Elas até existem, mas são poucas.
Precisamos de mais gente com a coragem do Barão que depois se
tornou Visconde de Mauá.
Retrato do rosto de Irineu Evangelista de Sousa no dia da condecoração em que passou de barão para visconde |
No Brasil a busca de soluções imediatas sempre existiu e se deve ao fato dos empresários pensarem no curto prazo.
O que faria o maior empresário brasileiro do século 19
se estivesse enfrentando uma pandemia como essa do mundo atual?
Para obter a resposta contaremos um pouco da sua história.
Dono de ideias avançadas para a sua época, Mauá causava inveja aos outros empresários e aos políticos |
Nascido em 1813, viveu até quase a Proclamação da República.
Em nenhum momento de sua vida recorreu ao uso da mão
de obra escrava, permitida em seu tempo.
Ele trouxe para o Brasil a indústria naval e as
estradas de ferro com ajuda, é claro, de bancos estrangeiros.
Manteve parcerias com o governo, mas poderia ter feito muito mais não fosse o pensamento extremamente conservador de outros empresários.
A questão do comodismo entre alguns apaniguados da corte começou com a família real portuguesa que desembarcou no Brasil em
1808.
Vieram junto muitos bajuladores, mas quando Dom João VI decidiu voltar, alguns permaneceram pelo fato de terem adquirido terras ou aberto negócios no comércio.
Com Dom Pedro II, na hora do aperto, recorriam ao imperador que assim mantinha tutela sobre eles, era o jogo de sempre.
Os fazendeiros viam como essencial para a lavoura manter a escravidão pela falta de mão de obra para o plantio e colheita.
A cada safra o resultado era o mesmo, boa parte dos lucros era gasta na importação de bens de consumo para a ostentação do luxo e riqueza.
Só pensavam em lucrar e não em investir.
Foto provavelmente tirada no Reino Unido mostra o rosto de Richard Carruthers, o mestre do Barão de Mauá |
Irineu Evangelista de Sousa, perdeu
o pai quando tinha cinco anos de idade, numa contenda por terras no Rio Grande
do Sul.
Sua mãe, pouco tempo depois, se casou
novamente. A irmã mais velha, também se casou com a idade de 13 anos.
Coube ao jovem assim que completou 11 anos se mudar para o Rio de
Janeiro, indo morar na casa de um tio.
Conseguiu emprego no escritório do comerciante escocês, Richard Carruthers, dono de uma empresa de importação e exportação.
Carruthers explicou que para trabalhar em sua empresa era preciso aprender falar em inglês, e lá se pôs o jovem a estudar.
O escocês disse também que os negociantes
brasileiros pensavam de modo atrasado em relação ao que já acontecia na Europa, onde a industrialização fervilhava.
Irineu Evangelista de Souza ao visitar as indústrias do reino unido voltou ao Brasil maravilhado |
Cansado de assistir ao círculo vicioso das relações entre governo e o empresariado,
Carruthers decidiu retornar à sua terra natal.
Propôs ao jovem funcionário que assumisse seus negócios
no Brasil, mas para isso era preciso antes visitar o Reino Unido.
Objetivo era fazer o rapaz entender
como funcionavam as relações empresariais em um ambiente desenvolvimentista.
Irineu estava com 24 anos quando visitou Londres pela primeira vez e voltou
convencido que o futuro do desenvolvimento caminhava junto com a
industrialização.
Comprou ações e passou a fazer empréstimos
junto aos bancos para dar início ao ousado projeto de industrializar o Brasil.
Implantou primeiro a indústria naval levando para seus estaleiros mais de mil operários, todos eles assalariados.
Além das embarcações suas empresas
passaram a fabricar caldeiras para máquinas a vapor.
Guindastes, prensas, armas e tubos para
encanamentos de água começaram a ser fabricados e logo adquiriu um banco.
Expandiu seus negócios também para o
Uruguai e Argentina.
Mauá levou Dom Pedro II para visitar o estaleiro, depois deu uma pá para que assentasse o primeiro dormente da ferrovia |
Surgiram então os invejosos e dizem, até mesmo o
imperador passou a não ver com bons olhos, as ousadias do jovem empresário.
Mesmo assim, em 1854, concedeu a Irineu
Evangelista de Sousa o título nobiliárquico de barão.
