segunda-feira, 16 de março de 2020

A epidemia de meningite em 1974 e os cuidados agora com o coronavírus


Em 1974 estudávamos na escola pública e do mesmo modo como os adolescentes de hoje, nossos sonhos eram outros.

Ainda não imaginávamos a possibilidade de ser jornalista e trabalhar nas reportagens aéreas, sobrevoando a cidade e essas coisas.

Pensamento jovem acalenta coisas maiores como ser, por exemplo, um cantor de rock e se tornar rico, famoso, andar de limousine e só viver de música.

O rock nacional revelava grandes nomes até hoje cultuados, como Raul Seixas e Rita Lee. A cantora havia deixado Os Mutantes e levava adiante sua carreira solo.

Raul dizia: "Eu sou um astrólogo, vocês precisam acreditar em mim". Depois lançou sua previsão avisando que um dia a terra iria parar, rss.

Para nossa surpresa, no entanto, as férias de julho daquele ano foram prolongadas por um fato inusitado, a meningite meningocócica estava matando pessoas de um modo estranho e de difícil compreensão.

O governo demorou para implantar a vacinação contra a meningite facilitando a proliferação da doença

Os jovenzinhos do bairro do Moinho Velho, no Ipiranga, em São Paulo, sem se dar conta do perigo, vibraram com a notícia de suspensão das aulas. Felizmente entre os colegas da nossa turma, ninguém ficou doente.

Em vez dos livros e das lições de casa, continuamos em férias até quase o final de agosto, tendo sobrado mais tempo para mais brincadeiras e para se ouvir música.

Rita Lee aparece na capa de um de seus LPs lançados nos anos 70
O Deep Purple era a banda estrangeira que mais fazia a cabeça da juventude do nosso bairro. 

Era uma delícia ouvir e ver os discos girando em 33 rpm nas eletrolas estereofônicas da Grunding ou da Gradiente, debaixo de agulhas cristalizadas que diziam ser de diamante.

Só quem viveu saberá descrever a emoção de se ver um disco novo girando na vitrola.

A nós não interessava o que diziam as letras das músicas do Deep Purple, importante era o som do rock pauleira

A meningite, no entanto, seguia matando uma pessoa por dia em média, na Grande São Paulo.

Explicar essa doença é um pouco difícil, trata-se de uma infecção das membranas que recobrem o cérebro (as meninges), dificultando assim o transporte de oxigênio às células do corpo.

Ilustração mostra o que acontece em uma pessoa atacada pela meningite
A transmissão do meningococo, bactéria causadora da meningite, se dá por meio de secreções respiratórias e da saliva, durante contato próximo com uma pessoa infectada.

Evitar aglomerações ou se sentar próximos uns dos outros, como acontece nas salas de aula, passou a ser motivo de preocupação para as autoridades de saúde, assim como agora em tempos de coronavírus.

Mãe e filho em 2020 tentando se proteger do coronavírus

Na televisão, em 1974, o noticiário dava conta da existência de um surto de meningite,a  palavra epidemia, nos tempos da censura, não podia ser empregada, a determinação era que se escrevesse surto, para não alarmar a população.

Uma edição da revista Veja buscou mostrar ao público o que vinha acontecendo em relação à meningite
Surto, é quando acontece um aumento repentino do número de casos de uma doença em número acima do que o esperado pelas autoridades.

Epidemia, é quando o surto se prolifera e passa a ocupar diversas regiões em nível municipal, estadual ou federal.

Em 1974 as aulas nas escolas públicas foram suspensas na Grande São Paulo, Grande Rio e alguns outros municípios.

Pandemia, é o que vem acontecendo em relação ao coronavírus porque está atingindo países de todos os continentes.

Prevenção sempre é o melhor caminho em todas as situações
Em 2009, a gripe A (ou gripe suína) passou de epidemia para pandemia quando a Organização Mundial de Saúde – OMS, começou a registrar casos em todas as regiões da Terra.

A Aids, apesar de estar diminuindo, também foi considerada uma pandemia quando surgiu pelo início dos anos 1980.

As campanhas prevenção contra a Aids continuam apesar da doença ter diminuído

No ano de 1974, quando aconteceu a epidemia de meningite, surgiram dificuldades no combate porque havia restrição nas importações.

Em razão disso o governo demorou para adquirir vacinas no exterior.

Essas dificuldades, por outro lado, serviram de alerta às autoridades sobre a importância do investimento tecnológico em saúde e em pesquisas levadas à frente pelas universidades.

Em 1976 foi criado dentro da Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz, no Rio de Janeiro, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos – Bio-Manguinhos – e implantado um centro de produção de vacinas contra a meningite meningocócica A e C.

A partir de então, a vacina contra meningite meningocócica passou a ser desenvolvida no Brasil, por sinal a primeira a ser criada em terras brasileiras.

Em 1980, no âmbito da cooperação técnica com o Brasil, o Japão nos transferiu a tecnologia para a produção de vacinas contra o sarampo.

O primeiro lote desta vacina inteiramente produzido no país saiu em 1982, estimulando a produção de vacinas no País.

O Instituto Butantã, ligado à Universidade de São Paulo, está em via de anunciar a comprovação de sua vacina contra a dengue, desenvolvida já há alguns anos.

Já se aguarda também com atraso uma ampla campanha de vacinação contra a dengue

Quem sabe, em nível mundial, se demore menos para a descoberta de uma vacina que elimine de vez o coronavírus.

Enquanto prosseguem as campanhas de prevenção contra o também chamado Covid-19, lembremos o visionário Raul Seixas.

Em uma de suas canções ele chegou a falar sobre "O Dia em que a Terra Parou". 


Fontes: Cremesp, Fiocruz, Revista Veja e Portal UOL




6 comentários:

  1. É impressionante essa canção do Raul Seixas, realmente um visionário. A meningite, até hoje, continua sendo extremamente grave. e ainda bem que já temos prevenção e tratamento adequados. A previsão da vacina para o coronavírus é ano que vem, temos que nos precaver até lá.

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  2. Geraldo você foi detalhista e me fez voltar no tempo.

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  3. Quanto mais aumentar a população do mundo, agora estimada em 7 bilhões de pessoas, as epidemias vão se tornar cada vez mais comuns. O planeta suporta aproximadamente 13 bilhões de pessoas, após o que, haverá um declíneo irreversível do meio ambiente. As epídemias estão só no começo. Só não vê quem não quer.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Du capeta esse seu blogue, Amigo Geraldo Nunes... Parabéns...

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  6. Melhor até do que aquela ideia que te deu, anos atrás, de criarmos uma webradio em seu nome...

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