sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Caso Rodrigo Janot x Gilmar Mendes faz lembrar episódio da morte de João Pessoa


O ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante entrevista a diversos veículos de comunicação, disse que pensou em matar o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes e chegou a armar seu revólver, mas, “a mão invisível do bom senso tocou no meu ombro e disse: Não!".

Rodrigo Janot lança nesta semana que se inicia, seu novo livro Nada menos que tudo

Em seu livro o ex- procurador escreve: “Num dos momentos de dor aguda, de ira cega, botei uma pistola carregada na cintura e por muito pouco não descarreguei na cabeça de uma autoridade de língua ferina que, em meio àquela algaravia orquestrada pelos investigados, resolvera fazer graça com minha filha...”

Foi em 2017, depois que Janot pediu ao Supremo que considerasse Gilmar Mendes suspeito para julgar um habeas corpus ao empresário Eike Batista.

O argumento era que a esposa do ministro, Guiomar Mendes, trabalhava em um escritório de advocacia que prestava serviços ao empresário acusado.

Em seguida, circulou na imprensa a informação que a filha de Janot, a advogada Letícia Monteiro de Barros, defendia uma empreiteira envolvida na Lava Jato.

Rodrigo Janot atribuiu a publicação a Gilmar Mendes e movido pelo ódio pensou em matá-lo.

O ex-PGR chegou a premeditar formas para executar o crime, mas acabou não puxando o gatilho.


Na história do Brasil, entretanto, houve um acontecimento parecido cujo resultado culminou com a morte de João Pessoa.

O então presidente do Estado da Paraíba havia participado pleito eleitoral de 1930, como vice na chapa de Getúlio Vargas à presidência.

A eleição, ocorrida em março daquele ano foi repleta de acusações de fraude por ambos os lados.

O vencedor acabou sendo Júlio Prestes cuja posse aconteceria em novembro.

Por divergências políticas com um antigo aliado, João Pessoa, supostamente mandou vasculhar a casa de seu adversário, o deputado federal João Dantas.

Da residência foram retiradas cartas íntimas e fotos de um relacionamento do deputado com a professora e conhecida poetisa chamada Anaíde Beiriz.

Ao saber da presença do governante paraibano em Recife, em 26 de julho de 1930, João Dantas armado de um revólver, se dirigiu ao local onde governante confraternizava com amigos e o matou com dois tiros.

João Dantas após praticar o crime foi levado a um presídio onde morreu dias depois

A morte de João Pessoa comoveu a população e serviu de estopim para a Revolução de 1930 que conduziu Getúlio Vargas ao poder.

O corpo embalsamado de João Pessoa foi conduzido de Recife até o Rio de Janeiro de navio, para coincidir sua chegada com a do então presidente eleito Júlio Prestes.

Este voltava também de navio de uma viagem aos Estados Unidos e Europa que dou meses.

Disso se aproveitaram os oposicionistas para desacreditar o presidente Washington Luiz e seu sucessor junto aos militares.

O chefe do executivo foi assim afastado de suas funções e impedida a posse de seu substituto.

Getúlio Vargas assumiria em seu lugar em um governo que iria durar 15 longos anos.

Em 1997 as cinzas do governante paraibano, foram transportadas para a capital de seu Estado.

Um mausoléu foi construído entre o Palácio do Governo e a Faculdade de Direito da Universidade Federal da Paraíba.

João Pessoa dá nome hoje à capital do Estado, antes cidade da Paraíba





Fontes: Chatô, o Rei do Brasil - Fernando Morais - Companhia das Letras, pg. 218 e Agência Brasil


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