segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

A decadência do centro não é de agora, começou com a “boca do lixo” dos anos 50 e a “boca do luxo” nos anos 60

Quando me perguntam as razões da decadência do centro histórico de São Paulo, digo que o processo não vem de agora, visto que começou no início da década de 1950.

Após intensa campanha, em 1953, o prefeito Jânio Quadros mandou suspender os alvarás para o funcionamento de “bares” localizados na zona do baixo meretrício, entre as ruas Itaboca, Aimorés, Ribeiro de Lima e José Paulino, no Bom Retiro.

Naquele mesmo ano, em dezembro, o governador do Estado, Lucas Nogueira Garcez, assinou outro decreto para pôr um fim definitivo à prostituição em São Paulo.

Acreditaram que um simples decreto acabaria com uma profissão existente no mundo desde os primórdios da humanidade.

Ao todo 161 prostíbulos foram fechados, houve até uma “rebelião das meretrizes” inconformadas com a decisão, conforme aponta uma reportagem do Diário da Noite que as trata como “decaídas”.

Surgia assim um divisor geográfico na cidade de São Paulo, as “meninas” migraram para o centro e a Avenida São João passou a ser a referência para os frequentadores do “baixo meretrício”.

De início, tudo acontecia meio às escondidas, para se evitar a presença ostensiva da polícia, mas todos sabiam que da Avenida Ipiranga até a Duque de Caxias, o fuzuê acontecia e a noite virava dia pelas ruas Timbiras, Aurora, Vitória e General Osório, entre outras, até as imediações da Estação da Luz

A região passou a ser chamada de “Boca do Lixo”, nela atuavam cerca de 15 mil prostitutas para atender seus clientes em diversas casas, apartamentos, bares e pequenos hotéis.

Lojistas, empresários e mesmo moradores que não concordavam com essas práticas deixaram a região.

Ao mesmo tempo uma parte do centro ainda ostentava glamour como, por exemplo, nas imediações do Teatro Municipal, Rua Barão de Itapetininga e Avenida São Luiz.

Pelo final da década de 1960, a Praça da República, passou a abrigar nos domingos uma “feira hippie” onde se vendia todo tipo de artesanato, artes plásticas, roupas exóticas, bijuterias e isso fez aumentar a presença já existente do público hoje chamado LGBTQ+.

Nos bairros vizinhos como Vila Buarque e Santa Cecília surgiram as boates da “Boca do Luxo” para os frequentadores de maior poder aquisitivo como a Scaramuche, Michel, Boate Azul, La Licorne, Oasis, Hollywood e Canto do Galo.


A decadência completa aconteceu durante a década de 1970, quando os escritórios das grandes empresas e as boas lojas começaram a migrar para os shoppings, outras regiões como por exemplo, a Avenida Paulista.

À espera de novos inquilinos inúmeros edifícios ficaram abandonados dando margem às ocupações irregulares que permanecem até hoje.

Em 1976, o prefeito Olavo Setúbal, implantou os calçadões nas ruas do centro velho: Direita, São Bento e 15 de Novembro.

De início a medida surtiu resultado positivo e os calçadões foram ampliados até o centro novo, entre a Praça Ramos e a República. Porém nesses lugares, o resultado não foi tão bom.

Camelôs com seus produtos de contrabando se apoderaram das ruas e o comércio pra lá de popular se estabeleceu.

O centro virou um camelódromo entre os dois lados do Viaduto do Chá, abraçou o Viaduto Santa Ifigênia e toda a região em torno da Praça da Sé.

Em 1994 na parte compreendida pelas alamedas Cleveland, Dino Bueno, Nothmann e rua Helvétia, perto de onde antes funcionava a Estação Rodoviária, surgiu a Cracolândia, nome criado pela imprensa para designar o ponto de concentração de traficantes e consumidores de crack.

Antes, no ano de 1991, na condição de repórter, acompanhei a sessão inaugural da Associação Viva o Centro, quando se apresentou uma estimativa de 20 anos para a recuperação completa da região central de São Paulo.

O prazo da Viva o Centro esgotou-se em 2011 e de lá para cá, sucessivos prefeitos buscam encontrar soluções para este problema que se agrava a cada dia, basta visitar o centro e ver o que acontece.

