sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Existem formas para se tornar o trânsito de São Paulo mais humano? Eis a questão

Conversando informalmente com dois amigos, um deles me mostrou um artigo assinado por Lucas di Grassi, publicado pela Revista Veja em agosto último, onde o piloto defende a tecnologia como fator preponderante para a melhoria da qualidade de vida no trânsito e na cidade a partir do uso permanente de carros elétricos. Di Grassi é campeão mundial da Fórmula E, tendo conquistado o título em 2017.

Como se sabe, a 
ideia de se fabricar carros elétricos em larga escala não é de agora, vem dos anos 1970, quando o engenheiro João Conrado do Amaral Gurgel, instalou sua fábrica na cidade de Rio Claro – SP, para produzir o primeiro carro nacional movido unicamente por eletricidade, o Itaipu, em uma cerimônia cujo lançamento contou com nossa cobertura como repórter da então recém-inaugurada Rádio Capital.

O campeonato mundial de Fórmula E da atualidade, serve de referendo à iniciativa desse antigo empresário sobre a importância desta segmentação veicular. Organizado pela FIA, a primeira temporada internacional foi disputada no ano de 2014, sendo o brasileiro campeão mundial três anos depois. 


Lucas di Grassi comemora o título de campeão mundial da Fórmula E em Montreal - Canadá/2017
O feito é de uma grandeza histórica ainda pouco avaliada, mas daqui mais alguns anos o nome Lucas di Grassi, será certamente mais reconhecido do que agora porque os carros elétricos certamente crescerão em popularidade.

Em seu artigo para a Veja o piloto escreveu: “Já se fala na chegada de veículos autônomos sem a utilização de motoristas, tal avanço irá modificar a relação das pessoas com o automóvel”.

Ele também fala de reminiscências: “Quando o carro sem tração animal surgiu pelo final do século 19, as ruas de Manhattan se livraram da sujeira do esterco deixado pelos cavalos...”
Veio o século 20 e a partir especialmente dos anos 1960 começaram a ser sentidos mais intensamente os efeitos negativos do sistema de queima do combustível fóssil pelos motores.

 A poluição atmosférica passou a significar sinônimo de doenças, mesmo assim o automóvel seguiu e segue sendo sinônimo de ‘status’para a sociedade, ocupando o lugar preferencial das ruas e avenidas em detrimento das pessoas.
Prefeitos e demais gestores públicos seguem mais preocupados com a circulação viária do que com os pedestres e as doenças causadas pela poluição. Os congestionamentos continuam sendo diários ocasionando a lentidão no transporte coletivo em ônibus frequentemente lotados.
O Itaipu foi o primeiro carro elétrico fabricado na América do Sul
Livrar-se de tudo isso de uma vez só não é fácil, mas atenuantes podem surgir pela presença dos veículos elétricos que podem ser menores e não poluem o ar. Lucas di Grassi, também aponta os aplicativos de carona, como o Uber como atenuantes para os problemas de trânsito.“Necessariamente, ninguém mais precisará ser proprietário de um automóvel para sair e resolver seus compromissos”. Com isso teremos possivelmente uma diminuição no volume de tráfego daqui mais alguns anos.

Precisamos de soluções para acabar com a guerra do trânsito

Entre condutores, motociclistas e pedestres a relação continua sendo de desentendimento e violência.
Em 2018 na cidade de São Paulo, 366 motociclistas perderam a vida em acidentes viários e 349 pedestres morreram atropelados.

Ao todo foram 849 mortes ao se somar também as 134 vítimas de colisões, representando um aumento de 6,5% em relação ao ano anterior, conforme o Portal G-1 quando divulgou números fornecidos pela prefeitura paulistana, em 23 de maio de 2019.

Outra reportagem, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, em 19 de setembro último, traz o médico fisiatra da Rede de Reabilitação Lucy Montoro, Dr. Fernando Quadros comentando que os acidentes com motos costumam ser os mais graves.

“Quanto mais exposta a pessoa fica, mais sujeita ela está a politraumatismos. Temos um levantamento de 2018 mostrando que, de todos os acidentes envolvendo moto, cerca de 60% evoluem para algum tipo de sequela, desde a amputação até a lesão medular, que pode causar paraplegia ou tetraplegia, em 16% dos casos. Outros 7% são de lesão encefálica. A maior parte da população acidentada é do sexo masculino na faixa entre os 20 e 40 anos de idade”.

