sábado, 24 de julho de 2021

Incêndio na estátua do Borba Gato demonstra a ignorância de um povo que não conhece sua história

Faz tempo que pessoas ignorantes atentam com maus olhos a estátua do Borba Gato, um bandeirante nascido em Santo Amaro.

Em julho do ano passado tentaram arrancá-la de onde ela está, mas não conseguiram.

Agora queimaram pneus em volta dela para assim destruir de vez uma escultura considerada feia, mas produzida com todo amor por Júlio Guerra que, igual a seus contemporâneos, considerava Borba Gato um herói.


Nascido em 20 de janeiro de 1912, quando Santo Amaro ainda era município, iniciou os estudos sobre a história do bandeirante ainda no curso primário.

Quando estudante na Escola de Belas Artes, Júlio Guerra prometeu a si mesmo esculpir uma estátua para homenagear aquele que ajudou expandir fronteiras além do Tratado de Tordesilhas.

Ainda bem que Júlio Guerra já não está mais entre nós, ele morreu em 2001 para não a ver a tremenda maldade que fizeram.

Os que praticaram este crime, sejam de direita ou de esquerda, merecem arder no fogo do inferno igual às chamas que consumiram a estátua.

São extremistas sem sentimentos que não conseguem enxergar a história com os olhos do coração.

Claro que Manuel Borba Gato não era santo, foi bandeirante em um tempo primitivo e de poucos recursos, mas em sua época não mais se escravizava índios, só se saia em busca de riquezas naturais.

Entrou para as bandeiras, após ter se casado com a quinta filha de Fernão Dias Paes, a quem acompanhou na expedição de 1674 em terras mineiras para procurar pedras preciosas.

Fernão Dias morreu vencido pelas febres, sem saber que as pedras que encontrara eram na realidade turmalinas de menor valor.

Garcia Rodrigues Pais, seu filho, encarregou-se de trazer os ossos do pai para São Paulo e sepultá-lo no Mosteiro de São Bento.

Borba Gato continuou pelo sertão onde fundou a cidade mineira de Sabará.

O historiador Paulo Setúbal, o chamava Borba Gato de capitão do mato “por ter ‘apaulistado’ o sertão”.

Os costumes e as sociedades mudam com o passar do tempo e nada de um período tão longínquo pode ser julgado com os olhos de agora, as circunstâncias e condições de vida eram outras.



Crimes de dano ao patrimônio público, estão previstos no Código Penal e podem resultar em detenção de seis meses a três anos, sendo inafiançável.

Os santamarenses botina amarela choram agora a segunda morte de Borba Gato e de Júlio Guerra.

 


 


 Adeus! Borba Gato.

4 comentários:

  1. Este vandalismo é característica de pessoas com interesses escusos. Eles querem: vinde a mim tudo, vosso reino nada. Mto triste

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  2. Meu caro, você está na contramão! Queimar estátuas, decapitá-las, destruí-las, jogá-las no rio vem sendo feito em todo mundo, contra escravagistas, estupradores, colonizadores etc.. É um sadio exercício de memória. Já que você colocou no Extadão, no Facebook, dá uma passada por lá. Vai com calma, nada de fogo do inferno!!!

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  3. Querido Geraldo. Endosso as suas palavras. Um população que não respeita seus antepassados, porque estamos aqui hoje devido ao sacrifício deles, merece toda a má sorte que atrai. Digo isso pelo acontecido e por todas as ações no mundo de desrespeito aos que nos antecederam.

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