sábado, 27 de novembro de 2021

Pinacoteca de São Paulo vai ganhar prédio vizinho integrado ao Parque da Luz

A Pinacoteca de São Paulo será ampliada em 2022 com a construção de um prédio para permitir a duplicação do seu espaço expositivo e torná-la uma das instituições mais visitada do Brasil.

O novo edifício que irá ocupar uma área de 5.878 m², já tem nome e endereço: Pina Contemporânea – Avenida Tiradentes, 273 – Luz.

A obra está orçada em 85 milhões de reais e contará com recursos provenientes do governo de São Paulo e da iniciativa privada.

As pinacotecas funcionam de modo semelhante aos museus, mas abrigam somente pinturas e esculturas.

No caso da Pinacoteca do Estado de São Paulo, o acervo é considerado riquíssimo.

Nela estão guardadas obras de arte ligadas ao movimento modernista brasileiro e esculturas do francês Auguste Rodin.

Costumeiramente aconteciam exposições de artistas internacionais, mas como foi necessário se fechar tudo por causa da pandemia, o anúncio da ampliação da pinacoteca, feito na última semana, surpreendeu de maneira positiva.

A Pina Contemporânea ampliará a capacidade da pinacoteca para receber até 1 milhão de visitantes por ano, mas observem como os arquitetos ainda se esquecem da acessibilidade, em vez de rampas projetam escadas.

Segundo os organizadores, a nova construção funcionará integrada ao conjunto de edifícios da Pinacoteca de São Paulo, hoje composto pela Pinacoteca Luz e Pinacoteca Estação.

Além disso, o novo espaço terá uma área de serviços, com restaurante, loja e locais de livre circulação do público, permitindo acesso inclusive, ao Jardim da Arte, anexo ao Parque da Luz.

A previsão de inauguração é para o mês de novembro de 2022.

O prédio original da Pinacoteca do Estado, é este que quase todos conhecem, foi projetado por Ramos de Azevedo e Domiziano Rossi.

Interessante é que a proposta original era para se fazer ali, a sede do Liceu de Artes e Ofícios.

Depois a ideia mudou e se decidiu instalar no local a pinacoteca, hoje considerada o mais antigo museu de arte em funcionamento na cidade de São Paulo, cuja inauguração aconteceu em 1905 e a regulamentação como museu público estadual no ano de 1911.

O plano da Pina Contemporânea surgiu em 2008, mas só dez anos depois houve a liberação do terreno.

Quem quiser conhecer de perto a estrutura da Pina Contemporânea, deve ir presencialmente a uma das varandas da Pinacoteca Luz.

De lá, basta apontar o celular na direção indicada e ver, por realidade aumentada, como o prédio ficará no horizonte.

Abaixo veja a localização da Pina Contemporânea pelo satélite


A Secretaria da Cultura e Criatividade Econômica informa que o projeto ajudará na recuperação do centro, assim esperamos.




 

Fontes: Portal Pípslon e Governo de São Paulo

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Luiz Gama, “Zumbi da Pauliceia”

São Paulo tem histórias importantes ligadas aos negros que pela força do preconceito e outras razões ficaram durante anos no esquecimento.

O Dia da Consciência Negra foi instituído para que se reflita e se relembre acontecimentos que ajudam reforçar a ideia de que todos os seres humanos possuem direitos iguais, independentemente da cor ou da raça.

Parece óbvio, mas a discriminação racial embora velada, ainda predomina em vários segmentos de nossa sociedade

Luiz Gama, viveu e morreu em São Paulo e a meu ver deveria ser chamado de, “Zumbi da Pauliceia”.

Foi o único intelectual negro do século 19 que passou pela difícil experiência de ser escravo.

Nasceu em 1830, em Salvador – Bahia, filho de uma negra liberta de origem africana chamada Luiza Mahin, com um pai branco português.

Aos 10 anos foi vendido ilegalmente como escravo pelo próprio pai e nesta condição chegou a São Paulo.

Interessado em estudar, aprendeu a ler e escrever com 17 anos, ainda na condição de escravo, com a ajuda do jovem estudante de Direito, Antônio Rodrigues do Prado Junior.

Depois por esforço próprio obteve autorização para assistir as aulas do curso de direito na Academia do Largo São Francisco, na condição de “ouvinte” e deste modo, passou a trabalhar como rabula, termo usado para definir aquele que possuía conhecimento jurídico suficiente para advogar, mesmo sem possuir diploma.

Pela via judicial, ele próprio conseguiu conquistar sua liberdade e posteriormente de muitos outros escravos.


Lutando quase que sozinho, conseguiu a soltura de aproximadamente 500 cativos e percebam, foi um feito notável, se considerarmos que agia exclusivamente com o uso da lei.

