Pessoas reclamam comigo pelas redes sociais sobre a quantidade de demolições que colocam em risco as tradições e o patrimônio histórico da cidade de São Paulo.
“Tradição não enche barriga”, também já me disseram os mais céticos.
Maior exemplo é a Avenida Rebouças, onde quem sobe de carro da Faria Lima para a Avenida Brasil assiste a uma mudança radical sem precedentes na Lei do Zoneamento Urbano, tamanha a quantidade de demolições.
Casas como a da foto e sobrados vieram abaixo para subir no lugar edifícios comercias na Avenida Rebouças.
Aos poucos o setor imobiliário avança na direção dos Jardins até então intocado e protegido por uma Lei do Zoneamento criada pela própria Companhia City que edificou o Jardim América há mais de um século.
Novas alterações no Plano Diretor começarão a ser discutidas em julho deste ano.
No Tatuapé e no Ipiranga, por exemplo, o processo de verticalização está trazendo um novo rosto para estes bairros.
Se isto é bom ou ruim só o tempo dirá, mas faz parte de um processo que não é de agora, começou há décadas na cidade de São Paulo.
Existem os que chamam este processo de especulação imobiliária, mas o setor imobiliário se defende explicando que na verdade o que existe é a indústria da construção que gera empregos e movimenta a economia.
Em parte, isto é verdade, tudo o que se constrói para a classe média é vendido em São Paulo, embora o déficit habitacional para as famílias carentes permaneça gigantesco.
Quanto ao Patrimônio
Histórico defendo a existência de um órgão único de proteção. Hoje são dois na
capital paulista; Compresp e Condephaat.
Essas duas instâncias tornam burocrático demais os processos de tombamento, ao mesmo tempo em que faltam estudos sobre a viabilidade de utilização de um imóvel depois que ele é tombado.
O uso do casarão que pertenceu à família Santos Dumont, na esquina das alamedas Nothmann e Clevland foi um dos poucos casos que deu certo, embora dentro de uma região degradada como é o caso dos Campos Elíseos.
Na maioria das vezes o tombamento torna o imóvel subutilizado, foi o que aconteceu com o Palacete Joaquim Franco de Mello, na Avenida Paulista, que agora pertence à Secretaria Municipal da Cultura, mas durante 27 anos houve um embate judicial com a família proprietária.
Em várias partes do mundo o proprietário de um imóvel tombado fica feliz, pois será indenizado pelo poder público que também sairá lucrando com a utilização cultural ou turística do lugar.
Aqui não, geralmente os donos de um imóvel tombado sentem desespero quando recebem a notícia.
Lembram quando os Matarazzos mandaram demolir o casarão da família na calada da noite, no início da década de 1990?A empresa de demolição foi orientada para retirar da parede o brasão da família e os jornais publicaram. Tremenda vergonha!
Sobre o centro tão degradado ao que me consta não há por parte da prefeitura, um levantamento efetivo e atualizado do que pode ou deve ser tombado ou mesmo alguma destinação de edifícios para moradores sem teto.
Ruas do centro seguem ocupadas por centenas de barracas com famílias inteiras e o Projeto Renascer, anunciado pelo atual prefeito parece não ter avançado e ninguém mais toca no assunto.
Fiquei sabendo apenas de um projeto de transformação da Praça Princesa Isabel em um parque. Há também os que querem tombar tudo.
Lembram-se daqueles que defendiam o tombamento pelo Condephaat até mesmo do edifício São Vito, o famoso treme-treme vizinho do Mercadão?
Isto é São Paulo!
Precisamos discutir mais sobre as nossas ocupações locais. Boa e oportuna matéria, parabéns!!!
ResponderExcluirMe parece tão claro que a cidade de São Paulo já passou do tempo de parar... Faz tempo que não passo na Rebouças, mas é claro que sou contra essa intervenção, essa mutilação, ali. Vai murar todos aqueles quarteirões dos Jardim atrás... São Paulo já tem zilhões de prédios subindo. Zitrilhões de empregos gerados. Não dá pra ter um pouco de piedade com a cidade?
ResponderExcluirA casa e o sobrado cuja fotografia aparece no blog foram recentemente demolidos.
ResponderExcluirAntonio Alves Leite Leite - No Facebook.
ResponderExcluirTriste muito triste, cada casarões bonitos como estes , dói no coração, velos irem ao chão sem dó e sem piedade, mas, infelizmente, os Prédios que ai surgirão , já estão totalmente vendidos, o resto ? bem o resto é só Saudades.
Eder José Ribas Pereira Pinto - No Facebook
ResponderExcluirÉ GERAÇÃO DE EMPREGOS, MOVIMENTA A ECONOMIA, MAS VAI DESCARACTERIZANDO CADA VEZ MAIS A CIDADE !!!!
" Terrenos na Rebouças se tornaram alvo cobiçado de construtoras após a Lei de Zoneamento de 2016 aumentar o potencial construtivo da área" - Gilberto Amêndola - O Estado de S. Paulo - 12/06/22.
ResponderExcluirE isso ai se nao tem area terrea pra populacao ter sua casa tem de subir mesmo
ResponderExcluirNao sou anonimo rsss maria heloisa dornellas e tem mais mais seguro nos dias de hoje e morar em aptos condominios com mais seguranca hoje nao se pode ter uma casa vazia pra alugar q o povo invade
ResponderExcluirConcordo com você, Maria Heloísa Dornellas.
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