Em um texto deste blog comentamos a construção de um edifício-multiuso de cinco andares que virá no lugar do tobogã, dentro do Estádio do Pacaembu. A postagem tem sido comentada nas redes sociais, ainda bem.
Entre as inúmeras participações dos leitores, a que mais me chamou atenção foi postada no Messenger pelo arquiteto e urbanista Cristiano Schneider, CAU - A114788-9.
No ano de 2013 ele defendeu em seu TCC, na Universidade
Mackenzie, o projeto de um edifício-ponte para o Estádio Paulo Machado Carvalho, em substituição ao tobogã, bem parecido com este da Allegra Pacaembu.
Cristiano contou na mensagem que a ideia para o seu Trabalho de Conclusão de Curso partiu dele mesmo, porque sempre olhou com carinho para os imóveis antigos que podem ser restaurados e se tornar mais belos ainda.
Na universidade, entretanto, alguns professores consideraram a proposta ousada demais, pelo fato do estádio já estar naquele
tempo tombado pelo patrimônio histórico.
"Isto poderia servir de motivo para a banca examinadora
reprovar a apresentação", argumentou um dos mestres a Cristiano.
Ele não desistiu da ideia, mas teve que preparar o projeto sozinho,
sem a participação de nenhum colega de classe.
Para isso utilizou o Revit, um software que prepara o desenho
e a modelagem em 3D, até então pouco conhecido no Brasil.
Seu orientador no TCC foi o professor do Mackenzie, José
Geraldo Simões Jr e a monografia teve por título; “Estádio do Pacaembu e suas
instalações: Novos usos a partir de antigos ideais”.
No dia da avaliação compareceram para compor a banca examinadora, além do orientador, as professoras de arquitetura Claudia Virginia Stinco e Regina Helena Vieira dos Santos, esta vinculada ao CONPRESP, órgão municipal responsável pelo tombamento dos bens culturais, naturais e históricos da cidade de São Paulo.
Durante a apresentação, as componentes da banca viram as maquetes por computador semelhantes a estas aqui postadas.
"Ao final da exposição, a professora Regina Helena se levantou e aplaudiu", contou Cristiano Schneider.
Em seguida a avaliadora comentou aos presentes que se alguma proposta daquele tipo
chegasse ao conselho ela aprovaria, "porque o tobogã sempre foi a ‘parte estranha’,
em relação ao projeto original", explicou.
Sete anos se passaram da monografia apresentada por Cristiano Schneider até a aprovação pelo CONPRESP do projeto apresentado pela Allegra Pacaembu, em 2020.
As definições do CONPRESP para a aprovação, foram as mesmas citadas no TCC pela professora Regina Helena.
A deliberação tornou possível criar o atual projeto que dará um novo visual ao estádio inaugurado em 1940.
A proposta apresentada por Cristiano Schneider ficou tão boa, que seu TCC foi escolhido para concorrer no concurso Opera Prima, considerado o "Oscar" entre os estudantes de arquitetura e urbanismo.
Para este repórter, a história contada pelo leitor é motivo de orgulho, porque valoriza também o nosso trabalho e aumenta nossa credibilidade junto ao público.
Cristiano, assim como nós, observa a cidade com os olhos do coração e deseja para ela um futuro de modernidade sustentável e acessível para todos.
Sobre isso, como jornalista e cidadão com deficiência - PcD, tenho esperado da concessionária do estádio uma apresentação mais detalhada das acessibilidades disponíveis no prédio a ser construído no lugar do tobogã.
Por que não fazem isso? Seria bom para todos, inclusive para a Allegra Pacaembu. Transparência não faz mal a ninguém.
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