quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Quase ninguém fala, mas o Cerrado brasileiro vem sendo muito mais devastado que a Amazônia


Em 11 de setembro foi comemorado o ‘Dia do Cerrado’, bioma responsável por 5% da biodiversidade do planeta, que vendo pouco a pouco devastado por fatores diferentes aos da Amazônia onde a densidade populacional é bem menor. Mesmo assim o Cerrado segue rico em biodiversidade, por ser o habitat de quase 12 mil espécies de plantas, milhares de tipos diferentes de peixes, anfíbios, répteis, aves, borboletas e outros animais.


Corrupião é uma ave do Cerrado

Conforme dados do Ministério do Meio Ambiente referentes a 2017, pouco mais de 8% do Cerrado é legalmente protegido por reservas ou unidades de conservação. A maioria das unidades é de uso sustentável. O geógrafo e professor da UnB, Fernando Luiz Sobrinho, destaca que "mesmo nas propriedades do Cerrado de uso comercial pelo agronegócio, se faz necessário que uma porcentagem da área seja preservada.


Área original do Cerrado


Das 12 mil espécies de plantas do cerrado, mais de 400 podem ser usadas na recuperação de solos degradados. Outras 200 têm uso medicinal e as riquezas do bioma não param por aí. São tipicamente dele, frutos de sabor inusitado e nutrientes a perder de vista como o pequi, buriti, mangaba, araticum e baru.

O Cerrado brasileiro ocupa uma área de 2.036.448 km2, ou seja, cerca de 22% do território nacional. As principais causas de sua devastação dizem respeito ao avanço das queimadas e a retirada de suas matas para a utilização do solo para pastagens, sem a necessária reposição. Outra parte dessa área se transformou em fornecedora de grãos para o Brasil com destaque para a soja, voltada, principalmente, para o mercado externo.

Reprodução
Este outro mapa aponta parte da mata nativa envolvendo também caatinga e jalapão

Avanços nos sistemas de cultivo, estão permitindo a instalação de lavouras em locais antes considerados pouco propícios, os solos do Cerrado são muito ácidos e apenas a aplicação da calagem (correção do pH do solo através da adição de calcário) pode corrigir essa dificuldade. Nesse aspecto o Brasil preservou parte do meio ambiente da região pelo investimento da iniciativa privada em tecnologia agrícola.

Defender o meio ambiente não nos obriga necessariamente ter um posicionamento contrário ao agronegócio responsável por 21% do nosso Produto Interno Bruto podendo esse percentual crescer ainda mais nos próximos anos. O desenvolvimento sustentável do País pode caminhar em consonância com a preservação ambiental.  

Basta lembrar que antes havia pouco interesse do poder público em preservar esse domínio natural, visto que a não inclusão do Cerrado nas áreas naturais de preservação durante a elaboração de nossa atual Constituição, promulgada em 1988, propiciou o avanço do desmatamento tendo depois disso o agronegócio solucionado em parte a devastação do bioma. Cabe agora às Entidades Representativas do Agronegócio, orientar os pecuaristas no sentido de não derrubar árvores todos os anos para a criação de pastagens sem nenhuma atividade de renovação das áreas anteriormente cortadas. Há muito para ser feito em termos de preservação ambiental nesta região.

Importante se faz ressaltar que embora 8% da área do Cerrado tenha reservas e unidades de conservação, o índice considerado muito baixo. Vale lembrar ainda que mesmo protegidas essas áreas sofrem pressão de grileiros e agricultores desonestos que se tiverem oportunidade farão a ocupação. Nós defendemos a conscientização pela preservação do Cerrado que ainda resiste em nome da preservação da fauna, da flora, dos animais e da vida.

O tucano é uma ave que também habita o Cerrado


Fontes: Portal Brasil Escola e Agência Brasil

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