 
O Dr. Quadros explica também que os impactos no cotidiano de quem fica com sequelas causadas pelos acidentes de trânsito são inúmeros.“Quando a pessoa não volta a ser independente, acaba desviando para algum familiar a função de prestar os cuidados mínimos. Este cidadão dificilmente consegue voltar para o mesmo posto de trabalho que ocupava antes e muitos são realocados. Em outros casos, o paciente terá que redescobrir o próprio corpo e os rumos que dará à sua vida dali para a frente”.

Como prevenir acidentes? Essa é outra questão que devemos refletir

O que se precisa fazer para definitivamente conscientizar a população da necessidade de se evitar acidentes de trânsito, é ir apontando que só os avanços tecnológicos não irão resolver tudo.Continua sendo preciso cumprir o que determina o Código Brasileiro de Trânsito que pede educação nas escolas desde a infância para os futuros condutores no sentido de que estes comecem a entender desde cedo, porque é preciso evitar imprudências como forma de preservar vidas.

Como se chegar a isso?

Deixo o espaço aberto neste blog para comentários e reflexões. Se necessário fale comigo através das redes sociais: Twitter e Facebook. Nossa ideia básica é formatar um Instituto Paulista para a Humanização do Trânsito. Gostaram do nome? Pensem a respeito e me avisem.

Agradecimentos: Eduardo Britto e Horácio Augusto Figueira







4 comentários:

  1. Sou suspeito para falar, mas gostei muito do nome do instituto, e assino embaixo!

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  2. Criacao de Associação, para educação de transito, nível ensino medio e universidades. Como Associação a verba Federal é garantida, através de fundos perdidos, relacionados ao sistema de transito. O triângulo que forma a administração do trânsito, nao está sendo respeitado. Você visualiza Policiamento, Engenharia, Educação inexiste.

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  3. Caro Geraldo,
    Começo citando uma frase do saudoso Roberto Scaringella: “O trânsito de São Paulo não tem solução. Tem soluções!!”
    Ou seja, não existe uma solução mágica que resolva o trânsito da cidade, mas sim uma série de medidas que, juntas, tornarão o trânsito de São Paulo mais amigável.
    Sobre o carro elétrico: ele é, com certeza, a tendência. No entanto, não vejo o carro elétrico como uma solução para a crise de imobilidade da cidade e sim para a redução de emissões poluentes (do ar e sonoras).
    Também não concordo que a utilização de aplicativos contribua para a melhoria do trânsito, considerando que esse deslocamento corresponde a uma viagem pelo modo individual, ocupando o mesmo espaço da via que ocuparia com um veículo particular.
    Nenhuma intervenção terá maior efeito na melhoria do trânsito, que a oferta de um sistema de transporte público eficiente, acessível e confiável. Paralelamente, deveria ser criado o “pedágio urbano” ou taxa de congestionamento” como defendia há décadas o saudoso mestre.
    A frota circulante precisa de atenção. Não existe controle sobre os veículos quer circulam diariamente na cidade. Os veículos não passam pela inspeção anual obrigatória e há referências que 30% deixam de ser licenciados, não pagando impostos, taxas, multas etc. Nessa situação irregular, deixam de respeitar as regras básicas do trânsito. Para as motos, fala-se que a irregularidade chega a 50%...
    Outro aspecto é o anacrônico processo de habilitação. Um condutor de moto, por exemplo, é formado e examinado em ambientes fechados. No dia seguinte, está disputando espaço com caminhões nas marginais.
    A questão da segurança, embora a evolução venha sendo positiva, ainda pode melhorar muito. Com educação, principalmente na formação de novos condutores e também com a efetiva punição daqueles que insistem em desrespeitar as regras. A questão das motos é preocupante. Depois de um período relativamente mais tranquilo, a selvageria retornou com os motociclistas de aplicativos. É essencial um entendimento com as essas empresas de aplicativos induzindo à mudança da relação com os motociclistas contratados.
    Abraços meu amigo!
    Em tempo: Se puder ajudar na formatação do Instituto, estou à disposição.

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  4. O transito de veiculos no mundo inteiro so tende a piorar, pois nao ha solucoes magicas. O aumento do numero de veiculos pela construcao de predios de apartamentos concentra mais ainda os carros em areas ja dificeis. Reducao de velocidade e outras medidas que reduzao acidentes e a unica forma de conviver com o problema.

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