Em próximas postagens iremos comentar as novas propostas que estão sendo discutidas e até mesmo colocadas em prática para fazer do centro um lugar melhor, mais habitável. 



Material de Pesquisa:

Livros: Rago, Margareth/ Os prazeres da noite: prostituição e códigos da sexualidade feminina em São Paulo, 1890-1930/Editora Paz e Terra/ Rio de Janeiro/1991

Stavale, Roberto/Janelas das Recordações/Factash/São Paulo/2011

Monografia: Da Instituição à Dissolução da Zona do Baixo Meretrício Paulistana - A. Ricardo Mingareli Del Valle - Universidade Presbiteriana Mackenzie, Brasil

A Rebelião das Meretrizes: https://www.historiadadisputa.com/rebeliao-das-meretrizes/

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Justiça suspende falência da Livraria Cultura, Marcos Rey sorri lá do céu

A 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial de São Paulo suspendeu a falência da Livraria Cultura que havia sido decretada, em 9 de fevereiro, por causa das dívidas adquiridas e não quitadas pela empresa.

Queda assustadora nas vendas de livros, especialmente a partir da pandemia do coronavírus e, a diminuição até mesmo da frequência de leitores em todas as lojas, colocaram a livraria em recuperação judicial.

A decisão que dá uma nova chance à Livraria Cultura aconteceu na quinta-feira que antecedeu o carnaval, 16 de fevereiro. 

juiz relator J. B. Franco de Godoi, deferiu o pedido e decretou que se faça um “reexame” das provas que apontaram a falência definitiva.

A crise financeira da livraria continua, é verdade, mas as lojas reabriram na tentativa de se salvar o patrimônio ainda existente e se resolver as pendências, inclusive, de ordem trabalhista. 

“O momento agora é de focar nos projetos que estamos desempenhando em busca da recuperação e expansão da empresa”, disse a Livraria Cultura, em nota, celebrando a decisão.

Nossa torcida é para que tudo se resolva da melhor forma possível. Seu proprietário, Pedro Herz, foi parceiro em vários projetos levados adiante na época dos nossos programas apresentados na Rádio Eldorado.


“Cultura você encontra nos livros e livros você encontra na Cultura”, diziam os anúncios comerciais veiculados durante os intervalos comerciais da emissora.

Pedro Herz disponibilizou espaço em uma das vitrines de sua primeira loja, no Conjunto Nacional, para mostrar ao público o nosso primeiro livro São Paulo de Todos os Tempos. 

O resultado foi amplamente satisfatório, inclusive fizemos outros lançamentos lá.


Foi em frente à Livraria Cultura que conheci o escritor, cronista e colunista nos bons tempos da Revista Veja, Marcos Rey.

Ele comparecia quase todos os sábados pela manhã na livraria, para um café entre amigos dos quais destaco, o jornalista-poeta Assis Ângelo, pesquisador musical e divulgador das coisas do Nordeste, além do saudoso radialista Moraes Sarmento (1922-1998), entre outros.

Marcos Rey adorava ouvir rádio e, ao me ver, sempre pedia um relato das coisas que tinha visto durante a semana a bordo do “meu” helicóptero.

Inspirado no universo radiofônico, Marcos Rey já havia escrito: “Um cadáver ouve rádio”, trama policial que gira em torno da busca do assassino de um sanfoneiro e os motivos de haver um rádio ligado na cena do crime.

Ao vê-lo pela primeira vez, notei que tinha deformidades nas mãos, mas nem quis perguntar a respeito.


Seu nome de batismo é Edmundo Donato, nasceu no Brás, em 1925, e foi criado nos Campos Elísios, época em que o bairro era considerado nobre.

Em 1999, após voltar de uma viagem à Europa, Rey como o chamávamos, foi internado para uma cirurgia, não resistiu às complicações de um câncer já em fase adiantada e morreu aos 74 anos de idade. 

Deixou mais de 30 livros publicados, além de obras para o cinema e televisão.

Sua esposa, Palma Bevilácqua Donato, com quem ficara casado durante quase 40 anos, cumpriu após seu falecimento dois desejos do escritor: ser cremado e que suas cinzas fossem espalhadas em um lugar que houvesse “pedra e concreto”.

