domingo, 4 de julho de 2021

Velho Pacaembu se despede, novo projeto valoriza acessibilidade mas precisa melhorar

Quero sugerir ideias, mas antes preciso explicar algumas diferenças.

Sou memorialista, sem ser saudosista, dá para entender?

Memorialista é a pessoa que recorda o passado e faz uso da memória para comparar situações do presente com acontecimentos do passado.

O saudosista, ao contrário, é aquele que sente saudades do que passou porque considera o passado melhor que o presente. Isto nem sempre é bom e não é o meu caso.

Fiz a comparação para explicar que não sou contra a modernidade.

O início da demolição do Tobogã, no Estádio do Pacaembu, veio para atender uma proposta de valorização de um lugar cheio de boas recordações e lembranças.

Um ponto de encontro de torcidas que leva o nome de Paulo Machado de Carvalho, o marechal da vitória nas copas de 1958 e 1962, merece todo nosso respeito. 

Existiu antes do Tobogã uma concha acústica destinada a shows e outros eventos culturais, pois a proposta inicial também era fazer do Pacaembu um espaço multiuso.

Houve a demolição e nunca mais tivemos outra concha acústica na cidade, nem mesmo nos parques públicos onde sobra espaço para atividades artísticas.

Na época, a finalidade foi a de erguer mais uma arquibancada para aumentar a capacidade do estádio para 30 mil torcedores para evitar superlotação nos jogos decisivos dos campeonatos de futebol.

Ao longo dos anos a torcida do Corinthians, principalmente, fez do Tobogã seu reduto para exibir os famosos bandeirões.

Naquele setor, o preço do ingresso era mais barato e havia aqueles que faziam questão de assistir somente de lá as partidas para analisar a disposição tática dos jogadores em campo.

Tudo isso mudou, a cidade ganhou novas praças esportivas e o Pacaembu ficou obsoleto e quase esquecido.

A Allegra Pacaembu assumiu o estádio em 2020 para revitalizá-lo. Ao se tornar concessionária por 35 anos, assumiu o compromisso de investir R$ 400 milhões em melhorias.

Para isso obteve o direito de promover alterações entre as quais erguer um prédio de cinco andares no lugar do antigo Tobogã.

Assim teremos restaurantes, lojas, escritórios, centro de convenções e eventos associados ao estádio de futebol.

No subsolo surgirá um grande estacionamento e do térreo será possível avistar o gramado.

Uma praça pública elevada irá conectar as ruas Desembargador Paulo Passaláqua e Itápolis.

Na paisagem por computador acima, temos a imagem do projeto original. Quando vi pela primeira vez achei horrível.

Há tantas edificações bonitas na cidade de São Paulo, porque não no Estádio do Pacaembu de tantas tradições?

O projeto foi então revisto, mas desculpem, continua feio. Agora está parecido a uma gaiola, a um engradado de madeira, mais parece uma construção inacabada repleta de andaimes. 

A parte da frente, vista das arquibancadas, ao que parecer, está em desarmonia com o restante da praça esportiva, é concretista demais.

Não sou arquiteto, sou jornalista, mas a fachada externa deveria ser mais atraente, cito como exemplo as obras do arquiteto Ruy Othake, responsável por mais de 300 obras no Brasil e no exterior.

Essa foto é de um shopping center em Brasília, o formato é arredondado por fora e lembra um pouco a concha acústica do Pacaembu, mas possui linhas retas por dentro. Claro que se trata de um exemplo, mas sugiro algo assim.

Quando vemos um prédio bonito, sentimos vontade de conhecê-lo por dentro. Cabe ao profissional de arquitetura unir beleza e comodidade aos ambientes. 

A empresa concessionária está garantindo que internamente, o projeto seguirá as normas do Desenho Universal, ainda bem.

Nem todos sabem, mas o Desenho Universal é uma proposta desenvolvida nos Estados Unidos, pela Universidade da Carolina do Norte.

Onde passa uma cadeira de rodas passará também todas as demais Pessoas com Deficiência - PcD e ainda idosos, cidadãos excessivamente obesos, etc. 

Claro que a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, já estabelece regras nesse sentido, mas há ainda reparos necessários que precisam ser feitos. Nesta vista do camarote oeste, a ser construído, as escadas da arquibancada aparecem sem corrimão.

O estádio é tombado pelo patrimônio histórico, mas corrimões não atrapalham a originalidade e ajudam as pessoas.

Escadas laterais no boulevard seguem sem alternativas. Por quê? Os elevadores onde estão e as escadas rolantes, por que não aparecem?

Não é implicância, tudo o que estou sugerindo são observações no intuito de colaborar, para que o projeto saia o melhor possível.

Ainda dá tempo, afinal, a proposta é deixar tudo pronto até 2023 e neste caminho novidades para melhor podem ser introduzidas.

Quero o bem do Pacaembu e de toda a cidade.

Ah! Nunca vi pessoalmente e nem sequer entrevistei o arquiteto Ruy Othake. 



7 comentários:

  1. Vai ser difícil fazer algo que agrade a todos...

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    1. Concordo com suas considerações e sugestões

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    2. Por que você acha difícil? Existem muitos lugares que agradam a todos, os arquitetos existem para isso.

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  2. Amigo, como faço para mandar um arquivo para você?

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  3. Boas Geraldo,
    Quem é o autor do projeto, alguém sabe?
    Abraço

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    1. O projeto é da arquiteta Sol Camacho, do escritório Raddar. Leia mais em: https://vejasp.abril.com.br/cidades/capa-pacaembu/

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