terça-feira, 7 de novembro de 2023

Curiosidades sobre Castro Alves, o poeta que mais dá nomes a ruas e avenidas

Quase todas as cidades brasileiras possuem ruas ou avenidas que se chamam Castro Alves e na capital paulista, uma rua da Aclimação, obteve o nome do poeta romântico do século 19 que defendeu as causas sociais do seu tempo.  

O historiador Odécio Bueno de Camargo aponta em seu livro publicado em 1949, “Castro Alves Estudante em São Paulo” que o magistral “Navio Negreiro”, foi concluído pelo autor nas terras de Piratininga.

Tal informação contraria Afrânio Peixoto, principal biógrafo de Castro Alves, ele define a conclusão em Recife, onde o poeta iniciou seus estudos em Direito. Na capital dos paulistas levou vida de aluno relapso, mas foi  aprovado no final do ano.

Apaixonado pela atriz portuguesa Eugênia Câmara, viveu com ela uma difícil relação amorosa que culminaria com a separação em São Paulo, após traição dela. Depois, aconteceu a tragédia do ferimento que o obrigou a amputar o pé esquerdo.


Antônio Frederico de Castro Alves, nasceu no dia 14 de março de 1847, em Curralinho – BA, que desde 1881 leva seu nome. Lá passou parte da infância em uma fazenda e ao se tornar adolescente sentiu o desabrochar da poesia tendo aos 15 anos publicado seus primeiros versos.

Estudante de Direito, passou a ser notado nas sessões públicas da faculdade em Recife, ao recitar às plateias. “Quando nas praças se eleva do povo a sublime voz, um raio ilumina a treva, o Cristo assombra o algoz…”

Surgia para os brasileiros, o poeta do povo e dos escravizados.

... Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes,,, Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade, tanto horror perante os céus? São os filhos do deserto, onde a terra esposa a luz, onde vive em campo aberto a tribo dos homens nus..”


Em Recife conheceu o jovem Ruy Barbosa também aluno e, por discordâncias com um professor, os dois se transferiram para São Paulo e deram continuidade aos estudos, o poeta tinha então  21 anos.

Antes, aos 17, conhecera Eugênia Câmara, atriz portuguesa de grande talento, 11 anos mais velha, capaz de interpretar, dirigir e escrever roteiros teatrais, capacidade essa que nenhuma atriz brasileira da atualidade possui.

Eugênia impulsionou Castro Alves aos ideais abolicionistas, viveram e encenaram juntos nas terras de Piratininga e foi nesta cidade que aconteceu  a separação do casal seguida da dolorosa tragédia pessoal ocorrida com ele.

Ao sair com amigos para uma caçada, passeio comum daquela São Paulo de outrora, o jovem poeta levou consigo uma espingarda pendurada no ombro com o cano voltado para baixo.

Ao saltar sobre uma valeta, a arma disparou e o atingiu violentamente no calcanhar do pé esquerdo.

Socorrido, passou depois meses hospedado em uma casa da Rua do Imperador, onde está hoje a Praça da Sé, na esperança de alcançar melhora no ferimento, mas o pé precisou ser amputado.

Como já sofria dos males da tuberculose, tinha pulmões fracos e não foi possível fazer uso do clorofórmio, único meio anestésico até então.

O poeta enfrentou o martírio da amputação acordado, teve apenas um lenço para morder a fim de mitigar a dor, disseram seus médicos, também professores de medicina.

A cirurgia realizada nos primeiros dias de junho de 1869, no Rio de Janeiro, foi noticiada pelo jornal paulista Ypiranga, em 21 de julho daquele ano.

Desse acontecimento tem início a convalescença onde o poeta, fazendo uso de uma prótese de madeira, retorna ao convívio familiar na Bahia.

Sua condição de saúde era frágil pelo avanço da doença que se constituiu no grande mal do século 19, cujo nome era outro, tísica.

Foi aos poucos definhando, menos sua inspiração motivada por um novo amor, embora não correspondido pela atriz e cantora lírica italiana, Agnesi Trinci Murri.

A última aparição de Castro Alves, se deu em  março de 1871, quando diante do público declarou seu amor por Agnesi; “Teus olhos são negros, negros, como as noites sem luar... São ardentes, são profundos, como o negrume do mar. Sobre o barco dos amores, da vida boiando à flor, douram teus olhos a fronte do gondoleiro do amor...”

A cantora responde com a interpretação de trechos da obra O Guarani, de Carlos Gomes. Poucos meses depois, Castro Alves se despediria deste mundo, em 6 de julho de 1871, com apenas 24 anos.

Respeitado e amado pela sensibilidade, sua poesia ficou para sempre e atravessará séculos e séculos.

Castro Alves segue sendo lembrado no país todo, são poucas as cidades que não deram o nome de Castro Alves a uma de suas ruas ou mesmo avenidas. Confira alguns exemplos:


 
 




Um comentário:

  1. Parabéns por nos lembrar a vida e a história desse vate que orgulha os brasileiros, e em particular os baianos.

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