A sua morte aos 52 anos, causada pelo diabetes, comoveu a cidade de São Paulo e o caixão foi carregado pelo povo que seguiu a pé, desde o bairro do Brás onde morava, até o cemitério da Consolação.

O féretro foi acompanhando por quase quatro mil pessoas, quantidade correspondente a 10% da população da época.

Seu sepultamento aconteceu, em 25 de agosto de 1882 e diante do túmulo, onde só existe uma placa com sua data de nascimento e morte, se fez uma tribuna improvisada e se deu voz a discursos emocionados.

Um de seus amigos, Antônio Bento, promotor público e depois juiz, de cor branca e abolicionista, continuou seu trabalho pela libertação de todos os escravos da Província de São Paulo, cuja abolição completa aconteceu antes ainda da assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel.

São acontecimentos importantes, vividos na capital paulista que não podem ser esquecidos.

Na década de 1930, em comemoração ao centenário do nascimento de Luiz Gama, um busto em sua homenagem foi instalado no Largo do Arouche, pago na ocasião pela comunidade negra da cidade.


Em 2015, a OAB reconheceu Luiz Gama como advogado e o reconhecimento dele, como profissional de imprensa, se deu em 2018 por iniciativa do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo.

Seu nome consta no Livro de Ouro dos Heróis e Heroínas da Pátria do Panteão Tancredo Neves, em Brasília.


Lançado em agosto último, com o título “Doutor Gama”, este filme conta a história do líder abolicionista brasileiro e segue em exibição nos cinemas.


Luiz Gama é nome de rua no bairro do Cambuci, em São Paulo e no bairro Maracanã, no Rio de Janeiro, além de outras cidades do país.


Este é o retrato original com o rosto deste herói brasileiro.



Fontes: Luiz Gama, a saga de um libertador/Pompeia,Magui/Peirópolis/São Paulo/1ª edição/2021/. Jornal Correio Paulistano – Arquivo do Estado de São Paulo e Jornal Unidade – SJPESP.

domingo, 14 de novembro de 2021

Luxuosa torre ao lado do antigo Hospital Matarazzo tem previsão para ser inaugurada em dezembro na região da Paulista

Tenho histórias pra contar sobre o antigo Hospital Matarazzo, depois rebatizado com o nome Hospital Humberto I.

Uma delas é que certa vez conduzi para lá, dentro de um carro de reportagem, um rapaz atropelado na avenida Brigadeiro Luiz Antônio por um motorista que fugiu.

Naquele tempo não havia serviços de resgate como hoje, nem do Corpo de Bombeiros, muito menos o Samu. 

Visitei naquele hospital uma senhora que ali morou por exatos 50 anos, deitada em uma cama.

Maria de Lourdes Guarda sofreu uma lesão medular, perdeu todos os movimentos do corpo, exceto dos braços e não podia nem ficar sentada ainda que fosse em uma cadeira de rodas.

Passou a vida toda hospitalizada, o centro médico se tornou sua casa. Acreditem: Os passarinhos faziam companhia a ela.

Todas as manhãs a janela de seu quarto era aberta e durante o dia, os pássaros entravam, assentavam na cabeceira da cama ou no fio da antena da televisão e dona Lourdes conversava com eles. Presenciei isso em uma visita.

Parecia estar dentro de um conto de fadas e se alguém viu isto também, peço a gentileza de confirmar. Sempre haverá os que negam existir acontecimentos inusitados e bonitos assim.

Outro grande companheiro da paciente era o telefone fixo com o qual ligava para as autoridades pedindo ajuda para o hospital ou para a entidade que presidia: Fraternidade Cristã de Pessoas Doentes e Deficientes.

Em 1993, devido a uma dívida financeira elevadíssima, o Hospital Humberto I fechou suas portas em definitivo, mas ainda assim, Maria de Lourdes Guarda seguiu morando ali, auxiliada por pessoas amigas. Diagnosticada com um câncer, foi transferida ára o Hospital Santa Catarina, onde permaneceu até o dia de sua morte no ano de 1996.

Recentemente os jornais trouxeram que toda a área em torno dos prédios do antigo complexo hospitalar entrou em sua fase final de restauração.

No lugar funcionará um empreendimento com o nome, Cidade Matarazzo.

Atrás do prédio da antiga maternidade, uma torre abrigará um hotel de 151 quartos para hóspedes e 122 suítes residenciais, com inauguração prevista para o mês de dezembro..

Dentro do mesmo terreno foi montado um boulevard, em torno dos novos e dos antigos edifícios que serão ocupados por escritórios, centro cultural, lojas e áreas de gastronomia e lazer.

