O cenário atual de ruas, avenidas e até mesmo rodovias
completamente vazias, por conta do coronavírus.
A prestação de serviços de um repórter aéreo, neste
momento que estamos vivendo, se fará necessária somente se houver um fato inusitado acontecendo nas ruas.
Mesmo assim será diferente de quando precisei sobrevoar uma
auto pista completamente vazia para constatar se, ainda assim, seria possível trafegar
por ela.
A rodovia em questão era nada mais, nada menos que a Presidente Dutra,
simplesmente a estrada mais movimentada do País.
Foto serve de exemplo para mostrar como se encontrava a Via Dutra naquela manhã de julho, em 1999 |
Foi a primeira greve de caminhoneiros
que aconteceu no Brasil, época em que o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, iniciava o seu segundo mandato.
Os motoristas de caminhão reivindicavam redução da tarifa dos pedágios, isenção
de impostos e a regulamentação da aposentadoria.
Foi o movimento paredista mais grave já enfrentado pela
União até aqueles dias até porque, não havia uma liderança propriamente dita
com a qual se pudesse negociar.
Mesmo assim, cerca de 700 mil caminhoneiros cruzaram
os braços no Brasil todo e o Movimento União Brasil Caminhoneiro – MUBC, comandado por Nélio Botelho acabou assumindo a liderança nas tratativas.
Na Rádio Eldorado, me pediram que decolasse e fosse direto para a Via Dutra para relatar o que se observava.
Em nosso sobrevoo avistamos a Rodovia Presidente Dutra quase desse jeito, com pistas livres e caminhões nas laterais |
Ao lado do comandante Décio Sammartino, pilotando o helicóptero, dissemos: “A Dutra mais parece uma estrada fantasma”.
Nos dois sentidos não havia caminhões, nem carros ou
ônibus circulando, nada.
Ao mesmo tempo os estacionamentos dos postos de
combustíveis estavam abarrotados de carretas com seus condutores de braços cruzados.
Do alto recomendamos aos ouvintes: "Melhor não viajar, evite riscos pois o clima é tenso e pode haver depredações".
Naquele dia o nosso sobrevoo se estendeu do início da
Dutra, na Vila Maria, até proximidades de São José dos Campos, quando iniciamos o nosso retorno à base localizada no Campo de Marte.
Tanto na ida quanto na volta o cenário permaneceu o
mesmo, sem nenhum veículo circulando e um panorama de apreensão.
Na ocasião, a greve de caminhoneiros durou quase
uma semana e ao término, o governo ordenou o congelamento das
tarifas do pedágio e o atendimento das demais reivindicações.
Daquela cobertura ficou a lembrança de uma estrada que
recebe cerca 900 mil viagens todos os dias, completamente deserta, algo até então sem precedentes.
Depois, uma outra greve de caminhoneiros em proporções
ainda maiores aconteceria em 2018, dessa vez com bloqueio nas pistas e
congestionamentos nos dois sentidos.
Essa foto de 2018 mostra a Via Dutra com as pistas congestionadas por outra greve de caminhoneiros, mas com bloqueios |
Claro que agora, com o coronavírus, a situação é bem pior, porque
vidas estão colocadas em risco diante de uma ameaça sorrateira.
A pandemia fez parar não apenas estradas, mas cidades e populações inteiras reclusas em suas casas no mundo todo.
Em São Paulo, por causa do Covid-19, algumas fotos ficarão para a posteridade.
Avenida 23 de Maio em março - 2020, mais parecendo um feriado |
Avenida Paulista em um domingo com o trânsito liberado e pouquíssima movimentação |
Viaduto Santa Ifigênia, por onde só circulam pedestres, tem ficado desse jeito. Obs: Fotos extraídas do Google |
Dá até melancolia esse necessário isolamento.
ResponderExcluirNo momento o melhor que podemos fazer é seguir as orientações do Ministério da Saúde, em breve a vida voltará ao normal, temos que acreditar!
ResponderExcluirEu presenciei a primeira greve. Estava trabalhando em Barra Mansa e havia centenas de caminhões parados na Dutra. A fábrica não podia parar e vivemos dias terríveis, driblando os caminhoneiros para passarmos, em ambulâncias, para poder fazer compras e manter o abastecimento dos que estavam trabalhando. Eles têm muita força. Vimos isto recentemente, como disse, em 2018. É sempre bom lembrarmos de fatos históricos, porque a história sempre se repete.
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