“Quem guarda tem!”, dizia o repórter Saulo Gomes, com quem trabalhei na Rádio Capital, alguns anos atrás.
Suas palavras me inspiraram a fazer o mesmo e tenho
resgatado em podcast, muitas entrevistas que levamos ao ar no programa São Paulo de Todos
os Tempos, disponíveis agora no Spotify, em Anchor e outras plataformas.
Desta vez, entretanto, preciso avisar que já está à disposição para quem quiser ouvir, a rara e histórica gravação na qual, o escritor e poeta Mário de Andrade, mostra sua voz em um disco único de alumínio, pertencente à Universidade de Indiana, nos Estados Unidos.
Estamos no ano das comemorações do centenário da
Semana de 1922, por isso se faz importante disponibilizar ao público, a edição deste programa levado ao ar em 2015, na qual podemos ouvir a voz do poeta, escritor e
pesquisador musical, Mário de Andrade que canta e faz pronunciamentos.
As gravações originais presentes neste exemplar único em alumínio, estão divididas em seis faixas com músicas do folclore brasileiro, interpretadas em português pelo autor de Macunaíma e a participação da escritora Raquel de Queiroz e Mary Pedrosa, então casada com o crítico musical Mário Pedrosa.
Este encontro aconteceu no Rio de Janeiro, em julho de
1940, provavelmente na casa de Raquel de Queiroz.
A descoberta foi anunciada em 18 de abril de 2015, pelo Instituto de Estudos Brasileiros da USP, através do pesquisador Xavier Vatin, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
As gravações foram feitas pelo linguista
norte-americano Lorenzo Turner, na época em que Mário de Andrade morou no Rio.
Durante a década de 1930, Mário viajou pelo Brasil para pesquisar o nosso folclore e suas músicas.
Foi quando descobriu e decorou muitas dessas cantigas populares.
Em Catolé do Rocha, cidade da Paraíba, no sertão nordestino, Mário de Andrade recolheu uma canção que os mendigos cantavam ao pedir esmolas.
O próprio Mário, interpreta esta música na gravação
histórica de Lorenzo Turner, a canção se chama “Deus lhe pague a Santa
Esmola.”
Uma outra cantiga chamada “Zunzum”, gravada por Mário de Andrade e Mary Pedrosa, ainda é cantada nos festejos de roda no interior de Minas Gerais.
O nome e a letra, entretanto, foram modificados e a
canção agora chamada “Peixe Vivo”, faz lembrar o ex-presidente Juscelino Kubistchek.
Raquel de Queiroz foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Natural de Fortaleza, no Ceará, faleceu em novembro de 2003.
Amiga e confidente de Mário de Andrade, o recebia
costumeiramente em sua casa quando este fixou residência no Rio de Janeiro.
Raquel também deixou registrada uma melodia chamada "Aribu", que aprendeu com um palhaço de circo, no Ceará.
No outro lado do disco de alumínio, o linguista
Lorenzo Turner gravou Mário de Andrade, Raquel de Queirós e Mary Pedrosa
respondendo perguntas de um entrevistador, possivelmente Mário Pedrosa.
Estes depoimentos comprovam que a voz, é mesmo de Mário de Andrade, ao explicar como desenvolveu as pesquisas sobre o
folclore brasileiro e como encontrou as canções dos mendigos.
Se trata de um documento sonoro histórico, até então
inédito no rádio, levado ao ar em 2015, no programa Estadão Acervo,
produzido pela jornalista Valéria Rambaldi.
O disco em alumínio pertencente à Universidade de Indiana, roda em 78 rpm e foi lançado sem finalidade comercial e sim acadêmica.
Daí o fato de as músicas serem cantadas sem
acompanhamento.
Por ser um material raro que a universidade
norte – americana disponibilizou na internet, nossa produtora fez na época todos os trâmites
para que apresentássemos em primeira mão aos ouvintes.
Para ouvir agora essas gravações, acesse o nosso
podcast que leva o nome São Paulo de Todos os Tempos, disponível no Spotify.
Se preferir clique no link abaixo:
Percebeu? Quem guarda, tem.
Maravilhoso, Geraldo Nunes! Parabéns!
ResponderExcluirEspetacular, parabéns
ResponderExcluirBoa!!
ResponderExcluirQue preciosidade este disco em alumínio. O conteúdo e a própria mídia. Muito obrigado Geraldo.
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