domingo, 29 de março de 2020

Bem antes do coronavírus repórter aéreo sobrevoou rodovia fantasma


O cenário atual de ruas, avenidas e até mesmo rodovias completamente vazias, por conta do coronavírus.

A prestação de serviços de um repórter aéreo, neste momento que estamos vivendo, se fará necessária somente se houver um fato inusitado acontecendo nas ruas.

Mesmo assim será diferente de quando precisei sobrevoar uma auto pista completamente vazia para constatar se, ainda assim, seria possível trafegar por ela.

A rodovia em questão era nada mais, nada menos que a Presidente Dutra, simplesmente a estrada mais movimentada do País.

Foto serve de exemplo para mostrar como se encontrava a Via Dutra naquela manhã de julho, em 1999
Foi a primeira greve de caminhoneiros que aconteceu no Brasil, época em que o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, iniciava o seu segundo mandato.

Os motoristas de caminhão reivindicavam redução da tarifa dos pedágios, isenção de impostos e a regulamentação da aposentadoria.

Foi o movimento paredista mais grave já enfrentado pela União até aqueles dias até porque, não havia uma liderança propriamente dita com a qual se pudesse negociar.

Mesmo assim, cerca de 700 mil caminhoneiros cruzaram os braços no Brasil todo e o Movimento União Brasil Caminhoneiro – MUBC, comandado por Nélio Botelho acabou assumindo a liderança nas tratativas.

Na Rádio Eldorado, me pediram que decolasse e fosse direto para a Via Dutra para relatar o que se observava.

Em nosso sobrevoo avistamos a Rodovia Presidente Dutra quase desse jeito, com pistas livres e caminhões nas laterais
Ao lado do comandante Décio Sammartino, pilotando o helicóptero, dissemos: “A Dutra mais parece uma estrada fantasma”.

Nos dois sentidos não havia caminhões, nem carros ou ônibus circulando, nada.

Ao mesmo tempo os estacionamentos dos postos de combustíveis estavam abarrotados de carretas com seus condutores de braços cruzados.

Do alto recomendamos aos ouvintes: "Melhor não viajar, evite riscos pois o clima é tenso e pode haver depredações".

Naquele dia o nosso sobrevoo se estendeu do início da Dutra, na Vila Maria, até proximidades de São José dos Campos, quando iniciamos o nosso retorno à base localizada no Campo de Marte.

Tanto na ida quanto na volta o cenário permaneceu o mesmo, sem nenhum veículo circulando e um panorama de apreensão.

Na ocasião, a greve de caminhoneiros durou quase uma semana e ao término, o governo ordenou o congelamento das tarifas do pedágio e o atendimento das demais reivindicações.

Daquela cobertura ficou a lembrança de uma estrada que recebe cerca 900 mil viagens todos os dias, completamente deserta, algo até então sem precedentes.

Depois, uma outra greve de caminhoneiros em proporções ainda maiores aconteceria em 2018, dessa vez com bloqueio nas pistas e congestionamentos nos dois sentidos.

Essa foto de 2018 mostra a Via Dutra com as pistas congestionadas por  outra greve de caminhoneiros, mas com bloqueios
Claro que agora, com o coronavírus, a situação é bem pior, porque vidas estão colocadas em risco diante de uma ameaça sorrateira.

A pandemia fez parar não apenas estradas, mas cidades e populações inteiras reclusas em suas casas no mundo todo.

Em São Paulo, por causa do Covid-19, algumas fotos ficarão para a posteridade.

Avenida 23 de Maio em março - 2020, mais parecendo um feriado
Avenida Paulista em um domingo com o trânsito liberado e pouquíssima movimentação
Viaduto Santa Ifigênia, por onde só circulam pedestres, tem ficado desse jeito. Obs: Fotos extraídas do Google
Diante de tantas surpresas a cada momento na história da humanidade, o destino à frente dos nossos olhos será sempre uma incógnita.


3 comentários:

  1. Dá até melancolia esse necessário isolamento.

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  2. No momento o melhor que podemos fazer é seguir as orientações do Ministério da Saúde, em breve a vida voltará ao normal, temos que acreditar!

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  3. Eu presenciei a primeira greve. Estava trabalhando em Barra Mansa e havia centenas de caminhões parados na Dutra. A fábrica não podia parar e vivemos dias terríveis, driblando os caminhoneiros para passarmos, em ambulâncias, para poder fazer compras e manter o abastecimento dos que estavam trabalhando. Eles têm muita força. Vimos isto recentemente, como disse, em 2018. É sempre bom lembrarmos de fatos históricos, porque a história sempre se repete.

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