terça-feira, 13 de setembro de 2022

O Rádio no Brasil comemora 100 anos, mas sua história começa antes, com o padre-inventor Roberto Landell de Moura

A história do Rádio no Brasil, começa em 1893, com o Padre Roberto Landell de Moura, que durante anos ficou esquecido pelos brasileiros.

Antes de contar um pouco mais sobre esses acontecimentos, se faz necessário lembrar que certas invenções tiveram vários protagonistas e nem todos reconhecidos.

Nosso maior exemplo, é Santos Dumont, o Pai da Aviação, que contornou a Torre Eiffel em um balão dirigível e depois realizou a façanha do 14 Bis, ao levantar do solo um modelo mais pesado que o ar, em 23 de outubro de 1906.


Com o rádio aconteceu o mesmo, seu grande inventor foi o padre-cientista brasileiro, Roberto Landell de Moura, que transmitiu com sucesso sua voz a partir de um equipamento instalado na Avenida Paulista e captado por testemunhas na sacristia da igreja da qual era pároco, no bairro de Santana.

Isto se deu em 1893, tendo a notícia sido veiculada na época pelo Jornal do Comércio, e o padre, obtido patentes brasileiras para o seu invento.

O italiano Guglielmo Marconi, entretanto, é quem ficou com os louros da invenção, embora sobre ele haja discussões em outros países a respeito de seus inventos.

Marconi inventou de verdade, a radiotelegrafia sem fios, em 1896, ao transmitir em ondas sonoras sinais em código morse.

Landell de Moura, nasceu em Porto Alegre. em 21 de janeiro de 1861 e aos 18 anos, custeado pela Igreja, seguiu para a Itália a fim cursar o seminário, com o direito de cursar Ciências Exatas na Universidade Gregoriana.

Durante essas aulas, o futuro padre conheceu Guglielmo Marconi, também estudante, de quem se tornou amigo e com ele trocou informações sobre radiofonia e radiotelegrafia.


Após a formatura, Landell de Moura, cumpriu sua palavra e prosseguiu nos estudos para ingressar na carreira eclesiástica, enquanto Marconi seguiu na profissão científica.

Ordenado padre buscou paralelamente exercer a função de cientista, mas após testar com sucesso seus inventos, foi chamado atenção pelos seus superiores, contrários a seus experimentos considerados coisa do demônio ou ligados às bruxarias.

Apesar das dificuldades, viajou para os Estados Unidos e lá obteve em 1903, a patente de alguns dos seus inventos, entre eles, o transmissor de ondas hertzianas e um telefone que operava sem fios.

No livro Histórias que o Rádio Não Contou, o autor Reynaldo Tavares chega a dizer que o padre brasileiro, “foi o precursor do telefone celular”. 

Landell, não sonhava ganhar dinheiro com suas descobertas, ao contrário, resolveu oferecê-las ao governo brasileiro na tentativa de obter em troca, ajuda oficial para as suas obras de caridade.

Munido das patentes registradas, seguiu dos Estados Unidos direto para o Rio de Janeiro, então capital da República e encaminhou por escrito ao presidente Rodrigues Alves um pedido de audiência.

Sua ideia era conseguir emprestadas, duas embarcações, para poder transmitir de uma barca para a outra, as conversas radiofônicas feitas em plena Baía de Guanabara.

Mas o que ele esperava não aconteceu: Rodrigues Alves ignorou completamente a sua proposta, não o recebeu e, para atendê-lo, mandou um assessor que cometeu o disparate de chamá-lo de louco.

Decepcionado, Landell decidiu desistir da carreira científica e destruiu todos os equipamentos criados por ele até então. Continuou como padre e no final da vida chegou à condição de monsenhor.

Morreu em Porto Alegre, a 30 de julho de 1928, quando o Rádio no Brasil já fazia operações regulares.

Das realizações ficaram somente as patentes com as quais o senador gaúcho, Sérgio Zambiasi, obteve do Congresso Nacional, em 2015, o apoio para o reconhecimento do governo brasileiro que o padre-cientista Roberto Landell de Moura, é o verdadeiro inventor do Rádio.

Seu nome agora faz parte do "Livro de Aço", do Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, um memorial cívico existente em Brasília, que se destina a homenagear heróis e heroínas nacionais que, de algum modo, serviram para o engrandecimento da nação brasileira.

Além do Brasil, também Portugal reconhece Roberto Landell de Moura como inventor do Rádio e patrono dos radioamadores desses dois países.


Agradecimentos a Rogério Gama pelas fotos obtidas junto à sua página no Facebook e como fonte (in memorian) nossa lembrança ao inesquecível mestre Reynaldo Tavares, a quem entrevistei em 1999, quando do lançamento da primeira edição de seu best-seller "Histórias que o Rádio não Contou, livro considerado uma das principais fontes de pesquisa para alunos, professores e demais pessoas interessadas no assunto.

Na próxima postagem daremos continuidade ao assunto, 100 Anos de Rádio no Brasil. Sendo assim, até lá!

 

 

 

10 comentários:

  1. Parabéns Geraldo pelos seus esclarecimentos que acabo de ler. Posso dizer que o rádio fez parte da minha vida desde a tenra idade. Sempre tive, no mínimo, dois aparelhos, com os quais me inteirava dos acontecimentos internacionais e, nacionais, lógico ! Ainda jovenzinho, frequentava os auditórios das rádios do Rio de Janeiro e São Paulo. Assisti a vários programas que, muitos deles, trago vivos na memória. Artistas, comediantes, cantores que se tornaram famosos. Não vou citar nomes pois a lista é bem grande. “Confesso que hoje, com o fim de várias emissoras AM, já não sinto o mesmo fascínio de outrora. Pra mim, só restou a Bandeirantes… ainda ! Música, se não é o Milton Parron, de quando-em-quando… bau-bau !!! Você faz falta, Geraldo !

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  2. Quem escreveu foi Irineu Santos Singer.

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  3. Obrigada Geral Nunes, por sempre nos munir de informações, história. Cheguei a conhecer o museu do Padre Landell em Porto Alegre . Infelizmente após o falecimento de Prof.Ivan Dorneles Rodrigues em2018.Acredito que não exista mais...

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  4. O rádio, um companheiro que merece respeito.

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  5. O rádio é o meu "amigão" de todos os momentos.

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  6. Muito boa matéria Geraldo. Rádio sempre na nossa vida. Ainda sou fã do AM.

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  7. Fiquei sabendo de mais um grande inventor brasileiro que infelizmente não foi levado a sério

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  8. Adorei saber desta história por completo. Adoro rádio, quem não. Parabéns pela forma clara como apresenta seus textos.

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