Quase todas as cidades brasileiras possuem ruas ou avenidas que se chamam Castro Alves e na capital paulista, uma rua da Aclimação, obteve o nome do poeta romântico do século 19 que defendeu as causas sociais do seu tempo.
O historiador Odécio Bueno de Camargo aponta em seu livro publicado em 1949, “Castro Alves Estudante em São Paulo” que o magistral “Navio Negreiro”, foi concluído pelo autor nas terras de Piratininga.
Tal informação contraria
Afrânio Peixoto, principal biógrafo de Castro Alves, ele define a conclusão em
Recife, onde o poeta iniciou seus estudos em Direito. Na capital dos paulistas levou vida
de aluno relapso, mas foi aprovado no final do ano.
Apaixonado pela
atriz portuguesa Eugênia Câmara, viveu com ela uma difícil relação amorosa que
culminaria com a separação em São Paulo, após traição dela. Depois, aconteceu a
tragédia do ferimento que o obrigou a amputar o pé esquerdo.
Antônio Frederico de Castro Alves, nasceu no dia 14 de março de 1847, em Curralinho – BA, que desde 1881 leva seu nome. Lá passou parte da infância em uma fazenda e ao se tornar adolescente sentiu o desabrochar da poesia tendo aos 15 anos publicado seus primeiros versos.
Estudante de Direito, passou a ser notado nas sessões públicas da faculdade em Recife, ao recitar às plateias. “Quando nas praças se eleva do povo a sublime voz, um raio ilumina a treva, o Cristo assombra o algoz…”
Surgia para os brasileiros, o poeta do povo e dos escravizados.
“... Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu'estrela tu
t'escondes,,, Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é
loucura... se é verdade, tanto horror perante os céus? São os filhos do
deserto, onde a terra esposa a luz, onde vive em campo aberto a tribo dos
homens nus..”
Antes, aos 17,
conhecera Eugênia Câmara, atriz portuguesa de grande talento, 11 anos mais
velha, capaz de interpretar, dirigir e escrever roteiros teatrais, capacidade essa que nenhuma atriz brasileira da atualidade possui.
Eugênia impulsionou Castro Alves aos ideais abolicionistas, viveram e encenaram juntos nas terras de Piratininga e foi nesta cidade que aconteceu a separação do casal seguida da dolorosa tragédia pessoal ocorrida com ele.
Ao sair com amigos
para uma caçada, passeio comum daquela São Paulo de outrora, o jovem poeta levou
consigo uma espingarda pendurada no ombro com o cano voltado para baixo.
Ao saltar sobre
uma valeta, a arma disparou e o atingiu violentamente no calcanhar do pé
esquerdo.
Socorrido, passou
depois meses hospedado em uma casa da Rua do Imperador, onde está hoje a Praça
da Sé, na esperança de alcançar melhora no ferimento, mas o pé precisou ser amputado.
Como já sofria dos
males da tuberculose, tinha pulmões fracos e não foi possível fazer uso do
clorofórmio, único meio anestésico até então.
O poeta
enfrentou o martírio da amputação acordado, teve apenas um lenço para morder a
fim de mitigar a dor, disseram seus médicos, também professores de medicina.
A cirurgia realizada nos primeiros dias de junho de 1869, no Rio de Janeiro, foi noticiada pelo jornal
paulista Ypiranga, em 21 de julho daquele ano.
Desse
acontecimento tem início a convalescença onde o poeta, fazendo uso de uma
prótese de madeira, retorna ao convívio familiar na Bahia.
Sua condição de
saúde era frágil pelo avanço da doença que se constituiu no
grande mal do século 19, cujo nome era outro, tísica.
Foi aos poucos
definhando, menos sua inspiração motivada por um novo amor, embora não correspondido pela atriz e cantora lírica italiana, Agnesi Trinci Murri.
A última aparição de Castro Alves, se deu em março de 1871, quando diante do público declarou seu amor por Agnesi; “Teus olhos são negros, negros, como as noites sem luar... São ardentes, são profundos, como o negrume do mar. Sobre o barco dos amores, da vida boiando à flor, douram teus olhos a fronte do gondoleiro do amor...”
A cantora responde com a interpretação de trechos da obra O Guarani, de Carlos Gomes. Poucos meses depois, Castro Alves se despediria deste mundo, em 6 de julho de 1871, com apenas
24 anos.
Respeitado e amado pela sensibilidade, sua poesia ficou para sempre e atravessará séculos e séculos.
Castro Alves segue sendo lembrado no país todo, são poucas as cidades que não deram o nome de Castro Alves a uma de suas ruas ou mesmo avenidas. Confira alguns exemplos:
Parabéns por nos lembrar a vida e a história desse vate que orgulha os brasileiros, e em particular os baianos.
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