terça-feira, 12 de maio de 2020

Abolição da Escravatura e suas semelhanças com os dias atuais


A empresa Royal African Company, fundada por ingleses em 1672 deteve para si o monopólio do comércio de escravos em todo o mundo durante quase 80 anos.

A Revolução Industrial, iniciada no século 18, fez a Inglaterra mudar radicalmente de posição em relação ao que fazia antes.

Percebendo que era mais lucrativo para os seus negócios remunerar os empregados em vez de mantê-los em cativeiro, tratou de pressionar outras nações para que fizessem o mesmo.

O Brasil seguia sendo um país exclusivamente agrícola e não havia por parte dos fazendeiros ou donos de engenho nenhum interesse em se acabar com a escravidão.

Por isso a Lei Áurea veio tão tarde, somente em 13 de maio de 1888, muito depois do início da Revolução Industrial.

Ainda assim, para que acontecesse foi necessário muito empenho por parte dos liberais abolicionistas e republicanos da época.

A assinatura da Lei Áurea pela princesa Isabel na pintura em óleo de Victor Meirelles em 1888
A Lei Áurea, por sua vez, colocou indiretamente um fim à monarquia porque os fazendeiros queriam ser indenizados por terem libertado seus escravos.

O Império não tinha como pagar e estes se juntaram aos republicanos e militares pondo fim ao reinado exercido por Dom Pedro II durante 48 anos.

Perceberam como é a política? Os fazendeiros não se davam com os liberais, mas se juntaram para derrubar o governo e proclamar a República.

Fazendeiros, liberais republicanos e militares unidos em um mesmo interesse: Se ver livre da Monarquia
Se você acha importante o legado deixado para o Brasil pelo movimento abolicionista do século 19, reflita bastante porque a situação agora é parecida.

Em pleno século 21 direitos conquistados estão se perdendo em nome de uma suposta garantia de emprego, embora demissões sigam acontecendo.

A postura humanitária dos republicanos de outrora, também está sendo colocada de lado, especialmente quando vemos pessoas saindo em carreatas para pedir o fim do isolamento social causado pela pandemia e a volta da ditadura e do AI-5.

Se postas em prática para que serviriam essas resoluções drásticas de um passado sombrio?

A Lei Áurea propunha um Brasil para o futuro e não uma volta ao passado.

Charge postada na internet exprime aquilo que pode ser o pensamento de alguns setores
Acredito que nenhum parente dessas pessoas que se mostram interessadas em “salvar a economia” tenha morrido de coronavírus.

Mãe, pai, filha, irmã não estão doentes. Em situação oposta - talvez - o pensamento fosse outro.

“A parte do corpo humano que mais dói é o bolso”, me disse certa vez um professor de economia que entrevistei.

Talvez esse seja o real motivo da postura de alguns diante da pandemia.

A preocupação com o dinheiro é mais importante que a proteção à vida?

O posicionamento dos participantes das últimas manifestações se assemelha politicamente ao de analfabetos funcionais
A comunidade negra deveria se lembrar com mais carinho do 13 de maio.

Nada contra o 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, que simboliza Zumbi dos Palmares um líder em defesa da liberdade.

Só que a abolição da escravatura veio de uma mobilização nacional, de forma parecida ao movimento pelas Diretas Já, em 1984.

Assim como a Lei Áurea, a mobilização pelas eleições diretas para presidente fez mudar um sistema político.

Como no tempo dos abolicionistas, o povo saiu às ruas em 1984 por um objetivo definido: Eleições Diretas para Presidente
Meu apelo é para que todos reflitam sobre a importância da abolição da escravatura e seu significado para este ano tão difícil de 2020.

Um povo que não conhece sua história costuma repetir erros do passado e pedir de volta coisas que nem sabe direito para que serviam.

Vamos refletir e parar de agir feito gado. Lembrem-se: A massa não conduz, é conduzida e muitas vezes por aqueles que atuam somente em benefício próprio.

E agora viaje na história através dessas imagens.

Negros provenientes de tribos africanas em guerra eram trazidos em navios com péssimas condições de higiene
Depois de vendidos em praças públicas como animais em feiras livres, escravos que recusassem trabalhar eram espancados

Cartaz comemorativo de 1888 apresentava o branco e o negro em cena inusitada para a época
A imprensa tão criticada por alguns nos dias de hoje era motivo de orgulho para a nação por representar avanço tecnológico



7 comentários:

  1. Pois eh os "Brancos supremacistas" continuam a campanha de racism em todo mundo.
    Continuaremos na esperanca que um dia isto muda.

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  2. Citação por citação, Amigo Geraldo, aqui vai outra: "A cadeira muda a cabeça". E me foi dita, pessoalmente, cara a cara, numa entrevista que fizemos, Carlos Conde e ieu, com o Economista Delfim Netto, no escritório dele no bairro do Pacaembu. E ele se referia ao fato de os políticos mudarem de ideias e ideais quando sentavam, por exemplo, em cadeiras tão poderosas quanto as dos Ministros, em Brasília.

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  3. A história me leva a prever que o caminho será, o de as pessoas pertencentes ao quadro de risco permanecerem isoladas e as demais, saudáveis, trabalhar, tomando as medidas de segurança necessária.

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  4. Eu, não acredito em mudanças, a desonestidade na política é de berços.E mais viral que covid19.

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  5. Bela analogia e a história se repete. Assim como na vida, quando não aprendemos a lição, ela retorna dando mais uma chance de aprendizagem. Infelizmente eu acho que ainda não aprendemos a lição.

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