de Jesus Cristo, o filho de Deus que habitou entre nós, seres humanos.

A origem da palavra "Páscoa" é hebraica, vem de "Pessach" e significa "passagem", em comemoração à travessia do Mar Vermelho pelo povo judeu para se libertar de um longo período de escravidão no Egito e foi instituída em 1513 a.C.

Antes disso, a palavra Pessach era utilizada pelos povos que habitavam a bacia do Mediterrâneo para prestar sacrifícios de gratidão aos deuses pela colheita, que ocorria na primeira lua cheia da primavera.

A igreja cristã que se estabeleceu em Roma seguiu as normas judaicas para celebrar a semana santa seguida da Páscoa, que acontece na primeira lua cheia da primavera, no hemisfério norte, e no outono do hemisfério sul.

A Páscoa dos católicos, é celebrada no primeiro domingo depois da lua cheia eclesiástica e a tradição de se presentear com ovos, nada tem a ver com o catolicismo, pois surgiu na Ucrânia.


Bem antes do início da era cristã já havia o costume, entre os ucranianos, de se trocar ovos coloridos artisticamente com motivos da natureza.

Na Ucrânia se dá o nome a essa tradição de “pêssanka”, em celebração à chegada da primavera no leste europeu.


Os chineses também tinham como hábito dar ovos uns aos outros para comemorar a entrada da estação mais florida do ano.

Para deixá-los coloridos, cozinhavam os ovos com beterrabas, mas não era para comer e sim para dar de presente por representar o início da vida.

A tradição de se homenagear a entrada da primavera continuou durante a Idade Média entre os povos pagãos da Europa.


A ideia de se dar ovos como presentes de Páscoa, para serem devorados, começou na França do século 18, mas de um modo diferente.

Em vez de chocolate, os ovos eram feitos de marzipan, uma pasta de amêndoas açucaradas que fez muito sucesso, especialmente entre as crianças.


O coelho da Páscoa veio para a América com os alemães imigrantes do século 19 e o animalzinho, é associado à Páscoa pelo fato de se reproduzir rapidamente, símbolo de fertilidade e vida nova.

A Páscoa Cristã dos católicos do Brasil, é a mesma dos cristãos japoneses e de todos os demais países que seguem o calendário romano.









Colaborou: Valéria Rambaldi




domingo, 24 de março de 2024

Tome cuidado para não praticar o capacitismo, ele é perigoso

Durante evento online realizado em 15 de março de 2024, o Fórum Paulista para Acessibilidade e Inclusão da Pessoa com Deficiência, apresentou moção de apoio à cartilha "Combata o Capacitismo".


O documento busca esclarecer a sociedade sobre ações de combate ao preconceito em relação às pessoas com deficiência.

Para se promover a inclusão, é necessário antes, envolver todos em uma mudança de atitude até mesmo no modo de conversar. 

Se faz necessário compreender o comportamento de cada pessoa, de acordo com o seu tipo e grau de deficiência. 

Pode parecer difícil, mas com o tempo todos se habituam.

Mesmo os professores precisam de orientação para o exercício das práticas pedagógicas em relação aos alunos PCDs.


Pode parecer difícil, mas não é, basta ter boa vontade e ler as indicações da cartilha elaborada pela Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, com a participação de outras entidades.





Capacitismo é um tipo de discriminação que se inicia, por exemplo, com aquele ou aquela, que se dirige ao acompanhante em vez de se dirigir diretamente à pessoa com deficiência.

Isso acontece muito com as recepcionistas de consultórios médicos, geralmente por falta de orientação a elas.

Outro caso é o de referir-se a uma PCD a chamando de “ceguinha”, “aleijadinha” e outros termos pejorativos.

Não se trata de impor o “politicamente correto”, mas é preciso considerar todas pessoas como seres humanos iguais uns aos outros.


A noção de que cidadãos portadores de deficiências são inferiores aos demais, incorre em erro grave passível de punição.

Os termos estão especificados nos artigos 88 a 91, da Lei Brasileira de Inclusão nº 13.146 de 6 de julho de 2015.


O capacitismo está relacionado às pessoas com deficiência, assim como o machismo está para as mulheres e o racismo aos negros.

Claro que a prática ocorre na maioria das vezes - vale frizar - pela existência ainda, de pessoas desinformadas sobre o tema e que agem por impulso ou por total desconhecimento.

