segunda-feira, 28 de junho de 2021

Lei Cidade Limpa retirou dirigível da Goodyear do céu paulistano. Lembram-se dele?

Quase todos ainda se lembram do dirigível da Goodyear que a todo momento víamos na cidade de São Paulo em algum ponto do céu.

Pois é, a Lei Cidade Limpa, sancionada em 2006 pelo então prefeito Gilberto Kassab, sob nº 14.223, regulamentou a publicidade nas ruas e avenidas.

Depois, de fato, a nova fez diminuir a poluição visual.

Foi uma das poucas leis que pegou e não foi modificada até hoje desde que passou a valer, em 1° de janeiro de 2007.

Entre 2002 e 2006 o balão dirigível patrocinado pela Goodyear voou livremente sobre a Pauliceia levando consigo a propaganda dessa conhecida fábrica de pneus.

Nesses tempos eu ainda era repórter aéreo e vivia dando de cara com este balão dirigível, lá em cima, como nesta foto em que vê se das alturas a região do Alto de Pinheiros.

Lento nos ares fazia lembrar os antigos bondes que atravancavam o trânsito da Pauliceia nos anos 1960, os pilotos não iam muito com a cara dele.

Diferente dos dirigíveis do passado, o Ventura, como era chamado, não utilizava hidrogênio para flutuar e sim o gás hélio, mais seguro e utilizado também para inflar as inocentes bexigas que provocam choro nas crianças quando escapam das mãos e se perdem no céu inclemente.

Na década de 1930 se planejava promover viagens internacionais partindo do Brasil nos dirigíveis Hindenburg e Graf Zeppelin, que para isso foram trazidos até aqui, mas a operação era cara e não houve interesse.

Depois teve ainda, a tragédia de 1937 nos arredores de Nova York quando o dirigível Hindenburg, de fabricação alemã, explodiu de encontro a uma torre após vazamento do hidrogênio que o inflava.

Na ocasião morreram os 61 tripulantes, além dos 36 passageiros a bordo, dois cachorros, bagagens, cargas e correspondências.

O dirigível da Goodyear que passou por aqui, não tinha as mesmas proporções, era bem menor e sua finalidade nada tinha a ver com longas viagens.

Media 55 metros de comprimento, 18 metros de altura e era impulsionado por dois motores de apenas 180 hp.

Sua capacidade era para transportar no máximo 6 passageiros a uma velocidade máxima de 80 km/h ao alcançar a altitude de 3 mil metros.

O Hindenburg, ao contrário, tinha 245 metros de comprimento, 41,5 metros de diâmetro capaz de voar a 135 km/h, velocidade essa muito abaixo dos aviões.

Certa vez entrevistei a dançarina e vedete, Salomé Parísio, já falecida, que me disse ter voado no Hindenburg e ter sentido tédio tamanha a demora nos deslocamentos.

De fabricação norte-americana, o Ventura chegou ao Brasil no final de 2001 para fins publicitários.


Acreditava-se que o dirigível poderia substituir os helicópteros nas transmissões de grandes eventos pela TV, mas tal ideia não foi bem aceita pelos CEOs das mídias daqui, por causa da lentidão nos deslocamentos aéreos.

Os helicópteros voam com muito mais rapidez, são versáteis, e neles o posicionamento das câmeras acontece também de maneira mais fácil e rápida.

Certa vez fui convidado para um voo experimental no Ventura da Goodyear, também chamado Blimp.

Na data marcada não pude comparecer - acreditem - por excesso trabalho.

Foi no meu lugar o repórter Bernardo Ramos, que na época fazia parte da equipe de produção do São Paulo de Todos os Tempos.

Bernardo agora comenta futebol na Rádio Bandeirantes e na época, fez uma bela reportagem explicativa sobre o funcionamento do dirigível.

A edição da matéria dele, para a Rádio Eldorado, ficou por minha conta e introduzi nas passagens, músicas da banda inglesa Led Zeppelin.

Após a sanção da Lei Cidade Limpa, em 2006, o Ventura deu adeus aos paulistanos e nunca mais voltou.

Na época, a assessoria de imprensa da Goodyear negou que o sumiço do dirigível estivesse relacionado à nova legislação sobre publicidade exterior.

Segundo a prefeitura paulistana, contudo, “tudo que voa teria também que se enquadrar ao novo texto”.

Com isso se quisesse continuar voando, o Ventura teria que perder a marca, mas aí não valeria a pena tanto investimento.

Desde então nunca mais um Blimp deu as caras por aqui, tudo agora é nostalgia como nesta notícia publicada no Correio Paulistano, em 1° de dezembro de 1936.



 

 

Um comentário:

  1. eu que moro no 24° andar tomei alguns sustos vendo o Ventura passar próximo à minha janela.

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