terça-feira, 3 de dezembro de 2019

As aventuras de um repórter aéreo no início das férias


O tempo é o senhor das lembranças fazendo de cada um de nós, porta-vozes de histórias recentes que acreditamos sejam de interesse geral, por envolver os bastidores da cobertura jornalística. 

A febre dos helicópteros na cobertura do trânsito pelas emissoras de rádio da capital paulista tomou conta do público lá pelo início dos anos 1990.

Quando o repórter aéreo entrava no ar, a audiência das rádios subia.

Vale lembrar que até 1994 não havia telefones celulares funcionando no Brasil e a nossa linguagem no helicóptero passava para as pessoas que havia um amigo lá em cima ensinando os caminhos para que todos se livrassem dos engarrafamentos.

Nosso trabalho de repórter aéreo aconteceu durante 21 anos, de 1989 a 2010

O resultado de audiência e faturamento passou a ser tão significativo que para os períodos de férias, as emissoras passaram a vender para os anunciantes, pacotes propondo ampla cobertura aérea pelas estradas de acesso ao litoral.

A busca de informações pelos ouvintes era tão grande que as rádios incluíam nesse pacote, o deslocamento de viaturas com repórteres para as cidades do litoral relatando em terra tudo o que acontecia na orla das praias.

Nossa emissora nessa época, era a Rádio Eldorado AM e esse tipo de cobertura por lá ganhou um nome especial: Estação Férias.

Nos finais de semana uma base era montada nas dependências de um hotel no Guarujá e técnicos de som se deslocavam para lá, transformando o local num segundo estúdio para a emissora.

Esse trabalho reforçava esforço redobrado dos repórteres, fosse em terra ou no ar, mas como se tratava de uma cobertura diferente do dia-a-dia, todos terminavam satisfeitos.

Pioneira na cobertura específica do trânsito com helicópteros, a Rádio Eldorado fez de nós o repórter aéreo mais conhecido entre os ouvintes.

A Rádio Eldorado transmitindo em AM - 700 kHz funcionou entre 1958 e 2014

Vivíamos no início da década de 1990 um período de hiperinflação no País, com reajustes de preços semanais em praticamente tudo.

Com havia interesse do público em nosso trabalho, a direção da Eldorado nos convidou para fazer parte da equipe do Estação Férias nos finais de semana.

A princípio houve recusa de nossa parte porque o trabalho diário na cobertura aérea do trânsito pela cidade de São Paulo e mais a apresentação de um programa nas madrugadas já nos desgastava bastante.

Mas o diretor de jornalismo na época, Anélio Barreto, insistiu para que aceitássemos e nos ofereceu um contrato em separado ao emprego fixo, ou seja, ganharíamos um dinheiro extra com a vantagem dele ser pago em dólares.

Isto significava que o valor recebido nesse trabalho a mais não seria desvalorizado pela inflação. Receber em dólares naquele tempo era um privilégio de poucos. Diante disso, aceitamos.

Acertadas as bases passamos a trabalhar de segunda a sexta-feira na condição de funcionário da Rádio Eldorado e aos sábados e domingos como contratado freelance.

Esse contrato específico durou entre dezembro de 1992 e fevereiro de 1993.

Dessa cobertura e de outras que vieram nos anos seguintes ficaram recordações interessantes também por causa do convívio com os pilotos de helicóptero.

Certo dia um deles sugeriu fazer uma rasante sobre a praça de pedágio em um sábado de congestionamento na Rodovia dos Imigrantes.
Os vôos rasantes do comandante Marcos Filipo sobre a Rodovias dos Imigrantes aconteciam mais ou menos nessa altura

“Quando eu iniciar a rasante, você pede para os ouvintes piscarem os faróis dos carros para confirmar a audiência”, sugeriu o comandante Marcos Felippo.

Achei a ideia genial e fiz de acordo como ele sugeriu,

O resultado foi fantástico. Um pisca-pisca danado entre os automóveis na praça de pedágio e uma enorme satisfação de saber que o nosso trabalho nos ares da cidade, repercutia também nas estradas entre os ouvintes que viajavam em seus carros para o litoral. Era a audiência confirmada.

Olha, essa é apenas uma das inúmeras histórias que tenho sobre o nosso trabalho de repórter aéreo.

Caso queiram que eu conte outras, por favor, comentem o que acharam e façam seus pedidos sobre assuntos que vocês rememoram.




7 comentários:

  1. Boas e ricas lembranças, Amigo Geraldo Nunes. Obrigado por levar de volta ao passado... ao passado rico... Obrigado...

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  2. Parabéns Geraldo, eu como taxista do aeroporto de Congonhas nesse período,utilizei diariamente as informações de trânsito pela rádio eldorado, agradeço pelos serviços prestados.j.peraro.

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  3. Sinto falta de tuas reportagens. Adorava te ouvir. Quero saber mais sim. Grande abraço para um GRANDE reporter.

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  4. Geraldo Nunes, não tem como deixar de pedir, graças a Deus com final feliz, que conte como foi aquele fatídico dia da queda do helicóptero sob a ponte Eusébio Matoso.

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