A Carta do Descobrimento escrita e assinada por Pero Vaz de Caminha, faz aniversário neste 1° de maio: 521 anos.
Assisti recentemente a
uma Live onde um dos convidados em seu discurso repetiu um erro histórico em que se acusa o autor de carta de ter sugerido ao rei de Portugal, o nepotismo em favor de um sobrinho.
"A corrupção neste país é tanta - disse ele - que até mesmo Pero Vaz de Caminha a praticou logo no descobrimento".
Pero Vaz, na verdade, pede
ao rei Dom Manuel, o perdão para o seu genro em degredo na Ilha de São Tomé, acusado de
assalto contra uma igreja onde um padre foi ferido.
Antes disso, na carta, ele faz aquela descrição maravilhosa das belezas naturais encontradas nas novas
terras e de sua gente. Somente no final, o autor faz seu pedido:
“A Vossa Alteza peço que,
por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório,
meu genro, o que d'Ela receberei em muita mercê...
... Beijo as mãos de
Vossa Alteza, deste Porto Seguro, da vossa Ilha da Vera Cruz, hoje,
sexta-feira, 1º dia de maio de 1500.”
Não culpo a pessoa que assisti na Live desse comentário equivocado, porque como já disse, muita gente fala a mesma coisa, sempre essa mesma besteira sem nenhum fundamento.
Agora, insistir no erro, é preferir alimentar a ignorância, coisa aliás alguns andam fazendo em determinados círculos do Brasil de hoje.
A Carta do Descobrimento, assinada em 1° de maio de 1500, foi levada a Portugal por uma nau que retornou a Lisboa para informar o rei.
O restante da expedição prosseguiu na viagem rumo às Índias, estando Pero
Vaz de Caminha ao lado de Pedro Álvares Cabral dentro da nau capitânia.
A chegada em Calicute, nas Índias, aconteceu quatro meses depois, em 13 de setembro de 1500, após uma série de percalços, com tempestades e baixas que reduziram a frota a somente seis das 14 embarcações que partiram de Lisboa em março daquele ano.
A primeira decisão foi iniciar tratativas com o Samorim para a compra das tão sonhadas especiarias, mas houve dificuldades nas negociações.
O líder político e comercial da região exigia sempre mais coisas, porém ficou acertado a instalação de uma feitoria pelos portugueses para facilitar o embarque das mercadorias a serem levadas para a Europa.
Mas houve uma reviravolta e na noite de 15 de dezembro de 1500, o entreposto foi atacado de surpresa por um exército árabe-hindu e Pero Vaz de Caminha acabou morto neste confronto.
Em contrapartida Cabral mandou bombardear Calicute, matando uma infinidade de pessoas, para em seguida deixar o local e conduzir sua expedição para o reino de Coxim, vizinho 200 quilômetros, onde lá os portugueses foram bem recebidos.
Quando a expedição retornou a Portugal com as caravelas abarrotadas de especiarias, em 21 de julho de 1501, foi que o rei Dom Manuel ficou sabendo da morte de Pero Vaz de Caminha.
Sensibilizado, atendeu ao último desejo do autor da Carta do Descobrimento e mandou libertar do desterro o genro querido.
Por tudo isso, Pero Vaz de Caminha merece respeito e não pode continuar sendo acusado de nepotismo.
Ele fez um pedido de misericórdia aceito
pelo rei, mas se tornou motivo de um erro histórico que
merece reparo.
"... os nativos da terra eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas... ao domingo de Pascoela, pela manhã, determinou o capitão irem todos ouvir missa e pregação naquele ilhéu e assim foi feito, à qual foi dita pelo padre-frei Henrique, em voz entoada...
Adoro o Geraldo Nunes, saudades de ouvi-lo no helicóptero, tenho dois livros dele em casa, com muito carinho, mas nesta eu tenho que discordar. A carta diz exatamente e diretamente "mande vir Jorge". O genro estava exilado, punido. Ora pois :-).
ResponderExcluirO Caminha teve seu lugar na historia, ecrivao que passou a escritura do Brasil para Portugal
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