sábado, 7 de dezembro de 2019

Saiba como foi o dia em que o nosso helicóptero fez um voo proibido sobre a Fórmula 1


Conforme contamos em uma postagem anterior o comandante Marcos Felippo era um piloto muito hábil e criativo.

Partiu dele a ideia para que sobrevoássemos as filas dos pedágios em voos rasantes pedindo aos ouvintes a confirmação da audiência à nossa emissora, com um aceno ou piscada de farol do carro.

Instrutor de voo, ele nos disse ter sido um dos pioneiros na pilotagem do modelo Robinson R-22 Beta, introduzido no Brasil por ele, em especial na cidade do Rio de Janeiro, pelo final da década de 1980.

Seguindo estritamente o manual, uma aeronave de asas rotativas como o Robinson R-22, pode ser considerada um meio de transporte seguro, desde que se respeite suas restrições


O R22 é um pequeno helicóptero para duas pessoas fabricado nos Estados Unidos pela companhia Robinson Helicopter, com sede em Torrence – California. O curso de Robinson R-22 desse comandante foi feito nos Estados Unidos.

Seu baixo custo de aquisição e operação, fez dele um modelo padrão para treinamento de pilotos e ideal para a cobertura do trânsito pelas emissoras de rádio.

Como característica, possui uma alavanca de comando cíclico em forma de "Y", facilitando o acesso à cabine.

Utiliza um motor a pistão refrigerado a ar de 4 cilindros, movido à gasolina fazendo lembrar as características de um certo carrinho muito popular no Brasil que não precisaremos dizer o nome.

Na foto temos o painel do Robinson R-22 Beta. A alavanca em frente é o cíclico, uma espécie de volante, mas este da foto se encontra sem o duplo comando. A cabine desse helicóptero é menor que a parte da frente de um Fusca
Pois bem, o comandante Felippo quando voava conosco nos finais de semana de cobertura do Estação Férias pela Rádio Eldorado, costumava instalar o duplo comando e passou informalmente a nos dar aulas de pilotagem.
“Agora o helicóptero está sob seu comando faça o que quiser”, nos disse em uma tarde tranquila sobre a Rodovia dos Bandeirantes.

Percebemos que controlando sozinho, a aeronave subia e subia cada vez mais de altitude. Ele então reassumiu o controle e explicou:
“Pilotar helicóptero é parecido a soltar uma pipa, se você der linha ela sobe cada vez mais, é preciso então controlar essa linha da pipa com os braços para que a aeronave não suba.”

Mesmo assim ele costumava voar em alturas acima do padrão se achasse necessário.

Dava garantias que seus procedimentos eram feitos com segurança, “porque tenho família e contas para pagar”.

Certa vez em uma tarde de Grande Prêmio Brasil de F-1 em Interlagos fazíamos um sobrevoo para informar sobre o trânsito, mas havia o impedimento do sobrevoo de helicópteros não credenciados para a corrida sobre o autódromo, era o nosso o caso.

O piloto então nos perguntou: “Você mesmo assim gostaria de sobrevoar o autódromo?” Respondemos que sim, claro.

Ele então subiu a uma altura de 11 mil pés, ou seja, 3.352,8 metros em relação ao nível do mar.

Naquela posição não havia restrição e nem risco de multa para o piloto do helicóptero.

Lá de cima passamos a ver os helicópteros girando em torno do autódromo muito abaixo de nós. Estava próximo o início da corrida e os F-1 na pista pareciam menores que carrinhos de autorama.

Do alto pudemos informar que todo o trânsito em torno do autódromo estava tranquilo, afinal a corrida iria começar.

Esta é uma foto aérea do autódromo de Interlagos, tirada de uma altura de 3 mil pés, mas nada se compara aos 11 mil pés avistados naquele dia

Comecei a ficar com medo de que pudéssemos dar de cara com algum Boeing, mas Felippo tranquilizou dizendo que a final de pouso em Congonhas estava no sentido oposto e que não havia risco, mesmo assim iria descer para os padrões.

De volta ao Campo de Marte enquanto pousava, Marcos Felippo nos disse. “Fiz essa travessura para que você visse um pouco da corrida, você é meu brother.”

Bem, em uma próxima postagem falarei do dia em que o nosso helicóptero foi obrigado a seguir a rota do vento.





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