Assim, Palma sobrevoou com um helicóptero o centro velho de São Paulo e do alto lançou as cinzas do escritor sobre a cidade que sempre foi a grande personagem de toda a sua obra.

Foi quando fiquei sabendo que na infância, Edmundo Donato, foi portador do Mal de Hansen e naquele tempo as pessoas portadoras da lepra eram levadas para locais de isolamento e afastadas de qualquer convívio social.

A família escondeu-o por três anos, até ser descoberto e levado amarrado para o Asilo-Colônia Santo Ângelo, em Mogi das Cruzes.

Quando conseguiu sua liberdade, seguiu para o Rio de Janeiro e mudou de nome, passando a se chamar Marcos Rey, para não ser perseguido.

Havia preconceito contra os portadores dessa doença, mesmo depois de curados, fato por sinal, que acontece até hoje.

Esse segredo foi guardado durante toda a sua vida, mas autorizou que a esposa o revelasse após sua morte.

Do céu, Marcos Rey, mantém o sorriso simpático e comemora lá das alturas, onde nenhum helicóptero consegue chegar, o prosseguimento das atividades da Livraria Cultura.

Uma biblioteca municipal com seu nome, funciona no Jardim Umarizal, região do Campo Limpo, na capital paulista.

Destinada ao público infanto-juvenil, conta com aproximadamente 22 mil títulos entre livros de literatura impressos e em multimídia.

 

Fontes: Portais Publish News e Estadão, Instituto Pinheiro e Estante Virtual

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

O carnaval sempre se modifica e sua história também

A palavra carnaval vem do latim, “carnevale” e até metade do século 19 essa denominação era desconhecida pelos brasileiros.

O que havia entre nós era o entrudo, festa popular de origem religiosa surgida em Portugal que permitia ao povo se esbaldar quatro dias antes da quaresma.

Essa brincadeira acontecia de diferentes maneiras, uma delas era dar banhos de surpresa nos transeuntes com muita água escondida em algum ponto para molhar os mais distraídos.

Essa tradição manteve-se em algumas partes do Brasil até a década de 1960, para a alegria das crianças que faziam guerras de água utilizando seringas de plástico vendidas nas feiras livres.

Dizia-se que Dom Pedro II quando jovem se divertia durante o entrudo, atirando às escondidas limõezinhos de cheiro.

A palavra carnaval passou a ser usada no Brasil ainda no século 19, quando integrantes da corte descobriram o carnaval de Veneza e passaram a imitá-lo com o uso de máscaras e fantasias.

Surgiram assim os primeiros bailes de carnaval da elite carioca e com eles as tradições de Veneza, do Pierrot, Arlequim e Colombina.

O samba não fazia parte dos eventos promovidos pelos endinheirados, a música primordial era o Can Can trazido da belle-epóque francesa.

Os negros da Bahia e do Rio de Janeiro foram os introdutores do samba no carnaval feito nas ruas, reprimidos claro, pela polícia.

“Pelo Telefone”, composição de Ernesto Joaquim Maria dos Santos, o Donga, é considerado o primeiro samba gravado no Brasil, conforme a maioria dos pesquisadores musicais.

Essa música puxou a fila das marchinhas carnavalescas cantadas nos bailes promovidos pelos clubes de todo o Brasil durante décadas.

A letra original nas vozes de Bahiano e Coro, foi lançada em disco pela Casa Edson em 1916, sucesso no carnaval do ano seguinte e diz assim:

“O chefe da folia, pelo telefone manda me avisar, que com alegria não se questione para se brindar...”

Mas a malandragem do Rio de Janeiro parodiou a letra para criticar a polícia que reprimia o carnaval, mas permitia a jogatina.

“O chefe da polícia pelo telefone manda me avisar, que na Carioca tem uma roleta para se jogar...”

Martinho da Vila, regravou “Pelo Telefone” com a letra no formato de paródia e a música fez sucesso novamente.

Em São Paulo, um negro chamado Dionísio Barbosa, fundou por volta de 1910, a primeira banda de carnaval da cidade.

O Grupo Barra Funda evocava o choro com pandeiro e cavaquinho como expressão musical carnavalesca.

