Existem três formas de se escrever e as três estão corretas, mas cada uma delas apresenta intenções comunicativas diferentes.
A palavra Ano-Novo, com hífen e maiúsculas, indica a festa de passagem de ano, ou seja, o Réveillon.
A palavra ano-novo, com hífen e minúsculas, indica o ano que começa, bem como o primeiro dia do ano.
A expressão ano novo, sem hífen e minúsculas, indica um ano que é novo, sendo o contrário de ano velho.
Origens da festa do Réveillon
Santo Agostinho, respeitado em todas as religiões cristãs por ter sido filósofo, detestava comemorar o Ano-Novo, pois dizia ser esta a “festa da loucura”. Se vivesse os dias atuais e conhecesse o carnaval, talvez mudasse de opinião.
A entrada de um novo ano é sempre um renovar de esperanças para se levar adiante os planos na busca constante de uma vida melhor.
Por pensarem assim, os franceses decidiram incrementar a festa de passagem entre um ano e outro e da conjugação do verbo réveiller, se criou o termo réveillon que em francês significa “despertar”, em alusão a uma nova era.
Os calendários e seu surgimento
Todas as culturas têm calendários anuais, seja para o ano novo chinês, judaico e outros mais.
Este nosso, foi elaborado pelos antigos romanos tendo sido aperfeiçoado ao longo dos séculos, sendo seguido até hoje em todo o ocidente.
A marca para se registrar a mudança entre um ano se deu a pedido de Júlio César, fundador do Império Romano, em 753 a.C.
Ao longo dos tempos, o calendário romano foi passando por sucessivas mudanças e, segundo registros, até 46 a.C. cada ano tinha apenas dez meses.
Novas alterações promoveram o surgimento do calendário juliano estipulando 12 meses e a data 1º de janeiro como dia inicial de cada nova contagem anual.
Os romanos deram o nome janeiro ao primeiro mês do ano para homenagear Jano, o deus dos portões que tinha duas faces: uma voltada para frente e a outra para trás.
O rosto das costas olhava o 31 de dezembro e o frontal para o primeiro dia do novo ano, que curiosamente até então tinha apenas dez meses.
Esta é a imagem de Jano, deus inspirador do nome janeiro |
Descobriu-se que se fazia necessário criar mais dois meses, para que a conta das entradas e saídas das estações e os períodos de chuva e neve, dessem certo. Tal decisão facilitou a escolha das datas de agricultura para plantio e colheita
Mas se sabia que essas alterações iriam mexer com a vida e o cotidiano de muitas pessoas e por causa disso, já naquele tempo o assunto precisou passar primeiro pelo Senado Romano para só depois ser aprovado.
A mudança fez surgir um subtítulo: calendário juliano, pelo fato deste ter dois meses a mais que o anterior.
Os dois novos meses ganharam nomes em homenagem a dois antigos imperadores: Júlio César e César Augusto.
Surgiram assim os meses de julho e agosto, com 31 dias cada e situados bem no centro do calendário.
Para que a conta de 365 dias ao final de cada ano desse certo, se fez necessário suprimir dois dias de algum dos meses e o escolhido foi fevereiro que passou assim a ter 28 dias. Mais para frente quando outras alterações foram feitas para o estabelecimento dos anos bissextos, deram um dia a mais para fevereiro que a passou a ter 29 a cada quatro anos.
2020 é um ano bissexto. Fevereiro com 29 dias prova essa necessidade |
Como o Senado Romano temia que houvesse confusão entre as datas, os demais meses do ano mantiveram seus antigos nomes.
Ocorre que o mês de setembro que antes era o sétimo do ano, passou a ser o nono e novembro que era o mês nove, passou a ser o décimo-primeiro.
Dezembro continuou fechando o calendário, mas não na condição de décimo mês e sim décimo-segundo, apesar de ter mantido a mesma nomenclatura que já existia.
Cada ano tem 365 dias e seis horas. 6x4=24. Um dia inteiro a mais, entendeu? |
Sobre as festas do Réveillon
No mundo uma das maiores festas de réveillon a céu aberto é a do Brasil, na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro. Organizado pela prefeitura da cidade o festejo oficial dura cerca de 8 horas e tem como ápice a queima de fogos que dura cerca de 20 minutos.
Aproximadamente 30 mil fogos de artifício são detonados de oito balsas atracadas a 360 metros da areia, num espetáculo que transforma a noite sobre a Baía de Guanabara em um festival de multicores levando às ruas mais de dois milhões de pessoas a cada virada.
A maioria vestindo roupas brancas como a pedir paz para todos.
Em São Paulo a festa pública do réveillon acontece na Avenida Paulista, com a corrida de São Silvestre, que em seus primórdios acontecia nas tardes do dia 31 de dezembro.
Depois passou a ser no período noturno antes da virada, mas que agora ocorre nas manhãs.
Nas capitais do Nordeste a festa da virada é tão comemorada que inúmeras pessoas terminam embriagadas e desmoronam nas ruas ou na orla das praias sendo filmadas pelos noticiários de TV do dia 1o de janeiro.
No Brasil os festejos respeitam antigas tradições francesas de estourar champagnes. A tradição dos três pulinhos nas ondas do mar, no exato momento da virada, veio das crendices do folclore brasileiro inspiradas no candomblé.
O suculento prato de lentilhas servido antes da festa também é coisa nossa.
O povo baiano tornou popular uma simpatia que é a seguinte; durante a contagem regressiva coloque sete sementes de romã na boca.
Depois essas sementes são embrulhadas em um papel e colocadas no sol para secar. Essas sementes embrulhadas e já sequinhas passam a ser guardadas na carteira tornando possível se ganhar mais dinheiro.
Como diria Jackie Palance: "Acredite, se quiser!"
A quem ainda não experimentou essa simpatia, segue a sugestão. Quem sabe, a crise econômica termine de vez neste 2020 começando, mais uma vez, cheio de esperanças
Deste modo: Feliz Ano-Novo; Feliz ano-novo e Feliz ano novo!
Valéria Rambaldi colaborou nessa pesquisa
A língua portuguesa é riquíssima mesmo. Muito interessante relembrar sobre o calendário que temos hoje e também sobre as superstições na passagem de ano.
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