Dessa constatação surgiu a necessidade de se elaborar a cartilha de combate ao capacitismo.


Há também os que se habituaram e só aceitam conviver com seres visualmente perfeitos.

Basta lembrar que na Alemanha de Hitler, se defendia os princípios da eugenia para a criação de indivíduos tidos como perfeitos e, a partir deles, se “aperfeiçoar” a espécie humana.

Imaginem se os nazistas tivessem vencido a guerra o que seria do Brasil, uma nação multirracial?

Negros e pardos retornariam à escravidão e os portadores de deficiências seriam todos fuzilados?


Ainda bem que temos hoje um país democrático que, embora atrasado em vários aspectos, elabora programas educativos como a cartilha "Combata o Capacitismo".


Para baixar a cartilha acesse: Combata o Capacitismo (fiocruz.br)

Fontes e imagens: Observatório Direitos Humanos/ PCD Legal/LBI – Lei Brasileira de Inclusão/ Vida Mais Livre/Fiocruz/Fórum Paulista p/Inclusão e Acessibilidade/Wikipedia

 

sábado, 16 de março de 2024

Virou moda desacreditar a mídia, falar mal do jornalismo e dos jornalistas: Entenda os motivos


Cada vez mais pessoas preferem se informar pelo WhatsApp do que acompanhar as notícias trazidas pela mídia, só que este não é um bom caminho.

Muitos reclamam, não sabem mais em quem confiar e questionam: Qual o melhor noticiário, ou o menos tendencioso? "Queremos assistir notícias de fato verdadeiras", me dizem.



Sobre os assuntos as opiniões divergem, mas todo veículo de imprensa tem um perfil ao qual damos o nome de linha editorial, que varia de acordo com a classe social do público leitor, do tipo de anúncio que é veiculado, etc.

Por exemplo, a Folha e o Estadão seguem linhas editoriais diferentes, mas fazem um jornalismo de credibilidade.

Tudo o que é noticiado nesses jornais foi antes checado, mas se eventualmente acontecerem erros, os responsáveis pela notícia poderão responder judicialmente pelos prejuízos ou danos morais causados às pessoas envolvidas, empresas ou instituições.

Em outras palavras, para fazer jornalismo sério, é preciso ter nome endereço e CNPJ. 




Não existe mais no Brasil a censura prévia, aquela que definia antes o que os jornais poderiam publicar ou não. 

A televisão, o teatro e o cinema também passavam pela vigilância da Divisão de Censura de Diversões Públicas da Polícia Federal.

Nossa constituição cidadã, promulgada em 1988, nos assegurou e assegura a liberdade de expressão. Todos nós, jornalistas ou não, devemos usufruir de nossa liberdade com responsabilidade. 




Muitos influenciadores não sabem o que é censura ou como ela funcionava durante o regime militar, mas se dizem censurados, na verdade não sabem o que falam. 

Escrevo isso porque nas redes sociais, cada vez mais pessoas, se comportam igual ao menino que atira uma pedra na vidraça e sai correndo. 

Como teremos eleições daqui alguns meses, precisamos ficar atentos em relação a tudo que venha a ser mostrado pelas redes sociais.

O Congresso Nacional e o Tribunal Superior Eleitoral – TSE já se manifestaram a respeito, com a elaboração de regras em relação ao uso da Inteligência Artificial. 




A internet é livre, nela estão os “influenciadores digitais”, mas nem todos - claro que há exceções - entendem a fundo os assuntos que abordam.

Nos vídeos que gravam colocam seus pontos de vista que o público pode concordar ou não, mas em uma parte dos casos, esses influenciadores desconhecem a legislação ou atendem aos interesses de ideologias extremistas, com lições de moral e de comportamento.

Se apresentam através do YouTube, Instagram, outras redes, e vão parar no WhatsApp, sem que saibamos seu nome e de onde procede sua informação. Isto não é jornalismo.




Verdade também, é que os jornalistas profissionais precisam se aprimorar, a velocidade da tecnologia exige cada vez mais estudo e atenção, inclusive dos gestores e dos donos das mídias.

Por enquanto aqueles que tentam desacreditar a imprensa, ao que parece, estão ganhando o jogo.

Só mesmo com um trabalho sério e cada vez mais profissional, será possível virar este placar.

