Roberto Carlos faz parte da lista dos imortais da música, ele será sempre lembrado, inclusive pelas contradições políticas que enfrentou e graças às suas canções brilhantes, sobreviveu a tudo.
O mais popular cantor
brasileiro de todos os tempos completa 80 anos de vida, nesta segunda-feira, 19 de abril de 2021.
O “Rei”, como é chamado, ganhou destaque na Live semanal da Academia Paulista de Jornalismo – APJ, postada no Facebook e apresentada por Luiz Fernando Magliocca, com a nossa participação e de outros confrades.
Como memorialista e historiador, além de jornalista, aproveitei a oportunidade para comparar a trajetória de sucessos do cantor com alguns acontecimentos de repercussão internacional ocorridos durante sua carreira.
Por exemplo, quando Roberto Carlos despontou como artista, em meados de 1963, coincidentemente os Beatles surgiam para o
estrelato no cenário mundial com a música Love Me Do.
Na metade daquele ano o presidente da República, no Brasil, era João Goulart. Nos Estados Unidos, John Kennedy ainda despachava na Casa Branca e governava o país.
A União Soviética estava
na frente da corrida espacial e a nossa seleção era então bicampeã mundial de futebol, Maria Esther Bueno brilhava nas quadras de tênis e Eder Jofre, no boxe, era chamado de "Rei do Ringue".
Tudo isso ficou para
trás, é passado. O presidente John Kennedy foi assassinado em novembro de 1963 e João Goulart deposto, em 1964.
Os norte-americanos colocaram o primeiro homem na Lua, em 1969, e os Beatles se separaram neste mesmo ano.
Vinte anos depois, 1989, caiu o Muro de Berlim e a União Soviética se desfez em 1991.
Roberto Carlos passou por todas essas intempéries cantando suas canções românticas que seguem sendo cantadas nos dias atuais.
Acusado nos anos de chumbo de subserviência ao regime e omissão ao que acontecia no país sua resposta era que não fazia música de protesto, por só saber cantar coisas que falam de amor e, a cada novo disco, mostrava estar dizendo a verdade.
Anualmente, sempre no mês de dezembro, lançava um novo Long-Play repleto de belas músicas e assim conquistava mais corações, fazendo crescer o número de fãs independentemente do posicionamento político.
Ficou difícil aos críticos cobrar alguém que transmitia ternura ao interpretar com os olhos fechados as contradições do amor, bem parecidas aos acontecimentos da vida de todas as pessoas. Detalhes, A Distância, Café da Manhã e uma infinidade de tantas canções, provam o que estamos dizendo.
Roberto Carlos sempre foi, e segue, sendo admirado pela voz um pouco fanhosa, mas também macia, afinada, aveludada, com seu estilo diferente de interpretar se comparado aos grandes ídolos que o antecederam como Orlando Silva, o cantor das multidões e Cauby Peixoto, entre outros.
Em 2020, no auge da pandemia, foi o único artista a ter uma Live transmitida ao vivo pela Rede Globo e, ao mesmo tempo, pelo You Tube com mais de 5 milhões de acessos.
Definido pelo apresentador Chacrinha como “Rei da
Juventude”, em 1966, foi na TV Record que Roberto se destacou ao comandar o programa Jovem Guarda, ao lado de Erasmo Carlos e Vanderléa e de uma plêiade de
artistas recém-iniciados cantando um ritmo novo chamado na época de iê-iê-iê.
Durante a carreira fez
alguns filmes, como "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura", rico em belas imagens que nos levam a viajar de helicóptero sobre o Rio de Janeiro dos anos 1960, a bordo do helicóptero modelo Hughes 200 prefixo PT-HAZ.
Cheio de talento e profissionalismo, nem por isso o cantor é um santo. Mandou proibir, em 2006, o livro “Roberto Carlos em Detalhes”, pelo fato do autor, Paulo César Araújo, ter tocado em um assunto da vida pessoal dele que inutilmente faz questão de esconder, o cantor sofreu um acidente na infância.
Depois de uma batalha judicial
onde até a situação dos direitos sobre as biografias não autorizadas foi levantada, a obra acabou sendo posteriormente liberada pelo artista com os cortes exigidos por ele.
Tive acesso ao texto original e Paulo César Araújo em nenhum momento desmerece seu grande ídolo, ao contrário, ressalta as qualidades daquele que sempre superou suas dificuldades e afirma ser ele, Roberto, a pessoa quem mais admira na vida.
“Muitas vezes, Roberto Carlos chora, mas é um choro de desabafo, não de derrota. Sim, porque de fato, apesar de tudo, ele jamais se sente vencido. Não se sentiu vencido no início da carreira quando não conseguiu contrato com nenhuma rádio e nem quando as gravadoras o rejeitavam. Não se sentiu vencido porque sempre soube ser forte até mesmo quando aos seis anos ficou preso embaixo de um trem...” O cantor usa uma prótese abaixo do joelho.
Paulo César Araújo encerra suas mais de 500 páginas sobre a vida do Rei Roberto com os dizeres: “Pelo ser humano que é, talvez o rosto triste que ilustra a capa de seus discos demonstre o que impulsiona este artista. Realmente, não existe ninguém mais apropriado do que Roberto Carlos para cantar os versos, ‘se chorei ou se sorri/ o importante é que emoções eu vivi’...”
Na Live da APJ, Genival Barros, o paraibano braço direito do cantor anuncia: "Vem aí uma nova e definitiva biografia de Roberto Carlos, em 2022, com livro e filme onde se falará tudo, inclusive do acidente que o vitimou na infância". Sendo assim, vamos aguardar.
Acesse no Facebook:
https://web.facebook.com/luizfernando.magliocca/videos/10224670012555044
Assista as imagens aéreas do filme Roberto Carlos em Ritmo de Aventura:
https://www.youtube.com/watch?v=ab8bVouGtwU
Geraldo um bom resumo da vida de um grande artista
ResponderExcluirTodos temos nossas angústias e lembranças não tão boas. O importante é o que se faz com elas e ele soube, como poucos, desabrochar seu talento e carisma para ser o Rei. Precisa dizer mais?
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