segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Pompeia e Perdizes, bairros irmãos na história e nos fatos interessantes

Houve um período em que me dediquei a escrever crônicas sobre os bairros paulistanos colocando como recheio nos assuntos, alguns acontecimentos históricos.

Dias atrás quando choveu mais forte e faltou energia elétrica, sem ter como trabalhar, ocupei meu tempo lendo antigos textos guardados em um pen drive.

Entre os artigos encontrei este que aborda Perdizes e Pompeia, bairros vizinhos e muito próximos culturalmente que nos deixam em dúvida sobre em qual desses dois territórios estamos. 

Me lembro sempre de Lourenço Diaféria, adorável cronista, que dizia morar nas Perdizes para assim fazer lembrar as tradições do nome daquele lugar.

A denominação veio por causa de dona Tereza de Jesus Assis, casada com o vendedor de garapa, Joaquim Alves Fidelis.

Por volta de 1850, o casal era conhecido por vender perdizes criadas no quintal da casa onde moravam, localizada no lugar onde hoje se encontra a saída da Via Elevada, conhecida por Minhocão.

Sob o olhar atual poderíamos dizer que tudo o que está à direita da Avenida Sumaré, no sentido da Marginal do Tietê, é Perdizes e tudo à esquerda é Pompeia. Concordam comigo?

Na geografia da prefeitura, entretanto, a divisão é diferente. A Rua Diana é quem separa as Perdizes de Pompeia e uma de suas travessas, a Rua Wanderley, serve de divisa com o Sumaré.

Sumaré, palavra extraída do idioma tupi significa, “orquídeas silvestres” e a foto acima, mostra a construção da avenida que leva o nome do bairro da saudosa TV Tupi sendo construída, em 1969.

Nos registros oficiais o antigo nome Vila Pompeia, é o que vale. Conforme os historiadores que ouvi, a denominação não tem a ver com a cidade romana devastada pelo Vesúvio.

Foi, na verdade, uma homenagem a Aretusa Pompeia, esposa do Dr. Augusto de Miranda, empreendedor que loteou o bairro e batiza uma das movimentadas ruas da região.

Apesar da outra vizinha ser a Vila Romana, nada em nenhum documento comprova qualquer alusão à cidade arrasada e morta pela poeira do Vesúvio que séculos depois engoliria o deputado Silva Jardim.

Antônio da Silva Jardim (1860-1891) foi um político republicano do século 19 que ao visitar a Itália, quis conhecer o Vesúvio de perto. Subiu até a borda e após chegar caiu dentro do vulcão e morreu.

O guia que o levou até lá e outras testemunhas disseram que o Vesúvio estava inativo, mas naquele exato momento, a terra tremeu.

Sobre a paulistana Perdizes, em frente à saída do Elevado, está a paróquia de São Geraldo Magela, cujo endereço oficial ainda é o Largo Padre Péricles, lugar do antigo quintal de criação das aves de dona Tereza de Jesus.

No alto da torre dessa igreja está o sino da primitiva igreja do Largo da Sé, que badalou para anunciar a Proclamação da Independência do Brasil, na tarde do 7 de setembro de 1822.

Na madrugada de 25 de novembro de 2003, há exatos 20 anos, ladrões entraram nessa igreja, subiram até a torre e furtaram o badalo do sino.

A polícia foi chamada e na época, o pároco responsável pediu para que devolvessem o badalo, cujo peso aproximado era de 60 quilos.


Provavelmente os ladrões acharam que daria para se extrair ouro do objeto, mas o padre explicou que se tratava de bronze misturado a outros metais sem muito valor comercial.

De nada adiantou os apelos do sacerdote porque até hoje o badalo não foi devolvido e tiveram mesmo que arranjar um outro.

Com isso, o som original do sino ouvido no dia da Independência, deixou de ser o mesmo. Cada badalo oferece aos sinos sons diferentes, sabiam disso?

Verdade também é que hoje quase não se ouvem mais sinos de igrejas, outros sons tomaram conta do cotidiano da cidade.

Ainda bem que Perdizes e Pompeia não mudaram de nome, permanecem bairros vizinhos de convívio fraterno e franco em meio ao trânsito avassalador de sempre. 

Sorte dos moradores, é que ainda se encontra paz ao se visitar o Parque da Água Branca e seus viveiros.

Com certeza ainda existem por lá as originais perdizes que deram nome ao bonito bairro que temos hoje.




10 comentários:

  1. Respostas
    1. Como um texto bem feito e cheio de informações nos levam a peregrinar por certos recantos ! Conheci essa região de perdizes ao cursar a PUC Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo nas perdizes na Rua Monte Alegre entre os anos de 69 a 72 andando por essas paragens estudando na casa de colegas que moravam em Sumaré , Pacaembu e adjacências fazendo esse percurso.observando as inumeras mudancas do bairro com os eventos e movimentacoes que houveram na epoca como a invasão da propria faculdade a procura de eventuais manifestantes politicos estudantes! Recordacoes nos levam a reflexões! Obrigada amigo Geraldo Nunes !A chuva que ainda está trazendo prejuizos e conseqüências ainda com varios bairros sem energia eletrica mostra quanto Sao Paulo é dinâmico e mesmo por isso encantador !

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    2. SUMARÉ é uma orquídea linda. TV Tupi, inaugurada no Alto do Sumaré, em 1950.Diários Associados. Ao lado a Centenária Real e em frente também o Centenário Reservatório do Araçá

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  2. Fiquei encantada com tanta ternura e clareza. Amei! Moro em Perdizes e amo este lugar. Parece uma cidade de interior, cheia de sobe e desce, cheia de amor! Muitos ipês coloridos, muitas árvores, até frutíferas nas calçadas! Aqui moro e aqui ficarei até a eternidade! Lindas informações, dos sinos, do Parque, obrigada! Gostei muito das orquídeas e das flores!

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  3. Beleza, Geraldo. Continue a nos informar sobre nossa história.

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  4. Espetacular a descrição histórica do Bairro onde vivo há 47 anos. Pena que atualmente estão ..substituindo lindas casas por edifícios de até40 andares..A perdizes

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  5. Quase 50 anos de Perdizes. Deu tempo de pegar o bonde 19 que tinha ponto final lá no alto defronte da igreja São Domingos, dos padres capuchinhos.

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  6. Via Facebook: Saudades da Eldorado com seus programas dos Bairros Paulistanos. Muitas histórias da gente da Paulicéia.

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