quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Bienal do Livro no Rio lança reflexões sobre a sobrevivência do livro impresso



A Bienal do Livro 2019 que começou no Rio nesta quinta-feira, 29 de agosto e vai até 8 de setembro, coloca em pauta a discussão de quem pensa em lançar um livro e obter lucros com a venda. Quem lança um livro no Brasil precisa primeiro pagar os custos da obra com o editor e a livraria para depois auferir alguma receita e isto requer um esforço tremendo. 



Diante deste desafio lançar e vender livros é uma tarefa arriscada para os novos autores, diante do momento de crise econômica em vivemos e pelo fato das redes sociais chamarem muito mais as atenções dos eventuais leitores.

Quase todos já ouviram dizer que a prática da leitura aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio, mas daí convencer alguém em ler aquilo que escrevemos é tarefa difícil que necessita além de uma boa história, sacrifícios e investimentos. 

Outro agravante é que entre os jovens, especialmente os adolescentes, o interesse maior interesse é o das redes sociais, especialmente o Instagram, os games e a Netflix. Os de nível universitário costumam dar preferências aos e-books. Quanto aos livros em papel? Bem, alguns dirão que é “coisa de velho”, mas se acredita que os impressos ainda irão resistir por mais algum tempo. Até quando ninguém sabe precisamente.

Em 2016, durante o 6° Congresso Internacional do Livro Digital promovido no Brasil pela CBL – Câmara Brasileira do Livro, ao historiador norte-americano e diretor da biblioteca da Universidade de Harvard, Robert Darnton, disse que a morte do livro impresso vem sendo prevista desde 1928, quando Walter Benjamin, ensaísta e crítico literário alemão, afirmou que o cinema e o rádio, matariam livcros. "Chegamos ao século 21 e o livro impresso segue sendo adquirido e nos Estados Unidos as publicações têm aumentado, inclusive aumentado cada ano".

O diretor-bibliotecário de Harvard, afirmou acreditar que o gosto pela leitura aumenta conforme as pessoas vão amadurecendo e que no Brasil não é diferente. Ocorre que em nosso País, o problema também está na sobrevivência econômica das editoras e livrarias, algumas ainda em recuperação judicial.

Outro evento que ocorre no Rio, é a 29ª Convenção Nacional de Livrarias, promovido pela ANL - Associação Nacional de Livrarias. O presidente dessa entidade, Bernardo Gurbanov, abordou em palestra o assunto “Livraria Sustentável”, com o objetivo de apresentar propostas de sobrevivência aos donos de livrarias que precisarão adaptar seus negócios às mudanças de hábitos de consumo, sem ficar reclamando das novas tecnologias e sim, fazendo uso delas em benefício próprio para oferecer o que há de mais moderno, desde livros digitais até mídias alternativas sem esquecer claro, do livro impresso que ainda desperta interesse nos leitores mais assíduos.

O pior já passou

Um levantamento apresentado pela ANL aponta que no Brasil todo, havia em 2012 um total de 3.481 livrarias, tendo esse número caído para 3.095, em 2014. No ano passado, a estimativa foi de 20% menos livrarias para 2019, resultando em apenas 2.600 estabelecimentos no País todo, número parecido ao que se verificava em 2006. Mesmo assim se acredita que o pior já passou.

Para Bernardo Gurbanov um sinal positivo é que na maioria das grandes cidades, as livrarias pararam de fechar. Buscando ser otimista, afirma que a crise significa a oportunidade de se inovar, propondo se transformar a livraria em um centro cultural de eventos associados a um lançamento de livro.

Para o presidente da ANL, o livreiro precisará ser um curador de eventos e, na medida em que seleciona livros para serem lançados, irá propor aos autores ou suas editoras, a organização de atividades, em torno do assunto tratado para assim despertar o interesse de um número maior número de pessoas identificadas com aquele projeto. 

“A somatória desse trabalho vai contribuir para a formação de novos leitores, claro que não vai mudar o quadro geral do País, de índice baixo de leitura, mas o livreiro e o editor poderão atuar diretamente na melhoria do interesse de todos pelos livros”, conclui Gurbanov.

A lição para aqueles que sonham em lançar seu próprio livro é que precisaremos também nos adaptar a uma linguagem escrita mais dinâmica, voltada a todas as mídias digitais para que os livros passem a despertar interesses diversos. 

Livros, sejam eles impressos ou digitais, precisarão estar associados a  sons, vozes e cada vez mais imagens. O mundo digital nos oferece essa possibilidade e para tanto teremos que ser criativos. O processo digital fez alargar horizontes, não podemos deixar passar as novas oportunidades. Ninguém vence na vida sem trabalho e dedicação.



 
Estimativas apontam: Livros digitais devem crescer 150% em vendas até 2021. Fontes; Publish News e Agência Brasil



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