Quero sugerir ideias, mas antes preciso explicar algumas diferenças.
Sou memorialista, sem ser saudosista, dá para entender?
Memorialista é a pessoa que recorda o passado e faz
uso da memória para comparar situações do presente com acontecimentos do
passado.
O saudosista, ao contrário, é aquele que sente
saudades do que passou porque considera o passado melhor que o presente. Isto
nem sempre é bom e não é o meu caso.
Fiz a comparação para explicar que não sou contra a modernidade.
O início da demolição do Tobogã, no Estádio do
Pacaembu, veio para atender uma proposta de valorização de um lugar cheio de boas recordações e lembranças.
Um ponto de encontro de torcidas que leva o nome de Paulo Machado de
Carvalho, o marechal da vitória nas copas de 1958 e 1962, merece todo nosso respeito.
Existiu antes do Tobogã uma concha acústica destinada a
shows e outros eventos culturais, pois a proposta inicial também era fazer do Pacaembu um espaço multiuso.
Houve a demolição e nunca mais tivemos outra concha acústica
na cidade, nem mesmo nos parques públicos onde sobra espaço para atividades artísticas.
Na época, a finalidade foi a de erguer mais uma arquibancada para aumentar a capacidade do estádio para 30 mil torcedores para evitar superlotação nos jogos decisivos dos campeonatos de futebol.
Ao longo dos anos a torcida do Corinthians, principalmente, fez do Tobogã seu reduto para exibir os famosos bandeirões.
Naquele setor, o preço do ingresso era mais barato e
havia aqueles que faziam questão de assistir somente de lá as partidas para analisar a
disposição tática dos jogadores em campo.
Tudo isso mudou, a cidade ganhou novas praças esportivas e o Pacaembu ficou obsoleto e quase esquecido.
A Allegra Pacaembu assumiu o estádio em 2020 para revitalizá-lo. Ao se tornar concessionária por 35 anos, assumiu o compromisso de investir R$ 400 milhões em melhorias.
Para isso obteve o direito de promover alterações entre as
quais erguer um prédio de cinco andares no lugar do antigo Tobogã.
Assim teremos restaurantes, lojas, escritórios, centro
de convenções e eventos associados ao estádio de futebol.
No subsolo surgirá um grande estacionamento e do térreo será possível avistar o gramado.
Uma praça pública elevada irá conectar as ruas
Desembargador Paulo Passaláqua e Itápolis.
Na paisagem por computador acima, temos a imagem do projeto original. Quando vi pela primeira vez achei horrível.
Há tantas edificações bonitas na cidade de São
Paulo, porque não no Estádio do Pacaembu de tantas tradições?
O projeto foi então revisto, mas desculpem, continua feio. Agora está parecido a uma gaiola, a um engradado de madeira, mais parece uma construção inacabada repleta de andaimes.
A parte da frente, vista das arquibancadas, ao que parecer, está em desarmonia com o restante da praça esportiva, é concretista demais.
Não sou arquiteto, sou jornalista, mas a fachada
externa deveria ser mais atraente, cito como exemplo as obras do arquiteto Ruy Othake, responsável por mais de 300 obras no Brasil e no exterior.
Essa foto é de um shopping center em Brasília, o formato é arredondado por fora e lembra um pouco a concha acústica do Pacaembu, mas possui linhas retas por dentro. Claro que se trata de um exemplo, mas sugiro algo assim.
Quando vemos um prédio bonito, sentimos vontade de conhecê-lo por dentro. Cabe ao profissional de arquitetura unir beleza e comodidade aos ambientes.
A empresa concessionária está garantindo que internamente,
o projeto seguirá as normas do Desenho Universal, ainda bem.
Nem todos sabem, mas o Desenho Universal é uma proposta desenvolvida nos Estados Unidos, pela Universidade
da Carolina do Norte.
Onde passa uma cadeira de rodas passará também todas as demais Pessoas com Deficiência - PcD e ainda idosos, cidadãos excessivamente obesos, etc.
Claro que a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, já estabelece regras nesse sentido, mas há ainda reparos necessários que precisam ser feitos. Nesta vista do camarote oeste, a ser construído, as escadas da arquibancada aparecem sem corrimão.
O estádio é tombado pelo patrimônio histórico, mas
corrimões não atrapalham a originalidade e ajudam as pessoas.
Escadas laterais no boulevard seguem sem alternativas. Por quê? Os elevadores onde estão e as escadas rolantes, por que não aparecem?
Não é implicância, tudo o que estou sugerindo são observações no
intuito de colaborar, para que o projeto saia o melhor possível.
Ainda dá tempo, afinal, a proposta é deixar tudo
pronto até 2023 e neste caminho novidades para melhor podem ser introduzidas.
Quero o bem do Pacaembu
e de toda a cidade.
Ah! Nunca vi pessoalmente e nem sequer entrevistei o arquiteto Ruy Othake.
Vai ser difícil fazer algo que agrade a todos...
ResponderExcluirConcordo com suas considerações e sugestões
ExcluirPor que você acha difícil? Existem muitos lugares que agradam a todos, os arquitetos existem para isso.
ExcluirAmigo, como faço para mandar um arquivo para você?
ResponderExcluirMande pelo Messenger em Geraldo Nunes II
ExcluirBoas Geraldo,
ResponderExcluirQuem é o autor do projeto, alguém sabe?
Abraço
O projeto é da arquiteta Sol Camacho, do escritório Raddar. Leia mais em: https://vejasp.abril.com.br/cidades/capa-pacaembu/
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