terça-feira, 14 de janeiro de 2020

O trabalho de um repórter aéreo durante uma enchente é de extrema importância. Confira


Foram inúmeras as enchentes que tiveram a visão apurada deste repórter aéreo que aqui escreve e sobram histórias.

Vou contar algumas.

O objetivo da cobertura passa a ser o de avisar as pessoas para que não sigam em direção a um determinado ponto que foi invadido pelas águas, bem como orientar trajetos não afetados pela chuva.

Mas há certas enchentes que ocupam cerca de 300 ruas ou avenidas ao mesmo tempo.

Dentro de uma cidade como São Paulo, após um temporal com raios, granizo e trovoadas, algo comum no verão paulistano, encontrar rotas após essa chuvarada toda se torna bem difícil.

Tietê transbordando nas proximidades da Ponte da Casa Verde deixa marginal interditada

Não confunda enchente com ponto de alagamento.

Classifico o alagamento como uma imensa poça d’água sendo esta transitável ou não.

Já uma enchente ocupa todos os espaços: avenidas ou ruas inteiras são cobertas pelas águas que também invadem as casas, estabelecimentos comerciais, deixando pessoas ilhadas, trazendo prejuízos de todo tipo.

O sobrevoo de uma enchente começa geralmente após a tempestade e não tem horário para acabar.

Nosso relato do helicóptero precisa ser cuidadoso. Se não tomarmos cuidado podemos fazer com que pessoas fujam de um lugar com enchente para depois entrar noutro.

Em uma situação dessas resta ao repórter aéreo apenas relatar o acontecimento que modifica a paisagem urbana habitual

Minha primeira cobertura aérea de uma grande enchente aconteceu no verão de 1990 quando ainda não havia telefones celulares.

As pessoas ligavam para a redação da emissora de seus aparelhos fixos perguntando se poderiam sair de suas casas para chegar a determinado ponto.

A rádio passou a colocá-las no ar e comecei a passar as orientações ao vivo. Imagine a responsabilidade.

A partir de 1994 vieram os telefones celulares e a interação com os ouvintes passou a ser maior ainda.

A Rádio Eldorado AM foi a pioneira na criação do ouvinte-repórter.

O pior que pode acontecer em São Paulo em dias de enchente é quando o Rio Tietê transborda.

Além das pistas da via marginal serem ocupadas outros afluentes transbordam junto e o caos se estabelece.

Dizem que a maior enchente ocorrida em São Paulo foi a de 1929,

Ruas do Bom Retiro foram transformadas em uma Veneza paulistana.

Dá para se acreditar que esta é uma cena da cidade de São Paulo na grande enchente ocorrida em março de 1929?

Essa enchente marcou tanto a população da época que uma placa de bronze indicando a altura em que chegou a água do Rio Tietê foi instalada na Rua Porto Seguro, região do Bom Retiro.

Após a grande enchente de 1929 houve um surto de lepra entre os paulistanos 

Mas, das minhas recordações, a enchente mais volumosa foi a de 1999 quando o túnel do Anhangabaú ficou submerso.

A falta de energia elétrica ocasionada pela forte chuva impossibilitou o funcionamento das bombas.

Além disso o lixo espalhado pela cidade foi parar dentro do túnel sentido zona norte.

Os carros parados no congestionamento de trânsito dentro túnel ficaram cobertos passando depois a flutuar com as rodas para cima por causa dos pneus cheios de ar.

Do helicóptero a visão que tínhamos era essa da entrada do túnel. Lá dentro, mais problemas ainda

Os ocupantes dos automóveis que ficaram presos dentro do túnel, foram salvos pelos bombeiros e felizmente, lá dentro, ninguém morreu.

A interdição do túnel durou cerca de 19 horas e do helicóptero tivemos que do alto orientar caminhos alternativos para se evitar o Anhangabaú também na manhã seguinte.

Essas são apenas algumas das histórias envolvendo enchentes e sobrevoos, mas existem outras que contaremos em algum outro momento.









6 comentários:

  1. Já me safei de ficar preso em um congestionamento graças às orientações do Geraldo Nunes, época que não tinha Waze.

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  2. São muitas histórias, grande vivência em coberturas jornalísticas. Excelente relato e fotos.

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  3. Sempre leio suas publicações, me faz recordar quando lhe ouvia nas ondas do rádio

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  4. Geraldo, há dados pluviométricos sobre 199 e 1929?

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