A escolha pela alcunha Mauá veio de uma
das estações da primeira linha férrea construída por ele, entre o Rio e Petrópolis.
Não bastasse, implantou na capital do Império uma
companhia de gás destinada à iluminação pública.
Depois levou a navegação a vapor para o
Rio Amazonas.
Réplica de um barco a vapor do século 19 navegando na região Amazônica como nos tempos do Barão de Mauá |
Participando como sócio, Mauá ajudou trazer ao Brasil a São Paulo
Railway que implantou a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí.
Uma avançada obra de engenharia, o
sistema funicular, possibilitou a subida da Serra por trilhos na ligação entre Cubatão e Paranapiacaba.
Os vagões eram puxados por cabos de aço ligados a uma locomotiva fixa, também chamada
locobreque.
Foto atual mostra equipamentos recuperados da São Paulo Railway para visitação em Paranapiacaba |
Por iniciativa do Barão de Mauá, o Brasil instalou ligação telegráfica com a Europa por cabos submarinos, uma inovação que surgiu a pedido de Dom Pedro II.
O investimento saiu caríssimo e o lucro financeiro ficou abaixo do esperado, mas com a obra ele obteve o título de Visconde.
Agências do Banco Mauá no Rio, Montevidéu e Buenos Aires fizeram de seu principal acionista um precursor do Mercosul |
Irineu Evangelista de Sousa foi o homem mais rico
do país em seu tempo
Sua fortuna seria
equivalente hoje a US$ 80 bilhões, valor considerado acima do orçamento da nação em sua
época.
Entrou para a vida pública, foi parlamentar liberal e abolicionista.
Entrou para a vida pública, foi parlamentar liberal e abolicionista.
Contrário à continuidade da Guerra do
Paraguai, após Uruguai e Argentina terem deixado o conflito, considerava a questão resolvida.
Dom Pedro insistiu na deposição de Solano
Lopez e manteve o Brasil na guerra.
Disso se aproveitaram os adversários para fustigar Mauá junto ao
imperador.
Suas fábricas foram alvo de sabotagens
criminosas e seus negócios no Brasil, abalados pela legislação que sobretaxava
a importação de insumos, entraram em declínio.
Os bancos pertencentes a Mauá tanto no
Brasil, quanto no Uruguai e Argentina quebraram.
Deixou a política para se dedicar
inteiramente aos negócios.
Precisou vender a maioria de suas empresas
a capitalistas estrangeiros, como forma única de quitar suas dívidas.
Chegou ao final da vida ainda tendo algumas
posses, desmentindo versões de que teria morrido à míngua.
Retornou para o Rio Grande do Sul onde manteve terras e morreu vitimado pelo diabetes, aos 76 anos, em 21 de outubro de 1889.
Retornou para o Rio Grande do Sul onde manteve terras e morreu vitimado pelo diabetes, aos 76 anos, em 21 de outubro de 1889.
A data coincide com o baile da Ilha
Fiscal, último evento oficial da Monarquia no Brasil.
Não chegou ver a proclamação da República.
Foi casado com Maria Joaquina Machado, sua
sobrinha e teve com ela 18 filhos.
No filme dirigido por Sérgio Rezende: Mauá, o Imperador e o Rei, Paulo Betti interpreta o papel principal e contracena com Malu Mader.
No início perguntamos como agiria Irineu Evangelista de Sousa se
estivesse entre nós enfrentando o coronavírus e suas consequências. Você já tem a resposta?
Pelo que lemos a seu respeito, a conclusão é que agiria com a honestidade que o caracterizou, combatendo com fibra todas as dificuldades, não se comportando como um bajulador.
Falta ao País de hoje pessoas que façam investimentos pensando no lucro de suas empresas e em avanços para a
sociedade e ao país como um todo.
O Barão-Visconde de Mauá faz falta!
Para saber mais assista o filme:
Leitura recomendada: Mauá, Empresário do
Império – Jorge Caldeira – Companhia das Letras - 1995
Barão de Maúa com certeza foi um dos maiores Herois que esta nação já teve, ele ao contrario de muitos queria ver o Brasil crescer.
ResponderExcluirHomem importante para a história do Brasil. Fica o exemplo
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