Boêmio sempre foi um sujeito com estilo de vida diferenciado dos padrões convencionais.
Sua preferência pela noite e a garoa no lugar do sol
e da luz do dia, tinha por finalidade colocar as paixões e coisas do amor em
primeiro plano.
Todo boêmio era envolvido com alguma atividade
artística, fosse ela musical, literária ou de dramaturgia.
Os boêmios sempre foram pessoas errantes, aventureiras,
apaixonadas por aquilo que faziam sem renunciar aos apelos vindos do coração.
Utilizei os verbos no passado porque já não há mais boêmios.
O último deles partiu neste domingo, 26 de junho, aos
92 anos.
Roberto Luna foi o último dos cantores boêmios da Pauliceia Desvairada que existiu no século
20 a se despedir de nós. Agora não há outro, não ficou mais ninguém.
Naquele tempo o Bar Brahma ainda mantinha um “Pianos
Bar” em suas dependências e Luna passou a cantar acompanhado apenas pelo pianista.
Vestimenta impecável, terno
e gravata escuros em contraste com os cabelos brancos arredios já rareando.
Caminhava de mesa
em mesa cantando e ao perceber que o cliente sabia a canção, aproximava o microfone para que a outra voz pudesse também ser ouvida por todos.
Sua interpretação cativante
levava o público a uma espécie de catarse coletiva, contagiante e emocionada.
Sou sincero em dizer, nunca
assisti a show tão intimista quanto aquele, de calar o coração para depois deixar nossa alma
lavada.
Seu nome de batismo é Valdemar
Farias, estudou em Campina Grande, onde fez os cursos primário e secundário.
Em 1945, mudou-se com a família
para o Rio de Janeiro onde concluiu seus estudos e passou a trabalhar como
caixa em uma empresa imobiliária.
Fez escola de música e de teatro, tendo
sido aluno do ator polonês naturalizado brasileiro, o grande Ziembinsky.
Pelo final dos anos 1940,
passou a se apresentar como “crooner” nas boates cariocas.
O locutor Afrânio Rodrigues foi quem escolheu para Valdemar Farias o nome artístico Roberto Luna e assim ficou para sempre.
1951, é o ano que marca sua chegada a São Paulo que o deixou deslumbrado pela novidade surgida, a televisão. Seu nome está incluso na lista dos pioneiros da TV brasileira.
No ano seguinte, 1952, lançou
seu primeiro disco, o bolero “Por Quanto Tempo?” e o samba-canção; “Linda”.
Foi nesta época que passou
a ter um programa de rádio exclusivo: “Audições Roberto Luna”.
Nelson quis acertar
contas por causa de uma namorada que o deixou se dizendo apaixonada
por Roberto Luna.
Este, por sua vez, se
escondeu e por uns tempos não apareceu nos lugares onde Nelson Gonçalves
pudesse estar.
Foram quase dois anos às escondidas até a raiva passar para que os dois amigos voltassem a se entender.
Roberto Luna se foi e com ele fica decretado o fim da boemia nos moldes do século 20 das noites de serenatas ao lado da garoa envolvente desta São Paulo a vagar por ruas vazias das madrugadas infindas.
Uma vida recheada de emoções, canções e acontecimentos interessantes foi contada em 2008 no programa de rádio São Paulo de Todos os Tempos.
Ouça em podcast:
Spotify:
Anchor:
Roberto Lima, o último cantor boêmio de São Paulo #131 de São Paulo de Todos os Tempos (anchor.fm)
Que Deus o tenha no céu dos boêmios!! Grande abraço ao amigo Geraldo Nunes!!
ResponderExcluir😪😪😪
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParabéns pelo texto sobre o grande cantor e o último dos boêmios Roberto Luna.
ResponderExcluirPARABENS, como sempre excelente texto
ResponderExcluirParabéns.Lindo texto
ResponderExcluir😢😢😢
ResponderExcluirEu o conheci. Tive este prazer. Grande voz. Pena, mas os céus estão em festa. Que Deus o ilumine.
ResponderExcluirEle levou com ele tds os boêmios da terra, hj só nos resta saudades, nem inspiracões temos mais com esses cantores lixos existente e essas músicas fuleiras de hj.
ResponderExcluirDeixa saudade e muita lembrança. Cantou no meu bar, Piratininga algumas vezes, sempre elegante e galanteador.
ResponderExcluirQue maravilha de escritas e ótimas informações. Tive 3 vezes no apartamento dele e fui num show. Muitas fotos e gravações fiz com ele e discos autografados. Ótimas recordações. Luz e Paz na Eternidade querido Artista.
ResponderExcluirNo Bar Brahma da São João com Ipiranga quem o acompanhava ao piano era meu tio Eutimio Pagliari,maestro e pianista...bons tempos que nunca mais voltarão
ResponderExcluirQue ótima lembrança!
Excluir