Deste grupo surgiram as raízes que deram vida aos primeiros cordões carnavalescos que passaram a ser a marca registrada do samba paulista.

Mas os próprios sambistas de São Paulo deram fim aos cordões para transformá-los em escolas de samba e assim, segundo eles, tornar o carnaval de São Paulo mais animado.

As primeiras escolas de samba foram a Lavapés, Camisa Verde e Branco, a Vai-Vai do Bixiga e Nenê de Vila Matilde.

Atualmente os desfiles das Escolas de Samba de São Paulo possuem identidade própria.

Bairrista que sou, considero os desfiles do sambódromo do Anhembi melhores que os do Rio de Janeiro, ao meu ver, técnicos demais.

A São Paulo do século 21 trouxe de volta o seu carnaval de rua que fez tradição nas décadas de 1940 e 1950.

Este ano no primeiro dia de desfiles do pré-carnaval, a cidade teve cerca de 140 cortejos de blocos nas ruas espalhados por várias regiões da Pauliceia Desvairada novamente, graças à alegria dos foliões e foliãs.

Entre os blocos que mais arrebanharam pessoas na “Sampa do Samba”, está o ‘Acadêmicos do Baixo Augusta’, cuja Rainha de Bateria é a atriz Alessandra Negrini.

Ao todo sairão mais de 500 blocos até o final dos “Festejos de Momo” para a alegria dos que gostam da folia e para endossar as reclamações dos chatos de plantão.

De minha parte recomendo beber com moderação e, se beber, não dirija. Sendo assim: Viva o carnaval!

Ouça Pelo Telefone em sua versão original:



Ouça Pelo Telefone com Martinho da Vila:



 Fontes: Revista Nosso Século, Enciclopédia da Música Popular Brasileira – Editora Abril/1982 Livro - Sua Excelência o Samba, Henrique L. Alves – 2ª Edição, São Paulo, Editora Símbolo, 1976. Portais: G1 e Estadão

sábado, 4 de fevereiro de 2023

São Paulo pode se transformar na “capital nacional dos chatos”, aqui existe gente que dá o contra em tudo

Recebi durante a semana pelo WhatsApp,  um abaixo-assinado de entidades que se mobilizam para impedir a realização de um festival de música eletrônica no Jardim Botânico, uma área verde vizinha ao Jardim Zoológico, da capital paulista.

O "Piknic Électronik São Paulo", um evento dançante, movido a DJ's, está marcado para começar às 12 horas do dia 4 de março, um sábado, com encerramento previsto para a meia-noite desta mesma data. A proposta é reunir um público estimado em 3 mil pessoas.

O abaixo-assinado contrário ao evento, manifesta preocupação com a poluição ambiental e sonora que o acontecimento pode causar ao parque e suas imediações.

Em resposta os organizadores do piquenique eletrônico emitiram nota explicando que “a escolha do local vem ao encontro do propósito de despertar no visitante o respeito à natureza, suas causas e valores”.

No mesmo documento, garantem total segurança ao “patrimônio vegetal e arquitetônico”, presentes no Jardim Botânico de São Paulo.

O Piknic Électronik é um evento internacional que existe há 19 anos e outras metrópoles já promoveram o encontro, como é o caso de Montreal (Canadá), Melbourne (Austrália) e Miami (Estados Unidos).

A proposta é fazer o festival sempre em parques caracterizados pela presença de áreas verdes e em contato com a natureza.

Para quem ainda não sabe, o Jardim Botânico passou para a iniciativa privada, está sendo gerido pelo consórcio Reserva Paulistana.

 A concessão do espaço foi autorizada pela lei estadual 17.107, de 2019, que fez o mesmo com o Zoológico de São Paulo.

O contrato de concessão prevê a realização de atividades de ecoturismo e visitação, lazer e cultura, além da exploração econômica do espaço.

Querem saber o que penso? A princípio não vou aderir ao abaixo-assinado! 

Pretendo primeiro saber detalhes do que acontece, porque há sempre interesses políticos por trás. Depois, é notório, existe muita gente chata que vive fechada em seus apartamentos, grudada no WhatsApp, e que passa a não gostar de mais nada. Entre esses há os terraplanistas mais preocupados com a tal de "Nova Ordem Mundial". Não caiam em qualquer conversa!

