sábado, 30 de janeiro de 2021

Conheça os nomes das linhas de bonde que circularam em São Paulo

Hoje não vou falar de helicópteros, é que de vez em quando bate uma nostalgia e, nas comemorações dos 467 anos de fundação da cidade de São Paulo, me veio à lembrança, os bondes elétricos da minha infância.

Passeei bastante sobre os trilhos dessa pauliceia da minha infância sempre levado pelos meus pais ou por alguma tia, lógico.

Ainda me lembro do itinerário de algumas linhas e do ponto final dos bondes na Praça Clóvis Beviláqua, em frente à antiga Drogaria do Farto.

As principais linhas saiam dos bairros com destino à cidade, ou seja, ao centro.


Essas lembranças me ajudaram a pesquisar a história do transporte coletivo em São Paulo cujo início se dá no século 19.

Em 1875 quando a capital paulista passou a receber imigrantes de vários países, foi necessário implantar um serviço de bondes puxados por burros.






A tração animal tinha seus inconvenientes, a cidade ficou mal cheirosa. Dá para entender?

Jornais da época, como o Correio Paulistano, noticiavam a formação de imensas nuvens de mosquitos pela demora das autoridades em remover a sujeira deixada pelos animais. 



Por volta de 1900 surgiram os primeiros bondes elétricos circulando nas ruas do triângulo; São Bento, Direita e XV de Novembro. Na inauguração o povo não cabia em si de tanta alegria. A aglomeração foi geral.



Os bondes elétricos eram largos demais para as ruas estreitas do centro e a situação se tornou perigosa para os pedestres. Naquele tempo as pessoas não tinham o costume de olhar o trânsito antes de atravessar as ruas e muita gente foi atropelada e morta.

Em um outro aspecto a cidade saiu ganhando porque obteve um transporte mais limpo, eficiente e não poluente. 

A eletricidade passou a fazer parte da vida de todos e foi um dos principais fatores para o progresso do século 20.

Os anos seguiram e o bonde antes herói, foi transformado em vilão quando surgiram os ônibus. Estes eram mais velozes e a população passou a dar preferência a eles. 

Ainda não havia preocupações com a poluição e quase ninguém sabia o significado da palavra monóxido de carbono.


Os bondes não tinham motoristas, quem dirigia era chamado de motorneiro. O mais famoso deles foi Augusto Barbosa, o Bailarino.

Titular da linha 43 Santana-São Bento, ficou conhecido pela solidariedade com as pessoas. Ele descia da cabine para ajudar as passageiras idosas a atravessarem a rua após o desembarque.

Diziam até que conhecia cada um dos usuários porque costumava parar nos pontos e aguardá-los quando estavam atrasados.


O apelido Bailarino veio dos tempos em que jogava futebol na várzea. Quando marcava um gol comemorava fazendo dancinhas como alguns jogadores de hoje.

Determinado dia, quebrou um caminhão sobre os trilhos e o bonde ficou retido. Algumas meninas estudantes do Colégio Santana desceram para comprar sorvete e depois retornaram, em plena Rua Voluntários da Pátria, com a permissão do Bailarino. 



Um fiscal assistiu a cena e quis demitir o motorneiro, mas a população saiu em defesa dele. Ao se aposentar virou entregador dos jornais Gazeta da Zona Norte e sua história ali foi publicada pela primeira vez.

Em 28 de outubro de 1984 a Gazeta da Norte noticiou: "Morreu Augusto Barbosa, o motorneiro Bailarino, amigo dos idosos e das crianças".


Nos áureos tempos do bonde, São Paulo chegou a ter 60 linhas para atender a demanda de passageiros de quase todos os bairros.

Sua desativação pela Companhia Municipal de Transportes Coletivos - CMTC, começou em 1957 e se completou em 1968. 

Conheça as últimas linhas de bonde extintas pela prefeitura*

 

Linha e Extinção

42- Duarte de Azevedo – São Bento -     24/02/1957

43- Santana – São Bento                          24/02/1957

9 – Duque de Caxias                                25/11/1961

12 - Barra Funda                                      25/11/1961

13 – Barra Funda                                      25/11/1961

14 – Vila Buarque                                     25/11/1961

32 – Vila Prudente                                    25/11/1961

33 – Sorocabanos                                      25/11/1961

1 – Jaraguá                                                09/04/1962

6 – Penha                                                  15/03/1962

11 – Bresser                                              15/03/1962

17 – Vila Pompeia                                    11/02/1962

27 – Vila Mariana                                     25/01/1962 

30 – Bosque da Saúde                              15/04/1962

30 A – Praça da Árvore – Bosque            15/04/1962

47 – Vila Clementino                               15/04/1962

53 – Oriente                                              09/04/1962

63 – V. Clementino – V. Madalena          01/03/1962

65 – Casa Verde – Fábrica                        20/07/1963

26 – Pq. São Jorge                                     20/07/1963

64 – São Judas – Lapa                               13/01/1963

102 – Indianópolis                                     24/02/1963

104 – São Judas – Santo Amaro                24/02/1963

5 – Bela Vista                                             01/05/1964

23 – Domingos de Morais                          16/11/1964

3 – Avenida                                                 01/10/1965

40 – Jardim Paulista                                    01/10/1965

7 – Penha                                                     26/03/1966

19 – Perdizes                                               12/08/1966

24 – Belém                                                  10/03/1966

28 – Vila Madalena                                     08/07/1966

29 – Pinheiros                                           12/08/1966

35 – Lapa                                                     12/08/1966

36 – Avenida Angélica                                15/07/1966

49 – Canindé                                                10/03/1966

51 – Rubino de Oliveira                               10/03/1966

55 – Casa Verde                                           12/08/1966

60 – Penha – Lapa                                        10/03/1966

66 – São Judas Tadeu                                   30/06/1966

4 – Ipiranga                                                   14/01/1967

20 – Fábrica                                                  14/01/1967

34 – Vila Maria                                             21/01/1967

41 – Belém Auxiliar                                      21/07/1967

61 – Vila Maria – Casa Verde                       21/01/1967

67 – Alto da Vila Maria                                 21/01/1967

103 – Brooklin Paulista                                  25/01/1967

101 – Santo Amaro – Biológico                     27/03/1968

 

 

*Fontes: Abelias Rodrigues da Silva e Waldemar Pinto Sampaio





5 comentários:

  1. Hoje, esse sistema de transporte estaria "super in"!!!! Valeu!!! Uma bela e romântica época!! Abs.

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  2. Muito bem lembrado me lembro da década de 50

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  3. Bondes ainda sao usados em muitas cidades da Europa.

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  4. Delícias de histórias. Andei muito no Perdizes, para ir ao Colégio Santa Marcelina. Como eu ficava lendo até de madrugada na hora do bonde tinha sono e dormia. O motorneiro já me conhecia, me acordava quando ia chegando no colégio...

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