Inaugurados em 1904 pela família do conde Francesco Matarazzo, os prédios do Hospital Humberto I, foram tombados em 1986 pelo patrimônio histórico.

Mas o terreno de 27 mil metros quadrados sempre despertou o interesse do mercado imobiliário, por estar na região mais valorizada da capital paulista.

Em 2011, o empresário Alexandre Allard, adquiriu toda a área que ocupa o quarteirão das alamedas Rio Claro, São Carlos do Pinhal e rua Itapeva. Pela compra, pagou mais de R$ 1 bilhão.

Para tocar seu empreendimento assumiu o compromisso de levar em conta a recuperação e a preservação do que foi tombado.

Allard decidiu então contratar para o projeto, o renomado arquiteto francês Jean Nouvel, que tem no currículo obras emblemáticas como o Instituto do Mundo Árabe, de Paris, a filial do Museu do Louvre, em Abu Dhabi e a Galeria Lafayette, de Berlim.

No sábado, 13 de novembro de 2021, o cardeal Dom Odilo Scherer celebrou missa em ação de graças pela conclusão das obras de recuperação da capela de Santa Luzia, construída pela família Matarazzo quando da fundação do complexo hospitalar

Durante entrevista, Allard informou que até agora foram investidos cerca de R$ 2,7 bilhões no megaprojeto, considerado o maior entre todos os que foram levados adiante pela iniciativa privada nos últimos anos em São Paulo.

Além do projeto arquitetônico que permite a convivência do antigo com o novo, a cidade irá ganhar a partir da abertura ao público, um novo ponto de geração de negócios, empregos, lazer e cultura.

Todos sairão lucrando, isso faz parte da inspiração paulistana de buscar o progresso voltado ao bem comum da sociedade.

Seguem abaixo algumas fotos dos projetos do arquiteto Jean Nouvel:

Filial do Museu do Louvre, em Abu Dhabe

Galeria Lafayette, em Berlim 



Fontes: Portal Cidade Matarazzo e Estadão Conteúdo

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Inaugurado o Parque Augusta: Por favor, frequentem

O Parque Augusta – Prefeito Bruno Covas, inaugurado na manhã do sábado, 6 de novembro de 2021, surpreendeu pela beleza do desenho paisagístico que realçou o contraste do verde com o concreto dos edifícios em sua volta.

Cerca de 700 árvores remanescentes dos jardins do antigo Colégio Des Oiseaux, inaugurado em 1907, foram preservadas.

A área ocupada pelo parque é de 23 mil metros quadrados, entre as ruas Augusta, Marquês de Paranaguá e Caio Prado e o custo para a implantação de toda a infraestrutura não saiu tão alto, R$ 11 milhões.

Ficou bonito? Sim, como apontam as fotos tiradas no dia da inauguração pelo amigo Eduardo Britto, defensor perpétuo da implantação deste parque.

Ele foi até lá e acompanhou a cerimônia de inauguração pelo prefeito Ricardo Nunes e ouviu também as reclamações sobre reforma da previdência municipal, cuja carta aberta fotografada pelo Britto pode ser lida no rodapé desta postagem.


No local foi criado um parquinho de diversão para as crianças, cachorródromo, arquibancada para shows.

Fizeram também corredores com corrimão, item este que me agrada bastante.

Conforme informações da prefeitura, foram preservados o bosque e os caminhos centenários do antigo colégio dirigido pelas freiras agostinianas do início do século 20, provenientes da Bélgica.

A instalação do Parque Augusta foi determinada pelo Plano Diretor de 2002, durante gestão da ex-prefeita Marta Suplicy, por sinal aluna deste colégio voltado à educação de meninas, cujo nome traduzido para o português significa, "Dos Pássaros".

O Des Oiseaux encerrou suas atividades em 1969 e o prédio da instituição foi demolido em 1974, quando então os novos proprietários se propuseram a construir um hotel com 1.400 apartamentos.

Depois a proposta foi mudada e se pensou em erguer um shopping center, mas em seguida veio a ideia de um boulevard de apelo cultural, só que a população moradora do entorno decidiu reivindicar um parque público.

Em 2010 ativistas fizeram uma grande manifestação em defesa da implantação de uma área dedicada ao lazer e descanso, mas os donos do terreno não aceitavam essa ideia.

Somente em 2018 a prefeitura chegou a um acordo com as construtoras envolvidas, ao oferecer em troca outros terrenos.

Ao todo foram mais de 20 anos de mobilização dos moradores e associações em defesa de um parque para revitalizar a região do Baixo Augusta.

Em São Paulo, entretanto, muitas decisões são tomadas para atender ao clamor político do momento e depois acabam  esquecidas.