Os jornalistas de qualidade precisarão provar para o público que somente através deles será possível o livre direito de se tomar decisões, a partir de informações transmitidas com qualidade comprovada.

Nosso desafio é grande e os caminhos são difíceis no sentido de trazer de volta o elo perdido.




Como tudo se transforma, o tempo ajudará fazer com que surjam formas de mostrar que as redes sociais existem para se compartilhar informações e não como fonte de notícias.

Tomem cuidado para não compartilhar notícias falsas agora e durante o período eleitoral, as fake news existem a serviço dos querem disseminar o ódio e desestabilizar as sociedades, por isso passam longe de serem pessoas sérias.

Por ser blogger também atuo como influenciador digital. Se quiser, interaja comigo deixando seu comentário e de preferência coloque seu nome.


quinta-feira, 7 de março de 2024

O Dia Internacional da Mulher e a “Mística Feminina”

 A história da emancipação feminina começa na data 8 de março, em 1857. Mulheres operárias de uma fábrica de tecidos em Nova York, iniciam uma série de manifestações na busca de diminuir a extenuante jornada de trabalho e sobre elas há violenta repressão.

Trancafiadas em uma das dependências da fábrica, acabam vítimas de um incêndio considerado criminoso e 130 tecelãs morrem carbonizadas. A ação desumana abala a sociedade civil e repercute mundialmente.





A partir de então, a data 8 de março passa a ser lembrada para a reflexão das condições enfrentadas pelas mulheres em seu cotidiano, seja no mercado de trabalho, nas relações sociais e com seus familiares.

No Brasil o papel da mulher durante séculos foi sempre o da submissão, tanto que em 1916 surge uma legislação para tratar do assunto, mas ainda assim de cunho patriarcal.





O “Estatuto da Mulher Casada”, passa a estabelecer direitos às esposas abandonadas pelos maridos, mas para as solteiras, entretanto, o tratamento jurídico era outro.

A luta pelos direitos da mulher só ganha força efetiva, a partir de 1963 e ainda assim, nos Estados Unidos, quando a militante feminista Betty Friedan (1921-2006), publica seu best-seller “A Mística Feminina”.

Na obra ela sugere igualdade de direitos entre mulheres e homens, especialmente no mercado de trabalho e lança críticas à postura passiva de boa parte das mulheres de sua época.

As tradições pregavam que o trabalho da mulher, especialmente daquela que fosse casada, estivesse voltado unicamente às prendas domésticas e ao comportamento servil.





Betty Friedan combate essa postura e lança questionamentos a respeito do assédio sexual sofrido no mercado de trabalho por boa parte das solteiras.

Em 7 de setembro de 1968, um evento de protesto reune cerca de 400 ativistas do Movimento de Liberação da Mulher, em Atlantic City, cujo nome em inglês “Bra-Burning” é traduzido pela imprensa brasileira como “Queima de Sutiãs.”

Na verdade, nada é queimado naquele dia, há sim uma manifestação de mulheres contrárias ao concurso para a escolha da Miss Estados Unidos. 

As manifestantes entendem que a escolha da americana “mais bonitinha”, é também uma forma de opressão à mulher, tratada como objeto.





As manifestantes colocam em frente ao teatro onde se realiza o concurso sutiãs, sapatos de salto alto, cílios postiços, sprays de laquê, maquiagens, revistas de moda, espartilhos, cintas e outros itens femininos. 

Alguém sugere que coloquem fogo em tudo, mas nada é queimado naquele dia. Depois, com a repercussão, aí sim sutiãs foram queimados em vários cantos do mundo. 

Daí em diante, outras reações surgem e algumas mulheres partem para o confronto de ideias para combater o machismo excessivo de certos homens.

Em 1975, a Organização das Nações Unidas - ONU, oficializa o 8 de março como Dia Internacional da Mulher, no sentido de diminuir a violência nos lares e no trabalho.





Agora em pleno século 21, as mulheres brasileiras seguem na luta por mais respeito e menos violência, mesmo com a existência de leis de proteção como a “Maria da Penha”, entre outras.

Existe um outro lado para realçar o posicionamento da mulher atual em relação a si mesma: “Feminista, sem deixar de ser feminina!”

O batom, o salto alto e a maquiagem seguem na moda para que as mulheres se sintam como elas sempre foram: “Encantadoras!”





Pesquisa: Valéria Rambaldi
Fotos coletadas no Google