Corria de boca em boca a notícia que Oswaldo Aranha, porta – voz de Getúlio Vargas, encontrava-se em São Paulo, na Vila Kyrial, em Vila Mariana, residência de seu parente Freitas Valle.
Os manifestantes enfurecidos saem rumando para esse local.
O tribuno Ibrahim Nobre fala a seu amigo Menotti Del Picchia que o acompanhava: “Vamos pegar um carro e ir para lá”.
No relato que o autor de “Juca Mulato” fez ao poeta Paulo Bomfim, Ibrahim chegou quando o povo se preparava para arrombar os portões da histórica mansão.
Ibrahim então subiu em uma mureta e encostando o revólver
na têmpora brada aos manifestantes: “Paulistas, se vocês mancharem as mãos num gesto de covardia
eu me mato de vergonha!”
A multidão que o venerava, respeita sua voz e pouco a
pouco vai se dispersando. O orador com aquele gesto salvara a vida do inimigo
político, o futuro chanceler Oswaldo Aranha.
Anos mais tarde, o poeta indagou a Ibrahim Nobre o que
haveria acontecido se sua ordem não fosse cumprida. “Eu teria me matado, porque
há passos que não tem retorno”, explicou Ibrahim Nobre a Paulo Bomfim.
Assim era Ibrahim Nobre que quando promotor, a partir de
1930, bradava no Tribunal do Júri: "Acuso ditadura!"
"Plantava-se no Palácio da Justiça a semente da
revolução que lutaria pela lei e pelos brios de nossa gente", explicou Paulo Bomfim ao lembrar o episódio em um evento da Academia Paulista de História, na sede do CIEE, em 2014.
Cabe ao povo novamente impedir tamanho retrocesso que pode manchar o nome de nosso país como nação livre e democrática.
Aproveito para louvar a memória de Menotti Del Picchia, que cheguei a conhecer em idade avançada e Paulo Bomfim, amigo que tanto me ensinou sobre os acontecimentos relativos ao movimento constitucionalista.
Tanto Paulo quanto Menotti, consideravam a Revolução de 1932 como "a pia batismal da democracia no Brasil."
Menotti Del Pichia - 1932.
Bela e valorosa História, Amigo Geraldo Nunes.
ResponderExcluirCláudio Amaral ouviu esse relato na voz do próprio Paulo Bomfim no evento promovido pelo CIEE em 2014.
ResponderExcluirNossa, impressionante como somos ignorantes da nossa própria história. Grata por compartilhar.
ResponderExcluirPrecisávamos de um gesto desse gênero, feito por alguém de grande credibilidade, pra "startar" um movimento de mudança na situação do país hoje. Mas quem? O inesperado não vai fazer nenhuma surpresa?
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