São Paulo completa 468 anos de fundação.
Após a inauguração da primitiva igreja do Colégio de Piratininga pelos padres jesuítas, em 25 de janeiro de 1554, o primeiro nela a ser batizado foi o chefe indígena Tibiriçá, em 8 de fevereiro daquele mesmo ano.
O cacique pai de Bartira, a esposa de João Ramalho, foi também o primeiro a ser sepultado naquela igrejinha, em 1562, cujos restos mortais seguiram séculos depois para a cripta da Catedral da Sé.
Em 1588 se decidiu
construir uma igreja matriz em um largo onde hoje se encontra a Praça da Sé.
A inauguração aconteceu no século 17, não no lugar onde está a atual catedral, mas na altura em que se
dá a saída da Estação Sé do metrô.
Mais abaixo, onde fica o
atual prédio da Caixa Econômica Federal, ergueu-se uma igreja vizinha em
devoção a São Pedro dos Clérigos.
O Marquês de Pombal, uma espécie de primeiro-ministro português do século 18, decidiu expulsar os jesuítas do Brasil em 1759, com isso todos os bens da igreja foram entregues à coroa.
Por esta razão o prédio do
colégio passou a servir de residência aos governadores e, em frente ao mesmo, se abriu um largo.
Ao lado do Largo do
Palácio se fez o Teatro da Ópera, o primeiro da cidade, cuja iluminação era feita através de um lustre onde se colocavam velas acesas em grande quantidade.
Foi neste teatro que aconteceu a recepção festiva a Dom Pedro, na noite do 7 de setembro de 1822, horas depois dele ter proclamado a Independência do Brasil, nas margens do Ipiranga.
Instituído o Império, se
fez necessário a instalação de um corpo militar do Exército Brasileiro, na recém-criada Província de São Paulo.
O povo, entretanto,
demonstrava ter horror ao serviço militar e ninguém se apresentou como
voluntário.
Houve então uma trama para pegar no laço os renitentes, a população foi convidada para uma festa no Largo do Palácio e a certa altura, fechou-se o cerco e houve um corre-corre com vários rapazes em desabalada fuga.
O capitão-general Martim Lopes mandara barrar as saídas do largo para assim agarrar à força os indivíduos convocados a servir o exército na marra.
Mais adiante no período republicano,
em 1891, o edifício do Palácio do Governo serviu de sede para as reuniões da
Assembleia Estadual Constituinte, a primeira da República, no Estado de São
Paulo.
Em 1896 se decidiu pela
demolição completa do que ainda restava do antigo colégio jesuítico.
Nas proximidades, o
governo fez construir um prédio para a repartição de polícia, vizinho ao Solar
da Marquesa de Santos, na então Rua do Carmo.
Depois, com projeto do arquiteto Ramos de Azevedo, foram feitos dois edifícios no lugar onde antes estava o Teatro da Ópera, um deles para a Secretaria da Justiça e outro para a Secretaria da Agricultura.
Na mesma época, o Solar
da Marquesa foi adquirido pela Companhia de Gás de São Paulo que ali manteve
seu escritório por muitos anos.
Para as comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo, em 1954, se construiu uma réplica da igreja dos jesuítas, nos moldes da que fora desapropriada em 1759, se preservando dela duas paredes.
Assim, o Pátio do Colégio voltou a ter um rosto quase original.
A partir da década de 1970, as ruas do antigo centro como a São Bento, Quinze de Novembro e Rua Direita, se transformaram em calçadões.
A princípio tudo deu
certo e a região ficou mais aprazível, levando senhores aposentados e colecionadores de discos,
livros, revistas e fotografias a se reunirem semanalmente no jardim localizado atrás da igreja.
Essa prática se estendeu até meados da década de 2000 e depois das reuniões, os participantes seguiam para a Casa Lomuto, de Roberto Gambardella, a única loja do centro que ainda vendia discos em 78 rotações.
Lá o pessoal encerrava a tarde com chave de ouro, ouvindo música a vontade.
Tudo isso é passado, a
crise econômica e o desemprego tem feito do Pátio do Colégio um espaço para a instalação de barracas de lona ocupadas por moradores sem-teto e por famílias cujos integrantes se encontram desempregados.
Tal situação, que esperamos terminar um dia, não impede o Pátio do Colégio de continuar sendo a mais rica das fontes históricas da São Paulo de ontem, de hoje e
de todos os tempos.
Livros Pesquisados:
Histórias e Tradições da Cidade de São
Paulo - Ernani da Silva Bruno/ São Paulo de Outrora - Paulo Cursino Moura/
História de São Paulo Através de Suas Ruas – Antônio Rodrigues Porto
Muito legal rever a história deste grande cidade
ResponderExcluirParabéns amigo Geraldo, belíssimo relato histórico de São Paulo, eu que já pintei algumas telas retratando essa história caminhei com você neste gostoso passeio. Abraço
ResponderExcluirCaro Geraldo, saudades de suas matérias na Rádio Eldorado a bordo do helicóptero, quanta aventura e até quedas. Parabéns pelo seu Blog, é muito importante a preservação da nossa memória histórica tanto pelos fatos quanto pelos prédios. Ótima matéria, leve mas suficientemente abrangente para despertar o interesse público pelo nosso centro histórico. Obrigado e sucesso.
ResponderExcluir