sexta-feira, 7 de junho de 2024

Ruas de São Paulo causam confusões difíceis de explicar

 Onde fica a Rua João Ribeiro do Vale?

 Se for João Ribeiro do Vale, fica na Lapa, mas se for Ribeiro do Vale, é no Campo Belo”.

 Assim também ocorre no Sacomã onde existe a Rua Fausto e na Vila Romana está a Rua Faustolo.

Hoje em dia as coisas estão mais fáceis temos o GPS ou aplicativos como o Waze que nos ajudam a não errar os caminhos, mas tome cuidado.

 Se o endereço não for escrito corretamente ainda é possível errar o caminho, basta escrever Rua em vez de Avenida e a confusão está armada.

 A Rua dos Bandeirantes fica no Bom Retiro, mas a Avenida dos Bandeirantes, se inicia no Jabaquara e só termina na Marginal do Pinheiros.

Se a direção for a Rodovia dos Bandeirantes, o caminho será preferencialmente na direção da Marginal do Tietê, avenida que possui vários nomes como Assis Chateaubriand, Presidente Castelo Branco, Morvan Dias de Figueiredo, Otaviano Alves de Lima, entre outros.


A Rua Turiassu possui placas escritas grafias diferentes e em outras épocas foi denominada como "Rua Turyassu", como no mapa de 1897. 

 A respeito da grafia correta (Turiaçu ou Turiassu), existem divergências entre os tupinólogos, mas no Dicionário de ruas, o nome aparece com dois esses.

 Washington Luiz dá nome a rua, avenida, viaduto e rodovia, o morador de São Paulo até entende essas diferenças, mas quem não reside na cidade se atrapalha.

A Rua Beneficência Portuguesa, por exemplo, é uma travessa da Brigadeiro Tobias, região central, mas há pessoas que confundem a rua com o hospital que se localiza na Rua Maestro Cardim, paralela à Avenida 23 de Maio, na Bela Vista.


Certa vez aconteceu uma ocorrência policial sobre a Ponte Cidade Jardim cujo nome havia sido trocado para Ponte Engenheiro Roberto Rossi Zuccolo e a atendente do Copom não localizou o antigo nome em seu mapa, achou que era trote e não mandou viaturas para lá.

A antiga nomenclatura da ponte vizinha ao Jóquei Clube era bem conhecido, mesmo assim a policial se confundiu. Coisas de São Paulo.


O engenheiro, professor de quase todos os arquitetos modernos saídos do Mackenzie, batizava há tempos uma avenida da Vila Leopoldina onde funciona o Centro Têxtil, cuja foto aparece acima.


Houve também, o caso do Túnel Nove de Julho, cujo nome foi mudado para homenagear o Dr. Daher Elias Cutait, médico ex-diretor do Hospital Sírio-Libanês, então recentemente falecido.

As entidades que defendem as tradições da Revolução Constitucionalista de 1932 ficaram iradas e pediram a devolução do antigo nome, a prefeitura alegou que na documentação os dois túneis não tinham denominação porque foram inaugurados junto com a avenida e só receberam placas depois de uma reforma.


No final para agradar a todos os túneis ficaram com dois nomes: Nove de Julho – Dr. Daher Elias Cutait.

Só que a decisão virou moda entre os vereadores que passaram a incluir nomes em outros logradouros já existentes.

Na Marginal do Tietê várias pontes passaram a ter dois nomes, basta passar de carro para ver.

 Durante o século 20, depois que São Paulo passou a crescer rapidamente, não havia ainda tantas pessoas ilustres para dar nomear às ruas.

 Ficou definido que seria criada uma Divisão de Logradouros que passou a designar os logradouros dentro de cada bairro, através de temáticas.

Indianópolis e Moema, por exemplo, ganharam ruas inspiradas em tribos indígenas e pássaros, o Ipiranga recebeu denominações ligadas à independência do Brasil. 


Ruas do Fico, do Grito e 1822, são algumas delas.

Daria ainda para escrever mais sobre as quase 60 mil ruas e avenidas que compõem a capital paulista, mas hoje paramos por aqui.

 

Fonte: Pesquisas do nosso acervo particular e fotos extraídas do Google


5 comentários:

  1. O artigo sobre as ruas de São Paulo é extremamente informativo e interessante! Você conseguiu capturar as peculiaridades e desafios que os moradores e visitantes enfrentam com a nomenclatura das vias da cidade. Através de exemplos práticos e históricos, como a Rua João Ribeiro do Vale e a Avenida dos Bandeirantes, você ilustra claramente como a falta de precisão pode causar confusões.Além disso, a menção aos diferentes nomes para a mesma rua e a evolução das denominações ao longo do tempo, como no caso da Rua Turiassu, enriquece o texto e proporciona uma compreensão mais profunda das mudanças urbanas.A abordagem sobre as consequências de renomeações de vias, especialmente em situações de emergência, como a da Ponte Cidade Jardim, destaca a importância da clareza e da constância nos nomes das ruas para a segurança pública.Pesquisa meticulosa e narrativa envolvente! Seu artigo é uma verdadeira homenagem à complexidade e à riqueza histórica da cidade de São Paulo.

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  2. Meu pai nasceu na rua Faustolo, que ele sempre chamou de Fáustolo. Eu também chamo de Fáustolo - mas os novos moradores do bairro a chamam de Faustôlo 😕

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    1. Rua Fáustolo mesmo, mas nas placas o acento nem sempre aparece.

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  3. Excelente artigo. Muito curioso é informativo. O COPOM foi obrigado a criar um banco de dados com os nomes tradicionais de logradouros, após a ocorrência da Ponte Cidade Jardim ( ou eng. Roberto Zuccolo?).Tivemos ainda rua,Adolph Hitler no Campo Belo, Windows era município de Santo Amaro, hoje rua,Gil Eanes.

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  4. Caríssimo colega, amigo e confrade Geraldo Nunes, parabéns pela interessante crônica, inteligentemente montada! Quanto ao nome Turiaçu, uma orientação de 1943, do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, diz que as palavras de origem indígena e africana - línguas ágrafas, isto é, que não têm forma escrita - devem ser grafadas com “ç”. Admite-se, porém, a grafia com dois esses para aqueles que têm essa forma “consagrada pelo uso”.
    É nossa língua. Portuguesa!!! Assina: J B Oliveira, professor de oratória especialista em Língua Portuguesa.

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