Não poderia haver honra maior para este cultivador de memórias do que a oportunidade de discursar aos presentes no Pátio do Colégio, durante a cerimônia noturna que marcou a volta dos lampiões de gás para iluminar as janelas do centro histórico da metrópole.
No ano de 1958 a compositora Zica Bergami procurou
Inezita Barroso, já uma cantora famosa, para mostrar sua música de evocações às
saudades dos lampiões de uma São Paulo antiga que ela dizia ser “calma e serena, pequena
e grande demais”.
Após ouvir, Inezita de imediato anunciou que iria gravar a canção e o sucesso aconteceu. Lampião de Gás faz parte do cancioneiro de recordações da São Paulo de antigamente onde viveram nossos pais, avós e quem sabe bisavós.
“O tempo tudo mudou, mas não apagou a sua poesia”, diz Perfil de São Paulo, outra canção que traz de volta reminiscências, a composição do poeta Bezerra de Menezes, foi interpretada na noite solene pelo grupo musical Trovadores Urbanos que brindou a todos com sua presença.
Ao fazer uso da palavra destacamos o fato de passar pela Praça da Sé e vê-la limpa novamente. Ressaltamos a frase que ouvimos de uma amiga guia de turismo que elabora passeios pelo centro: “Além de zeladoria, o centro precisa de músicas, flores e afeto”.
Contamos em seguida que a história da iluminação pública em São Paulo começa junto com a implantação dos cursos jurídicos no Largo de São Francisco, em 1827. Tal decisão trouxe jovens de todo o Brasil recém-liberto para estudar na até então cidadezinha pacata.
Não havia iluminação pública, ao escurecer se acendiam lamparinas dentro das casas que permaneciam acesas somente até a hora
desses moradores irem dormir.
Imaginem a situação daqueles rapazes na maioria jovens na
casa dos 20 anos, repletos de energia e testosterona, dispostos a sair à noite, mas sem ter para onde ir?
Por tais motivos se atribui aos estudantes da então
Academia de Direito a implantação da vida noturna em São Paulo e para isso foi necessária a presença da luz.
Um decreto de 1830 determinou que a iluminação das ruas fosse feita pelos próprios moradores com lampiões instalados na frente de suas casas, alimentados com óleo de peixe.
Além do mau-cheiro que a queima desse produto proporcionava,
as luzes fracas e tenebrosas, formavam sombras compridas que sopradas ao vento
pelos lampiões que balançavam, assustavam crianças e até mesmo adultos.
Naquele tempo, abaixo do Pátio do Colégio, se estendia a Várzea do Carmo e era comum aos moradores que caminhavam pelas ruas à noite pisarem em sapos.
Buscou-se melhorias nos processos de iluminação pública até que em 1873, os ingleses da San Paulo Gaz Company, implantaram um sistema de iluminação pública tendo por base a queima de carvão mineral em retortas, cujo gás alimentava a luz dos lampiões.
Cerca de 700 postes de iluminação foram instalados desde o centro até o Brás, primeiro bairro a receber iluminação pública. Em seu auge, a iluminação a gás da capital paulista chegou a reunir mais de 10 mil lampiões.
A presença da companhia de gás fez surgir nomes e lugares até hoje conhecidos como a Casa das Retortas ainda existente, transformada em patrimônio histórico, cuja localização é a Rua do Gasômetro onde crianças com bronquite eram levadas para passear, dizia-se que o cheiro de gás desobstruía os pulmões.
O último lampião de gás obtido por carvão mineral foi desligado em 8 de dezembro de 1936. Antigamente havia um funcionário que acendia e apagava as luzes, agora os atuais lampiões do Pátio do Colégio se acendem automaticamente assim que o dia escurece, graças a sensores eletrônicos.
As luzes à moda antiga chegam através
do gás natural distribuído em 38 postes colocados no interior e em
torno do Pátio do Colégio.
O local que serviu de habitação aos padres jesuítas entre eles, Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, fundadores da cidade, é hoje um lugar aprazível em sua parte interna que merece ser visitado.
Do lado de fora as agruras da vida se escancaram devido à crise econômica que fez cair o movimento de pessoas e no centro e o aumento na quantidade de moradores de rua.
Ao mesmo tempo, o povo precisa melhorar sua autoestima e para isso buscou-se oferecer luzes para quem sabe iluminar corações e mentes à procura de saídas que melhorem a qualidade de vida de todos os habitantes.
Entre as autoridades compareceram Álvaro Camilo, subprefeito da Sé; Roberto
Matheus Ordine, presidente da Associação Comercial de São Paulo, Fábio Prieto, secretário de Justiça e Cidadania; demais
convidados.
Agradecimentos a Gustavo de Magalhães Alves, Luiz Eduardo Pesce Arruda, funcionários do Pátio do Colégio e integrantes do Conselho de Civismo e Cidadania – COCCID da Associação Comercial de São Paulo, Subprefeitura da Sé, Academia Cristã de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo pela infraestrutura oferecida e o fornecimento de informações e fotos cedidas via WhatsApp
Parabéns! Escelente matéria.
ResponderExcluirÓtima matéria!!
ResponderExcluirParabéns Geraldo, pelo lindo comentario nesse evento emocional que atinge à todos nós . São Paulo precisa resgatar valores históricos e preservar o que fez o que faz, e o que está fazendo. Saúdo sua apresentacao
ResponderExcluirUm evento digno de São Paulo, e apresentado por um apaixconafo
ResponderExcluirQue matéria maravilhosa sobre a nossa amada cidade! São Paulo, cidade querida e acolhedora!
ResponderExcluirVocê merece isso e muito mais, cidade querida! Queremos ver suas ruas limpas, seus prédios restaurados e utilizados e as pessoas felizes voltando a passear pelo seu centro histórico!
ResponderExcluirque maravilha de matéria, querido Geraldo !!! Craque é craque !!! Abração agradecido por esse presente !
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