Para todos os cristãos o nascimento de Jesus é emoldurado pelas imagens do presépio que mostram os animaizinhos em torno da manjedoura e a presença, além de Maria e José, dos três Reis Magos diante do recém-nascido.
Por mais que se procure nos evangelhos que estão na Bíblia, somente o de Matheus faz alusão aos magos vindos do oriente, mas sem citar seus nomes.
Este imenso poder político não foi confirmado por São Jerônimo, um dos compiladores do Novo Testamento.
Por este e outros motivos nem todas as informações dos apócrifos foram aceitas, mas algumas são utilizadas pelos evangelizadores.
Muitos desses escritos vieram sob o sabor das histórias contadas pelo povo, onde em cada conto se aumenta um ponto.
Vale ressaltar: em grego a palavra apócrifo significa “escondido”.
José de Arimateia, responsável pelo sepultamento de
Jesus, escreveu um evangelho não aceito, no qual apresenta a figura de Verônica, mulher que
enxugou o rosto de Cristo na caminhada ao Calvário.
O rosto de Nosso Senhor coberto de sangue fica estampado em seu véu. Essa representação é exibida nas procissões dos católicos na Sexta-Feira Santa.
Este acontecimento, entretanto, não aparece em nenhum dos quatro evangelhos canônicos: Matheus, Marcos, Lucas e João.
Os pais de Maria, Ana e Joaquim, tiveram seus nomes extraídos de evangelhos apócrifos.
Uma crônica do escritor e jornalista francês Gilles
Lapouge, publicada em 25 de dezembro de 1996 no Estadão, revela uma história
sobre Maria, extraída dos apócrifos.
“... Era uma menina exemplar que aos 12
anos anunciou que pretendia ficar virgem para sempre.
O sumo sacerdote do templo, chamado Abiatar,
insistia para que Maria se casasse com um de seus filhos.
Foi necessário que um anjo aparecesse e
ordenasse ao sumo sacerdote que encontrasse para Maria, um marido viúvo.
Todos os viúvos da redondeza foram
chamados, entre eles José, também viúvo e pai de sete filhos.
Abiatar manda todos os viúvos empunharem
um cajado diante dele e no de José, brota uma flor da qual sai voando uma pomba
que pousa em seu ombro.
José entende que é ele quem vai se casar
com Maria, mas apenas para proteger a sua virgindade, o que lhe é revelado
depois, em sonho...”
Fica ainda o mistério: Como pode uma virgem conceber? Uma vez mais os evangelhos apócrifos trazem a explicação: “O Espírito Santo entrou em Maria por uma de suas orelhas.”
A noite de Natal também descrita de maneira primorosa por Lucas, em seu evangelho, também consta nos evangelhos apócrifos.
“Na hora do parto José sai da gruta em busca de uma parteira, anda apressado, mas de repente percebe que o mundo todo em sua volta está parado...” ...“Consegue avistar ao longe pastores e lavradores que se alimentavam, mas esses pareciam imóveis...” Quem sabe, diante de um maravilhoso céu estrelado.
No texto do Estadão, Gilles Lapouge, correspondente do
jornal em Paris que nos deixou em 2020, conclui: “No silêncio das coisas, no sono, o tecido multicor da
eternidade e sua confusa essência...”
Só mais uma coisa: A todos e todas que seguem nossas postagens, desejo um Feliz Natal seguido de um Ano Novo repleto de bons momentos.
Abraços mil!
Fonte: O ESTADO DE S. PAULO - 25 DE DEZEMBRO DE 1996 - PAG. 11
Livros que trazem relatos encontrados nos evangelhos
apócrifos:
Evangelhos apócrifos: Gregos e latinos - Frederico
Lourenço - Quetzal Editores
Evangelhos Apócrifos - Luigi Moraldi - Paulus
Livraria/1999
Coleção Apócrifos e Pseudo-Epígrafos da Bíblia -
Organizado pela Editora Ebenézer
Informações oportuna para a época.
ResponderExcluirMuito bacana, é muito interessante conhecer mais histórias sobre Jesus. Conheço uma que está no evangelho de Baruk, ele conta coisas de quando Jesus era criança: um menino atirou uma pedra num passarinho que caiu da árvore e morreu. Jesus ficou compadecido e correu lá, pegou o passarinho em suas mãos, soprou nele, o passarinho se remexeu e voou curado, para longe. Eu gostaria de saber mais histórias da infância e adolescência de Jesus.
ResponderExcluirPrezado Geraldo, teu blog é excelente! Pablo
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