Os algoritmos das redes sociais transferem para outras plataformas, aquilo que é mais acessado e geralmente, discursos de ódio repercutem mais que as notícias verdadeiras, trazidas pela mídia profissional que possui nome, endereço, CNPJ e pode ser facilmente identificada. Este fenômeno não é só de São Paulo, tem afetado populações no mundo todo.

Acredito que esse festival levará inúmeras pessoas a conhecer o Jardim Botânico pela primeira vez. Se trata de um lugar pouco visitado, mas muito bonito. Depois, poderão voltar em outras ocasiões.

Procuro sempre ver as coisas pelo lado do bem, só reajo contra propósitos onde se evidenciam interesses escusos, segundas intenções ou ainda erros de acessibilidade nos projetos, mas me parece, que este não é o caso.

Outros dirão: "Querem apenas lucrar com isso". Qual o problema? Negócios lucrativos estão entre as características de São Paulo.

As pessoas elegem políticos que defendem concessões em parcerias público-privadas, para que as mesmas gerem oportunidades de emprego e renda. Depois reclamam?

Para a realização de qualquer evento em lugares públicos, é preciso antes se obter uma licença junto à prefeitura que de sua parte pede um relatório com uma série de exigências, inclusive de ordem ambiental.

Feito este documento paga-se uma taxa para a expedição de um alvará que  autoriza a realização do evento público e temporário. Caso a prefeitura detecte alguma irregularidade, o alvará não é expedido.

Entre 2008 e 2012 fiz parte do Conselho Municipal de Turismo e todas essas propostas passavam primeiro por lá.

São Paulo é uma cidade que merece ser visitada e sua população necessita de atividades de lazer para superar o estresse do cotidiano.

Em 2022, o número de homicídios dolosos (com intenção de matar) tiveram alta de 4,7% com relação a 2019, último ano antes da pandemia e boa parte desses crimes acontece entre quatro paredes.

O aumento da violência se dá em muitos casos pela falta de opções de lazer, as pessoas necessitam passear, se divertir, espairecer.

“O povo precisa de pão e circo”, diz a célebre frase pronunciada há séculos pelo imperador romano, Tito Flávio Vespasiano (9 - 79).

Então, não podemos ficar ao lado de opiniões dos que gostam de dar o contra em cada nova proposta que surge

Também sei que em São Paulo milhões de pessoas detestam o carnaval, apesar de existir muitas outras que gostam e agora são maioria. 

Este ano teremos 511 blocos desfilando pelas ruas da Pauliceia. Acho uma maravilha ver o povo feliz. Os "chatos" que se retirem.

Haverá transtornos no trânsito e as ruas ficarão sujas? Certamente, mas a prefeitura se encarregará de colocar tudo em ordem depois.

Como recompensa haverá maior arrecadação no comércio, especialmente nos bares, restaurantes e hotéis. Tudo isso faz movimentar a economia.

O abaixo-assinado contrário à realização do Piknic Électronik, prevê um total de 7,5 mil assinaturas com a finalidade explícita de “chamar a atenção dos tomadores de decisão”.

Quem assina a iniciativa são alunos do programa de pós-graduação em Biodiversidade Ambiental e Meio Ambiente do Instituto de Pesquisas Ambientais – IPA, órgão estadual destinado à pesquisa científica, localizado dentro do Jardim Botânico.

O deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL), ao tomar conhecimento, acionou o Ministério Público para analisar as propostas do evento e, se for o caso, impedir a realização do festival, mas para isso terá que existir uma justificativa plausível. Aguardo essa decisão

De minha parte, nada contra a decisão do deputado: quanto mais esclarecimentos, melhor. Se o Ministério Público constatar evidências que inviabilizem o evento estarei de acordo, nada deve ser feito de supetão.

O que não pode é uma parte da população ser contrária a tudo que contrarie seu cotidiano. Entendo que o Jardim Botânico continuará como sempre foi, após este evento de apenas 12 horas. O que não pode acontecer, é São Paulo ganhar a fama de "capital nacional dos chatos"!

A maioria do povo não merece tais adjetivos. Abraços democráticos.

 

Fontes: Portal Orbi Band-UOL e Agência Brasil