domingo, 4 de abril de 2021

A Estátua da Liberdade é plágio? Discussão prossegue há anos

 


No ano de 2015 fiz uma matéria para o jornal Empresas & Negócios dando conta de uma acusação de plágio contra o autor da Estátua da Liberdade, Frédéric Auguste Bartholdi (1834-1904)

Críticos disseram e ainda dizem que ele teria se inspirado em obras de autores italianos para depois esculpir a sua gloriosa obra.

Um exemplo citado é a escultura existente na Basílica de Santa Croce, em Florença, cujo autor é o artista plástico italiano Pio Fedi (1816-1892).


Agora, seis anos depois daquela publicação, fui informado que na fachada da Catedral de Milão, há uma outra estátua ainda mais antiga, feita pelo escultor Camillo Pacetti (1758-1826) cujos admiradores também acusam o escultor da Estátua da Liberdade de plágio.

A imagem, hoje símbolo da cidade de Nova York, foi encomendada pelo governo francês e oferecida de presente ao povo norte-americano, por ocasião do centenário da Independência dos Estados Unidos, comemorados em 1886.


Seu nome oficial é “Liberdade Iluminando o Mundo”, por isso no alto da escultura aparece uma tocha.

Bartholdi edificou a estátua se utilizando de cobre, aço, ouro e ferro fundido, sob orientação de Alexander Gustave Eiffel, o engenheiro que projetou a torre que leva seu nome, a Torre Eiffel, inaugurada em 31 de março de 1889.

Coube ao engenheiro projetar a base de sustentação da escultura que tem 93 metros de altura e peso aproximado de 160 toneladas.


A montagem aconteceu nos Estados Unidos, o monumento chegou dividido em 350 peças acomodadas em 214 caixas.

Para que tudo ficasse pronto foram necessários quatro meses de trabalho diário sob a orientação do escultor Bartholdi, porque a princípio tudo parecia um quebra-cabeças.

A data inaugural foi, 28 de outubro de 1886. Em discurso inflamado, o então presidente Grover Cleveland afirmou: “Jamais esqueceremos a data em que a liberdade aqui fez sua morada e não negligenciaremos em guardar o altar que ela escolheu”. Só depois vieram as críticas e acusações. 


Diretores da Ópera Santa Cruz de Florença e da Associação Toscana dos EUA, alegaram plágio da Libertà della Poesia, de Pio Fedi, instalada do lado de fora da Basílica da Santa Croce, em Florença.  

Ocorre que Pio Fedi e Frédéric Bartholdi foram contemporâneos. Fedi ainda em vida, foi considerado o maior escultor italiano do século 19. Para essa sua escultura ele preparou antes um molde em gesso e fez desenhos preparatórios antes da montagem na basílica florentina.

Bartholdi pode ter visto os rascunhos e de fato se inspirado neles para projetar algo diferente e isto não configura plágio, mas a língua ferina dos críticos não o observa desta forma.

Embora parecidas, há diferenças entre as duas estátuas. Na versão de Pio Fedi, a deusa romana Libertas, segura uma corrente quebrada enquanto que na obra de Bartholdi, ela levanta uma tocha com a mão direita e com a mão esquerda segura uma tábua de leis na altura da cintura.

Na época de sua inauguração, nos Estados Unidos, esses dois artistas plásticos estavam vivos e não há registro de declarações deles sobre as semelhanças ou diferenças entre as duas esculturas.


Com relação à estátua existente na fachada da Duomo de Milão, também há versões sobre plágio praticado pelo autor da Estátua da Liberdade.

Esculpida em 1810 pelo artista Camillo Pacetti, a obra se chama “La Legge Nuova” – A Nova Lei

Neste caso, ambas as estátuas seguram uma tocha na mão direita, assim como ostentam uma coroa. Cada uma delas possui seu valor artístico e histórico. 

Frédéric Auguste Bartholdi era um artista plástico já conhecido e sua obra levou cerca três anos para ser esculpida. 

Dizem que o artista buscou inspiração no rosto da mãe para esculpir a deusa. Colocou, portanto, sentimentos na obra que fez e, ao meu ver, não merece o título de plágio.

A Estátua da Liberdade é grandiosa, linda e procurada por pessoas do mundo todo quando visitam os Estados Unidos em todas as épocas.

Além disso é o símbolo de uma das cidades mais encantadoras deste planeta. 

Fico por aqui, não há mais o que dizer, só não me associem àquele empresário dono de uma rede de lojas que fica espalhando réplicas em tamanho menor dessa estátua pelo Brasil. Não tenho e não quero nada com ele. Este sim é um plagiador.

Abraços de cotovelo a todos vocês que me leem. 



Fontes: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-foi-construida-a-estatua-da-liberdade/
https://www.descubramilao.it/estatua-da-liberdade/
Colaboração: Valéria Rambaldi

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