Existem várias praças e até mesmo parques municipais na cidade em situação de abandono, depredados ou subutilizados para outros fins, inclusive como abrigo de moradores de rua.

Dai meu apelo logo na manchete deste artigo: Frequentem o Parque Augusta, mesmo depois dele deixar de ser uma novidade.

Foi a população da região quem pediu, mas os parques públicos se destinam aos moradores de toda a cidade, então visite.

O Parque Augusta - Prefeito Bruno Covas, vai funcionar diariamente das 5 às 21 horas e faço agora meu apelo.

Não permitam que mais uma obra pública depois de pronta fique esquecida como aconteceu com o Parque Ciência, da zona leste, e com o Parque Linear do Taboão, entre outros.

Durante a inauguração do Parque Augusta, enquanto pessoas dançavam ao som do maestro João Carlos Martins, outras reivindicavam mudanças na reforma da previdência municipal.

Ao que tudo indica, este novo espaço voltado à população já nasce democrático. Segue abaixo, foto da carta aberta à população entregue aos visitantes.


 Fontes: Portais Estadão e G1, agradecimentos a Eduardo Britto.


 

 

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Cop26 aponta contradições: No Brasil e no mundo famílias passam fome em meio ao desperdício de alimentos

A fome no mundo está na pauta dos temas a serem discutidos durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 - Cop26, que acontece em Glasgow, na Escócia e prossegue até 12 de novembro.

Um relatório produzido pelo Institution of Mechanical Engineers, aponta que o mundo produz por ano cerca de 4 bilhões de toneladas de alimentos, para uma população estimada em 7,8 bilhões de habitantes em todo o planeta. 

Metade dessa população vive em centros urbanos e 50% da comida que consome se perde principalmente em razão do desperdício doméstico, ao mesmo tempo em que 2 bilhões de habitantes de todos os continentes, passam diariamente pela insegurança de não ter o que comer no dia seguinte.

Cálculos apontam que se não houvesse no mundo tanto desperdício, sobraria comida para alimentar a todos e ninguém passaria fome.


Em 1968, o compositor Geraldo Vandré, já alertava:
“...pelos campos a fome em grandes plantações...” De lá para cá, ao que parece, pouca coisa mudou. 

Em nossa postagem anterior, falamos de famílias inteiras perambulam pelo centro de São Paulo enfrentando, além da falta de moradia, a incerteza alimentar de cada dia. 

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – FAO pretende levar aos líderes mundiais reunidos na Cop26 propostas para solucionar o problema da fome no mundo.


A FAO possui também estudos referentes ao Brasil que apontam a pandemia do coronavírus e a recessão econômica, entre as causas do agravamento da fome entre as famílias e as classes sociais menos favorecidas, muito embora comida em excesso continue sendo jogada fora por mero desperdício.

Em cada ano, os brasileiros colocam na lata de lixo 26,3 milhões de toneladas de alimentos em condições de consumo, muito embora 14 milhões de brasileiros passem fome, como apontam os números.

Segundo cálculos da FAO, o montante desperdiçado daria para satisfazer as necessidades nutricionais de 11 milhões de pessoas.

A Empresa Brasileira de Estudos Agropecuários - Embrapa, possui um levantamento feito em 2018, no qual aparece o desperdício de quase 1.300 kg de comida por ano, média aproximada de 41,6 kg por pessoa.

Conforme a Embrapa, os alimentos que mais vão para o lixo são arroz (22%), carne bovina (20%), feijão (16%) e frango (15%), ou seja, os ingredientes típicos do nosso PF.

Este mesmo estudo revela que o desperdício doméstico de alimentos no Brasil acontece pelos seguintes fatores comportamentais entre os habitantes:

77% - Colocam comida fresca à mesa diariamente jogando fora a sobra do dia anterior.

68% - Compram em quantidade acima do necessário para manter a despensa abastecida.

59% - Jogam fora as sobras da comida que ficou na panela, ou na travessa e ninguém da casa quis consumir.

56% - Preparam seus alimentos duas ou mais vezes por dia reiterando a ideia de que ‘é melhor sobrar que faltar’.

Um dos representantes da FAO no Brasil, Daniel Balaban, defende a organização de um trabalho por parte dos órgãos governamentais na forma de conscientizar as famílias para a mudança de seus hábitos de consumo.

Em relação à fome, Balaban propõe a criação pelas prefeituras de programas voltados à agricultura familiar e de orientações nas escolas sobre o consumo sustentável aos alunos.

Hoje mais do que nunca, o mundo e em especial o povo brasileiro, precisam unir forças para enfrentar os desafios da fome e dar apoio aos mais carentes.

 

Fontes: Agência Brasil, Akatu e Portal Embrapa