segunda-feira, 4 de abril de 2022

Os Barões do Café em São Paulo nos bairros de Campos Elíseos e Higienópolis

Quando se fala nos Barões do Café e seus casarões na antiga São Paulo, é preciso citar os Campos Elíseos e Higienópolis, bairros onde fixaram suas suntuosas moradias.

A Avenida Paulista nada tem a ver com os barões; para lá se mudaram os novos ricos daquela época, imigrantes árabes e europeus, que vieram para o Brasil no século 19 e aqui prosperaram.



Esses barões eram aqueles senhores donos das fazendas de café do interior paulista que se tornaram verdadeiros magnatas, graças ao aumento das exportações surgido após a chegada do trem em 1867.

Existiram barões famosos, cada um deles daria uma história à parte. 

O Barão de Tatuí, foi aquele que entrou na justiça para impedir a demolição da casa onde morava na atual Rua Líbero Badaró. 

Foi a primeira ação desse tipo em São Paulo, só que o barão perdeu a causa e no lugar da sua casa foi instalado o primeiro Viaduto do Chá.  Na foto acima ainda aparece parte da casa já na fase de demolição.


Para ser barão, não bastava apenas ser rico, era preciso fazer benemerências em favor de alguma cidade ou igreja e assim merecer o reconhecimento do imperador.

Um título de nobreza dava direito ao homenageado e sua esposa de frequentar a corte fosse em reuniões, eventos ou festas.


Na Província de São Paulo a quantidade de barões era pequena, não passava de 100 nomes, mas a maioria desses senhores buscava depois outros títulos para se tornar depois visconde ou marquês. Dá até para imaginar a quantidade de bajuladores em torno do imperador.

Monteiro Lobato debochava desses pretendentes a títulos nobiliárquicos que depois da Proclamação da República não tiveram mais nenhuma importância.  

Por isso em suas estórias infantis aparecem personagens como o Visconde de Sabugosa e o Marquês de Rabicó. 

No Império também havia duques e condes, mas nessas escolhas, Dom Pedro II foi mais criterioso.

Durante o segundo reinado houve apenas um duque, Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias.


Gastão de Orleans, o Conde D’Eu, era genro de Dom Pedro, casado com a Princesa Isabel.

A denominação veio do fato dele ser francês da Casa de Orleans, descendente dos nascidos no condado de Eu, surgido na idade média.

Havia títulos  oferecidos pelo papa, por isso ao longo da história do Brasil aparecem outros condes, geralmente italianos.

O industrial Francesco Matarazzo, era um deles e outro conde foi Giuseppe Martinelli, construtor do primeiro arranha-céu paulistano. 


O bairro paulistano dos Campos Elíseos surgiu por iniciativa dos empreendedores Victor Nothmann e Frederico Glete para atender os barões interessados em morar próximos das ferrovias por causa de suas viagens de ida e volta ao interior cafeeiro.

Com a popularização do trem, os barões do café e seus familiares se mudaram para Higienópolis, em busca de melhores ares, visto que o bairro foi construído em um lugar mais alto.


Apesar de modificado pela grande quantidade de edifícios, Higienópolis escapou por pouco de se tornar decadente como os Campos Elíseos. 

A maioria das informações aqui postadas, obtive do livro Sobrados e Barões da Velha São Paulo, de autoria do professor Mário Jorge Pires, livre-docente em História da Comunicação pela ECA-USP.

 


Um comentário:

  1. Excelente seu blog, parabéns. Pena que falte uma boa política de revitalização dessa região.

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